Mais do que Matemática escrita por Mini Line


Capítulo 1
Incalculável.


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores. Venho aqui com mais uma fanfic e essa é muito especial, pois vai abrir a categoria do filme X+Y. Não se preocupe se não conhecer o longa que me inspirou tanto. Eu escrevi com o cuidado para vocês entenderem, mesmo não sendo universo alternativo. Como é um songfic, participante do desafio semanal do grupo Semana Temática, vou deixar o link da música aqui. Espero que gostem dela tanto quanto eu.
Chega de enrolação e nos vemos lá embaixo.
Boa leitura ^^

https://www.youtube.com/watch?v=lXqYw_II6Pc



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A jovem de cabelos castanhos pouco acima dos ombros dirigia por uma rodovia movimentada, indo para o Parque Nacional da Irlanda.

Ao seu lado, Nathan mantinha seus belos olhos azuis fixados na estrada, enquanto segurava firme no cinto de segurança.

— Nathan, está tudo bem? — perguntou ao perceber a expressão preocupada do amigo.

— Está. — Concordou com a cabeça, mantendo a voz firme e tão séria quanto seu rosto.

— Quer sentar no banco de trás? Por mim está tudo bem.

— Falta muito pra chegar? — Ignorou a sugestão de Lizzie, olhando para a garota com as sobrancelhas franzidas.

— Só mais dez minutos. — Ela sorriu, cuidando do trânsito. — Você vai amar o lugar. É lindo.

Alguns carros passaram em alta velocidade na pista ao lado do rapaz, fazendo um barulho alto com seus motores potentes. Instintivamente, ele levou as mãos até os ouvidos, respirando rapidamente.

— Trezentos e setenta e sete. Seiscentos e dez. Novecentos e oitenta e sete.

— Hey. Está tudo bem. Não precisa sentir medo, Nathan. Eu vou tomar cuidado. — Lizzie tentou segurar a mão do rapaz, mas ele a puxou, olhando assustado para a garota.

— Mil, quinhentos e noventa e sete. Dois mil, quinhentos e oitenta e quatro.

— Certo. Quer tagarelar a sequência de Fibonacio, fique a vontade! — Deu de ombros.

— Fibonacci. — ele corrigiu.

— Desculpa, Sr Sabe-tudo. Esqueceu que eu sou de biológicas? — Lizzie brincou, dando um grande sorriso para o garoto ao seu lado. — Você não tinha mais problemas em segurar a minha mão, Nathan. O que aconteceu?

— Eu não sei. Talvez… Todas as pessoas que eu segurei a mão, partiram. Menos minha mãe. Ela sempre está comigo. — dizia ao olhar o horizonte, com tristeza em sua voz.

— Não pense assim. Seu pai e o Martin não queriam partir. A vida é cheia de fatalidades, mas não podemos deixar de viver para evitá-las, você me entende? — Olhou rapidamente para o amigo, antes de virar em uma nova estrada, dessa vez, menos movimentada.

— Eu só não quero que você se vá também. E a probabilidade disso acontecer naquela rodovia era maior. — Nathan relaxou um pouco mais no banco, respirando devagar. — Você sabe que meu pai morreu assim. Do meu lado naquele carro. Isso sempre... me assombra quando estou dentro de um.

— Eu entendo. — Suspirando, Lizzie sorriu melancólica, fitando o novo caminho que percorria. — Quando  tio Martin se foi, eu também senti medo.

— Sentiu? Por quê? Vocês nem se falavam.

— A morte assusta, Nathan. Faz você pensar em quão frágil a vida é. Por isso minha avó sempre dizia que temos que dizer às pessoas o quanto são importantes. O quanto as amamos, pois outro dia pode ser tarde de mais. Você entende? — Observou mais uma vez o garoto pensativo, tentando decifrar o que se passava em sua mente.

Não demorou muito até que pudesse ser visto pela janela uma infinidade de flores coloridas pelas campinas do parque. Os olhos de Nathan brilhavam e um largo sorriso se formou em seus lábios. Ao reparar que no céu havia um belo arco de sete cores, deslizou o dedo indicador no vidro, como se o tocasse.

— É lindo. — disse, encantado.

— Agora entende porquê eu prefiro botânica? — A garota estacionou o carro e desceu, observando a paisagem ao encostar-se no veículo.

— Eu nunca vou entender como alguém não ama matemática mais que tudo. — Nathan parou ao lado de Lizzie, ajeitando o cachecol azul marinho que combinava com o suéter preto com linhas cruzadas no mesmo tom de azul.

— Deve haver algo que você goste mais do que matemática. Sua família, seus amigos… Croquete de camarão. — Ela sorriu ao vê-lo rir do comentário.

— E você, Lizzie. Existe alguma coisa que você goste mais do que as flores? — Nathan fitou os olhos cor de mel da amiga, curioso para saber a resposta.

— Sim. Muitas coisas. Eu amo viajar, amo pizza e sorvete. Amo a cor azul. — Apontou para o vestido de lã que usava, descendo até um pouco acima dos joelhos. — Amo o inverno e livros… São tantas coisas.

— E você já gostou de alguém, mais do que de botânica?

— Sim. — Ela sorriu, fitando-o nos olhos. — Eu gosto de você, Nathan, mais do que eu gosto de rosas, tulipas e bromélias.

O garoto sorriu, desviando o olhar para o mar de flores a sua frente. Tentou enumerar o tamanho do sentimento da amiga, usando fórmulas e mais fórmulas, sem chegar a um resultado.

— Então, podemos continuar nosso passeio? — a garota questionou, indicando a direção que deveriam tomar.

Assentindo com a cabeça, Nathan surpreendeu Lizzie ao segurar em sua mão, caminhando lado a lado por aquele pedacinho do Paraíso.

 

~*~

 

Já de volta ao hotel onde estavam hospedados, os amigos olhavam as fotos que tiraram durante o passeio, enquanto esperavam o jantar no quarto do garoto, rindo de vez em quando das caretas que Lizzie fazia.

Ela atendeu a camareira atenciosamente, dando-lhe uma gorjeta generosa ao dispensar os serviços da mulher.

— Alguém está com fome? — disse alto após arrumar a mesa no centro do quarto.

— Sim, eu… Lizzie, tem oito bolinhos. — Nathan franziu a sobrancelha, incomodado com a arrumação. — Não é um número primo. Eu… eu não posso…

— Relaxa, garoto. Você come o bolinho, não o contrário. — Ela sentou-se a mesa, fitando-o com paciência.

— Não é primo, Lizzie. — Ele já respirava mais rápido. — Você pode comer ele? Era o que a Zhang Mei fazia.

— Só que eu não sou a Zhang Mei, Nathan. — Elizabeth abaixou o olhar, sentindo o coração apertado. — Eu sou alérgica a camarão. — mentiu. — Se eu comer, eu morro. Mas já que a Zhang Mei fazia isso… — Pegou um dos bolinhos e o levou lentamente a boca, analisando os olhos de Nathan se arregalarem cada vez mais. — Tive uma ideia melhor. — Sorriu de canto, tomando um olhar travesso. — E envolve matemática.

Lizzie puxou Nathan pela mão, levando-o até a sacada da janela.

— O que você vai fazer?

— Calcular a trajetória. — Mostrou o bolinho em sua mão e apontou para fora. — Quanto tempo levaria para esse croquete de camarão chegar ao chão, sendo lançado do décimo quarto andar?

— Levando em consideração o…

— Não, Nathan. Não precisa fazer conta. — interrompeu o garoto, rindo de sua cara confusa. — Apenas observe. — Jogou o alimento, mas não conseguiram enxergar sua queda pela falta de iluminação.

— Você é estranha. — Ele riu, fitando os olhos da garota que refletiam a lua brilhante no céu.

— Não mais do que você! — Deu um soco fraco no braço do amigo, voltando para a mesa.

O jantar foi divertido, como tudo o que fazia ao lado de Lizzie. Ela o acalmava. O deixava menos diferente. Conseguia o fazer rir assim como seu pai fazia. E ele adorava isso nela.

 

Depois do jantar, Lizzie e Nathan observaram a rua que passava em frente ao hotel, debruçados no parapeito da sacada, quando as pálpebras da garota já começavam a pesar.

— Já está ficando tarde. Melhor eu ir para o meu quarto. — Esticou as costas enquanto bocejava. — Boa noite, Nathan.

O rapaz observou a garota se afastando em direção a porta e sentiu uma leve angústia ao pensar que ficaria sozinho.

— Lizzie — chamou-a com urgência, caminhando rápido em sua direção. —, você pode ficar comigo? Não quero ficar sozinho essa noite.

— Mas nós vamos voltar para Cambridge amanhã cedo, Nathan. Eu preciso dormir. — Voltou-se para o amigo e percebeu que algo o incomodava ao reparar no jeito que ele movimentava os dedos das mãos e em como sua respiração estava alterada. — Algum problema? Sabe que pode dizer o que quiser para mim.

— Quando eu conheci a Zhang Mei, eu senti coisas que não imaginava antes. Coisas que eu não soube por em uma fórmula e resolver. Mas ela teve que voltar para a China e o tempo passou. Ela já não era a mesma garota de antes e aos poucos me esqueceu.

Fitou os olhos de Lizzie e por mais que ela tentasse, não conseguia decifrar o que se passava em sua mente peculiar.

— Você sente falta dela. É isso que você quer dizer? — A garota incomodada olhou em direção a porta, sentindo uma imensa vontade de deixá-lo sozinho.

— Não! Não é isso. É sobre esse sentimento. O amor. Eu demorei muito para conhecê-lo e mais ainda para entendê-lo. — Respirou fundo, organizando seus pensamentos. — Eu pensei que nunca mais poderia amar de novo, Lizzie. Porque é difícil deixar esse sentimento crescer quando tudo o que você já amou foi embora.

— Por que nunca me disse que estava se sentindo assim, Nathan? — Elizabeth caminhou até o garoto e o abraçou apertado, acariciando os cabelos de sua nuca. — Sabe que pode me dizer o que está sentindo. O que te incomoda.

— Eu acho qualquer comunicação que não envolva matemática, muito difícil. — Afastou-se da garota, fitando os próprios pés, enquanto sentia o coração palpitar. — Por eu não falar muito, as pessoas acham que eu não tenho nada a dizer ou que sou estúpido. Mas isso não é verdade. Eu tenho muitas coisas para dizer. Só tenho medo de dizê-las.

— E o que você quer me dizer, Nathan? — perguntou ao entender onde o garoto queria chegar.

— Que eu… Eu gosto de você mais do que sorvete e mais do que croquete de camarão. Eu gosto de você muito, muito mais do que matemática, Lizzie. — Suas palavras sairam rápidas, mesmo assim, cheias de seus sentimentos. Dizer aquilo fez com que relaxasse seus músculos, tirando um peso de seus ombros. A respiração ofegante de quem parecia estar sendo sufocado por algo preso na garganta, aos poucos foi se normalizando e suas mãos se aquietaram, ainda trêmulas por conta do nervosismo. — Só não vá embora.

— Eu não vou a lugar nenhum, garoto! — Sua voz mal era ouvida por causa do nó que se formava em sua garganta. Seus olhos brilharam mais ainda no momento em que a lua refletiu seu brilho nas lágrimas que se acumulavam em seus olhos cor de mel. — Eu não vou, porque eu também amo você.

— Eu não sou muito bom nisso. — disse ao se aproximar da garota, colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha de Lizzie. Seu coração batia mais rápido, enquanto seus rostos se aproximavam devagar.

Na porta, as silhuetas de dois apaixonados encostavam seus lábios, sem movimentá-los.

O silêncio quebrado apenas pelo som dos poucos carros que passavam pela rua e a luz iluminava aquela cena de amor puro e inocente.

Mais uma vez seus lábios se tocaram e um beijo lento e calmo.

Aquilo tudo era novo e estranhamente familiar para Nathan.

Uma mistura de sentimentos e sensações incalculáveis, impossíveis de transformar em números. Mas nada disso importava. Não ali, naquele momento. Ali era apenas ele e ela.

E nenhum dos dois ficaria sozinho aquela noite, nem nas noites que ainda estavam por vir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e se emocionado tanto quanto eu. Ficaria muito feliz de saber o que você, querido leitor, achou dessa história. Se puder me avisar de algum erro, também agradeço, pois é sempre bom saber onde devemos melhorar.
Muito Obrigada a você que leu até aqui.
Beijos da Mini =*