Sara Sidle

Deise nem pediu permissão para entrar, ela simplesmente escancarou a porta e entrou. Arrependi-me de não haver trancado a mesma, podia ter passado a chave, mas no momento não consegui pensar nisso, não conseguia pensar em nada. Menos ainda em uma boa desculpa para explicar o que ela havia visto.

— Sara, o que tem a me dizer sobre isto?

Comecei a despir-me para o banho como se não tivesse ocorrido, fitei-a simples tentando parecer mais tranquila e normal possível.

— Nada.

— Como assim nada? – Seu tom era indignado, não pelo que havia visto, mas sim por eu não querer explicar.

— Não há nada a dizer sobre isto. Arthur estava chorando e eu fui ajudar Gil a fazer ele se acalmar. Simples assim, mas seu olhar foi tão acusador que cheguei a ficar envergonhada. – Já estava completamente nua e entrava no banheiro para tomar meu banho.

— Não venha querer me enrolar Sar. – Ela parou na porta, não iria me deixar tomar nem um banho sossegado. Sabia que não desistiria até eu contar a verdade. – Conte-me o que aconteceu agora. – Ordenou, mas seu olhar era divertido, ela sempre se divertia a me ver constrangida.

— Se você quer saber, essa noite não aconteceu nada, dividimos a cama somente isso. – Respirei pesadamente. – Não houve sexo, não houve beijo, não houve nada. – Disse com tom e voz irritado, e eu já não sabia se era por conta do interrogatório de Deise ou se era  por conta de não haver ocorrido nada naquela noite.

— Certo, mas tem algum clima entre vocês não tem?

Entrei no chuveiro sem fechar o box, minha vontade era de molhar Deise inteira por conta daquele questionário. Fechei os olhos por um tempo deixando a água escorrer pelo meu corpo. Deise e eu não tínhamos problemas de ficarmos nua uma na frente da outra, ainda mais ela que havia me visto tantas vezes assim enquanto trocava minhas fraldas.

Comecei a me ensaboar e suspirei.

— Já transamos se é o que quer saber.

— Como? – Deise perguntou como se não acreditasse no que havia ouvido. – Você e um mendigo Sar? Sério esperava tudo, menos isto. – Ela começou a rir.

— Como assim? – Abri os olhos somente para fita-la. – A senhorita certinha está me falando isso a essa altura do campeonato? Achei que da família você fosse a que menos se importasse com a situação financeira dos seus candidatos, querida. – Sorri desafiadora.

— De fato, e é exatamente por isso que me surpreende. Você com todo seu jeito de menina mimada, principalmente nos últimos anos, achei que só se envolveria com ricaços. Isso se um dia voltasse a se envolver com alguém.

— Verdade, eu também pensei. – Suspirei, tinha de concordar que meus planos eram esses. Não me apaixonar, ou me apaixonar por um homem rico e de boa família. – Mas no dia que eu e Gil transamos, essa foi a última coisa que me veio a cabeça. Para ser sincera nem me veio a cabeça. Naquele momento eu só queria ser dele, e queria que ele fosse meu. – Suspirei por fim, tirando o shampoo que havia colocado em meus cabelos e finalizando rapidamente aquele banho. Peguei a toalha e me enrolei na mesma.