Minha mente estava a mil, eu não tinha certeza de nada, eu sabia que podia confiar na River e o Doctor loiro me deixara viva nas últimas horas, logo, acho que posso confiar nele, mas aquele outro que se intitula Doctor, também, ele não parecia ser como o outro, era completamente diferente, ai, droga, minha cabeça está rodando, apoiei contra a parede, olhei a minha volta, aquelas criaturas correndo e se batendo, eu não conseguia entender.

Olhei minhas mãos, mãos que eu acreditava serem delicadas e incapazes de agredir uma barata, agora tinha um roxo e estava dolorida me lembrando o homem que eu derrubei. Como pude fazer aquilo? Será que eu sou quem eu acho que sou? E aquela porta, como eu sabia como agir com ela, como eu podia ter tanta confiança sobre seu mecanismo de funcionamento? Algo começou a rodar em minha mente, apertei minha cabeça confusa e zonza.

Preciso salvar caras que aparentemente sei quem são, mas minha mente não se lembra. Algo vibrou no meu bolso. Olhei a tela. Um mapa e uma luz vermelha piscava, embaixo a assinatura de River me esclarecia o que era aquilo. Ela enviara para me guiar durante a prisão. E meu primeiro a ser resgatado estava...

Encarei a parede em que estava escorada, bati nela e verifiquei que era oca. Chutei e nada. Busquei por uma câmera de segurança, assim que achei fiz sinais para River. Ela acionou algo que tirou o disfarce da parede. Lá ao fundo da cela  um homem estava encolhido segurando algo. Bati no vidro, ele se encolheu ainda mais.

— Ei! - ele evitou me olhar.

Busquei por um sistema ali perto, quando encontrei comecei a digitar coisas que vinham a minha mente, mas eu não tinha certeza de seus significados, a porta se abriu depois de alguns minutos, fui até ela, o homem se encolheu ainda mais. 

— Você - chamei, ele não me olhou - Eu estou aqui para te ajudar.

— O último que me falou isso socou meu rosto - ele falou rindo em desespero.

— Eu não vou te socar - fui até ele.

— Se você der mais um passo não irei responder por meus atos.

— Não responda - dei mais um passo, ele avançou, eu o bloqueei, prendi seu braço e o prensei contra o chão - É... Agora sei porque tomou um soc... - olhei para fora, puxei o homem par ao funda da cela e tapei sua boca, ele se debatia - Sh... - ele começou a ofegar - Shhh... - eu o prendi com minhas pernas e braços ainda tapando sua boca.

Um alienigena enorme olhou para a cela, eu prendi a respiração ele foi embora. Afrouxei o aperto, o homem se soltou e me rendeu contra a parede.

— E agora? - ele falava vitorioso.

— Eu não acredito que tenho que resgatar alguém como você - reclamei e joguei meu corpo para trás até que ele bateu contra a outra parede e me soltou. - Agora... - eu inspirei profundamente e olhei a tela do celular - JunHo, vamos combinar algo - ele me olhava cansado - Eu te ajudo a sair desse lugar e você só tem que cooperar.

— Por que devo confiar em você?

— Porque aquele ET ia matar nós dois e graças a mim você está vivo.

— É um bom ponto.

— É bom que seja, é o único que eu tenho - falei olhando pela porta - E ai, vai vir?

Olhei para ele que pegava algo. Eu não o questionei, depois que confirmou firme com a cabeça que iria me seguir eu saí correndo e apenas olhei para trás para ter a certeza de que ele vinha.

— Ei! - eu o olhei quando me alcançou - Você sabe meu nome, mas eu não sei o seu.

— Carla - falei.

— Certo, Carla, você faz alguma ideia de como sair desse lugar? 

— Não - ele parou de andar - Mas sei que tenho que reunir os seis do 2PM - ele me olhou surpreso - chegar até a versão correta do Doctor que parece ter quatro versões  e eu já conheço duas, logo faltam duas para eu encontrar, e isso, talvez, será nossa saída daqui. 

— Isso não me parece fácil.

— Me parece loucura quando eu não me lembro de nada. - falei e o fiz parar. Um grupo de seres quadrupedes passou correndo por nós e gritando, sequer nos notaram.

— Quatropoloidos - ele falou olhando em algo digital - Essa coisa identifica esses ETs. 

— Deve nos ser útil para algo - ele confirmou. - Vamos, quero reunir os seis de vocês o quanto antes.