Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 50
Brenan Mackinan




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Me sentei, confusa, e olhei em volta. Estava no meu quarto, na minha cama. Não me lembrava de ter chegado ali.
—Como se sente?-Reddington perguntou, entrando e cruzando os braços.
—Estranha. O que houve?
—Desmaiou de exaustão. Tudo o que está acontecendo está sobrecarregando você. –Comecei a lembrar do dia anterior. Tinha uma missão.
—Estou bem.
—Preciso que troque de roupa, tome um café reforçado, pegue suas armas, e me siga. A caçada começa hoje.
—Já sabe de quem estamos atrás?-Levantei e saí pra cozinha com ele.
—Sim. Só preciso confirmar algumas coisas.
—Tá. –Me sentei, espantada por ver tanta comida na mesa. Minha dispensa estava vazia. Devia ser coisa de Red. –Como Demetri está?
—Bem. Deve sair do hospital amanhã. –Assenti.
—Não devia estar pedindo para Dembe voltar?
—Ele tem muitos assuntos pessoais para resolver. Enquanto você estiver de pé, pode fazer minha segurança.
—Ok.
Depois do café tomei um longo banho, e me vesti. Quando estava quase pronta, Red bateu na porta do quarto.
—Que foi?-Perguntei, deixando-o entrar. Ele tinha uma sacola em mãos. Ali vinha bomba. –Ai, o que foi agora?
—O homem que estamos caçando tem muitos seguranças, não podemos chegar atirando.
—E você tem um plano, e um disfarce pra mim. –Apontei pra sacola de papel. –Stripper de novo?
—Você era uma dançarina.
—Que seja. Qual o disfarce de agora?
***
—Sério, não podia arrumar algo mais curto?-Perguntei, girando no lugar pra me ver no grande espelho do corredor. O vestido vermelho exibia demais, em cima e em baixo.
—Homem nenhum desconfia de uma garota vestida assim, confie em mim.
—Velho tarado. –Murmurei, bufando. –E como acha que vou esconder uma arma aqui?
—Não vai. –Me virei pra ele.
—Então como eu vou...
—Você é criativa, dará um jeito.
—O que?-Me olhei de novo no espelho. –Você não pode estar falando sério, Raymond.
—Estou. –Se aproximou. –Segure o cabelo. –Puxei meu cabelo pra cima. Um colar grande, de prata e rubi, foi colocado no meu pescoço.
—É pesado.
—Uma mulher que conheci disse que jóias podem muito bem ser usadas como armas.
—Isso é verdade. –Se afastou, olhando para o resultado. Soltei o cabelo. –Rasguei o rosto de um indiano com um colar. E anéis dão um bom soco inglês. Tudo bem, qual é o plano?
—Vai até o hotel onde Brenan Mackinan está ficando. Vai enrolá-lo e fazê-lo subir com você. Quando estiverem sozinhos, mate-o.
—E se não der certo?
—Então ele a matará. –Assenti.
—Ok. Certo. Posso fazer isso.
—E preciso que faça. Aquele homem não só me caçou, Jenna, ele matou Adrian, seu irmão. –E você matou Daniel, o outro.
—Tudo bem. Eu... Consigo.
***
Eu queria umas férias de três anos. Minha cabeça estava doendo um pouco e eu me sentia cansada, tanto fisicamente quanto mentalmente. Só queria dormir e tentar apagar os últimos dias. Porém, não era possível. Eu tinha uma missão, e ia completá-la.
Saintt, o homem que atirou em Adrian, estava morto, mas o responsável pelo ataque estava vivo. Era ele que eu ia matar. Era ele o culpado de tudo.
Brenan estava em uma das mesas do restaurante que ficava no hotel. Me aproximei e me sentei ao lado dele. O cara achava que eu era Grace, a garota de programa por quem havia pedido. Como Reddington havia armado isso eu não sabia.
—Senhor Mackinan. –Saudei, cruzando as pernas.
—Grace, certo?-Assenti. –Parece que seu chefe aprendeu a escolher as garotas dele.
—Isso é verdade. –Sorri. Minha mente estava implorando para que eu fosse embora. Mas eu tinha que matar Brenan Mackinan.
—Você é familiar, Grace.
—Impossível. Não existem garotas como eu por aí. Sou única. –Pôs a mão na minha coxa.
—Aposto que sim.
Quis me esquivar e ficar longe do alcance dele. Os sentimentos da pequena Jenna em relação a homens estranhos estavam começando a falar mais alto dentro de mim. Eu nunca tive esse problema antes, não me importava em fingir gostar de caras que eram alvos, mas agora, depois de lembrar de tudo... Não dava pra evitar. Tentei me manter calma.
—Vamos subir. –Brenan disse, jogando um maço de dinheiro na mesa e levantando. O segui até o elevador. Eu precisava aguentar só mais um pouco.
Quando as portas do elevador se fecharam, Brenan avançou na minha direção. Eu estava lenta, ou muito descuidada, sei lá. Só sei que num piscar de olhos, eu estava contra a parede do elevador, com Brenan me agarrando. O empurrei, tentando me afastar. Droga. Já era o plano.
—Uma garota de programa difícil?-Perguntou.
—Só... Devíamos esperar, pra... Chegar ao quarto.
—Tudo bem. –Se aproximou de novo, me puxando pra perto. Engoli seco, queria acertar um soco nele e ir embora.
O elevador abriu, saímos e seguimos até o quarto 405. Brenan abriu a porta e fez um gesto, me mandando ir na frente. O apartamento era grande e luxuoso, mas eu não vi muito dele. Algo acertou minha cabeça, e eu fui pro chão.
***
Brenan sabia quem eu era. No começo ele só desconfiou, sabendo que eu definitivamente não era Grace, uma garota de programa. Depois, após me levar para um de seus esconderijos e me meter num tipo de cela, descobriu quem eu era de verdade. Jenna Mhoritz, ex-Dangerous.
Eu não fazia ideia de que dia era, ou de que horas eram. Só que tinha que sair dali. Brenan, ao falar comigo quando acordei, me deu a entender que tinha planos bem ruins pra mim. Se eu ficasse ali muito tempo, ia sair morta.
Toquei meu lábio, estava sangrando, depois de levar um soco. O vestido estava rasgado na parte de baixo, eu tinha arranhões nos braços, e muitas partes doloridas pelo corpo. Era só o começo.
—Jenna Mhoritz, já acordou de novo. –Brenan disse, entrando de novo, dois homens altos atrás dele. –Eu ia perguntar quem contratou você, mas aposto que sei.
—Sabe?
—Raymond Reddington. Achou que eu não ia saber quem você é? Estava em todos os jornais, esses dias mesmo. Que atitude idiota, do velho Raymond. Ele costumava ser mais esperto.
—Não vim por que Red mandou. Vim por que meu irmão morreu por sua causa.
—Ah, o garoto que levou um tiro na testa. Sei, sei. Lamento informá-la que o jogo acabou, Mhoritz. A única coisa, é que... Bem, você vai encontrá-lo em breve.
Os dois homens saíram. Isso não podia ser bom, podia? Brenan se aproximou. Eu sabia que ele estava armado, mas eu não. Não... Espera... Eu estava.
Arranquei o colar do pescoço e acertei um chute no joelho de Brenan. O homem caiu de joelhos. Me coloquei atrás dele, passando o colar por seu pescoço e puxando.
—O jogo acabou, sim, senhor Mackinan, mas não pra mim. –Avisei. Brenan tentou puxar o colar para longe, mas não conseguiu. Pouco depois estava morto. O deixei cair no chão e peguei a arma presa em sua cintura. –Jóias são armas incríveis, não acha?
Saí pela porta e saí pelo corredor, surpreendendo os dois homens que haviam saído ainda pouco dali. Atirei nos dois e subi por uma série de escadas, até chegar numa sala enorme. Quando estava quase saindo, um carro atravessou a parede com tudo. Me joguei pra fora do caminho, derrubando a arma.
—Que diabos...?-Murmurei. Demetri saiu do carro e me ajudou a levantar.
—Vamos logo, Mhoritz, vamos!
***
—E Mackinan?-Red perguntou, enquanto Demetri se sentava na minha frente, na cama, para cuidar dos meus machucados.
—Morto. –Respondi.
—Ótimo. –Saiu.
—Ai. –Recuei, Demetri abaixou o algodão que havia encostado no meu lábio. –Calma aí, russo. Estou toda quebrada.
—Desculpa. –Pediu. –Mas é necessário. Onde mais dói?
—Tudo. Principalmente minhas costelas. Levei um chute que você nem imagina.
—Acha que estão quebradas?
—Não sei. Não devíamos estar num hospital?
—Posso cuidar de você, Jenna. –Se afastou um pouco. –Pode tirar o vestido?
—Pra que?
—Machucados, Mhoritz, machucados. –Dei de ombros e tirei o vestido por cima da cabeça, então voltei a sentar. Demetri pressionou minhas costelas.
—Ai, calma, droga.
—Quebradas não estão, o que é bom.
—Aprendeu isso com sua amiga indiana?
—Não. Exército.
Minutos mais tarde eu tinha parte de mim enfaixada e curativos nos lugares certos, então deitei pra dormir um pouco. Estava cansada demais.
Quando acordei, Malik me ligou, perguntando como tudo estava. Menti, dizendo que estava tudo bem. Não podia dizer o que tinha acontecido, podia? Depois de desligar, saí do quarto, encontrando Red tomando café.
—Já amanheceu?-Perguntei confusa.
—Dormiu por horas. Sente-se e coma alguma coisa.
—Tá.
—Como está?
—Bem melhor. Ainda um pouco dolorida, mas melhor que antes. Demetri é um ótimo enfermeiro. –Riu.
—Ah, ele é sim. Um grande faz-tudo. Parecia bem preocupado com você. –Podia ser só um comentário aleatório e normal. Mas não vindo de Raymond Reddington.
—O que quer dizer com isso?
—Demetri gosta de você, Jenna. Devia dar uma chance a ele.
—Eu tenho Donald.
—Ele nunca irá entendê-la. Não sabe o que é estar entre certo e errado, lei e crime, todos os dias. Ele não entende como se sente, não entende seu passado. Demetri entende.
—Você está malu...
—Soube que você e o agente Ressler andaram discutindo.
—Como soube disso?
—Sei de tudo o que acontece naquele esconderijo, Jenna.
—Não sei por que ainda fico surpresa. –Dei um gole no café.
—Dê uma chance à Demetri e veja o que acontece.
***
—Você está melhor?-Larguei Alice no País das Maravilhas e olhei pra porta. Demetri.
—Sim, sim.
—Precisa de curativos novos?
—Talvez depois do banho.
—Ok, me avise. –Se virou pra sair. Larguei o livro na cabeceira da cama e levantei.
—Demetri, posso falar com você?
—Claro que pode. –Fechou a porta e se aproximou. –Aconteceu alguma coisa?
—Red disse... Que você gosta de mim. Isso é verdade?
—É. Desculpe, Jen, não tem como evitar.
—Não precisa pedir desculpa, Den. Está... Tudo... Certo.
—Então por que parece não ter certeza?
Abri a boca pra falar, mas não sabia o que responder. E mesmo que soubesse, não poderia. Demetri se aproximou, me puxando pela cintura, e me beijou.
O russo era completamente... Diferente dos outros caras que beijei. Os outros não eram calmos e lentos, mas Demetri... Era quase... Selvagem. Era um beijo desesperado, faminto. Era... Muito diferente.
Tudo poderia ficar bem, tudo poderia dar certo. Mas... A mini Jenna gritou na minha cabeça. Eu não podia continuar com aquilo.
—Demetri... Demetri, me larga. –Tentei empurra-lo, não consegui, tinha quase certeza de que ele sequer estava me ouvindo. –Demetri, me solta!-Agarrei o objeto mais próximo, um abajur, e o bati contra a cabeça do russo.
Ele me soltou e caiu no chão, parecendo mais inconsciente do que consciente. Red abriu a porta e entrou, olhando de Demetri pra mim.
—O que foi que você fez, Mhoritz?


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