Corria.

O homem corria pelas escadas, apesar de temer a queda, se esforçando para não escorregar e ao mesmo tempo não retardar. Seu perseguidor andava a passos lentos e silenciosos, como se guardasse sua voz para utilizá-la no seu pensamento rápido e calculista, que o faria deduzir com precisão todas as rotas e possíveis esconderijos da vítima. Não era possível ver seu rosto, graças ao capacete de lentes escuras, feitas especialmente para aguentar a intensidade dos raios de luz que atravessavam o vácuo.

"De onde viera?" "Qual era sua história?" "Por que tomara essa trajetória?" eram perguntas que o perseguido se fazia, mas lhe faltava coragem para perguntar e raciocínio para pensar. Tudo o que o seu cérebro dizia era mandando-o procurar um esconderijo. E, depois de pouco examinar, o encontrou. Agradeceu a Deus por ter tido a ideia de criar um alçapão secreto para uma dispensa especial e saída alternativa de casa. Mesmo que o astronauta o visse entrando, não conseguiria entrar por causa da roupa.

O homem entrou no alçapão e correu pelo não-tão-largo corredor. Uma boa má estratégia, pensou ele. Depois de sair em um alçapão fora de casa, correu mais um pouco até a polícia, relatando o caso. Eles, apesar de não acreditarem no homem, foram até a casa dele. Encontraram o astronauta andando tranquilamente no caminho da casa do homem até a polícia. O prenderam, e o homem foi pra casa, feliz e relaxado.

Mais tarde, depois de terem falhado em conseguir informações via interrogatório e por revistar, eles resolveram que era hora de tirar o uniforme de astronauta. Começaram pelo capacete. Depois de pesquisar na internet como se fazia, eles lentamente o puxaram para cima depois de desconectar os cabos e etc., e se depararam com...

Uma caveira. Os policiais tomaram um susto, mas acharam que se tratava de uma estratégia para esconder a identidade, e continuaram tirando o uniforme. Apenas para descobrir que, quem estava por trás do uniforme era um esqueleto completo, cujos ossos nem ligados entre si estavam.

Sem saber como reagir, eles ficaram encarando o esqueleto por algum tempo, até ouvirem uma voz rouca e quase inaudível dizer:

"Nã..o... me.... es....que....ça....."

Ela vinha da caveira.

Assustados, os policiais deram um tiro nela, e depois a enterraram num matagal bem longe dali. Bom, até hoje não viram ela de novo.

Mas todos os que passam por ali dizem a mesma coisa:

"Eu ouvi uma voz. Vinha do chão. Quase passei por ela despercebido. Ela dizia "voc....ês.... não..... po....dem.... me.... es....que....ce...r..... Por.... que.... eu.... não..... vo...u.... me.... es....que..... ce...r.... de... vo....ss...a.... meia lua...."