Preto e branco

Caitlin via a vida em preto e branco, como naqueles  filmes antigos. Tudo parecia sem vida, sem graça. Tudo. Menos ele.

Alguma coisa nele a impressionava, não sabia se era o verde de seus olhos que brilhavam a luz do sol, ou o sorriso amarelo que ele dava quando ficava tímido, ou suas bochechas que adotavam um tom de vermelho cereja quando lhe faziam um elogio. Ela só sabia que ele trazia cor ao seu mundo monocromático.

Às manhãs pareciam ter uma cor diferente quando ele estava ao seu lado, às tardes tinham um laranja maravilhoso quando saíam para comer alguma besteira, e à noite as estrelas brilhavam de em um intensidade maior do que o normal quando ele ficava com ela conversando e nem percebia a hora passar.

Vermelho era sua cor favorita, embora soubesse que ele gostava mais quando ela usava azul, então algumas raras vezes ela dava o braço a torce e vestia o vestido azul que ele havia lhe dado de aniversário, ele sempre a elogiava e mais uma pequena cor era adicionada a sua vida monocromática.

"O verde sempre lhe cai bem." Ele havia lhe dito isso em uma balada que ambos foram juntos, ela havia apenasido sorrido e confirmado com a cabeça, mas no fundo, o verde havia se tornado sua segunda cor favorita.

Algumas vezes ela colocava um vestido preto e branco, para combinar com sua vida, ele apenas ria e balançava a cabeça, aquele simples riso a fazia feliz pelo resto do dia e as cores aos poucos  voltavam. Mas quando ele saia para se encontrar com outra, seu coração murchava devagarinho, e tudo voltava a ser monocromático.

A blusa roxa era sua preferida, combinava com seu humor às vezes, porque roxo a lembrava ameixa, principalmente a azeda. Ela sempre a usava quando acordava de mau humor, mas uma certa vez ele havia dito que aquela blusa era uma das suas preferidas, então a blusa tinha saído da ameixa azeda para uma uva doce. E o roxo entrou para sua pequena cartela de cores.

Tinha a calça salmão que  ela havia escondido no fundo do armário para ninguém saber que aquela aberração em tom pastel era dela, mas ele sabia. Como também sabia da colcha de cama laranja neon, do quadro de gatinho amarelo, da pantufa do zoiudinho verde musgo e da travessa rosa chock. Ele sabia de todas as cores que compõem o seu pequeno, e não mas monocromático mundo.

Ela ria sozinha só de pensar que as cores que ela escolherá eram apenas reflexos de momentos que os dois haviam passados juntos, a origem de todas as cores era ele, só ele.

Agora o mundo não parecia tão monocromático.