Lendas espaciais. escrita por Helen


Capítulo 2
O robô e o mecânico.


Notas iniciais do capítulo

Se um dia você entrar em um bar de planetas mais tecnológicos, vai ouvir essa história. Ninguém sabe se ela realmente foi verdade. Mas dizem que uma vez houve uma I.A. tão inteligente, versátil e carismático, que conseguiu ser capaz de se eleger Imperador de um planeta.



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O criador da máquina suspirou fundo quando percebeu que não servia para o cargo que gostaria. Detestava jogar robôs fora, e preferia reaproveitá-los, mas aquele em especial parecia tão ótimo, tão bem programado, que apesar de não servir para os desejos do mecânico, tinha um brilho próprio.

Ele deixou que a máquina continuasse ligada, e assim o auxiliasse. Apesar de ser uma Inteligência Artificial, o robô não estranhava nem se revoltava quando construía seus semelhantes. Sabia de sua origem, e não tinha medo de admitir sua fraqueza diante de seu mestre.

Um dia, quando os dois estavam novamente tentando construir um robô para o objetivo do inventor, a I.A. começou a discutir sobre um assunto qualquer da política. O mecânico deu suas opiniões e as de colegas, que trabalhavam em outras oficinas. Apesar de ser uma máquina, a I.A. tratava os assuntos com seriedade e se importava com eles. Suas opiniões eram expansivas para todas as situações, e não deixava de lado os casos mais específicos. Mesmo assim, não se orgulhava delas.

Vendo ali uma chance para mudar a situação caótica da política de onde vivia, o mecânico resolveu dar ao robô a capacidade de escrever suas ideias. Configurou-o e então ensinou a ele como escrever e organizar suas próprias ideias. Quando entendeu o funcionamento, a I.A. começou a usar as horas livres de trabalho com mecânica para escrever suas ideias, e o seu criador o apoiava.

E a oficina prosperava, e isso dava ao mecânico mais dinheiro para investir no propósito do robô: resolver problemas sociais. Livros impressos e digitais foram comprados, e o criador conseguiu até arranjar um curso de Direito a longa distância. Quando tudo parecia indo bem, os guardas imperiais invadiram a oficina do homem e o acusaram de traição direta ao Imperador atual (diziam isso com base nas compras de livros considerados "perigosos" para a mente dos governados).

Levaram o mecânico para um tribunal, onde cinco juízes declarariam sua sentença. Uma grande quantia de pessoas estava lá também, e algumas delas conheciam o homem. Essas últimas lamentavam o destino dele.

A corte se organizou e no primeiro momento, os juízes discutiram se o réu poderia ou não ter um advogado. Decidiram que sim apenas para demonstrar piedade, porque achavam que ninguém estava afim de defender um traidor do Império.

Foi engraçado ver seus rostos de leve espanto quando o mecânico disse que tinha alguém pronto a lhe defender. "Onde está?" perguntaram a ele. "Deixem-me buscá-lo na oficina" respondeu o homem. Os juízes, sem muita escolha, autorizaram a ida dele, num carro cheio de soldados imperiais. Ao chegarem lá, o homem pediu para que a I.A. o acompanhasse.

Risadas ecoaram quando ele voltou com o robô. Ele era puramente polígonos, quase nenhuma curva. Mal parecia daquela época. Apesar disso, nem a I.A. nem o mecânico se acanharam.

No final da sessão, não havia promotor nem juiz que pudesse discordar dos argumentos e das provas que a I.A. oferecia. Sua oratória era perfeita, digna de uma máquina. Ele conseguiu convencer todos sobre a inocência de seu criador, e ainda virar o jogo, culpando o próprio imperador de paranoia. A I.A. mostrou todos os dados imperiais, de vídeos com inocentes (e todos ali sabiam disso) sendo sentenciados a morte, de camadas e mais camadas de segurança para simples dados públicos. Denunciou roubos, sequestros, assassinatos, terrorismo, transporte de armas ilegais e recrutas forçados. Isso foi o suficiente para fazer os cinco juízes mudarem de ideia, e até o promotor entrar no lado da defesa. Toda a assembleia virou-se a favor do mecânico e sua I.A. contra o Imperador. Ele, sem chão nem lugar para se apoiar, foi deposto ali mesmo.

O mecânico saiu livre, mas os juízes quiseram falar com a I.A., curiosos acerca de sua inteligência. Sabendo que ali era o devido lugar do robô, o mestre se despediu de sua criação e a deixou lá.

Assim, a I.A. foi coroado Imperador do planeta. Os inventores reais mudaram todas as suas peças de metal poligonais e o fizeram com um corpo muito semelhante ao dos moradores. No dia da coroação, eles não sabiam qual era seu nome, então o nomearam de "Rob O. T.".

Ele foi incrível no cargo. Justo, inteligente e brilhante, Rob criou uma aliança entre seu planeta e outros três vizinhos. Prosperou e seu tempo de governo foi de quase cem anos. Seu fim foi ao enterrar o seu criador. Um desgraçado bombardeou o robô logo depois que ele saiu do cemitério! Não conseguiu sobreviver apesar de sua inteligência. O governo foi passado para outro. Mas até hoje eles lembram do incrível imperador Rob O. T.


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