Do you remember us? escrita por Agatha DS


Capítulo 92
Capítulo 92 - Heritage.




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 Não sei ao certo quanto tempo se passou, o silencio ali era palpável, Damon ficou apenas ao meu lado segurando minha mão, e Jeremy a de minha mãe, Dr. Avery ficou nos olhando e eu sabia que ele também estava chateado com toda essa situação.

— Vamos lá então – disse minha mãe enxugando as lagrimas – Pode ler o testamento.

— Certo – Dr. Avery coçou a garganta e começou a analisar uma pasta branca, e foi tirando alguns papéis e os separando, e então começou – Para Miranda Gilbert, deixo a nossa casa com tudo que tem nela e trinta por cento de todo o meu dinheiro, para o meu filho Jeremy deixo trinta e cinco por cento do meu dinheiro e o apartamento no centro de Nova York – ele parou e nos encarou, Jeremy olhou para mim e eu para ele.

— Que apartamento? – ele perguntou.

— Seu pai comprou esse apartamento anos atrás, quando passamos por alguns problemas, mas nos o superamos e resolvemos que ele ficaria para um de vocês dois, prossiga por favor Dr. Avery.

— Sim, claro – ele sorriu e continuou – Para minha filha Elena deixo trinta e cinco por cento do meu dinheiro, e a casa do lago, com tudo que tem nela – o que? Ele estava alucinando quando escreveu isso?

— Ele deixou a casa do lago para mim? – disse surpresa.

— Sim, ele já havia me dito isso, disse que você sempre foi a que mais gostou daquela casa, a que sempre aproveitou mais, e que seria justo deixa-la para você.

— Já que a Elena vai ficar com a casa do lago, posso ficar com o carro dele? – disse Jeremy segurando uma risada.

— Ele não deixou o carro para ninguém, nesse caso a solução é vende-lo e dividir o dinheiro entre vocês.

— Não, por mim ele pode ficar com o carro – disse saindo do meu estado de torpor.

— Valeu – ele disse com um sorriso.

— Eu posso terminar de ler o testamento?

— Claro – dissemos sem graça.

— Consta aqui que o seu pai havia feito uma poupança para cada um de vocês, se algo acontecesse com ele e seus bens, vocês não ficariam sem nada.

— Dr. Avery por favor – comecei – de quanto estamos falando?

— Ele depositou uma quantia de quinhentos mil reais em cada poupança, isso foi a cinco anos, com os juros deve ter milhões de reais – meu queixo caiu.

— Milhões?  – perguntei tentando confirmar.

— Exato, isso apenas na poupança, tirando os trinta e cinco por cento que seria da herança.

— Você sabia disso mãe? – perguntei a encarando e ela se encolheu um pouco.

— Sim, na época ele estava com alguns problemas com a justiça e ficou com medo, então fez as poupanças.

— Isso quer dizer que agora somos milionários? – perguntou Jeremy também em choque.

— Basicamente isso Jeremy. – ele respondeu dando de ombros. – Se querem um conselho de investimento ou algo do tipo eu posso procurar.

— Já acabou?  O testamento? – perguntei.

— Sim Elena.

— Então eu preciso ir embora, eu não estava preparada para isso, preciso ir – disse me levantando – nos falamos depois? – perguntei olhando para minha mãe e ela assentiu – tchau Jer, tchau Sr. Avery.

— Tchau Elena – eles sorriram.

 Sai dali apressada, Damon estava me seguindo em silencio. O caminho todo foi em silencio, eu estava perdida em pensamentos, sempre soube que o meu pai tinha dinheiro, sei que ele fez algumas coisas no passado que não eram legais, mas tudo isso? Eu nunca imaginei, muito menos que grande parte ficaria para mim, isso é nauseante.

— Para o carro – quase gritei, Damon parou no acostamento, eu abri a porta e coloquei tudo para fora.

— Você está bem? – ele disse passando a mão nas minhas costas.

— Sim – disse fechando a porta.

  Chegamos em casa e eu me sentei no sofá, respirei fundo e coloquei a cabeça entre as mãos.

— Quer conversar sobre tudo isso? – Damon se sentou ao meu lado.

— Eu não quero esse dinheiro Damon.

— Por que? – ele ficou apenas me olhando.

— Não é certo, eu não fiz nada para merece-lo, e meu pai não o conseguiu fazendo coisas certas.

— Elena o seu pai trabalhou duro todos esses anos, ele era uma pessoa boa no que fazia, certo que parte do dinheiro realmente pode ter sido ilegal, mas grande parte dele foi do trabalho dele, das horas que passou longe da família, que passou longe de você.

— Você acha que tenho que ficar com esse dinheiro? – o encarei irritada.

— Elena esse dinheiro já é seu, e você pode fazer muita coisa com ele, é uma decisão toda sua, eu com certeza não quero nem um centavo dele, só estou dizendo que foi para isso que seu pai ficou tanto tempo longe de vocês.

— Você tem razão – respirei fundo – mas eu não quero ficar com todo esse dinheiro, não mesmo.

— Você pode fazer algumas doações, crianças doentes, animais, abrigos.

— Eu vou pesquisar sobre isso.

— Agora esquece esse dinheiro e vem aqui – ele me puxou para um abraço e me beijou. – eu te amo, cada dia mais.

— Também te amo, cada minuto mais – fiz beicinho e dei um selinho nele.

                                                                                 *

 Um mês se passou, tive mais duas consultas com a Dra. Stevens, e tudo estava indo bem, estou de dez semanas e os enjoos só pioraram, mas tirando isso esta indo tudo bem, Dani estava toda animada de estarmos grávidas ao mesmo tempo, e me dava conselhos do que fazer, o que comer, e coisas do tipo, ela estava na vigésima semana de gestação, sua barriga já era visível, e ela estava muito feliz.

 Eu havia escolhido algumas instituições para doar parte do meu dinheiro, e eu nunca havia imaginado ter tanto dinheiro assim, mas isso já não me incomodava tanto quanto antes, eu havia aprendido a administrar tudo, ajudava crianças com câncer, ajudava ongs de ajuda á animais, e alguns abrigos infantis. E isso ajudava a aliviar toda a culpa que eu sentia por ter esse dinheiro sem ter feito nada.

 Eu ainda estava no meu estágio, e agradecendo pela faculdade ainda não ter voltado, pois eu me sentia exausta a maior parte do tempo, e com fome também, essas eram as partes ruins de ter outra pessoa dentro de mim.

— Eu quero te dar uma coisa – Damon disse enquanto eu me levantava apressada.

— E eu adoraria que você me desse, mas agora estou atrasada.

— Não é isso, tá isso também, mas não era disso que estava falando – ele riu se sentando na cama – quero levar você para escolher um carro, não quero mais você andando por ai.

— Está de brincadeira? – eu ri – por enquanto eu não quero um carro, são quinze minutos de caminhada Damon.

— Eu não quero você se esforçando, você já passa o dia todo para cima e para baixo naquele hospital Elena, você vai ter um carro.

— Não quero, você não pode me obrigar.

— Mas eu posso ir até lá e escolher um carro sem você – ele deu um sorriso forçado – ou você pode ir comigo na hora do seu almoço.

— Ridiculo – joguei o travesseiro em seu rosto e ele riu, sai quase correndo de casa.

 O trabalho foi como todos os outros dias, cansativo, vez ou outra eu até me oferecia para preencher os formulários só para não ter que ficar andando por ai.

 Quando fui até a lanchonete do hospital Damon já estava lá, e acenou para mim com seu sorriso sarcástico, revirei os olhos e caminhei até ele.

— Pronta para ir escolher um carro?

— Eu vou almoçar, se sobrar tempo nós vamos.

— Você tem dez minutos para comer Elena, ou eu vou dar na sua boca.

— Você é tão irritante – disse rosnando – por que não compra um carro para você?

— Eu estava pensando nisso – ele franziu o nariz – acho que vou vender o meu carro e comprar outro, melhor ainda, já escolhemos os carros juntos.

— Se quer tanto que eu tenha um carro, eu vou comprar um, com o meu dinheiro.

— Nem pensar – ele disse formando um V com as sobrancelhas.

— É isso ou nenhum carro. – sorri sarcástica.

— As vezes você é tão infantil sabia?

— Claro que sabia – disse levando uma garfada á boca.

 Damon me fez acabar o meu almoço rápido, e depois nós fomos até uma concessionaria que havia por ali, a maioria dos carros era enorme. Damon entrou e logo foi conversar com um dos vendedores.

— Estou procurando dois carros, um para mim e um para minha esposa – ele disse sorrindo e segurando minha mão, dei um sorriso forçado ao vendedor.

— Tem algum em mente? – o vendedor perguntou com um sorriso no rosto, obviamente animado por uma venda grande.

— Estava pensando em um Range Rover Evoque XL de sete lugares – fiquei olhando enquanto eles conversavam as vantagens desse carro, e eu fiquei apenas boiando.
 O vendedor nos levou até a parte mais atrás da loja, com três carros iguais, mudando apenas as cores, havia um branco, um preto e um vermelho com o teto branco.
— Podem entrar, verificar, se quiser fazer algum teste – disse o vendedor animado, seus olhos chegavam a brilhar.
 Damon me indicou para entrar no carro branco, revirei os olhos e entrei ao lado do passageiro, por dentro ele era todo de couro branco, o painel branco e cinza claro, o carro era alto e enorme,  fiquei o olhando, Damon sorria como criança ao meu lado, olhando cada canto.
— O que achou?
— É lindo, mas ele chama atenção demais, você mora em Nova York Damon, fora que você vai ter um bebê, esse banco branco não daria muito certo.
— Você sabe como estragar a alegria de um homem – ele revirou os olhos e saiu.
 Entramos no preto, os bancos de couro eram creme, e o painel preto e marrom, Damon não perguntou nada, apenas saiu do carro e entrou no vermelho, eu o segui, por dentro era um tom de marrom quase laranja, o que não gostei muito, nós saímos e o vendedor nos encarou com brilho nos olhos.
— Gostaram?
— São incríveis – disse Damon suspirando. – Qual você gostou mais pequena?
— O preto, não chama tanta atenção, e por dentro é mais bonito.
— Amor é um Evoque, vai chamar atenção de qualquer jeito – os dois riram como se isso fosse uma piada, revirei os olhos. – Quanto está saindo?
— Duzentos e vinte mil – engasguei com minha própria respiração, Damon riu.
— Se importa? – ele perguntou para mim.
— O dinheiro é seu – sorri – gaste como preferir.
— Então eu vou ficar com ele – ele sorriu e piscou para mim – vou vender o meu carro de qualquer jeito – ele deu de ombros – agora temos que escolher o seu.
— Não quero um carro grande, me perderia dentro dele – dei um sorriso forçado para o vendedor, que sorriu alegre.
— Temos um que é considerado mais feminino, quer dar uma olhada?
 Eu o segui até a frente da loja, ele me indicou dois ao canto, um era um Kia Soul vermelho, igual ao da Dani, e eu só conhecia por causa disso, o outro eu não faço ideia.
— Eu já conheço esse – apontei o Soul.
 Ele começou a me falar sobre o segundo carro, que era um Mitsubishi Pajero TR4 vermelho, ele ia explicando as características e praticamente só falava para Damon, que prestava atenção no que ele dizia, apenas entrei no carro, por dentro ele parecia bem menor, com banco de couro preto, e um painel também preto, era parecido com o Soul da Dani, que eu já gostava.
— O que você achou? – perguntou Damon me puxando pela mão, com um sorriso vitorioso.
— Eu gostei, ele é pequeno, mas o seu já vai ser enorme – ri – então acho que vou ficar com ele.
— Ótimo – Damon beijou o topo da minha cabeça – qual é o valor?
— Noventa mil – suspirei, que desperdício de dinheiro Elena, pensei comigo mesma.
— Você ainda vai querer pagar? – disse Damon um olhar desafiador, ri.
— Sim, ainda vou querer pagar – sorri orgulhosa.
— As vezes você é frustrante sabia? – ele disse suspirando.
 Damon conversou algo com o vendedor, e ele foi preparar a papelada, assinei os papéis e fiz o cheque, que confesso doeu um pouco meu coração.
— Vocês podem vir busca-los em alguns dias, eu entrarei em contanto – disse o vendedor com um sorriso vitorioso de quem irá ter uma ótima comissão.
— Certo, obrigado – eles apertaram as mãos e nós saímos dali de mãos dadas.
— Você se deu conta que acabamos de gastar mais de trezentos mil reais em carros?
— Elena eu já queria esse carro a algum tempo, usei o dinheiro da nossa casa que foi vendida, e irei repor com o dinheiro deste carro quando o vender, não se preocupe com isso.
— Eu não me preocupo – ri – sou milionária se lembra? – disse em tom irônico e ele revirou os olhos.
— Você faz tão pouco do seu dinheiro.
— Não sinto como meu, já disse isso, a única coisa que me ajudou a aliviar o peso na consciência foi doar parte do dinheiro, e eu vou continuar a fazer isso, quando fiz os cheques de doação eu fiquei tão feliz, aquele dinheiro iria ajudar alguém, já este cheque foi apenas uma futilidade.
— Falou a mulher que comprou vários sapatos de estilistas famosos – ele riu.
— Não coloque meus sapatos na conversa – lhe dei um tapa leve e ele riu.
 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? vou aguardar os comentários ok?



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