Completa-me escrita por BlackLady2


Capítulo 22
Capítulo XXII


Notas iniciais do capítulo

Ai, mil vezes perdão. Não, um milhão de vezes perdão pela demora. Eu sei que eu passei tempo demais, mas a faculdade e o trabalho quase não me deixaram respirar.
Perdoem me, de verdade.
Vamos!



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Por Aaron Warner

Sinceramente, eu não me lembrava de estar com o coração tão leve. Durante muito tempo, ele ficou cheio de dúvidas e saudades e memórias que se instalaram e o forçaram tanto que ele apenas se tornou um peso morto arrastando batimentos indesejados.

Já tinha até me esquecido de como era ser feliz.

Mas, naquele instante, as imagens que rodavam minha cabeça não eram mais aquelas lamentações visuais que me derrubavam. Pelo contrário, elas eram tão vívidas e felizes que me compeliram um sorriso idiota, mas contagioso, no rosto.

Duas semanas se passaram depois daquele... ocorrido na ala hospitalar. Juliette continuava com sua implicância em negar cada emoção gritante dentro de si, mas, no final, me beijava e me amava como se nada mais no mundo importasse.

Apesar de sempre nos agarrarmos no fim de cada conversa, ela sempre ia embora dos meus braços com um sentimento de culpa e dúvida emanando. Não consegui associar isso ao nosso tão perfeito momento diário e nem a nenhum outro fato. Isso me preocupava.

Depois que descobri que Kat de fato me entendia, ela não se tornou mais a menina inalcançável, protegida sob a pele mortal de Juliette. Não que ela passasse horas batendo papo com os integrantes do Setor 45, exceto Kenji, mas já desejava bom dia ao chegar e boa noite ao sair, e isso já era um começo. Somente Maria continuava a nos ignorar, mesmo eu desconfiando que ela também nos entendesse.

Kenji nos pôs a par da missão que Castle nos impôs. Ele disse que se fôssemos todos: Adam, Juliette, ele e eu; poderíamos ir e voltar logo, assim não gastando o tempo que quase não tínhamos para lidar com os Mockers, que estavam estranhamente retraídos.

Juliette nos cobrou posicionamento a respeito disso, mas Castle a tranquilizou, explicando sobre supostos mutantes no Setor para onde nos mandaria e que poderiam nos ajudar com nossos saqueadores.

Eu estava organizando, mais uma vez, minha estante de livros quando James entrou sem bater.

— O bebê de Adam e Alia nasceu há poucos minutos – falou, sorrindo, sem desejar um bom dia – Vim aqui para perguntar se você quer ir vê-la.

— É uma menina?

— Sim, eles estão esperando por você.

— Certo – larguei a pilha de livros, andando para ficar ao lado de James - Vamos?

Caminhamos apressadamente pelos muitos corredores do Setor 45, e rapidamente chegamos à ala hospitalar. Em frente ao quarto do hospital – que me trazia muitas lembranças – algumas pessoas esperavam, silenciosamente, a oportunidade de ver a mais nova integrante. Entre esses, estavam Kat e Kenji, que pareciam estar em uma conversa interessante.

— Eu acho que você devia...

— Ai, meu Deus – disse a criança para Kenji, de braços cruzados – como você é chato!

— E você é bipolar.

— Bipolar – riu ela – Que palavra estranha.

— Sabe o que significa?

— Não, então você não conseguiu me ofender.

— Bom dia, Kenji – interrompi.

— O que tem de bom? – rosnou, de forma divertida, apontando para a loirinha – Essa... essa...

— Kat – falou ela – Meu nome é Kat, esquecidinho.

— Eu não sou esquecidinho – respondeu ele, imitando a voz suave dela.

— Sabe, Kenji, você está parecendo um bebê discutindo comigo.

Eu vi que ele ia responder, mas isso seria concordar com ela, que estava com uma das sobrancelhas levantadas de um jeito estranhamente familiar, incitando-o a continuar. Como ele não continuou...

— Eu sabia que você não era forte o suficiente para defender o seu ponto de vista – provocou ela, com um sorriso triunfante.

— Sua pestinha...

— Bom dia – falou Juliette, segurando os ombros de Kat, que ergueu ainda mais a sobrancelha, como quem diz: fale alguma coisa e ela suga toda a sua vida pela ponta da unha. Kenji, irritado, obedeceu.

Não aguentei e comecei a rir com James me acompanhando. Juliette olhou para nós procurando uma explicação que veio da pequena Kat.

— Eles estão rindo porque o Kenji não consegue ganhar de mim numa discussão.

— Ninguém consegue ganhar de você numa discussão – rebateu Juliette, sorrindo também, e me deixando completamente encantado – Então, essa fila é para ver a criança?

— Sim, acho que Adam não tem mais desculpas para não viajar conosco.

— Vocês vão viajar? – questionou James.

— Sim – respondeu Kenji, já recomposto – vamos resolver questões em outro setor.

— Posso ir com vocês?

— Isso não sou eu quem decide. Tem que falar com Castle.

— Quem e o que quer falar comigo? – perguntou Castle, se unindo a nós.

— Eu queria saber se posso ir com eles na viagem que farão a outro setor.

— Talvez, na próxima. O assunto que eles resolverão não é tão simples, então é melhor que você fique aqui. Pelo menos, desta vez.

— Mas, eu sei me cuidar.

— E eu sei disso, mas não é necessário por você em risco. Quando eles fizerem o que tem para fazerem lá, eu mando você.

James não pareceu concordar muito com essa oferta, mas aceitou balançando a cabeça. Conseguimos chegar à porta do quarto e entramos, encontrando Adam sentado onde eu estivera quando Juliette foi baleada, Alia sentada na cama e sua filha dormindo em seus braços. Adam não parava de sorrir e Alia parecia estar em transe, com os olhos inchados e vermelhos devido às lágrimas que com certeza derramara.

Kat se soltou do aperto de Juliette e caminhou até a beira da maca, pôs suas mãos pálidas na beirada e se curvou para ver o bebê mais de perto. Analisou-o minunciosamente.

— É igual a uma boneca – declarou, simplesmente – E é tão pequenininha. Não é normal alguém ser tão pequeno – ela chegou mais perto, para o encanto de Alia, que estava se deliciando com a curiosidade e com as palavras de Kat – Ela parece ser tão... macia.

Alia gargalhou baixinho e sem pudor, para o espanto de todos, já que ela sempre pareceu ser tão tímida – E ela é. Você quer sentir?

Kat deu um passo atrás – Não – Ela começou a se contorcer, como se estivesse incomodada – É que... ela parece ser tão mole. E se eu tocar nela e ela quebrar?

Todos nós rimos, enfeitiçados pela inocência de Kat, que não se incomodou em ser alvo de risadas. Adam se levantou e caminhou até Kat, encorajando-a a tentar.

— Não vai quebrar – ele segurou o dedo indicador fino dela e encaminhou-o para a minúscula mão a pequena adormecida no colo da mãe. O bebê agarrou-o levemente, para a surpresa de Kat, que riu de nervoso.

— Olha só, ela é forte! – sorriu ela e então olhou diretamente para Adam – Como ela se chama?

— Anna.

— Quem iria imaginar – brincou Kenji – que ela teria um nome que começa com a letra A. Não é, Adam e Alia? – terminou ele, destacando bem a inicial do nome de cada um.

Rimos mais, nos esquecendo de todos os problemas e focando apenas no milagre que despontava diante de nós. James estava muito feliz e olhar para ele me fez ter uma revelação.

— Eu sou tio.

— E eu também – concordou James.

— Quer segurar ela, Warner? – ofereceu Alia.

Engoli seco, logo procurando uma desculpa para não ter que fazê-lo. Só foi uma pena Adam ter lido meus pensamentos.

— Nem tente inventar algo. Venha aqui – caminhei e ele pegou a criança do colo da mãe – Dobre os braços como se fosse cruzá-los, mas deixe espaço para encaixá-la.

Eu estava tremendo – Mas, eu... eu nunca carreguei um bebê.

— Sempre há uma primeira vez para tudo – encorajou-me, enquanto eu sentia uma estranha sugestão de culpa vinda de Juliette.

Fiz o que ele me mandou fazer com os braços, de um jeito desengonçado que eu nunca tive. Assim que ele depositou a criança nos meus braços, eu soube onde me ajeitar para deixa-la confortável.  A cabeça dela repousava serenamente na dobra do meu cotovelo, e eu admiti a mim mesmo que aquela era uma experiência incrível. James veio vê-la, chegando mais perto de mim. A pele amorenada de Anna era lisa e morna, de jeito aconchegado. O cabelo escuro me dizia que ela tinha puxado a aparência completa da mãe, mas então ela se mexeu e acordou, espreguiçando-se em meu colo, para o meu desespero, já que eu estava apavorado com a possibilidade de derrubá-la. E abriu os olhos, mostrando que pelo menos um traço do pai ela tinha herdado: os olhos azuis como o céu num início de noite, escuros, porém, brilhantes.

— Ela tem os olhos da cor dos meus – comenta James – Azul-James.

— Não – discordou Adam – os olhos dela são da cor dor meus olhos. Azul-Adam.

— Alguém aqui já percebeu que você tem os olhos exatamente iguais? – disse Kenji – Só para deixar clara a inutilidade da briga de vocês.

— Não – falou Alia, chamando a atenção para si – Ela tem os olhos da cor dos olhos dela. Sem comparações. Apenas dela. Azul-Anna.

Adam ergueu os braços para pegar Anna de volta e logo senti meu abraço vazio. Ele caminhou até Juliette que, assim como Castle, não tinha dito uma palavra sequer, mas também exibia um sorriso de pura felicidade.

— Quer carregá-la, Juliette?

O rosto de Juliette fechou e logo depois, mostrou medo – Você... tem certeza? – ela olhou para Alia, que inclinou a cabeça em concordância.

Ela segurou Anna sem a dificuldade que eu tive, como se já tivesse feito isso milhares de vezes. O bebê logo se aconchegou no colo dela, bocejou como se declarasse que aquele era o colo mais macio do planeta e dormiu em questão de segundos. Todo e qualquer barulho no quarto cessou em respeito ao sono da criança.

— Parece que ela gosta do seu colo, Juliette – exclamou Alia, baixinho.

— É – sussurrou Juliette, emocionada - Quem diria... 


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Notas finais do capítulo

Eu sei que esse capítulo não esclarece tantas perguntas que surgem com cada declaração ou pensamento, mas ele mostra que agora a realidade de Aaron é outra. Agora ele tem irmão e sobrinha e amigos em uma extensão que antes não acontecia.
Esse capítulo é para vocês se acostumarem a nova vida do nosso pássaro branco com uma coroa dourada na cabeça.
Desculpa a demora.
Compensarei vocês por isso.
Beijos.
BL.



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