Ajeitou uma mecha do cabelo que se soltava da trança que havia feito com os fios azulados, não era sempre que gostava de se arrumar para ir até a faculdade, preferia roupas mais confortáveis e simples, contudo, aquele era um dia especial para si, até mesmo o havia marcado no calendário com um enorme círculo vermelho. O que mais gostava nas disciplinas da faculdade era a grande quantidade de possibilidades de aplicar o que era aprendido na teoria de forma prática, e era por isso que queria que o dia fosse um dos melhores para si; naquele semestre havia escolhido fazer fotografia em moda e gigante havia sido o esforço para que pudesse combinar uma sessão de fotos com uma turma de teatro da universidade. Muitos colegas haviam preferido modelos profissionais para aquele trabalho final, mas sabia que eles não iriam satisfazer os requisitos do que tinha planejado, nenhum dos modelos conseguiria captar com perfeição os sentimentos aplicados nos conceitos criados e revisados.

Respirou fundo ao alisar a saia godê a qual usava, não era como se estivesse se arrumando apenas para o trabalho, claro, havia um tempo desde que começara a repetir para si mesma que precisava começar a ser atraente para uma pessoa em especial, mesmo que em muitas ocasiões ele até mesmo tivesse dito a si que isso não era necessário. Desde que Adrien saíra do colégio fora uma batalha encontrar uma forma de aliviar o próprio coração, longos haviam sido os meses em que dissera para si mesma que talvez não tivesse valido tanto a pena ficar com o modelo, tinha até mesmo lido em revistas e blogs que amores platônicos não duravam muito, diversos até mesmo tinham chance de começar; fora quando soube do namoro de Adrien com Chloe que desistira por completo de qualquer relacionamento que havia planejado na própria imaginação.

Não gostava de pensar no que já havia passado, muito havia acontecido antes de completar dezoito anos e conseguir uma vaga na faculdade, e tantos acontecimentos como aqueles faziam que tivesse dor de cabeça. Mesmo Tikki, que muitas vezes insistia nos mais diversos assuntos que não agradavam-lhe, preferia não falar sobre o passado; tudo ainda era confuso para ambas, o desaparecimento gradativo das akumas tal como a ausência dolorosa de Chat Noir trouxeram para as duas sentimentos que não conseguiam decifrar. Mantiveram-se juntas apesar de não saberem o que fazer e mesmo nas noites em que chorava pela saudade, a pequena kwami estava ali para dar apoio e insistir que se tornasse Ladybug mais uma vez, mas a resposta sempre era a mesma: “Sem Chat Noir e akumas, não há sentido para Ladybug existir”.

— Marinette? — virou-se assim que ouviu o próprio nome ser chamado por uma voz a qual conhecia bem. Ele não havia mudado nada apesar dos tantos anos que haviam se passado, os fios ruivos continuavam a cobrir seu olho esquerdo e as roupas tanto estilosas quanto de caimento perfeito para seu corpo que ficava mais forte e esguio combinavam bem com o que gostava. Notava seu olhar, conseguia sentir seu toque mesmo com a distância em que estavam e não conseguiu evitar o sorriso que acabara por surgir junto do rubor que pintara as próprias bochechas em um tom leve. — Estamos atrasados. — Nathanael dissera, por fim, o que fez que olhasse para o relógio e sufocasse o grito desesperado.

Sempre se atrasava, era quase como um marco próprio, e sabia que o ruivo já havia previsto que isso aconteceria quando saíram correndo da própria casa após uma breve despedida para os pais e encontraram, parada no meio-fio, a moto preta a qual o rapaz comprara há um tempo. Não hesitou por um momento sequer em colocar o capacete e o segurar por sua cintura com cuidado; gostava de sentir o vento no próprio rosto e, mais do que isso, amava poder o ter perto de si. Talvez finalmente tivesse esquecido o dono dos olhos verdes, talvez Nathanael fosse a pessoa certa a ajudar-lhe a juntar os cacos do próprio coração.