Sara Sidle

Sophia estava na sala brincando e eu havia ido buscar algumas coisas no quarto, nem havia ouvido a campainha tocar, e enquanto descia as escadas o vi parado bem ali. Com o coração agitado, dei meia volta para trancar-me no quarto e só aparecer quando ele estivesse ido embora.

— Pode ficar parada aí senhorita Sidle. – Disse Hank com Sophia no colo. – Linda, pode ficar com Sophia? Quero falar com Sara.

Linda pegou Sophia prontamente e Hank veio em minha direção.

— Não tenho nada para falar com você. – Virei-me e voltei a subir a escada, queria fugir dali naquele exato momento.

Hank correu até mim, como se fosse sua caça e segurou-me firmemente pelo braço.

— Ah, você tem sim. Deixe de ser uma criança mimada Sara e vamos para a biblioteca agora. – Ordenou.

— Me solta. – Gritei.

— Só dentro da biblioteca. Agora vamos.

Hank me puxou como se fosse uma criança e somente me largou lá trancando a mesma. Novamente senti um desconforto lá dentro, me sentia péssima ainda mais pela ultima vez que estive ali. Não era só a lembrança da minha mãe que me assombrava naquele momento, era também o fantasma de Gilbert Grissom. O ponto final que havia colocado em nosso relacionamento, havia sido ali.

— Não tenho nada para falar com você. – Gritei irritada, o som saiu estridente.

— Não precisa falar você só precisa ouvir. Agora se sente.

— Não.

— Certo, então fique de pé mesmo. – Grunhiu. Logo ele foi até a porta e tirou a chave da maçaneta. – Só para garantir que não vai fugir até eu falar o que tenho pra dizer.

— Isso é cárcere privado, sabia?

— Sabia. – Disse sem ligar para minha raiva, e isso me deixava ainda mais irritada.

— Vamos, diga logo o que quer dizer e depois suma daqui.

— Primeiro eu quero que você saiba que eu não sabia de nada, eu não te atendi naquele dia, foi seu pai que o fez. Eu estava com Sophia. Fiquei sabendo disto depois de você, quando você começou a se isolar do mundo. Era para você estar feliz com a volta da sua filha, mas você parecia ainda pior, então como não falava com ninguém, acabei fazendo Henrique me falar o que havia acontecido.

— E como ele está? – Perguntei receosa.

— Desolado, assim como Grissom.

— Foda-se os dois. – Murmurei.

— Sabe quem é que vai se foder Sara? – Ele falou visivelmente irritado, talvez tanto quanto ou mais que eu. – Você, pois está se afastando todos que te amam, que querem cuidar de você e te proteger.