Dangerous escrita por Karina A de Souza


Capítulo 39
A Identidade do Informante




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Encarei o teto do quarto, nervosa e impaciente. Ressler, ao meu lado, adormeceu finalmente. Saí da cama o mais silenciosamente possível e troquei de roupa.
Minutos depois estava batendo na porta de Reddington. Já passava das duas da manhã. Dembe atendeu, uma arma em mãos.
—Seu chefe está?-Fez um gesto, me deixando entrar. Red estava no sofá, um copo de vinho em mãos, a TV exibindo CSI.
—Sabe que horas são, Mhoritz?
—Posso ir embora, e contar à Meera amanhã sobre a mensagem que recebi do Informante.
—Ele entrou em contato?
—Aqui. –Tirei o celular do bolso, abri a mensagem e o entreguei a ele. Me larguei em um dos sofás. Red não demonstrou surpresa ou raiva. O fato de alguém ter provas contra ele não o abalou. Ou talvez fosse fingimento. –E então?
—Vamos tentar rastrear o número.
—Está como desconhecido...
—Não me subestime. Dembe. Dembe!-O homem negro pareceu despertar (estava distraído com a TV) e pegou o celular que Red estendeu. –Sabe o que fazer. –Assentiu e saiu. –Devolvo seu celular assim que puder.
—Tá. Quem acha que está tentando te entregar?
—Não sei, mas vamos descobrir.
—Ok. –Me levantei e fui pra porta.
—Jen, - Parei, sem me virar. –sobre sua equipe...
—Não, por favor, não continue.
***
Daniel, Luke, Ivan e Paul foram enterrados no mesmo cemitério, túmulos próximos. Por um momento, parada ali, olhando-os, me perguntei se estaria ao lado deles se Red tivesse decidido que o passado não era importante, e que ia me matar com o resto da equipe.
“Jenna, esses são Daniel, Paul, Luke e Ivan. Eles serão sua equipe a partir de hoje, para o resto da vida.”
Limpei as lágrimas que teimaram em sair com a manga do casaco e peguei o caminho de casa. Assim que passei pela porta, encontrei Ress encostado no sofá, parecendo ter acabado de acordar. Olhei para o relógio: 03:30 da manhã.
—Onde você estava?-Perguntou.
—Caminhando. –A mentira saiu automaticamente. Ress sempre ficava do lado da lei, ia me fazer contar a Meera que o Informante entrou em contato.
—Tão tarde?
—Com tudo que está acontecendo... Não consigo dormir.
—Sinto muito. Precisa de algo?
—Não. Vamos dormir, creio que teremos um dia cheio amanhã.
***
Eu nem tinha começado a me arrumar quando o telefone tocou. Ress estava no banho, então corri pra atender, imaginando quem era.
—Não vá para o trabalho hoje. –Era Red.
—E por que não?
—Localizei seu informante. Te levo até ele. Mas vai ter que faltar ao trabalho.
—Tudo bem. Depois que Donald sair eu ligo.
—Ótimo. –Desligou.
Voltei pro quarto e deitei de novo. Já tinha um plano em mente. Ress saiu do banho, pronto.
—Ainda não se arrumou?
—Não estou me sentindo bem. –Menti. –Acho que vou ficar.
—Tudo bem. Aviso Meera. –Me beijou e pegou o celular e a chave do carro no criado mudo. –Se precisar, me ligue.
—Tá. Bom trabalho.
O esperei sair, então liguei para Red e fui trocar de roupa. Pouco depois estava saindo da garagem com Red no banco do carona.
—Por que Dembe não vai com a gente?-Perguntei.
—Como ia sair com você, dei o dia de folga pra ele. –Achei suspeito, mas não disse nada. –Ah, o endereço...
Duas horas depois eu estava estacionando numa rua onde havia apenas fábricas que haviam fechado e em breve deviam ser demolidas. Não havia casas próximas. Era um lugar afastado. O silêncio era impressionante.
—E então, cadê meu informante?
—Lá. –Apontou para a maior fábrica. Uma construção enorme, cor de tijolo e janelas tão escuras que era impossível ver algo. –Vamos. –Saquei a arma e segui Red. A primeira porta que encontramos estava trancada, mas a abri com um grampo.
Entramos. Estava muito escuro ali, com apenas algumas lâmpadas compridas iluminando tudo. Onde a luz alcança dava-se para ver caixas e esteiras empoeiradas. Me perguntei se alguém poderia morar ali.
Então, das sombras, surgiram vários homens, bem na nossa frente, todos armados. Um deles estava desarmado, as mãos no bolso. Cabelos pretos, barba por fazer... Devia ter uns quarenta anos ou mais.
—Que coragem, Raymond, invadir um dos meus esconderijos. –O homem disse, parecia não ter me visto ao lado de Red. –E sem seus homens.
—Não achei necessário. –Olhou em volta, fingindo interesse. –Que lugar caidinho. Achei que tivesse um bom gosto.
—O que quer?
—Minha amiga aqui queria conhecer o informante dela. E achei que ia querer conhecer sua filha. –Olhei para Reddington, começando a ficar chocada. –Jenna, esse é seu pai, Miguel Cortez.
—O que?-Perguntei. A arma quase escorregou da minha mão. –Como é? Não...
—Não por quê?-Olhou de mim para Miguel. –Vocês até que são parecidos, mas você é a cara da sua mãe. Diga pra ela, Miguel. Diga que é pai dela.
—Não acho necessário. –Cortez disse. –Considerando que você disse por mim.
—Ah, eu adoro reencontros. Não vai abraçar sua filha?
—Fique onde está!-Gritei, apontando a arma para o peito de Miguel. –Posso acertá-lo daqui. Red, diz que é mentira.
—Não quer a verdade? Eu disse que Cassandra e Martin não eram seus pais.
—Você...
—Abaixe a arma, Jenna. –Miguel mandou.
—Não!
—Abaixe. Vocês estão cercados. No momento que colocar o dedo no gatilho, meus homens vão estourar os miolos de vocês dois. Coloque a arma no chão. Agora. –Olhei para Red.
—Faça o que ele diz. –Sussurrou, repentinamente sério. Coloquei a arma no chão e a chutei na direção de Miguel, que a pegou e apontou para Red.
—Eu preferia entrega-lo para as autoridades, Raymond, mas se é amigo de Jenna, então vale mais à pena mata-lo...
—Não!-Me coloquei entre os dois, a arma agora apontada pra mim. –Se atirar nele, vai ter que atirar em mim primeiro.
—Está o defendendo? Se colocando contra o seu pai?
—Você pode até ter me feito. Mas não é meu pai. Martin Mhoritz era mais meu pai que você. Reddington é mais meu pai do você. Atire em mim, antes de atirar nele.
—Impressionante. Você fez uma boa lavagem cerebral nela, Ray. Agora, Jenna, saia da frente. Ele não vale sua morte, não vale nem um dólar. Você não sabe quem é ele... Não sabe do que ele é capaz.
—Infelizmente, eu sei sim.
—Jenna, saia da frente dele. Não vai querer morrer por esse cara...
—Você sabia que ele salvou minha pele incontáveis vezes? Sabia que ele cuidou de mim por quatro anos? Sabia que me ajudou mais do que eu merecia? Ele pode ter feito... Muita coisa errada, coisas que me afetaram diretamente... Mas não vou deixar você matá-lo. –Segundos de silêncio. Não arrisquei em olhar Red atrás de mim.
—Emocionante. Mas ainda assim ele não vai escapar. –Abaixou a arma. –Prendam os dois.
Dois homens vieram na minha direção, e dois na de Reddington. Não hesitei, apenas me concentrei em lutar com os dois que tentavam me prender, e os outros que faziam o mesmo com Red. Infelizmente, mais homens do meu pai apareceram e acabaram me derrubando de bruços. Puxaram meus braços para trás e os prenderam. Fizeram o mesmo com Red.
—Precisava disso tudo?-Miguel perguntou. –Levem os dois lá para baixo.
***
—O que foi aquilo?-Reddington perguntou, amarrado ao meu lado. Evitei olhar pra ele.
—Aquilo o que?
—“Reddington é mais meu pai do você”.
—Não era mentira.
—Achei que estivesse com raiva de mim.
—Não quero falar sobre isso.
Sim, eu estava com muita raiva dele. Raiva mesmo, beirando a ódio. Ele matou minha equipe, meus irmãos, e queria que eu o entendesse. Mas, infelizmente, todo o meu passado me ligava à Red de uma maneira assustadora. E depois de me salvar incontáveis vezes... Tudo o que eu podia fazer era retribuir.
Não sabia o que exatamente sentir por Reddington. Ele havia sido bom e ruim comigo. Era confuso demais.
—Não se coloque contra Miguel de novo. –Red aconselhou. –Ou ele vai matá-la.
—E isso te importa?
—Importa. –Olhei pra ele, tentando esconder a surpresa. –Não cuidei de você por quatro anos pra você enfrentar seu pai e morrer.
—Ele não é meu pai. Eu já disse isso.
—Ele... –A porta na nossa frente abriu e Miguel entrou, arma em mãos.
—Sabe, - Começou. –estou seriamente desapontado. Vai ficar do lado dele?
—E de que lado ela devia ficar, Cortez? Do seu, que a usaria caso tivesse sido criada por você? A colocaria para trabalhar como fez aqueles homens lá fora? Entregaria armas ou drogas? Ou, pior ainda, a colocaria para ser uma das suas “relações internacionais”?-Franzi o cenho. –É o apelido que eles dão para as garotas escravizadas que ele dá de presente para seus sócios fora do país.
—Está falando demais, Raymond. –Apontou a arma pra ele. Tentei me colocar entre os dois, e só consegui com muito esforço. –É bom sair da frente, Jenna, estou disposto a matar você para matá-lo.
—Então vá em frente. –Desafiei. Apontou a arma pra minha cabeça. Tiros foram ouvidos lá em cima. Um homem apareceu correndo.
—O FBI tá invadindo, chefe. –Informou. –Temos que ir.
—Isso ainda não acabou, Jenna. –Miguel avisou, então saiu correndo.
—Como nos acharam?-Perguntei, me virando para Reddington.
—Disse à Dembe que se não ligasse em uma hora ele devia avisar Keen de onde estávamos. –Respondeu, olhando para o teto, como se pudesse ver o que estava acontecendo. –Temos mais um lugar para ir.
—Onde?
—Apenas confie em mim, só mais dessa vez.
***
Estranhei quando o endereço dado por Red nos levou para um grande hospital particular. Entramos em silêncio, e passamos pela recepção sem parar para falar com a recepcionista, que pareceu reconhecer Reddington, pois acenou pra ele.
—O que estamos fazendo aqui?-Perguntei, falando baixo. Uma enfermeira passou por nós, levando um homem numa cadeira de rodas. Ela também acenou para Red.
—Vamos visitar alguém. Só espere aqui um momento. –Entrou numa sala, e quando saiu, pouco depois, estava com um buquê de margaridas. –Vamos, é no terceiro andar.
Tudo ali dentro era branco ou amarelo claro (cor do uniforme das enfermeiras). O silêncio do lugar era... Tranquilizante. Saímos do elevador e seguimos para um quarto. Red entrou primeiro, abrindo um sorriso.
—Maria, como está?-A mulher na cama, branca como os lençóis, tentou sorrir. –Te trouxe mais flores. As suas favoritas. –Colocou o buquê num vazo ao lado da cama.
—Obrigada, Raymond. –Sussurrou, a voz rouca.
—Trouxe mais que isso. Tem alguém que quero que conheça. Ou melhor, reencontre. Essa ali na porta é sua filha. –Maria virou a cabeça na minha direção, lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela parecia muito fraca e doente. Me perguntei o que ela tinha. Foi só quando reparei nos cabelos, cortados rente à cabeça, que pude começar a entender. –Entre, Jenna.
—Eu... –Murmurei. Maria começou a tossir descontroladamente.
—Maria, calma. Está tudo bem. Jenna...
Me afastei da porta, dando alguns passos para longe do quarto, então parei, começando a chorar. A mulher naquele quarto era a minha mãe, e estava morrendo.
—Jenna. –Red chamou, pondo a mão no meu ombro.
—Ela vai morrer?
—Vai.
—Por quê?
—Câncer. A trouxe pra cá porque achei que haveria alguma chance, mas ela não teve uma grande melhora. Volte pra lá. Talvez seja sua única chance de conhecê-la.
—Por que me trouxe aqui? Ela está morrendo...
—Por que você queria a verdade. Maria faz parte disso. –Limpei o rosto com a mão. –Ela quer vê-la. Vou procurar o médico que está cuidando dela e logo volto.
—Tá. –Ele voltou para o elevador, e eu para o quarto. Maria deu um pequeno sorriso, lágrimas ainda escorriam por seu rosto.
—Você está tão... Linda. –Sussurrou. Me sentei ao lado dela, segurando sua mão.
—Red disse que me pareço com você.
—Nisso ele não mentiu. Lamento... Lamento não ter cuidado de você.
—Tudo bem.
—Espero que... Seu padrinho tenha cuidado bem de você.
—Reddington é meu padrinho?-Fez que sim. Isso ele não havia me contado.
—Ele... Me prometeu... Que cuidaria de você até o fim de seus dias. Espero... Que cumpra essa promessa.
—Ele está cumprindo.
—Espero. Só assim posso... Partir sem medo.
—Você não vai morrer.
—Vou. –Apertou minha mão. –Infelizmente eu vou. Mas... Se... Raymond cuidar de você... Não vou me importar. –Parecia em fôlego.
—Não. Você não pode... Acabamos de nos encontrar...
—A vida... Nem sempre parece justa...
—Nisso ela tem razão. –Olhei pra porta. Miguel estava parado ali. Arma em mãos. –É bom te ver de novo, Maria.
—O que quer aqui?-Exigi. –Vá embora!
—Precisamos conversar.
—Não tenho nada pra conversar com você. Nos deixe em paz!
—Eu... Maria?
O aperto na minha mão havia parado. Me virei de novo para Maria, que agora tinha os olhos fechados. A máquina ao lado dela parou de bipar. Maria estava morta.
—Mãe?-Sussurrei. –Mãe? Não... Mãe... –Apertei a mão dela, esperando que a pequena mão fria apertasse a minha de volta. –Mãe, por favor... Não. Eu preciso de você aqui... Mãe... –Eu não conhecia Maria, mesmo que ela me conhecesse. Fui tirada muito nova dela, por isso não me lembrava. Mas mesmo assim, um vazio tomou conta de mim, e eu comecei a chorar. Vinte e o oito anos depois... E ela morre ao me reencontrar. –Mãe!
—Lamento muito.
—Lamenta?-Me levantei, soltando a mão da minha mãe. –Lamenta? Acha que acredito nisso? Você a abandonou! A deixou quando ela mais precisou de você!
—Foi a coisa certa...
—Sai daqui!
—Venha comigo, temos que conversar...
—Sai daqui agora!
—Lamento interromper seu luto por uma mulher que não conhece, mas tem que vir comigo. –Me puxou pelo braço, me arrastando para o corredor. Tentei soltar meu braço, não consegui.
—Miguel, solte-a agora!-Red mandou, aparecendo do lado contrário. –Deixe-a...
Foi muito rápido. Miguel ergueu arma e atirou, atingindo Red no peito. Gritei e me joguei pra frente, tentando segura-lo antes que caísse no chão. Ouvi os passos de Miguel se afastando, mas não me virei.
—Red. –Chamei, tentando estancar o sangue com as mãos. –Red, fala alguma coisa.
—Maria... Ela a ama...
—Red, não pense em morrer. Acabei de perder minha mãe, você não pode morrer também.
—Lamento... Não tê-la trazido antes...
—Para! Para de usar o tom de despedida. Você não vai... Não vai morrer... Não...
—Jenna... –Tossiu sangue, quase se engasgando. Recomecei a chorar. Minha mãe estava morta no quarto próximo de mim e Red morrendo na minha frente. Era um pesadelo.
—Preciso que fique vivo, por favor. É meu padrinho, não é? Preciso de você...
—Vai... Se virar sem mim. –Então fechou os olhos e parou de respirar. Gritei mais uma vez.
Alguém me puxou para trás, enquanto médicos e enfermeiras passavam por mim, cercando Red e me impedindo de vê-lo. O enfermeiro atrás de mim tentou me acalmar, mas eu não estava o ouvindo e tentava me soltar dele.
—Red! Red!-O enfermeiro me tirou do chão, me afastando da cena. Acertei uma cotovelada nele e caí de joelhos. O cara permaneceu alerta, mas não tentei me aproximar de Reddington de novo.
Maria estava morta. Reddington também. Os dois no mesmo dia. Minha mãe e meu padrinho.
Cobri o rosto com as mãos, as lágrimas vindo mais forte. Estava chorando como uma criança, eu sabia, mas não conseguia me segurar. Mortos. Os dois estavam mortos.
De repente, imagens passaram diante dos meus olhos.
“-Jenna, saia daí. - Uma voz conhecida mandou. - Jenna. Estou velho demais para entrar aí embaixo. Vamos, é hora do jantar.
—Não quero!-O rosto de Red apareceu, eu estava embaixo da cama.
—Vamos, tem seu prato favorito hoje.
—Eu não quero, vai embora! Quero meus pais!
—Nós já falamos sobre isso. Seus pais morreram.
—Mas eu quero vê-los...
—Um dia você vai. Agora saia daí. –Continuei onde estava. –Se sair, eu te deixo comer metade daquele pote de sorvete de morango.
—Tá. –Me apressei em sair de baixo da cama. Red me ajudou a levantar. O abracei. –Você promete que vou ver meus pais de novo?
—Prometo.”
Pisquei algumas vezes, a lembrança sumiu. Olhei na direção de Reddington e da massa de pessoas que o cercava. Um médico gritou alguma coisa e a enfermeira ao lado dele levantou e correu. Isso me deu uma visão de Red.
Ele estava com os olhos abertos, olhando pra mim.
Ele estava vivo.
***
—Está no quarto. É por ali. –Dembe avisou, passei por ele.
—Obrigada. –Segui pelo corredor e entrei no quarto. Red estava deitado na cama, um livro de aparência muito velha em mãos. Parte da bandagem que cobria seu peito era visível pela camisa. –Você quase me matou de susto, seu velho maldito.
—É bom te ver também.
—Achei que estava morto.
—Eu estava. Morri por cinco minutos.
—Não é possível. As pessoas não voltam da morte.
—Então me diga por que meu coração parou de bater e eu parei de respirar, e de repente tudo em mim funcionava de novo. –Pensei. Não tinha a resposta. –Às vezes acontece.
—Deixe-me adivinhar, você estava vendo a cena do lado, como um fantasma.
—Não seja boba, isso é coisa de filme. Como está?
—Me sentindo vazia. Minha mãe...
—Ela ia partir em algum momento, Jenna. Estava muito doente. Acho que só resistiu até hoje, por você. Ela te esperou.
—Por que não me levou até ela antes?
—Não achei que estivesse preparada.
—Pra que? Pra ver minha mãe morrer?
—Isso. Por isso mesmo. Eu lamento muito. Maria era uma boa mulher.
—Ela disse que você é meu padrinho, e que prometeu cuidar de mim.
—Isso é verdade. –Deixou o livro no criado mudo e fez uma careta de dor. Não sei como convenceu os médicos a deixá-lo sair do hospital.
—Por que não me contou antes?
—Por que você não estava pronta. Eu ia contar, mas... Depois que soube sobre sua equipe... –Desviei o olhar. –Achei que não ia me ouvir.
—Não sei como faz essa teia, Red, que prende Lizzy e eu a você... Mas tem que parar. –Ficamos em silêncio por algum tempo.
—A cremação da sua mãe é amanhã. –Olhei pra ele.
—Ela quer ser cremada?
—Sim. E pediu para que espalhasse suas cinzas num belo lugar. Você vai estar lá?
—Vou. Apenas me avise... Estarei lá. –Suspirei. –Tenho que ir. –Fui para a porta.
—Jen. Sobre seu pai... Eu não contaria a ninguém. Seu pai é um criminoso, e se souberem que tem ligação com ele... Haverá repetição da cena em que a acusaram de ser uma espiã. Entendeu?
—Entendi.
Saí o mais rápido possível, querendo esquecer aquele dia, mas ao mesmo tempo guardá-lo na memória para sempre.


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