Falling escrita por Lohane Pinheiro


Capítulo 6
Capítulo VI - There's an angel looking out for me


Notas iniciais do capítulo

Eu já estava com esse capítulo pronto então decidi postar ele logo. Vocês estão merecendo.
Então, lá vai



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Londres, 1985

Aurora conseguia se desligar dos anjos quando estava com Carter para protegê-lo. Por várias vezes ela ficava com ele e sempre sumia quando ele ainda estava dormindo. Carter demorou para entender tudo mas ele também gostava dela, a amava, ele tinha dito e Aurora não sabia como responder, ela não sabia nem o que era aquilo. Castiel descobriu depois de um tempo mas depois de Aurora implorar para que ele não contasse para ninguém, ele, mesmo sendo contra, aceitou ficar calado. Aurora não parecia bem, estava fraca e passava mal toda vez. Era como se sua energia estivesse sendo sugada de dentro dela. Ela já tinha escutado sobre aquilo, ela tinha suas suspeitas do que era mas não queria aceitar, não poderia aceitar, aquilo não poderia acontecer, não agora.

As suspeitas se concretizaram quando ela desmaiou na casa de Carter e o mesmo levou-a para o hospital, ela estava grávida. Aurora nem sabia o que significava aquilo direito, ela só sabia de uma coisa, algo estava crescendo nela. Não foi fácil esconder, ela não conseguiu esconder por muito tempo por causa de suas fraquezas, o sinal de mais um deles ecoava na cabeça de todos e era o que estava crescendo em Aurora, ela se viu encurralada quando entrou na sala de Naomi e viu ela com mais três anjos, incluindo Castiel, esperando-a

— O que houve? – Castiel olhou triste para ela – o que aconteceu?

— Você traiu todos nós. Você se envolveu demais com o humano a ponto de estar carregando algo proibido dentro de você. Aurora, você tem duas escolhas, deixar que matemos essa criatura ou...

— Você não vai encostar nisso – Aurora protegeu a barriga com os braços, Naomi suspirou, revirou os olhos e levantou a mão. Aurora sentiu uma dor forte aonde ela tinha os braços protegendo, a coisa se mexia dentro dela, ela gritava com medo de algo acontecer com aquilo, Aurora se concentrou bastante, o máximo que ela conseguia, e conseguiu proteger aquilo dentro dela. Naomi olhou para ela ainda mais séria – eu prefiro ser exilada a deixar você matar isso

— Seja como você quiser

— Não! – Castiel disse mais alto mas tarde demais. Aurora sentiu seu interior queimar, ela gritava de dor. Ela de imediato colocou as mãos em sua barriga mas nada acontecia ali, ela sentia que aquilo estava vivo mas não acontecia nada, ela conseguia protege-la. Aurora brilhou fortemente pela última vez e sumiu

— Insolente, como ela teve coragem de fazer isso conosco?

— Naomi...

— Basta, vocês já podem ir – os três anjos saíram, Castiel foi o último a sair. Não acreditava que Aurora tinha sido capaz de fazer o que fez mas entendia ela, ou tentava entender.

Aurora estava machucada, mas ainda protegia o que estava dentro dela. Ela começava a ficar fraca demais. Se viu no meio de um jardim, em um pequeno buraco feito pela queda dela. Ela foi andando cambaleante até a casa de Carter, andou por mais de 1 hora, parando apenas para pedir alguém um pouco de água, que deu a ela com medo dela fazer alguma coisa. Ela chegou na frente da casa dele, sorriu e abriu o pequeno portão de ferro que tinha separando a varanda da calçada. Carter saia na hora, quando viu Aurora parada ali, completamente suja e machucada. Ele largou o saco que tinha em mãos e foi de encontro a ela

— Meu deus, o que aconteceu? Você parece...

— Eles me exilaram, eu fiz isso por... – Aurora sentiu sua garganta fechar e sua visão ficar turva, algo quente descia pelo seu rosto e o homem a sua frente tinha acabado de abraça-la. Aurora estava chorando e isso não acontecia sempre

— Está tudo bem agora, vai ficar tudo bem. Eu prometo – ele passava a mão delicadamente pelos seus cabelos e levava ela para dentro de casa.

—x-

Londres, 1988

Ariel, o nome que Aurora escolheu para dar a sua filha nasceu saudável e agora estava com 3 anos de idade. A menina era ativa, corria por toda a casa, sempre brincando com os pais ou com o pequeno cachorro que tinha ganhado de presente da avó. Ariel falava sozinha as vezes ou tinha pesadelos terríveis, ela também falava dormindo. Aurora sabia o que era aquilo, ela sabia o que sua filha era mas iria tentar esconder isso de todos pelo máximo de tempo possível. Aurora colocou uma proteção na filha naquele dia do exilio, ninguém poderia achar Ariel, ela estava longe de qualquer radar seja dos anjos ou demônios. Ela sabia o que poderia acarretar se encontrassem sua filha, se encontrassem sua graça que foi tirada logo quando ela era um recém-nascido por escolha da própria Aurora. Ficava em um pequeno frasco, escondido em um fundo falso da gaveta.

Já era noite e Ariel se preparava para dormir, Aurora abriu a porta devagar e viu a filha arrumando todas as bonecas na prateleira. Sorrindo ela entrou no quarto

— Mamãe, o Cas disse na última noite que eu era especial – Cas, aquele nome não era estranho. Não poderia ser seu amigo de várias batalhas, não poderia ser aquele Cas, não era possível – ele me protege dos sonhos ruins

— Isso é ótimo, lembre-se, quando você tiver em algum perigo, é só pensar bem forte em seu guardião, ele vai aparecer e te proteger de todo mal – como se Ariel tivesse algum, ela sabia que, por estar fora do radar, ela não teria um guardião por perto. Era só Aurora e Carter para proteger Ariel.

— Ele disse que é meu anjo da guarda, mas papai disse que isso...

— Não dê ouvidos ao seu pai, ele é bobo – Aurora sabia da raiva que Carter tinha dos anjos, eles tinham abandonado ela na pior hora – vamos ler uma história?

— Aonde está o papai?

— Ele não volta para casa hoje, vem cá – Aurora que já estava na cama com um livro em mãos agora tinha Ariel sorridente em seu lado – vejamos, aonde paramos?

— Aqui – ela apontou em uma parte do livro, Aurora sorriu e continuou lendo de onde tinham parado.

—x-

Londres, 2004

Era um dia frio em Londres, todos os familiares estavam presentes. Carter tinha passado mal na noite anterior e tinha sofrido um ataque cardíaco. Carter tinha se aposentado, estava descansando depois de todos os anos trabalhando para a marinha britânica, Aurora estava do lado da filha e chorava muito, Ariel não chorava, não conseguia. Se sentia culpada pois estava na faculdade na hora da morte. Ariel estudava literatura inglesa e recebeu a notícia da mãe por telefone. Ela pegou o primeiro ônibus e voltou para casa.

Depois do sepultamento, as duas voltaram para aquela casa que agora estava mais triste e fria. Ariel se trancou no quarto e se entregou as lágrimas. Todos os momentos vividos com o pai passava em flashes, os últimos anos ele tentara recompensar todo o tempo que perdeu com ela, os dois viajavam nas férias juntos, faziam coisas inúteis juntos e deixavam Aurora louca juntos também, a casa sempre estava alegre. Aurora se sentou no sofá, já estava mais velha, os cabelos ficavam brancos, as rugas apareciam no rosto e ela trabalhava com enfermeira em um hospital perto de casa. Ela fechou os olhos e rezou em voz alta

— Castiel, por favor eu preciso de alguém agora. Você é a única pessoa que eu posso contar eu não sei se... por favor – ela chorou mais uma vez, ao abrir os olhos viu o anjo a sua frente, olhando para ela preocupado – graças a deus

— Eu sinto muito

— Eu vou ficar bem eu só... preciso que você continue cuidando da Ariel – ele tombou a cabeça um pouco para o lado – não vem com essa, eu sei que você aparece nos sonhos dela desde quando ela é criança

— Você quer que eu seja seu guardião?

— Sim, por favor – ele não respondeu – Castiel, eu sei que eu errei, que eu trai vocês só que... eu me apaixonei. Ariel é a única coisa que eu tenho e eu não posso perde-la também e eu não sei por quanto tempo eu irei conseguir protege-la. Quanto mais velha ela fica, mais difícil...

— Eu vou protege-la – Castiel segurou suas mãos – não se preocupe, eu serei seu guardião, eu já sou a muito tempo – ele sorriu para Aurora – você precisa descansar

— Eu estou perfeitamente... – ele encostou na testa dela e Aurora adormeceu no sofá. Castiel olhou para o andar de cima e subiu, a porta estava trancada do quarto da menina, ele conseguiu abrir sem fazer barulho e Ariel estava deitada na cama, dormindo um sono que parecia tranquilo. Castiel sorriu para a menina e sumiu dali, Ariel acordou logo em seguida e olhou para os lados, ela jurava que tinha alguém ali antes, ela tinha certeza disso.

—x-

Atlanta, 2013

Aurora estacionou o carro na garagem da filha, estava querendo fazer uma surpresa. A muito tempo que as duas não se viam e ela precisava falar com Ariel, estava na hora de contar tudo para ela. A porta da casa da filha estava encostada, parecia que tinha sido arrombada. Aurora entrou em desespero e entrou correndo na casa.

— Ariel! – ela olhou em todos os cantos da casa e nada da filha – Ariel! – ela foi até o quarto e também não estava lá – não, por favor não – ela colocou as mãos na cabeça e começava a chorar. Aurora foi até a sala e pegou o telefone ligando para o celular da filha, não deu tempo para que ela discasse, alguém jogou ela para longe do telefone. Aurora bateu as costas com força na parede

— Ora ora, o que temos aqui? Aurora! – ele sorriu, seus olhos ficaram completamente negros. Aurora limpou o sangue que escorria da sua boca e foi de encontro do demônio – não, não se esforce. É sério, você é uma lenda, seria triste eu ter que te matar – ele sorriu e prendeu Aurora contra a parede – vamos ser rápidos ok? E você sai ilesa dessa. Aonde está?

Bite me! – o demônio chegou mais perto dela e segurou seu pescoço, afastando ela da parede e batendo sua cabeça com força na mesma – Vocês nunca vão encontrar!

— Aonde está?! – ele bateu a cabeça dela novamente na parede, agora com mais força. Aurora fechou os olhos e tentava sair dos braços dele. Ele largou-a – sabe, temos algo em comum. Você colocou alguém poderoso no mundo, eu também. Ele está bem perto da sua filha e se ela estiver com a graça... – Aurora olhou desesperada para o homem – ela está com a graça então? Obrigado – ele virou de costas e se distraiu com algo, Aurora correu e começou a lutar com o homem. Ele a cada golpe que dava arrancava um grito de dor da mulher, Aurora não tinha mais a agilidade que tinha antes mas precisava proteger a filha de qualquer maneira. Ela foi até a cozinha e pegou uma faca, enterrando no peito do homem quando ele chegou mais perto. Ele suspirou e tirou a faca – sério? Será que a idade fez esquecer que eu não morro desse jeito? Que droga Aurora, eu serei obrigado – Aurora foi andando para trás e se viu encurralada pelo balcão, ele sorriu e ela apenas fechou os olhos. Todos os momentos, todas as coisas que ela fez para chegar naquele dia, todos os dias que tinha passado com Carter, tudo passava em sua mente em segundos, como flashes de uma vida que estava prestes a acabar.

— Até daqui a pouco Carter - ela ouviu um barulho ao fundo, ela lembrava o que aquele barulho significava. Tudo passou rápido demais e ficava cada vez mais claro, ela sabia o que aquilo significava, ela negava mentalmente mas todas as lembranças estavam sendo apagadas e ela abriu os olhos novamente, agora se sentindo mais forte. Ela olhou para a faca na mão do demônio e fez com que ela voasse para longe dos dois, o mesmo aconteceu com as outras. Aurora estava de volta e estava determinada em acabar com a raça daquele demônio a sua frente - você vai se arrepender

— Bem-vinda de volta Aurora - ele sorriu. Os dois lutaram, por um certo tempo. Lucas bateu a cabeça com força na parede quando ela o prendeu ali - okay, talvez você tenha vencido essa luta

— Isso não vai terminar, até eu dizer que já acabou - ela jogou ele longe, Lucas caiu contra a mesa de centro, quebrando-a. O rosto de Ariel apareceu na cabeça de Aurora, ela se abaixou, colocando a mão no peito - eu vou te proteger - ela sussurrou, ao se levantar de novo ela sentiu algo entrando em sua barriga e queimar seu corpo de dentro para fora

— Obrigado, por facilitar as coisas. Foi uma honra lutar contigo, Aurora - ele sorriu e cravou ainda mais fundo a faca prateada que tinha em mãos. Aurora gritou, o mais alto que pode e uma luz forte demais emanou de seu corpo, a mesma caiu morta no chão. Lucas, ainda com a faca em mãos, ficou por cima do corpo morto e começou a golpeá-lo insistentemente - você achou que ia fugir dessa? você foi ingênua o suficiente para se ver livre dessa? - ele dizia quase que gritando, enquanto ainda golpeava o corpo. Parou ofegante, se levantou e saiu da casa. Estava frustrado pois Aurora não tinha dito nada da localização da Coisa, mas ele iria descobrir, nem que para isso ele tivesse que ser mais radical.

Passou algum tempo e dentro da casa, o silêncio reinava. Um bater de asas ao fundo foi escutado e o anjo de sobretudo creme foi andando até aonde estava o corpo de Aurora, completamente estraçalhado

— Eu tentei te ajudar, me desculpe. Eu falhei contigo - ele fechou os olhos e suspirou. Olhou para todos os lados mas não sentiu a presença da de alguma graça ou da menina ali. Castiel escutou um carro estacionando ali perto, ele conhecia aquele barulho. Ao olhar pela janela viu que era o Impala do outro lado da rua e Ariel saia dele junto com os Winchester, ele sorriu, ela estava segura. Olhou para o chão, para o corpo de Aurora e sumiu de vista antes de Ariel entrar na casa e ver o que tinha acontecido.


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Notas finais do capítulo

Sim, Castiel é o guardião de Ariel. E quem é o filho do demônio (literalmente) que tem contato com a Ariel a muito tempo? arriscam um nome?
Até domingo que vem folks ♥



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