Immortal escrita por havilliard


Capítulo 14
Nove


Notas iniciais do capítulo

NOTARAM QUE MUDOU A CAPA? *U*



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Eu estava exausta. Havia corrido quilômetros, e senti que ainda não havia despistado a coisa que me perseguia. Meus pulmões imploravam por, pelo menos, um fio de oxigênio, mas eu não podia parar. Não agora. Então procurei pelo meu último resquício de força e continuei correndo.

— Não vai conseguir escapar de mim, Alex. Eu vou te pegar uma hora ou outra. — a voz macabra soou um pouco distante, rindo logo após.

Senti minhas pernas bambearem e acabei tropeçando em uma pedra, caindo logo em seguida. Aproveitei a perigosa pausa para poder tomar fôlego. O que eu não daria por um copo com água, naquele momento? Por precaução, me arrastei para trás de uma parede, na intenção de me esconder da pessoa que me perseguia.

Por que eu estava sendo caçada? O que queriam comigo? Eu não sabia. Mas algo, um tipo de força maior, me fez correr assim que vi a silhueta negra se aproximando.

— Alex! Não adianta se esconder. — a voz cantarolou, fazendo um arrepio subir pela minha espinha. — Eu vou te encontrar!

Me espremi mais contra a parede e, depois de pensar nos prós e contras, perguntei:

— O que você quer comigo?

E então, outra risada sinistra.

— Você é uma aberração, garota! É uma violação na Ordem das Coisas. — sua voz estava mergulhada em desprezo. Como se eu tivesse alguma doença contagiosa terrível.

— O-o que vai fazer comigo?

Era uma pergunta óbvia. Eu sabia exatamente o que “violação na Ordem das Coisas” significava.

Sem que eu pudesse me dar conta, um vulto passou por mim. Olhei na direção em que o mesmo seguiu e tomei um susto ao ver um homem à minha frente. Senti todo o sangue ser drenado de meu rosto. Não podia ser ele.

— Você… — sussurrei.

— Bons eternos sonhos, gatinha. — o rapaz respondeu com um sorriso malicioso nos lábios e apertando meu pescoço.

 

 

Acordei ofegante e coberta de suor. Nada daquilo havia sido real. Fechei os olhos e suspirei, tentando controlar meus batimentos cardíacos, mas logo imagens do sonho tomaram minha visão, então abri meus olhos novamente. Outro susto.

Havia alguém em meu quarto. A pessoa vestia preto e usava uma máscara de esqui. Sufoquei um grito, enquanto o estranho corria até minha janela e pulava a mesma. Um som metálico, como se uma faca tivesse caído, acompanhou o som dos passos apressados do invasor. Meu coração acelerou mais, fazendo-me consciente do propósito daquela pessoa.

Quando me senti um pouco mais recuperada do susto, me direcionei à janela e me inclinei no beiral. Como pensei, havia algo jogado na grama. Então, me lancei da janela e o apanhei. Uma adaga brilhante, reluzindo quase como se fosse feita de pérola.  E seu cabo, decorado com desenhos espiralados dourados e perolados, assim como a lâmina.

Com a evidência de uma invasão, voltei para meu quarto subindo a escada natural improvisada que havia na parede de minha janela, e guardei a adaga e sua beleza mortal em minha gaveta. Eu sabia muito bem que, se o invasor voltasse, seria o primeiro lugar em que procuraria, mas eu estava com muito sono para pensar em um esconderijo melhor, então deixei lá mesmo. No dia seguinte decidiria o que fazer com o objeto.

 

 

Alex, você provavelmente é o ser-humano mais estúpido da face da Terra. — a morena reclamou, cruzando os braços.

— Eu sei, só… acho que fiquei nervosa. — falei sem olhá-la.

Luce havia me ligado, no outro dia, me convidando para darmos uma volta. Aceitei de imediato, pois tínhamos muito o que conversar.

Depois de comprarmos uma roupa aqui e outra ali, finalmente paramos em uma Praça de Alimentação.

— Nervosa com o quê? Alex, eu já vi você beijar caras que nem conhece! — Luce comentou, me fazendo corar. Ela tinha dessa mania de me lembrar o quanto sou vagabunda quando estou bêbada. — Não foi só nervoso que te impediu de beijar o Louis.

— Olha, vamos esquecer isso, ok? Inclusive a parte em que eu beijei caras que não conheço. — pedi. A morena deu de ombros enquanto bebia seu refrigerante. — Tenho outra coisa para te falar. Muito mais importante.

Os olhos da garota se ampliaram de curiosidade. Sua expressão ordenava que eu continuasse a falar.

Com um pouco de cautela e com o coração a mil, retirei o objeto embalado em um pano de dentro da bolsa.

— Ontem à noite eu tive um pesadelo. — comecei, com minha voz dois tons mais baixa. — Alguém… — hesitei, olhando em volta para ter certeza de que ninguém ouviria. — Alguém estava tentando me matar.

— Quem? — a menina perguntou, com a voz na mesma altura que a minha.

— Eu não me lembro. No sonho eu sabia claramente. Agora eu tento me lembrar, mas o rosto parece distorcer… — respondi, o que era verdade. Por mais esforço que eu fizesse, não conseguia me lembrar quem era a pessoa do sonho. — Enfim, quando acordei, alguém estava no meu quarto. A pessoa estava disfarçada, mas erguia uma adaga em pose de ataque. — suspirei, me lembrando do pânico que senti ao ver aquele objeto mortalmente belo apontado para o meu coração. — O invasor fugiu ao me ver acordar, mas deixou isso para trás.

Coloquei o pano sobre a pequena mesa da Praça de Alimentação, e depois de conferir se era seguro, abri-o, revelando a reluzente arma perolada.

Luce parecia assustada, tanto com meu relato, quanto com a adaga. A garota esticou a mão para tocar, mas desistiu no meio do caminho.

— É linda. — sussurrou, ainda hipnotizada com o brilho que a arma emitia.

— E perigosa. — afirmei, enrolando a adaga novamente. — Luce, preciso que a esconda para mim.

Dessa vez, seu olhar assustado direcionou-se a mim.

Quê?

— Você é a única pessoa em quem confio para fazer isso. — falei, com o tom suplicante.

— Alexandra, eu não posso… — ela se auto-interrompeu, olhando ao redor e diminuindo o tom de voz. — Não posso esconder essa faca em minha casa. E se meus pais descobrem? Não posso me arriscar assim.

— Por favor, Luce. Se eu esconder em minha casa, o dono da adaga vai voltar lá para buscá-la. E se bobear, pode terminar o serviço. — expliquei, com seriedade e um pouco apavorada com a ideia de tentarem me matar novamente.

— Por que não pede ao Louis? Ou até mesmo ao Harry? — ela tentou.

Você é a única em quem confio. — repeti. — Somos amigas desde que me entendo por gente, Louis e Harry nos conhece há pouco mais de dois meses. — Luce ainda parecia em dúvidas. Suspirei. — Tudo bem, eu vou arranjar um lugar para esconder isso.

— Não! Eu guardo pra você. Tenho um esconderijo perfeito. — a morena rendeu-se, sugando pelo canudo o restante de sua bebida.

— Obrigada. — sorri fracamente.

Horas depois, eu já estava em casa, presa em meu quarto, mexendo em meu computador.

Estava tentando assistir um filme qualquer, mas não conseguia me concentrar. A noite anterior – desde o jantar com Louis até o sonho – tomava meus pensamentos e questões surgiam em minha cabeça. Por que estavam querendo me matar? O que eu havia feito de errado?

Você é uma violação na Ordem das Coisas.”

Violação na Ordem das Coisas. O que isso significa? Que eu não deveria existir? Por que? Eu sou uma pessoa normal.

Mas, e as coisas estranhas que vêm acontecendo comigo? Como, por exemplo, eu conseguir ler pensamentos. Se é que era isso o que estava acontecendo.

Não! Eu definitivamente não era uma pessoa normal. E eu tinha a sensação de que tudo isso não acabaria tão cedo.

 

 

Estava sentada à mesa, de frente para minha mãe. Minha cabeça estava apoiada em minha mão, e eu encarava o prato, remexendo minha comida sem nem ao menos tocá-la.

— Algum problema? — ela perguntou, levando seu garfo com um pedaço de carne à boca. Apenas balancei a cabeça, negando, sem deixar de encarar o prato. — Como foi seu encontro ontem?

— Legal. — respondi vagamente.

Desde aquela tarde, perguntas tomavam minha cabeça. Perguntas como “quem eu sou?” e “o que realmente está acontecendo?”. Até eu encaixar todas as peças, não ficaria tranquila.

— Alexandra, o que está acontecendo? — minha mãe tornou a perguntar, mais dura dessa vez.

— Também queria saber… — murmurei em resposta.

— Não entendi.

— Olha, não é nada, ta bom? Eu só estou sem fome. — me levantei da mesa, deixando meu prato intocado lá. — Boa noite.

Antes que eu pudesse ser parada, subi para meu quarto e me tranquei no mesmo. Quando não ouvi som de passos, deduzi que minha mãe entendeu que eu queria ficar sozinha, mas que pediria explicações mais cedo ou mais tarde.

Eu não a culpo. Não é fácil ter uma filha problemática, que chegou na fase do “quem eu sou de verdade?”.

Tentando fugir um pouco dos meus pensamentos confusos, peguei meu celular sobre a cômoda e me sentei na janela. Pensei em ligar para Luce, mas ela ainda estava apavorada com a ideia de ter que esconder uma arma em sua casa, então descartei a opção imediatamente. Sobrou apenas Harry e Louis.

Como eu ainda estava um pouco envergonhada por ontem, não tive coragem de ligar para Louis. Então, optei por mandar um torpedo para Harry.

Está ocupado?

Alex

Apertei o “enviar” e suspirei, encarando o jardim e sentindo a brisa noturna soprar em meu rosto. Encostei minha cabeça no batente da janela e fechei os olhos. Naquele breve momento de quietude, pude sentir meus pensamentos se acalmarem em minha cabeça. Eu me sentia mais tranquila. E então, meu celular vibra em minhas mãos.

Não. Precisa de algo?

H.

Sim. Eu estava precisando conversar com alguém. Mas agora, pensando melhor, conversar sobre o quê? Eu não tinha muito para falar com um garoto. Nada, na verdade.

Acha que eu mudei?

Alex.

Não sei porque mandei aquilo, mas eu sentia algo diferente em mim. Precisava saber se as pessoas notaram isso também.

O quê?

H.

Eu podia imaginar a careta de confusão no rosto de Harry, e isso me fez sorrir.

Acha que eu mudei? Quero dizer… não sei, no meu jeito de ser ou… ah! Esqueça. Desculpe por incomodá-lo com essas besteiras. Até segunda.

Alex.

Que ótimo! Consegui me envergonhar para mais uma pessoa. Eu sou expert em falar o que não deve.

Desci da janela antes que eu me jogasse da mesma e a fechei. Depois, apaguei a luz e me deitei na cama, pronta para dormir. Quando estava quase pegando no sono, meu celular vibra.

Desde que nos conhecemos, até hoje, sim. Você mudou muito. Mudou para muito melhor.

E acredite, essa foi a melhor coisa que aconteceu.

H.

 

 

 

— Então, o que pretende fazer na sexta? — Luce perguntou, após chegarmos ao meu armário.

— Não faço ideia. — admiti.

Decidi que “Festa de Halloween Fora de Época” era muito brega, então havia ficado sem ideia nenhuma para um tema de festa de aniversário.

— Acho que vou fazer só a festa mesmo. Sem essa coisa de “temática”. — dei de ombros.

— Mas e a decoração? E os convites? Eu coloquei nos convites que seria uma festa de Halloween. — a garota choramingou, parecendo muito desesperada com algo tão pequeno.

— Luce, não se preocupe. Essa é a parte mais fácil de se resolver. — falei, colocando uma mão em seu ombro. — Relaxa, está bem?!

Luce rolou os olhos e continuou falando mais coisas, mas eu não pude prestar atenção, pois uma sensação familiar passa por mim, trazendo o causador da mesma consigo.

— Alex! Olá! — o rapaz exclamou atrás de mim. Notei que a garota, que antes falava incessantemente, calou-se quase que automaticamente. — Olá amiga da Alex.

Virei-me relutante para o garoto, que, como eu imaginava, exibia um meio sorriso convencido.

É Alexandra para você, pensei, forçando um sorriso.

— Oi Patrick. — me forcei a dizer.

— Queria dizer que estou lisonjeado, e um pouco surpreso, por ter sido convidado para sua festa de aniversário. — ah, claro. Tinha isso. — Seu namorado não vai achar ruim?

Namorado? Ele está falando… do Louis?

— Que namorado? — a morena, que agora estava ao meu lado, indagou, com a voz demonstrando confusão.

— Se estiver se referindo ao Louis, nós…

— Louis. Esse é o nome dele. — Patrick me interrompeu, agindo como se tivesse finalmente lembrado de algo que houvesse esquecido.

— Ele não se importa. E, bem, sobre meu aniversário, não será mais uma festa à fantasia. — avisei, sem saber ao certo se ele compareceria mesmo.

— Tudo bem. Nos vemos por aí, gatinha. — ele sorriu e se afastou.

Gatinha. Eu conhecia isso de algum lugar.

Virei-me para Luce, e suspirei. A morena mantinha uma expressão confusa em seu rosto.

— Que namorado? — repetiu a pergunta. Apenas dei risada e balancei a cabeça.

— Vamos, morena. Vamos encontrar o meninos.

Fechei meu armário e a puxei levemente pela mão, nos guiando até o pátio.

Três longas e tediosas aulas se passaram até a chegada do intervalo. Se eu não fizesse minha primeira aula com Harry, teria matado as três primeiras aulas. Dei graças quando o sinal tocou para o intervalo.

Assim que entramos no pátio, consegui avistar nossa mesa, agora ocupada pelos rapazes. Quando meu olhar encontrou o garoto sorridente à mesa, esqueci o Patrick, esqueci meu aniversário, esqueci o recente atentado contra minha vida, esqueci tudo! Como se soubesse que eu o observava, seus olhos encontraram os meus e, involuntariamente, eu sorri.

— Vocês merecem um “A” permanente em Química, só por esse olhar. — Luce comentou, fazendo-me ter consciência de sua presença ao meu lado. Rolei os olhos e a empurrei de leve. Ela deu risada.

Ao nos sentarmos, tentei não ficar encarando o Louis e acabei corando com a ideia de eu estar o encarando. Notei que ele escrevia algo em seu caderno, com concentração. Um momento ou outro, parava, folheava as páginas do caderno, lia algo que havia encontrado e voltava a escrever novamente.

— Anotações. — ouço alguém cochichar perto ao meu ouvido, me assustando levemente. Olho na direção da voz e encontro o parceiro de Luce em Química, Zayn. Seu cabelo, que antes era preto, agora estava platinado no costumeiro topete. Ele está sorrindo torto, e uma espessa barba cresce em seu rosto.

Esse garoto é maravilhoso. Sinceramente.

— Hã? — é o que consigo dizer.

— Louis. Ele está fazendo anotações. — Zayn explica, paciente.

— Oh, claro. — falei, sem me importar muito. Voltei a observar o rapaz fazendo suas anotações e, ao tomar consciência do que Zayn falou, corei. — Está tão óbvio assim? — o olhei de soslaio. Em resposta, o garoto consentiu com um sorriso.

Escondi meu rosto em minhas mãos, tomada pela vergonha. Sentia meu rosto pegar fogo, e imagino que esteja tão vermelho quanto uma pimenta. Que droga.

Ela não pode estar fazendo isso. Tenho que estar errada! TENHO QUE ESTAR ERRADA!!

Isso foi… a Luce? Como se não bastasse estar ouvindo a minha mãe, agora estou ouvindo a voz da minha melhor amiga em minha cabeça?

Olhei surpresa para Luce, e a encontrei me encarando com um olhar sério. Seus olhos brilhavam de incompreensão e mágoa. Quando notou que eu a observava, respirou fundo e forçou um sorriso. Desviei o olhar, me sentindo um pouco culpada.

— Então, Alex — Harry começou, tentando mudar o assunto, como se soubesse o que estava acontecendo. Apoiei minha cabeça em uma das mãos, olhando para o garoto. — Quando será o campeonato?

Sorri levemente. O campeonato de corrida. A única coisa que desviava minha atenção de meus problemas recentes.

— Em um mês. Estou tão ansiosa. — respondi, me sentindo um pouco mais entusiasmada. — Vocês estarão lá, certo? Quero todos lá.

— Claro que estaremos. — Liam falou.

— Não perderíamos por nada. — Niall complementou.

Olhei de canto para Louis, esperando alguma resposta de sua parte. Ele continuava com a atenção presa no caderno. Aquilo me frustrou.

— Ah, por falar nisso, não há mais necessidade em irem fantasiados ao meu aniversário. Não será mais uma festa de Halloween. — informei, cruzando os braços sobre a mesa.

Os meninos assentiram e continuamos conversando sobre um assunto qualquer.

Quando o intervalo terminou, os meninos saíram na frente, deixando Luce, Louis e eu para trás. Aproveitei que ele ainda estava entretido em suas anotações, para falar com a Luce. Ela havia ficado estranha comigo de uma hora para outra, e eu não sabia porquê.

— Ei. — caminhei ao seu lado. — O que houve?

A garota parou e me encarou, com cara de poucos amigos.

— Que classe de relação tem com o Zayn? — perguntou, evidentemente irritada. Seus braços estavam cruzados em seu peito, e ela batia o pé direito nervosamente no chão. Em resposta, eu sorri.

— Luce, do quê está falando? — perguntei pacientemente, apesar de saber exatamente do que ela falava.

— Eu vi vocês dois trocando cochichos. E não adianta negar. — a garota se aproximou alguns passos. — Está interessada nele, por acaso?

Então foi isso o que ela quis dizer com “ela não pode estar fazendo isso.”

Abaixei a cabeça e ri fracamente.Luce não pode estar falando sério.

— Lucinda, você, mais do que ninguém, sabe que, por mais que eu negue, gosto — suspirei, fechando os olhos. Era complicado admitir aquilo em voz alta. — …de outra pessoa. Zayn e eu não estávamos flertando, ele estava me falando da pessoa.

Sei que ela não usou especificamente a palavra “flerte”, mas sabia que era exatamente isso que ela quis dizer.

Luce suspirou, passando as mãos pelo longo cabelo castanho-escuro.

— Sim, é claro. Você gosta de outro cara. — ela falou com desdém. — Ei. — ela me encarou com olhos arregalados, esquecendo totalmente de que estava com raiva de mim. — Acabou de admitir que gosta do…

— Que gosta de quem? — uma voz interrompeu, fazendo meu coração acelerar. Olhei em sua direção e encontrei seu dono vindo até nós, com diversos cadernos e livros à mão e com um olhar curioso. Louis carregava todas aquelas coisas como se estivesse carregando apenas algumas folhas.

Olhei de volta para Luce, que parecia sem saber o que dizer. Ela abria e fechava a boca, procurando uma desculpa, mas nada saía.

— Não sabia que estava interessada em alguém, Alex. — Louis comentou, com um fraco sorriso.

— E-eu… Hã… N-não estou. — tentei explicar, sentindo meu rosto queimando. Olhei para Luce.

— Hum… é melhor eu eu ir para a sala. Espero vocês lá. — ela forçou um sorriso e caminhou em passos rápidos para longe de nós. Apertei os punhos, me segurando para não matá-la.

— Esse cara deve ser bem sortudo. — o rapaz ao meu lado comentou, ainda no assunto anterior.

— Você… Hm… Quer uma ajuda aí? — falei um pouco envergonhada, apontando para a pilha de cadernos e livros que ele carregava.

Louis olhou de mim para as coisas em seus braços e limpou a garganta.

— Não, estou bem. Mas obrigado pela preocupação. — ele sorriu, e pareceu querer mexer em seu cabelo, mas foi impossível por causa das coisas que carregava.

Iniciamos nosso caminho até a sala de aula. Ambos sem saber o que dizer. Eu nunca sabia o que dizer.

— Então — o moreno começou, preenchendo o silêncio incômodo entre nós. — Como foi seu fim de semana?

Eu quase ri. Quase.

— Acho que posso dizer que foi bom, apesar de algumas coisas. E o seu?

— É… Até que foi suportável. — ele meneou a cabeça e o silêncio voltou a se instalar. — À propósito, sua mãe é uma mulher… curiosa.

Dessa vez, não tive como não rir.

— Sim, ela é. — balancei a cabeça, concordando. — E… hm… me desculpe, novamente, por ela. Seja lá o que tenham conversado. — tenho certeza de que ela arruinou qualquer coisa que teria começado entra Louis e eu. Céus, do que estou falando?

Antes de entrarmos na sala, o rapaz sorriu. E foi como se eu não precisasse mais de oxigênio para sobreviver, apenas de seu sorriso.

— Não se preocupe. Foi interessante conversar com sua mãe. E eu sinto que precisava daquela conversa, tanto quanto você precisará em pouco tempo.

— Precisarei? Quando? — questionei, mais por não saber o que falar.

— Você vai saber. — ele piscou e senti meu coração retumbar em meus ouvidos. — Sei que não é o melhor jeito de concluir um assunto, mas, sabe, você se parece muito com sua mãe.

Senti o sangue subir para minhas bochechas, e abaixei a cabeça tentando esconder o rubor.

— É… acho que sim. — murmurei com um sorriso tímido.

De relance, consegui ver a lombada de um dos livros que Louis levava consigo. O Equilíbrio do Universo: A Ordem das Coisas. Senti um arrepio passar pela minha pele. Acho que o garoto percebeu a sensação ruim que senti, pois me olhou com preocupação e perguntou se eu estava bem. Apenas balancei a cabeça e entrei na sala, com ele logo atrás.


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Notas finais do capítulo

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