49, Israel

Toda a cidade estava agitada. O novo decreto do Imperador havia deixado todos assustados. Quase ninguém saia na rua, não quando se estavam matando e torturando todos que seguiam ao Mestre.

Mas, naquela noite, a garota saiu.

Trajada com uma capa longa e seu véu, a loira correu pelas ruas de Israel até a casa de seu noivo, tomando todo cuidado possível para não ser pega por soldados romanos.

Ao chegar, bateu à porta na esperança do rapaz atendê-la.

— Louis! — chamou, tentando não chamar atenção. — Sou eu, abra!

Alguns poucos minutos depois, a porta é aberta. Ao ver a moça à sua porta, o rapaz sorriu aliviado e a puxou para dentro de casa.

— Alex, o que faz aqui? Sabe que pode ser pega. — ele a censurou.

— Eu vim antes que fosse tarde demais. — a garota admitiu, olhando nos olhos azuis do rapaz.

Todos achavam que era impossível para Alexandra achar um marido. A garota não parecia em nada judia. Não aparentemente.

Seus cabelos eram tão claros como a luz do dia e seus olhos azuis como a água mais cristalina. Se não conhecessem sua mãe, diriam que a moça era uma gentia.  então, Louis apareceu. E mudou a vida da garota.

— Do que está falando? — o rapaz perguntou, com um fio de desespero.

Os olhos da loira se encheram de lágrimas, fazendo-a abaixar a cabeça.

É por causa do Mestre, não é?, o rapaz perguntou na mente da garota, mesmo sabendo a resposta.

Eles estão me procurando, Louis. E vão me encontrar, a garota pensou em sua mente, para que somente o rapaz pudesse escutá-la.

Eles não vão pegar você, Alex. Não pense assim. Não podem te capturar.

O rapaz estava desesperado. Não podia perder sua amada mais uma vez. Mais uma vida sem ela.

Os romanos pegaram Simão Pedro, e estão atrás de Paulo. Eu sou seguidora do Mestre, Louis. Eles virão atrás mim.

O garoto não podia suportar a ideia de sua garota ser capturada pelos soldados romanos. Ele a abraçou forte, como se pudesse juntá-la a si para que ninguém a encontrasse.

Justo agora que ele finalmente havia conseguido a garota somente para si. Justo agora que iriam se casar. Justo agora.

Os dias de ambos juntos estavam contados. Talvez aquela fosse a última vez que se viam. E estavam torcendo para que não fosse.

— Aconteça o que acontecer, eu te amo. — o moreno falou, olhando no profundo dos claros olhos da loira.

Ela não podia e nem conseguia mais esperar. Sentia que era a última vez que via seu amado. Foi com esse pensamento que, sem pensar duas vezes, a garota juntou seus lábios com os dele.

Eu te amo, ela gritou em seu pensamento.

E assim como ela previu, os romanos a procuraram em cada canto de Israel até a encontrarem ao amanhecer, na casa de seu futuro marido.

— Abra a porta! Estamos aqui em nome de Nero! — gritaram à porta.

São eles. Me encontraram, a garota pensou, apavorada.

Não saia daqui. Vou ver o que querem.

— Abra judeu imundo! — um dos soldados insistiu, com a voz dura.

O rapaz abriu a porta e sua casa foi invadida.

Alguns dos soldados prenderam suas mãos e outros invadiram o quarto e pegaram a loira, que se debatia com a esperança de se soltar.

— Louis! — a moça gritou em desespero.

— Soltem-na! Por favor deixem-na em paz. Levem a mim, mas deixem a moça. — o rapaz implorou, na esperança de salvar, pelo menos dessa vez, a garota.

O chefe dos soldados olhou de um para o outro e sorriu.

— Levem os dois.

E então, arrastaram os dois até Nero.

Louis, eu te amo!, a garota pensou, para que o rapaz ouvisse.

Eu também te amo, querida., ele respondeu em sua mente.

Mesmo depois da morte, sempre vou te amar.

Eu também, meu amor. E eu te imploro: nunca negue o Mestre!

Não negarei.

Prometa!

Eu prometo.

Nos vemos em breve, meu amor.