How To Be The Princess of England escrita por Emily Rhondes


Capítulo 1
How to Decorate a story


Notas iniciais do capítulo

Como decorar uma história



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O barco balançava de um lado ao outro. Eu tinha muito medo de andar de barco, tenho que confessar. Me agarrei ao chão, esperando que tudo passasse. Mas eu deveria ter imaginado que não ia passar. Porque realmente não passou.

— Princesa, vai ficar tudo bem. – Meu pai encostou na parede ao meu lado. Ele parecia calmo, confiante. Sem um pingo de medo. As vezes eu queria ser corajosa como ele. – Era uma vez... Um reino, uma ilha e uma Deusa chamada Aparondes. Ela governava a ilha, com graça, ternura e sabedoria.

— Ela era muito querida pelo povo. – continuei. 19 anos ouvindo essa história, que eu decorei, simplesmente amava e não cansava de ouvir. Ela era... Mágica. – Seu povo, era constituído apenas por mulheres. Guerreiras sagazes, belas, encantadoras. Todo homem era terminantemente proibido naquele reino. O mundo exterior era um mundo de guerra, maus tratos e machismo. Um dia, um jovem sonhador, sobreviveu a um terrível naufrágio, e foi parar na ilha. Uma mulher ruiva, habitante da ilha o encontrou.

— Ela se apaixonou pelas esmeraldas verdes dele, no momento que as viu acordado e assustado na areia. – meu pai continuou. - Ela disse que iria cuidar dele. Mas não poderia de jeito nem um deixar a Deusa saber. Eles conviveram em segredo por meses. Até que se apaixonaram, e perceberam que não conseguiam viver sem o outro. Em pouco tempo, a mulher de cabelos ruivos como fogo, ficou grávida. Suas irmãs descobriram, e, desesperadas, chamaram a Deusa Aparondes, que logo reconheceu a traição da mulher, e decidiu que iria a banir para o mundo exterior, junto com o homem que ela escondia.

“Antes das guerreiras a prenderem, ela correu até o homem, e disse que ele tinha de ir. O homem fugiu, num barco até seu reino. Ele contou sobre a ilha secreta das mulheres, e disse que precisava de um barco para ir até lá. O rei, com desejo de novas terras, disse que sim, mentindo para o melhor amigo, e mais fiel súdito. Mas o país estava em crise, e ele precisava colonizar novas terras. Pela manhã, ele partiu, acompanhado de vários homens, escondidos, para que o apaixonado não descobrisse sua trama. Ao chegar na areia, viu sua mulher sendo banida cruelmente. Ele disse que iria leva-la em bora, e nunca mais voltaria. A Deusa permitiu que ela fosse com o homem. Antes que a Deus pudesse se despedir de uma de suas discípulas mais queridas, homens começaram a brotar do navio. Estavam invadindo a tão sagrada ilha, escondida por anos. A Deusa, enfiou seu tridente na areia, e uma grande rachadura fez a ilha afundar, engolida pelo oceano, a fim de proteger seu povo. Mas antes, a Deusa, para se vingar, lançou uma praga no homem que o fez instantâneamente, contrair a tão temida peste negra. O homem morreu, e o rei se sentiu culpado por isso. Ofereceu ajuda a mulher, que cuidou do bebê no castelo. Era o mínimo que o rei podia fazer, depois de trair o amigo, e causar sua morte. Ninguém sabe o que aconteceu a eles. Nem a ilha. E o rei viveu com a culpa pro resto de sua vida.”

— Amo essa história pai. – sorri, nem ligando mais para a tempestade.

— Sabe por quê, eu te contei essa história tantas vezes, Emilly?

— Não.

— Porque essa lenda, é mais importante do que você imagina. Você é mais importante do que imagina. Um dia reconhecerá isso. Venha Emilly, rápido. – ele me puxou pelo braço e atravessamos a cabine para o lado de fora. O convés do barco parecia um apocalipse: trovões, ondas enormes, chuva pra todos os lados. E um barco inglês, sozinho no oceano repleto de homens.

— Onde vamos pai?

— Vai ver. – ele me puxou até a extremidade do barco.  Tirou a lona de cima de um bote salva vidas, e me colocou dentro. Achei que iria me acompanhar, mas não fez. Começou a descer o barco até a água.

—PAI! – Eu berrei, desesperada para que ele entrasse comigo

— Seja corajosa princesa. Vai ficar tudo bem. Siga sua história. Vou estar com você.

Foram as ultimas palavras do meu pai pra mim. Devia ter puxado ele pra dentro. Devia ter ficado no barco com ele. Devia ter feito diferente.

 


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