A Sombra do Pistoleiro escrita por Danilo Alex


Capítulo 3
Dor


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente!

Somos poucos mas somos fiéis! Haha

Bora descobrir qual era a face monstruosa de Francisco Herrera?

Apertem os cintos porque esse é um capítulo onde as coisas começam a ficar mais tensas.

Espero que gostem.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/690826/chapter/3

 Francisco Herrera se casara com Maria Dolores meramente por interesse na indenização que ela receberia. Revelou-se um tipo da pior espécie: jogador, mulherengo, alcoólatra compulsivo, com tendências violentas durante a embriaguez. Genioso. Irredutível. Ríspido. Cínico e impaciente. 

Tornara-se Francisco Herrera De La Cruz apenas por ambição.

Proibiu Maria de trabalhar no rancho e passou a trancá-la em casa por puro ciúme dos vaqueiros que passavam ao longe e viam a bela mexicana andando para lá e para cá no rancho, sempre às voltas com os afazeres diários. Obrigou o pobre Enrico a cuidar sozinho de todas as tarefas, como ordenhar as vacas, alimentar as galinhas, cuidar dos cavalos e etc.

Trabalho realmente pesado para alguém tão pequeno fazer sozinho.

Francisco, enquanto isso passava o dia ociosamente no saloon, às voltas com as coristas, os jogadores e os bêbados. Chegava em casa muito tarde, geralmente embriagado e, por qualquer motivo espancava Maria e Enrico. Quando não batia na esposa, Francisco praticamente violentava a bela mulher, pouco se importando com a presença do menino.

Maria nunca denunciara Francisco ao xerife por medo. Ele era louco e a ameaçava, podia muito bem planejar algum mal contra ela ou o filho.

Então ela apenas suportava a dor e sofria em silêncio.

O tempo passava.

O problema da indenização persistia.

O pessoal de Durango havia recorrido algumas vezes e, não havendo resultado, passaram a jogar a culpa no sócio dono da mina em El Paso, e vice-versa.

Isso se tornou uma disputa a nível internacional: o México dizia que os Estados Unidos deviam pagar, já que as terras onde ocorrera o acidente estavam em território americano.

Os Estados Unidos, por sua vez, responsabilizavam o México, já que a sede da Companhia era mexicana. Um grande impasse.

Essa novela durou dois anos.

Enrico tinha acabado de completar treze anos quando sua mãe recebeu a bendita indenização – cem mil dólares (somando o tempo retroativo) que não pagavam o sofrimento que ela e o filho estavam atravessando.

Maria entrou num acordo com o senhor Hector Gonzales e, por um preço muito bom, comprou o rancho “La Madre de Díos”.

Finalmente as coisas pareciam melhorar.

O que ela não sabia é que seu “marido” tinha planos sangrentos.

Mais uma vez, Francisco Herrera mostrava a serpente que tinha na alma: contratou um grupo de assassinos para fazer o trabalho sujo e depois ficar com a pequena fortuna dos De La Cruz apenas para si.

Enrico jamais se esqueceria daquela data, daquela tarde...

Era 27 de Dezembro de 1868.

Como de costume, Enrico estava trabalhando no rancho. Sua mãe o acompanhava; estranhamente Francisco não a trancafiara naquele dia. Só muito tempo depois Enrico entenderia o motivo.

Era por volta de meio-dia quando ouviram o tropel de cavalos se aproximando e seus olhares se voltaram para a entrada do rancho.

Quatro animais galopavam pela estrada de terra batida que levava à residência do caseiro. Quatro cavaleiros estavam firmes sobre suas selas. Eram tipos que, pelas roupas e o modo de se comportar, não inspiravam a menor confiança. E Maria Dolores nem precisou olhar de novo para saber que eram gente da pior espécie. Ela sentiu um aperto no coração.

Enrico estreitou um pouco os olhos e enxugou o suor da testa com as costas da mão. Também parecia claramente prever encrenca.

Os cavaleiros estavam mais perto agora e Maria não teve mais dúvidas sobre suas intenções ao ver o modo como carregavam as armas.

Rico, temos que sair daqui. Agora! — Ela disse num sussurro urgente, puxando o filho pelo braço.

— Mas, mãe, não podemos demonstrar medo. — Respondeu o menino de repente, de modo surpreendente.

 Maria o puxou pelo braço novamente.

Giraram nos calcanhares e correram para longe, desesperadamente. Maria olhou para trás, por cima do ombro, e viu que os homens tinham sacado as armas. Aflita, a mexicana rezou baixinho, mais por Enrico do que por si. Os tiros começaram a soar, se misturando com o castanholar das patas dos animais e as risadas malévolas dos homens.

As balas ferventes roçavam zunindo os corpos em fuga de Maria e Enrico.

Não havia saída.

De repente, a mulher deu um grito angustiante e caiu de bruços. Desorientado, refreando o impulso gritante de voltar para junto da mãe, Enrico corria em direção ao milharal para tentar se esconder. Levou um tiro no ombro, caiu e se levantou. Continuou fugindo. A plantação estava perto.

Sentiu outra mordida de chumbo nas costas e gritou de dor. Quase caiu de novo.

Manteve-se firme na corrida.

Quando enfim entrou no milharal, uma bala ainda raspou-lhe a testa.

Meio tonto deu um mergulho para frente e se jogou no chão. Rastejou. O sangue ia manchando o caminho atrás de si. Seu corpo tremia.

Os bandidos esquadrinhavam a plantação à sua procura, mas ele tinha achado um bom esconderijo, onde nem as manchas de sangue poderiam denunciá-lo.

Ouviu a voz irritada de um dos perseguidores:

— O garoto escapou, rapazes.

— Não importa. Ele não vai resistir. Eu o atingi. Duas vezes - garantiu outro com certa satisfação, como se atirar duas vezes em uma criança indefesa fosse motivo de orgulho.

— Sim, o garoto está ferido, perdendo sangue. Não conseguirá ajuda e não irá longe — apoiou uma terceira voz.

— Então vamos embora. Já fizemos o que tínhamos de fazer. — comandou uma quarta voz, autoritária.

Enrico, deitado em seu esconderijo, ouviu os cavalos se afastarem.

Relaxando o corpo, sentiu as vistas escurecerem.

Desmaiou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que acharam?

Tem alguém aí que chegou até aqui detestando faroeste e começa a repensar esse ódio? Espero que até o fim dessa história alguém ai mude de opinião. Eu também não tinha interesse, estava sem nada para ler, peguei um livrinho de bolso e foi amor à primeira vista (nesse sim, eu acredito.)
Faroeste is life, gente. Hahaha
Ansioso para saber o que vem em seguida?
Em breve posto o próximo capítulo!
Até mais!
Forte abraço