Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 73
Transferida




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—Reddington já está num novo esconderijo, com Dembe Zuma. –Cooper avisou. –Tom Keen e Matt Rivera estão sendo procurados. Agora preciso lidar com você.
—Vai me demitir?
—Não. Você será transferida, por um ano, para a base em Los Angeles.
—O que? Mas senhor...
—Nesse período, ficaremos sem a lista, e trabalharemos para pegar Keen e Rivera.
—Eu posso ajudar. –Balançou a cabeça negativamente.
—Lamento, mas a ordem não partiu de mim. Preciso que arrume suas coisas. Seu vôo sai ainda hoje. –Suspirei. –Sei que é em cima da hora, mas fui avisado pouco antes de você chegar.
—Eu entendo. Mais alguma coisa?
—Não.
Me apressei até minha sala e comecei a colocar meus pertences numa caixa. Tentei imaginar se colocariam outra pessoa no meu lugar, ou se a equipe ficaria desfalcada, sem dois integrantes.
—Jen, o que... Te demitiram?-Lizzy perguntou, entrando rapidamente.
—Estou sendo transferida pra L.A., por um ano.
—Mas...
—Não sei o que houve, só que preciso ir. –Olhei em volta, vendo se não tinha esquecido nada. –Me faça um favor.
—Claro. O que precisa?
—Ressler. Ele... Lizzy, você é boa pra ele. Fique próxima, se mantenha ao lado dele. E se acontecer...
—Jen...
—Nós terminamos. E você seria... Ótima. Fariam um bom casal. –Peguei a caixa e saí. Keen me seguiu.
—Jenna, espera!
—Desculpe, tenho que ir.
—Aonde você vai?-Aram perguntou. Deixei minha caixa na mesa dele e suspirei.
—Para L.A., fui transferida.
—Quanto tempo?
—Um ano.
—O que? Não pode ir embora.
—Eu vou voltar. –Lizzy se aproximou. –Seremos uma equipe de novo em breve. Um ano passa rápido. Logo estou de volta.
—Podemos falar com o diretor Cooper.
—A ordem não veio dele, Aram. –Eu sabia que esse um ano poderia terminar em um afastamento mais longo, ou numa demissão. Mas achei melhor não comentar. –Enquanto isso... Continuem sendo uma equipe. Eu... Adoro fazer parte disso. Vocês são ótimos.
—Jenna... –Lizzy tentou.
—Você, Elizabeth Keen, era irritante. Digo, eu te achava irritante. E agora você é minha amiga. Fico feliz por isso. –A abracei. –Faça o que eu te pedi, por favor. –Sussurrei. Ela assentiu. Me afastei. Lizzy limpou os olhos com a mão. –Aram, vem aqui. –Deu a volta na mesa. –Você é demais. Sério. É um bom agente, e uma boa pessoa. Vou sentir sua falta também. –O abracei, ele pareceu surpreso, mas retribuiu. –Eu volto logo. Vocês vão ver. –Me afastei e peguei a caixa de papelão. –Preciso ir.
—Ressler logo chega, por que...
—Não. Eu tenho que ir. Prometam que não vão contar a ele o que aconteceu. Meu vôo sai hoje, e... Por favor, só digam isso amanhã. Se ele perguntar, não sabem de nada.
—Jenna...
—Por favor. –Assentiu. –Obrigada. E... Adeus.
***
A base em L.A. era focada em anti-terrorismo. Foi muito estranho me adaptar. Não havia lista, nem criminosos cooperando. Trabalhar sem Keen, Ressler, Aram e Reddington era muito estranho. E receber ordens de alguém que não fosse Cooper também.
Minha nova equipe era composta por mais três agentes: Kendra Johnson, uma ruiva baixinha que era boa de briga; Eric Cirkle, um cara alto e loiro; e Ted McHale, um cara de estatura média, e de cabelos castanhos até os ombros.
Eles me aceitaram na equipe sem problemas. Eu estava ocupando o cargo de uma agente que havia sido transferida anos antes: Jasmine Perez. Coincidentemente, a mãe de Miranda Perez. A agente trabalhava em L.A. antes de ir para Las Vegas, e então para uma missão em algum lugar perto da Síria, e sumir.
—Você é a cara da Jaz. –Kendra disse, carregando a arma.
—A filha dela disse o mesmo.
—Não são parentes?
—Não que eu saiba.
—Poderiam ser irmãs. Não é, Ted?-O agente fez que sim, sem tirar os olhos da pasta que segurava. –Iguaizinhas! E então, por que veio pra cá?
—Ordem do diretor. Não sei por que.
—Bom, seja bem vinda! Agora vamos. Temos que chutar uns terroristas.
***
Ted, Kendra e Eric gostavam de ter uma ex-Dangerous na equipe. Faziam perguntas o tempo todo sobre como foi o projeto, quem o criou, porque e o rolo que deu após informações sigilosas sobre minha equipe vazarem.
Ninguém na base de L.A. parecia desgostar de mim porque eu era uma Dangerous antes. Diferente da minha antiga base, onde metade dos agentes me detestava.
Minha nova equipe era bem unida, e saíamos pelo menos uma vez por semana juntos, indo a bares e jantando. Porém, mesmo assim, eu ainda sentia falta de Keen, Ressler e Aram como colegas de trabalho. Quando cheguei, o diretor Selling me instruiu a não entrar em contato com qualquer pessoa que deixei para trás em Washington. De acordo com ele, minha transferência devia ser segredo. E quanto menos pessoas sabendo sobre minha localização, melhor.
—Você entende, não é, agente Mhoritz?-Perguntou. A sala dele era cheia de fotos e plantas. Muito enfeitada, diferente da de Cooper. Era até estranho.
—Entendo, senhor. E tem razão. A Dangerous acumulou muitos inimigos ao decorrer dos anos, e talvez a segurança dessa base ficasse comprometida se soubessem que fui transferida para cá.
—Que bom que entende. Agora, com o que lidava sua equipe? Ouvi falar em uma força tarefa secreta, mas nada de detalhes. –Ah, e os boatos correm...
—Lamento, senhor. Mas o sigilo é necessário. Não posso comentar o que fazia naquela força tarefa.
—Muito bem, então. Mas me deixou curioso. Talvez o diretor Cooper possa me dizer algo?
—Creio que não. –Era necessário que o menor número possível de pessoas soubesse da ligação entre nossa força tarefa e Reddington.
—Espero que não seja nada ilegal. –Riu.
—Não, não era.
—Então sua força tarefa foi encerrada?
—Tivemos alguns problemas, e precisamos parar por um tempo. O sigilo da operação toda corria perigo.
—Ah, entendo. Bom, sinta-se em casa. Qualquer coisa, avise.
—Sim, senhor. Com licença.
Eu sabia que o gentil Enzo Selling esperava arrancar alguma informação sobre a força tarefa da qual eu fazia parte. Não era segredo que Cooper mantinha uma equipe “fantasma” operando de forma desconhecida. Porém, ninguém fazia ideia de que nosso colaborador/informante era Raymond Reddington. Havia muita gente interessada em saber por que tanto mistério, e com certeza o diretor Selling era uma delas.
***
DOIS MESES DEPOIS
—Sente falta da sua equipe?-Kendra perguntou. Nós duas estávamos esperando informações de Ted e Eric, numa van adaptada pelo o FBI.
—Nem tem ideia. Achei que nunca ia me adaptar nela, depois de sair da Dangerous.
—Mas se adaptou.
—É. Me adaptei.
“-Agentes Keen e Ressler. - Harold apresentou, apontando para os dois. - E Aram Mojtabai, nosso especialista em computação. Essa é a agente Mhoritz, que foi transferida da antiga equipe Dangerous.
—Espera, eles não são tipo uns assassinos de aluguel do governo?-Aram perguntou, então olhou pra mim. –Sem ofensas.
—O governo desconhece a Dangerous. E agora que a equipe acabou, não há motivos para contar sobre ela. –Assenti, agradecida. O que faltava era começarem a encher o meu saco por ser uma Dangerous. Ou melhor, ex-Dangerous.”
—No começo eu não estava feliz em fazer parte do FBI. Os achava um saco. Eu não costumava seguir regras como Dangerous, e então ia ter que me reportar ao diretor Cooper e trabalhar com pessoas que eu não conhecia. Mas depois... Me acostumei com eles.
Me acostumei até demais. Tanto que comecei a namorar Ressler. O que era proibido. Interação romântica entre colegas de trabalho nunca dá certo no FBI. Se alguém que precisássemos proteger e eu estivéssemos em perigo, quem Ress ia proteger? Isso mesmo, eu. Também seria ao contrário. Então a interação era proibida. Claro que só não nos separaram, por causa de Red. A força tarefa, em grande parte, era dele. E os agentes dele não iam sair dali, de jeito algum. Raymond podia dizer que não gostava de Donald, mas se meu ex estivesse ameaçado a sair da equipe, ele iria interferir.
Ele interferiu por mim, se metendo no caminho de gente muito poderosa.
“-Lamento pela demora. Ah, Jenna. Aí está você. - Acenei com a cabeça. - Desculpem interromper, mas a Dangerous vive.
—Ela tem que morrer, Raymond. –Era o homem que havia se pronunciado primeiro. –É uma ameaça para todos nós.
—Não, ela não é. Eu sou. E se tocar num fio de cabelo de Jenna Mhoritz, muita coisa pode acontecer. Ligações podem ser expostas, informações podem vazar... Nunca se sabe o tamanho do estrago.
—Tudo por causa de uma Dangerous. Você se atreveria a...
—Sim, me atreveria. Agora, se não se importa, vou levar a agente Mhoritz e o amigo dela daqui.”
Eu já estaria na rua se Red não tivesse interesse em me manter na equipe. Ele até que era um bom padrinho, se olhasse por um lado.
***
—Não acredito que tá indo embora!-Kendra comentou. Minhas coisas já estavam prontas, só faltava eu embarcar no avião. –Esse ano passou muito rápido.
—Verdade. –Concordei.
—Você não pode ficar?-Eric perguntou. –Seria uma honra tê-la na nossa equipe por mais tempo.
—Eu pertenço à força tarefa de Washington, tenho que ir.
—Bom, então a gente se vê.
Me despedi da equipe temporária, e fui para o avião. Algumas horas depois já tinha chegado a Washington.
Deixei minhas coisas no meu apartamento e parti para o esconderijo, louca por notícias. O primeiro que encontrei foi Aram, em sua mesa.
—Agente Mhoritz! Você voltou!
—Claro que sim. –Sorri. –Acha que eu aguentaria muito tempo sem te incomodar? Então, novidades?
—Hã... Sim. É... Mattew Rivera está preso.
—Tom Keen?
—Nada dele. O senhor Reddington, que já voltou, aliás, disse que deveríamos deixar Tom Keen de lado, que ele o pega, mas a agente Keen não gostou muito. Ainda não voltamos com a lista, estávamos te esperando.
—Agora estou de volta, e podemos recomeçar. –Olhei em volta. –E Ressler e Keen?
—Ham... Não quer mais novidades?
—Primeiro preciso falar com eles. Sabe onde estão?-Tive a impressão de que ele ficou meio nervoso. –Aram Mojtabai, o que há de errado?
—Nada! Eles... Hum... Sala da Keen.
—Ok. Logo eu volto.
Peguei o caminho para sala de Lizzy, encontrando diversos agentes no caminho, que me cumprimentaram. A porta do escritório de Elizabeth estava a aberta. Entrei e dei cara com a cena. Lizzy e Ress... Ah, parece que alguém seguiu meu conselho.
—Desculpa. –Pedi, recuando. –Não quis atrapalhar...
—Jen? Você voltou!-Lizzy sorriu e me abraçou. Obriguei a mim mesma a não parecer chocada, e sim feliz. Era a coisa certa. Lizzy e Donald dariam certo. –Por que não ligou ou mandou um email?-Me afastei.
—Não deixaram. Eu precisava... Sumir do mapa por um tempo.
—Ah. Bom, ficamos preocupados, mas Cooper disse que você estava bem, então decidimos confiar.
—Bem, agora estou de volta. Oi, Ressler. –Ele acenou com a cabeça, colocando as mãos nos bolsos da calça. –Eu... Tenho que falar com Cooper. E acertar umas coisas. Com licença.
—Jen, está tudo bem?
—Claro. Tudo ótimo.


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