Daylight escrita por Prytchz


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi oi, gente!

Dias difíceis, hein? hoje especialmente porque são *olha o relógio* 22:54 e daqui a alguns minutinhos a gente se despede da nossa série tão tão tão tão amada.

Pensando nisso e no possível final que veremos hoje (que com certeza será lindo, perfeito, de partir o coração e de fazer morrer de saudades), escrevi essa one e espero que vocês gostem.

Quero dizer a vocês que fazer parte desse fandom tem sido minha coisa favorita. Obrigada por cada dia dos últimos 5 anos. Que a gente não se perca um do outro. ♥

Boa leitura.




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— Mamãe, o que é o que é?

— Mm – Kate segurou o rosto de sua filha entre as mãos, usando os polegares para acariciar suas bochechas. Um carinho rápido, um sinal de que estava atenta. Começou a retocar a sombra nas pálpebras dela e Lily tentou abrir os olhos – Ah-ah, querida. Fique de olhos fechados. Dessa vez eu terei quantas chances?

— Só uma.

Kate fez um muxoxo e sua garotinha suspirou, satisfeita, em antecipação. Adivinhas vinham sendo sua coisa favorita.

— O que é o que é? Todo mundo pisa nele, mas ele não pisa em ninguém. Todo mundo pergunta por ele, mas ele não pergunta por ninguém.

— Eu não sei… Não é sapato e também não é uma pessoa... Tapete?

— Não! – A risada pura e infantil tomou conta do quarto e Kate se sentiu contagiada – é o caminho!

— Oh! Essa foi boa – Kate inclinou o corpo para trás, avaliando seu trabalho. Ficou perfeito. – Você é a daminha de honra mais bonita dos sete reinos.

Lily abriu os olhos cor de avelã, havia dúvida em sua expressão.

— Até das Ilhas Douradas da princesa Caramelo?

Kate sorriu, maravilhada com a inventividade de sua pequena réplica de quatro anos e oito meses de idade.

— Até mesmo das Ilhas Douradas da princesa Caramelo – fez uma cruz no coração – Eu juro. Só falta o gloss, você quer passar?

Lily sorriu e balançou a cabeça. Apesar de ser muito parecida com Kate, algumas expressões faciais eram iguaizinhas as de Castle. O sorriso era uma delas. Como conseguiram reunir, numa única pessoinha, o melhor do que tinham, ainda era um mistério para Kate. Sem contar suas características naturais, como por exemplo seu amor incondicional por animais. E eram todos eles, sem exceção. De insetos a répteis. Um dia precisaram buscá-la na escola muito mais cedo porque as outras crianças mataram um morcego e ela não parava de chorar. Só sossegou quando deram um enterro decente ao bichinho.

Kate tocou a própria barriga, agora imensa pois se aproximava do nono mês de gestação, imaginando como seus dois garotinhos serão, com quem se parecem, quais serão suas coisas “favoritas do mundo inteiro”.

Como se fosse essa a sua deixa, eles se mexeram, chutaram - talvez trocaram de lugar, nunca se sabe - e Kate fechou os olhos em desconforto. A mãozinha de Lily se juntou à sua, subindo e descendo por sua barriga.

— Eles estão dançando?

Kate sorriu e pegou um gloss cor de rosa cetim.

— Talvez. Faça “A”.

Segurou o queixo de sua menina e depois de passá-lo nos lábios dela, apertou os seus próprios, demonstrando o que a pequena deveria fazer. Lily o fez de imediato. Pulou da cadeira e chegou mais perto da penteadeira, ficando na ponta dos pés. Olhou para o espelho e em seguida para Kate, esperando aprovação.

— Eu não disse? Você está absolutamente linda, querida.

Lily balançou o corpo, meio satisfeita, meio envergonhada.

— Obrigada.

Kate pegou seu braço e a puxou para perto.

 – Agora me deixe arrumar o seu cabelo.

— Eu quero o vestido - Choramingou.

— Eu sei, mas o vestido a gente coloca por último.

Sua filha sentou-se novamente um pouco emburrada.

— A fada madrinha da Cinderella faz tudo de uma vez.

— É porque ela é uma fada e tem uma varinha.

Kate começou a fazer o penteado que Alexis sugeriu: um coque desleixado, com duas mechas soltas na frente.

— Você é bonita como uma fada – O seu tom de voz revelava sua impaciência para o que aparentemente era uma questão simples.

Kate deu um beijinho no topo de sua cabeça.

— Obrigada pelo elogio, meu amor.

Ela ficou em silêncio e depois olhou para trás, pensativa.

— Eu tenho uma varinha.

— Uma varinha de bruxa, não é?

— Uhum.

— Pois então. Nós precisamos de uma varinha de fada madrinha.

Lily fez que sim, compreendendo. Provavelmente estava calculando como ganharia uma dessas. Ficou em silêncio e Kate trabalhou com cuidado. Colocou a tiara e olhou para a filha, admirada. Linda.

— Pronto. Agora sim vamos colocar o vestido.

Lily correu e pôs-se ao lado do cabide, mal podendo esperar. Seus dedos tocando a renda da barra.

— Espere por mim.

— Você está lenta hoje, mamãe.

Kate elevou uma sobrancelha e então levantou com cuidado.

— Nós somos um grupo aqui, tenha paciência.

Suas costas estavam doloridas, quase não dormira porque apesar dos bebês estarem mexendo menos, havia pressão em seu tórax e não tinha muitas opções de posição para dormir.

— Papai disse que você é uma nave mãe com exc… – Lily franziu as sobrancelhas, irritada por não conseguir dizer a palavra. – Exceção de passageiros.

Kate sentiu vontade de rir. Não da piada de Castle. A piada de Castle não tinha graça. Nave mãe…

— Excesso, Lil. Excesso de passageiros.

Pegou o vestido e o abriu, estudando como agachar o suficiente para vesti-la.

— Tudo culpa do combustível dele.

Sua filha a olhou, confusa.

— Como assim?

— Nada – disse depressa, de repente consciente do que havia dito – Nada. 

Castle entrou no quarto e já estava quase pronto. A gravata pendia ainda desfeita em seu colarinho e Kate soltou um suspiro de alívio.

— Miladies, estão pront- Wow!

Ele se aproximou e roçou os lábios nos dela, abraçando-a pela cintura. Kate sorriu e entregou o vestido a ele com um pedido silencioso de ajuda. Em seguida atravessou o quarto para pegar a caixa de joias e sentou no sofá, junto aos ursinhos de pelúcia.

— Lily, você sabe por que o seu café da manhã estava na vasilha de comida do Axel? – Castle perguntou, agachado junto à menina, ajeitando o seu vestido sobre os ombros. Olhou para Kate de um jeito sugestivo.

Ela não podia ver os olhos da filha, mas praticamente pôde ouvir as engrenagens de sua cabecinha funcionando, procurando uma saída.

— Ele estava com fome, papai.

— Se ele estava com fome, por que não comeu?

Oh, essa ela queria ver. Ajeitou-se nas almofadas, esperando. Lily girou nos calcanhares para encarar o pai. Seus olhos estavam brilhando porque certamente tinha encontrado uma desculpa.

— As frutas estavam azedas.

— Porque você não avisou? A gente podia ter encontrado alguma coisa que o Axel quisesse comer.

— Eu dei sorvete a ele.

Castle voltou a olhar para Kate com o maxilar tenso e ela soube que ele iria rir.

— Você também tomou? – Kate quis saber, dando tempo para ele se recuperar.

— Um pouquinho – Lily tinha um olhar inocente, encenado muitas vezes, completamente adorável – O Axel é um cão espião e o sorvete é a única coisa que um cão espião pode comer.

Castle arregalou os olhos.

— Ele é um espião? Como- como você sabe?

Ela cruzou os braços, satisfeita por seu pai estar comprando sua história. Tinha que ser filha de quem é.

— Ele me disse. Mas você não pode dizer a ninguém, papai. – Olhou para Kate, muito séria – Nem você, mamãe.

— Eu juro.

— É confidencial – Kate escolheu uma das pulseiras da caixinha - eu entendo.

Lily confirmou e voltou a olhar para Castle.

— Então isso te faz a parceira do Axel? – Ele perguntou e a menina ficou pensativa por um instante.

— Como você e a mamãe?

— Sim, como a mamãe e eu.

— Então sim.

— ‘Okay’ – a voz dele estava uma oitava mais grave, sinalizando que o assunto era sério – sendo assim você precisa comer. Como supostamente vão combater o crime sem se alimentar, querida?

— Com sorvete!

Era óbvio, não era? Criança genial.

— Não – Castle disse com firmeza – Seu corpo precisa de coisas além do sorvete.

— Tipo fruta?

— Sim. Tipo frutas.

Lily aquiesceu e Castle começou a fechar o vestido.

— Ontem mesmo você disse já ser uma mulher crescida, eu quero dizer, quase cinco anos é muita coisa.

— Eu sei – ela estava conformada e essa expressão era impagável.

— Mulheres crescidas não precisam que o papai e a mamãe as vigiem enquanto comem – Kate comentou.

Lily fez um biquinho, mas por não ser uma criança teimosa, permaneceu em silêncio. Kate voltou a dar atenção à caixa de joias.

— Essa coisa precisa ter tantos botões? – Castle reclamou – Parece vestido de noiv- oh, espere. Isso é bom. – Ele sorriu, os olhos distantes, provavelmente imaginando o trabalho do pobre coitado do Scott.

Kate riu.

— O vestido de Alexis fecha com zíper.

Ele fechou a cara imediatamente. Seus ombros ficaram tensos e Kate podia apostar que seus dentes estavam trincados. Teimoso, ciumento, birrento… Ela sempre soube que o dia do casamento de Alexis seria difícil para ele, mas seu esposo elevou o drama a um nível insustentável durante a última semana. Procurou pela ficha criminal do genro e passou três dias seguindo-o por toda parte a fim de comprovar ao mundo que aquele não era o homem que merecia sua filha. Não conseguiu, é claro. Scott é uma ótima pessoa, boa índole, sempre gentil e atento às necessidades de Alexis. Se sua implicância serviu de alguma coisa, foi para aproximá-lo do rapaz.

Hoje, no entanto, Kate sentia o coração apertado por compaixão a Castle. Não gostava de vê-lo sofrer, mesmo que tal mudança represente uma nova fase de suas vidas. Alexis era sua garotinha afinal de contas. E sua garotinha tinha um outro homem em sua vida agora, um homem a quem amava e escolheu se dedicar. Era um dia difícil, Kate tinha de admitir, e a necessidade de protegê-lo desse sentimento de luto a atingia sempre que os olhos dele demonstravam tanta tristeza.

Ainda assim, sentia-se na obrigação de não deixar passar cada referência frustrada que ele fazia à lua-de-mel. Francamente. 

— Sapatos – ele avisou e Lily se jogou na poltrona com os pés esticados. A menina o observou com olhos atentos. A sua empatia e inteligência emocional era uma de suas maiores qualidades, e ela sabia que algo estava errado quando algo estava errado. Assim que Castle terminou de calçar-lhe os sapatos, Lily segurou o rosto dele entre as mãos.

— Papai, você está triste.

Castle agarrou as mãozinhas dela é deu um beijo na palma de cada uma.

— Não. Só estou sentindo saudades da sua irmã, querida. Estava lembrando de quando ela tinha o seu tamanho.

Lily o olhou com carinho, entendendo muito mais do que Kate poderia supor, e passou os braços ao redor do pescoço dele, abraçando-o. As mãos de Castle acariciaram as costas dela e ele beijou seu ombro.

— Me prometa que você só irá se casar quando tiver cinquenta anos.

Lily concordou e sorriu.

— Prometo.

Castle beijou seu rosto e a soltou. Alguém batia à porta e ele foi ver quem era. Kate chamou Lily para colocar os brincos e pulseira.

— Lily Pad – Castle chamou quando voltou ao quarto – Adivinhe quem está aí.

A sua garotinha olhou para ele com expectativa.

— Sarah e Nicolas! Quer ir até lá dizer oi? – Ela correu e Castle a seguiu até a porta do quarto. – Não desça correndo ou vai se machucar! Nem pule de degrau em degrau! Está escutando?

— ‘Tô’! – O som da voz dela chegou fraquinho aos ouvidos de Kate.

Ela começou a trabalhar para se levantar, mas então Castle veio a seu auxílio.

— A mãe de Jenny os trouxe. Ela e Ryan vão direto do aeroporto.

Kate acenou em concordância e olhou nos olhos dele. Ainda estavam tristes, mas não tanto quanto mais cedo. Ela passou as mãos pelo peito dele e começou a fazer o nó de sua gravata.

— Você sabe que ela pode não cumprir essa promessa, não sabe?

Os dedos de Castle dançavam em sua cintura, pressionando-a contra ele.

— É, mas ela não sabe que eu sei disso.

Kate revirou os olhos e o beijou.

— Como você está se sentindo?

— Estou bem agora. Acabei de falar com Alexis por telefone... está tão feliz, Kate…

Kate acariciou o rosto dele e depois tentou se encaixar em seu abraço. Deitou o rosto em seu ombro, confortável.

— Rick, eu quero te dizer uma coisa.

Castle passou os dados pela lateral do braço dela, carinhoso.

— O que é?

Ela levantou o rosto e sussurrou em seu ouvido:

— Da próxima vez que você me chamar de nave mãe, eu quebro suas pernas.

—---------

Devido ao histórico da família Castle, talvez o título da notícia principal da página seis fosse “Alexis Castle se casa em Manhattan numa cerimônia sem transtornos”.

Uma festa linda, a propósito.

Era certo que o coração dele doía todas as vezes que a via se distanciar para mais uma dança com o marido, mas de todas as coisas que emergiam no misto de sentimentos, a felicidade desmedida era a principal delas. Sua princesa encontrou seu príncipe encantado. Sua pequena abóbora, sua Alexis, uma das ervilhas de sua vagem. Ela seria feliz como ele sempre sonhou que ela seria.

A mão quente de Kate deslizou na sua, seus dedos entrelaçando-se nos dele. Ela o olhava de um jeito doce, cheio de amor e compreensão. Castle puxou sua mão em direção aos lábios e a beijou. Kate inclinou o corpo e descansou a cabeça no ombro dele e ambos observaram as pessoas dançando.

— Nós somos tão sortudos… – ela disse entre um suspiro e outro.

Castle sorriu.

— Sim, nós somos.

—------------

Ela conversava com Lanie quando os acordes de uma melodia conhecida começaram. Precisava levantar. Apoiou as mãos na mesa e içou seu corpo para cima. Pediu licença à amiga e foi para o salão.

 

Nothing goes as planned

Everything will break

 

Castle caminhou até ela com as mãos estendidas.

 

People say goodbye

In their own special way

 

— Me concede o prazer dessa dança?

Kate sorriu e pegou sua mão. Ele a puxou para perto e os dois se movimentaram em sincronia perfeita.

...

Oh, you’re in my veins

And I cannot get you out

 

Castle aproximou a boca do ouvido dela.

— Você está feliz?

Ela afastou-se o suficiente para fazê-lo encará-la

— Como nunca imaginei que um dia seria.

 

Oh, you’re all I taste

At night, inside of my mouth

 

O olhar dele era intenso e Kate viu a força das emoções latentes. Ela estava prestes a falar quando ele fechou os olhos e encostou a testa na dela.

 

Oh, you run away

Cause I am not what you found

 

— Eu te amo – ele sussurrou e a olhou nos olhos novamente – Obrigado por ser tão incrivelmente extraordinária e o motivo da minha inspiração todos os dias. Obrigado por ter deixado que eu te seguisse, mesmo me odiando. E depois por aceitar ser minha amiga, parceira, namorada e esposa. Obrigado por ser minha amante. – tocou a barriga dela e a beijou levemente – Obrigado por essa família linda que nós fizemos.

Kate passou os braços pelo pescoço dele, segurando o choro. Ela nunca soubera usar as palavras dessa forma.

— Você não me deu alternativas. Eu sou sua. Sempre fui. Eu te amo.

Castle sorriu e a beijou. Um beijo que não cabia nas próprias definições, que representava muito mais que amor: Era eternidade.

 

 

Oh no, I cannot get you out

 

—---------

Dançaram muitas outras músicas e esqueceram-se do tempo até que Kate sentiu um puxão na barra de seu vestido e olhou para baixo, chamando a atenção de Castle também. Lily esfregava os olhos com uma das mãos, a poucos minutos de ficar emburrada.

Ele a pegou no colo e ela se aconchegou, caindo no sono quase que imediatamente.

— Ela realmente se divertiu. – Comentou.

Kate acariciou as costas da filha e colocou uma das bagunçadas mechas de cabelo atrás da orelha.

— É, se divertiu - mordeu o lábio inferior de um jeito indecente demais, um jeito que mesmo depois de praticamente quatorze anos ainda o deixava perdido – Eu também.

Ele anuiu, atordoado, e Kate passou a mão em seu braço.

— Mas se você ainda tiver energia, a coleção de lingerie para grávidas da Victoria Secret é linda. Eu estou usando um conjunto hoje.

Ela beijou o rosto dele e se afastou, deixando-o em apuros. Como supostamente conseguiria dirigir até o loft?

Kate olhou por cima do ombro e ao ver que ele não a seguia, parou e colocou as mãos na cintura. O olhava de um jeito brincalhão e provocante.

— Você vem, Castle?

Ah, sim, ele irá.

Sempre. 


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por ler, e se for possível, gostaria de saber o que você achou. Críticas me fazem melhorar :)

um super beijo pra vcs e bom episódio *___*

[se já passou, parabéns por ter sobrevivido hahaha]



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