Todos vão saber escrita por Nanahoshi


Capítulo 1
Não mais


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!

Bom, como dito antes, essa a primeira parte do meu presente de aniversário para a PixelTyrell. E cada nota inicial eu vou citar algumas coisas que gosto dela ou que ela me ensinou. Bom, faz pouco tempo que nos conhecemos, mas logo de cara nos demos muito bem. A daph-chin e alegre e engraçada (por mais que eu não ache isso), e emana uma energia muito, muito boa. Eu me admiro muito com a determinação dela em ser escritora, e eu tenho certeza que ela vai ser incrível!

Espero que goste dessa primeira parte *-* Tudo foi feito pensando no que mais te agrada :3

Boa leitura e Feliz Aniversário diva!



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[Nome] andava pelos corredores dos vestiários com as pernas trêmulas. Já fazia um tempo relativamente grande que Kiyoshi Teppei havia sido carregado por seus colegas para a sala de massagem do ginásio. Ela vira ele cair de exaustão na quadra, e a visão apertara seu coração agitado que esmurrara suas costelas durante todo o jogo da Seirin contra a Yosen.

"Teppei-kun... Será que ele está bem?"

A visão da treinadora do time de basquete seguindo logo depois de Kiyoshi fez segurança e ciúmes se misturarem num redemoinho louco em seu estômago. [Nome] gostava de Riko, elas eram até se tornaram amigas, e ela confiava plenamente que a colega podia cuidar daqueles idiotas fanáticos por basquete. Porém, por outro lado, desde que começara a namorar Kiyoshi, [Nome] descobrira coisas sobre o passado dele e de Riko que não a agradaram muito. Além disso, tinha ainda os boatos...

—Riko...

A voz de Teppei soou arfante atrás da porta à sua direita. A garota estacou bruscamente e apurou os ouvidos.

—Pode ficar comigo mais um pouco? – a voz de seu namorado soou novamente de forma cansada.

O sangue de [Nome] gelou. Seus membros se enrijeceram e até seu diafragma estacou em meio a uma inspiração fazendo-a sufocar. Ela sentiu algo aflorando das profundezas de seu peito, um medo que ela tentara soterrar de todas as maneiras possíveis. Foi impossível impedir que aquela lembrança lhe viesse à tona...

Flashback on

Já fazia três meses que [Nome] estava namorando com Teppei.

Ela havia ido à biblioteca para terminar algumas listas de matemática que ficaram pendentes. Sentou-se numa mesa isolada e pegou seu estojo para começar. Alguns minutos depois, duas garotas se sentaram ao lado dela e começaram a cochichar. A estudante tentou ignorá-las, mas logo uma frase no meio da conversa lhe chamou a atenção.

—... eu achei que o Kiyoshi-senpai e a Riko-san estavam namorando.

A outra balançou a mão para a amiga. [Nome] parou de escrever e prestou total atenção à conversa.

—Não, não... São ex-namorados de acordo com o que eu ouvi falar.

—Ah mas... você nunca viu como o Kiyoshi-senpai é todo protetor com ela? Além disso eles estão sempre muito próximos por causa do time de basquete...

—Você acha que eles ainda se gostam?

A outra assentiu energeticamente.

—Eeeh... Que rolo, hein...

—Não me surpreenderia nada se eles aparecessem de mãos dadas por aí qualquer dia desses.

—Concordo – a menina abriu o caderno e folhou-o aleatoriamente – Eles bem que combinam, não é?

—Muito. – sua companheira abaixara-se para pegar algo dentro da mochila.

Essas duas últimas frases ecoaram como uma maldição nos ouvidos de [Nome]. Ela olhou para a lista de exercícios, mas os números começaram a se embaralhar com as palavras. A única coisa que preenchia sua cabeça era a conversa que acabara de ouvir...

Flashback off

Daquela vez ela lutara contra seus sentimentos e suas suspeitas. Como uma pessoa que odiava fofocas e boatos, ela os refutara completamente de imediato. Era bobagem, aquelas garotas só adoravam espalhar mentiras e intrigas sobre a vida dos outros. Porém, mesmo que seu racional tivesse plena consciência daquilo, algo pequeno e doloroso fora plantado no fundo do coração de [Nome].

A partir daí, ela começou a observar atentamente a relação que Teppei tinha com Riko. Algo de início já incomodara: ele a chamava casualmente pelo primeiro nome e sem sufixo, o que demonstrava um alto grau de intimidade. Nem ela recebia tal honra, sendo chamada sempre por [Nome]-chan. Depois vinha a postura protetora que Kiyoshi assumia quando Riko estava por perto, o que era correspondido igualmente pela treinadora do time de basquete. Ela sempre olhava atentamente para o pivô, sempre vigiando seu joelho lesionado e alerta a qualquer outro problema que o camisa sete pudesse ter.

Era inegável que os dois tinham um laço muito forte. Um laço que [Nome] se recusara a ver por puro medo.

Ela sentiu algo subindo para a superfície, uma verdade que ela tentara esconder por tudo de si mesma quando se dera conta dela. Ela sentiu a fatídica sentença chegar e transbordar pelos seus olhos, manchando suas faces com um caminho aquoso.

Tomando consciência de tudo aquilo, [Nome] percebera que, mesmo depois de um ano de namoro, as pessoas sequer desconfiavam que eles eram namorados. Kiyoshi era um cara gentil e bobão, tratando todos igualmente sem distinção alguma... E isso incluía [Nome] também. Por ser um ano mais nova, ela mal tinha tempo de conversar com ele durante o período das aulas, sem contar que quando o encontrava, ele estava sempre na companhia de algum integrante do time de basquete. Ele a tratava na escola como trataria a qualquer amiga, sem abraços íntimos, beijos de qualquer espécie e nem mesmo palavras românticas. Ele só era assim quando estavam à sós... O que também era raro, já que ele se dedicava tanto para o basquete. O único gesto de atenção e apoio que restara a [Nome] era acompanhar a maioria dos treinos do namorado silenciosamente da arquibancada, vez ou outra indo para o banco dos reservas conversar com Riko.

E agora... isso.

A forma como Kiyoshi chamara Riko naquele quarto, a intimidade em que os dois se encontravam naquele momento... Não havia como negar. Agora ela tinha certeza que Teppei ainda amava Aida Riko.

E ainda havia algo mais humilhante.

Todos especulavam sobre eles serem um casal... E ninguém sequer sonhava que [Nome] e Kiyoshi eram namorados.

Um barulho de algo sendo arrastado despertou a garota de seu devaneio. As lágrimas lhe encharcavam completamente o rosto agora e seus olhos já começavam a apresentar um tom vermelho preocupante. Ela olhou nervosa para os lados para ver se ninguém a observava e saiu correndo, os passos ecoando pelo corredor escuro e frio. No caminho, as lágrimas escorriam para a lateral de seus olhos e se perdiam como pequenos cristais jogados ao vento. Enquanto corria, [Nome] desejou com toda sua força que ao escorrerem, elas levassem junto a humilhação e o vazio que esmagavam seu peito.

*

Não dava para acreditar. Eles tinham realmente conseguido vencer a Yosen!

Depois de cumprimentar o time derrotado, os membros da Seirin se amontoaram trocando soco e abraços. Exausto e aliviado, Teppei se deixou ser puxado pelos colegas de time para a comemoração. Sorrindo e distribuindo tapas e cumprimentos, Kiyoshi se deixou inebriar momentaneamente pela vitória. Foi aí que seus olhos fizeram o costumeiro movimento de procura pela arquibancada. Ele sabia que ela estaria lá, o tronco curvado sobre a grade da arquibancada acenando para ele para depois correr para se juntar à comemoração da Seirin.

Seus olhos castanhos varreram a multidão de pessoas buscando pelo vulto delicado de sua namorada, mas não havia nem sinal dela. O pivô parou de pular com os amigos e fez uma busca mais atenta. [Nome] não estava em lugar nenhum.

"Será que ela já desceu?", ele pensou franzindo a testa. "Bom, ela pode ter ido ao banheiro também... Qualquer coisa eu a procuro depois..."

E com esse pensamento tranquilizador, Teppei deu de ombros e seguiu os colegas de time para o vestiário.

*

Mesmo com todo o tempo que a Seirin levou para se arrumar para deixar o vestário, [Nome] não apareceu. O camisa sete começou a desconfiar que algo de errado havia acontecido, e toda a alegria que a vitória recente havia trazido desapareceu de seu rosto tranquilo. Em silêncio ele se dirigiu para a porta, mas Hyuuga percebeu seu movimento.

—Kiyoshi, onde você vai? – perguntou o capitão levantando uma sobrancelha.

—Ah, eu estou me sentindo um pouco zonzo. Vou tomar um ar antes de irmos assistir ao jogo da Kaijo. – e sem mais explicações, Teppei saiu.

Hyuuga coçou o topo da cabeça enquanto encarava a porta pela qual o amigo havia saído. Izuki aproximou-se e parou ao seu lado.

—O que aconteceu? – garoto dos trocadilhos perguntou.

—Não sei... Mas o Kiyoshi não me parecia muito bem.

—Hmm... Ah. – o armador da Seirin ergueu as sobrancelhas numa expressão de compreensão – A [Nome]-chan não apareceu depois do jogo. Ela sempre vinha comemorar com a gente.

A testa de Hyuuga se vincou.

—É verdade...

Lá fora, Teppei vasculhava todos os corredores do ginásio. Verificou todos os vestiários e até perguntou a algumas garotas se tinham visto uma menina no banheiro de cabelos [tamanho], de cor [tom,cor], [altura], mas elas negaram.

Vários minutos se passaram, e nada de sua busca avançar. Começando a demonstrar um nível anormal de preocupação, Kiyoshi pega seu celular e tenta ligar para a namorada. Ele leva o aparelho ao ouvido e enquanto escutava o "tuuuu-tuuuu" das chamadas, várias perguntas pulularam em sua mente:

"Onde será que a [Nome]-chan está? Ela sempre ia comemorar conosco depois dos jogos... O que aconteceu de errado?".

A ligação finalmente caiu na caixa de mensagens. Ele desligou e tentou novamente. Nada.

O pivô da Seirin soltou um longo suspiro nervoso. Aquilo definitivamente não era normal. Alguma coisa séria tinha acontecido com [Nome], e ele tinha que fazer alguma coisa.

"O jogo da Kaijo já deve ter começado.", ele passou a mão pelos cabelos pensativo. "Vou aproveitar que todos devem estar absortos demais e correr na casa da [Nome]-chan para ver o que aconteceu."

Verificando o corredor no qual se encontrava para ver se não estava sendo observado, Teppei correu para a saída do ginásio e seguiu direto para o metrô.

*

A casa de [Nome] não era tão longe. Ele conseguiria ir e voltar tranquilamente antes que o jogo acabasse. O portão estava aberto como de costume, então ele apenas o empurrou e caminhou com passos firmes até a porta. Tentou tirar a preocupação de seu rosto e preparou um sorriso calmo e amistoso bem típico. Apertou a campainha e aguardou. Passos soaram no interior da casa e, segundos depois, a porta foi aberta sutilmente por uma mulher.

—Oh, Kiyoshi-kun! – a senhora de meia idade parecia surpresa pela aparição do genro.

—Boa tarde, [Nome da mãe]-san! Tudo bem com a senhora? – Teppei sorriu gentilmente para sua sogra.

—Sim, estou bem sim! O que o traz aqui? Pensei que você estaria jogando... Bom, pelo menos foi o que a [Nome] disse.

—É por causa dela que estou aqui, [Nome da mãe]-san! Ela estava assistindo meu jogo, mas quando acabou não consegui encontrá-la. Eu liguei várias vezes no celular dela, mas ela não atendeu. – ele explicou mantendo o sorriso calmo no rosto.

—Ah! Então é isso... Bom, a [Nome] chegou em casa reclamando de um forte mal-estar e foi direto para o quarto.

A expressão calma do jogador de basquete vacilou.

—Mas ela está bem agora!? – ele perguntou elevando um pouco o tom de voz.

A senhora sorriu diante da preocupação genuína do colegial e disse:

—Sim, fui levar um remédio para ela agora há pouco. Ela vai ter que ficar de repouso até amanhã para melhorar de vez.

Kiyoshi suspirou aliviado.

—A senhora precisa de ajuda? Eu posso fazer companhia para ela...

A mulher balançou a mão diante do rosto.

—Não, não precisa, Kiyoshi-kun! Ela logo vai ficar bem. Vocês ganharam o jogo, não foi?

Teppei assentiu com um enorme sorriso.

—Sim, vencemos e passamos para as semifinais!

—Eh, parabéns, Kiyoshi-kun! – sua sogra sorriu – Pode ter certeza que amanhã a [Nome] vai estar novinha em folha para comemorar com você!

Aliviado com as palavras de [Nome da mãe], Kiyoshi riu e agradeceu com uma pequena reverência. Despediu-se e desejou melhoras para [Nome].

No caminho de volta para o ginásio, Teppei sentiu um pequeno incômodo dentro do peito ao se lembrar do súbito sumiço da namorada.

"Realmente, foi muito estranho ela sumir sem me avisar ou avisar alguém da Seirin. Sem contar que ela podia ter me mandado uma mensagem avisando que não estava se sentindo bem e que iria voltar pra casa.", as especulações não paravam de se misturar em sua mente.

"Pode ter certeza que amanhã a [Nome] vai estar novinha em folha para comemorar com você!", a frase de sua sogra soou novamente em sua cabeça, e o nó que começara a se formar em seu peito aliviou.

"Deve ser apenas um dia ruim para a [Nome]-chan. Ela devia estar se sentindo bem mal por isso nem lembrou de me avisar.", suas conclusões começaram a tecer um sorriso genuíno no rosto de Teppei. "É isso aí. Amanhã eu vou encontrá-la na escola e ambos vamos comemorar com os outros a vitória contra a Yosen!".

*

O dia havia começado de forma normal para o camisa sete da Seirin, mas havia algo lhe incomodando. Desde o dia anterior, [Nome] não lhe enviara nenhuma mensagem, nem mesmo de manhã. Ele esperava do fundo do coração que ela estivesse melhor, e não via a hora de comentar com ela sobre o jogo de ontem. Ele chegou à escola e foi direto para a sala do primeiro ano 'B'. Porém, ao chegar lá, não havia sinal de [Nome]. Franzindo a testa, o pivô se aproximou de um grupo de garotas que já vira conversando com a namorada e perguntou:

—Ahm, ohayo! Vocês viram a [Nome]-chan?

As estudantes se viraram brusca e nervosamente para o veterano. Uma delas corou e as outras evitavam olhar nos olhos cativantes daquele gigante gentil. Uma delas finalmente venceu o encanto da presença de Teppei e respondeu:

—A-a [Nome]-chan chegou mais cedo e foi ler. Ela deve estar no jardim da escola.

—Aaah... – o garoto entortou as sobrancelhas de forma pensativa – Ahm, arigatô!

Com um aceno rápido de mão, Kiyoshi saiu da sala dos calouros com seu típico sorriso gentil no rosto. As meninas demoraram alguns segundos para se recuperar da abordagem tão descontraída do veterano.

—O-o Kiyoshi-senpai é tão lindo... – uma delas finalmente soltou.

—Quem diria que ele um dia viria conversar com a gente... – uma outra piscou atônita.

—Mas afinal de contas, o que ele queria com a [Nome]-chan? – a que respondera o veterano apoiou o queixo com as mãos e franziu a testa.

—Ahm...

—Eles são bem amigos pelo que ouvi falar – a primeira que falara respondeu – Não deve ser nada demais...

Enquanto isso, Kiyoshi corria animadamente em direção ao jardim, ansioso para rever a namorada. Como haviam lhe informado, a garota se encontrava debaixo de uma árvore no jardim da escola que ficava próximo ao campo de futebol. Ela trazia um livro apoiado nos joelhos e parecia bastante compenetrada na leitura. O jogador diminuiu o passo e chamou:

—[Nome]-chan!

A colegial sequer se mexeu. Seus olhos continuaram pregados nas páginas de seu light novel. Uma inquietação começa a borbulhar no peito largo de Teppei, mas ele a ignorou.

"Acho que ela não me escutou. Fica tão concentrada quanto está lendo...".

Ele finalmente a alcançou, permanecendo de pé ao seu lado por alguns segundos, observando-a. [Nome] não se mexeu quando a sombra do jogador atenuou ainda mais a luminosidade do sol que se infiltrava através das folhas da árvore.

—[Nome]-chan. – ele chamou agachando-se ao lado dela.

Novamente, a menina não respondeu nem reagiu. Kiyoshi começou a ficar preocupado, sua testa franzindo com sua preocupação iminente.

—Está tudo bem? – ele perguntou tentando soar calmo e descontraído.

—Está. – a resposta da garota foi brusca e seca, pegando o pivô da Seirin de guarda baixa.

[Nome] virou uma página e continuou a ler.

Sentindo o estômago borbulhar levemente com o nervosismo, Teppei observou a namorada por alguns segundos em silêncio. Sua mente começou a trabalhar furiosamente em busca de algo que ele pudesse ter feito errado, mas nada lhe ocorria. Engolindo um seco e com o máximo de cautela, Kiyoshi perguntou gentilmente:

—Aconteceu alguma coisa, [Nome]-chan?

A testa da garota se franziu numa nítida expressão de raiva.

—Não estou muito a fim de conversar, Kiyoshi.

Ops.

Ela havia usado o sobrenome dele, o que não era um bom sinal. Ele respirou fundo e deixou a preocupação esboçar-se em seu rosto. A garota continuou lendo com os olhos trêmulos de irritação. Ela passou mais uma página com um pouco mais de força do que o necessário.

—[Nome]-chan... – ele tentou passando os dedos desajeitadamente pelo cabelo – O que foi que aconteceu? Foi algo que eu fiz?

A estudante apenas bufou e se arrastou um pouco na grama para longe de Teppei. Ele fez menção de se reaproximar, mas a voz da garota o impediu:

—Eu já falei que não estou a fim de conversar. Vai embora.

Teppei jamais ouvira [Nome] falar daquela forma com ele. Seu estômago começou a dar voltas por causa do nervosismo. O que tinha acontecido? O que ele tinha feito?

—[Nome]-chan... Por favor, fala comigo. Eu quero te ajudar! – ele estendeu o braço para tocá-la mas a garota se levantou bruscamente e fuzilou-o com o olhar.

—Será possível que não pode me deixar ler em paz!? – ela berrou com a voz transbordando irritação.

Bufando, a colegial levantou-se, deu as costas para o namorado e marchou a passos firmes de volta para o prédio da escola. Entretanto, mal começou seu trajeto, uma mão forte e grande agarrou-lhe o braço. [Nome] voltou os olhos para trás chocada e enfurecida. Teppei a segurava com uma expressão repleta de preocupação e dor.

—Me larga! – ela ordenou com os olhos começando a encher d'água.

—Você realmente não vai me falar o que houve!? – a voz dele estava carregada de tristeza, mas nem isso afetou a garota.

Ela puxou violentamente o braço, livrando-o do aperto do jogador da Seirin.

—Não, Kiyoshi. Eu não vou te falar o que houve porque nada aconteceu! Nada, desde que começamos a namorar!

O estudante deixou o braço cair debilmente ao lado do corpo e olhou confuso para a namorada. Lágrimas grossas brotaram do canto dos olhos de [Nome] e escorreram impiedosamente por seu rosto.

—Desde o começo do namoro... É como se nada estivesse acontecendo entre nós dois. Você me trata como se eu fosse mais uma colega sua, me trata como qualquer outro por aí. Quando foi que você me abraçou em público? Quando foi que me deu um beijo de bom dia na frente dos meus colegas?

Ela cuspia todas as verdades juntamente com o choro que rasgava sua garganta depois de tanto tempo sufocado. Teppei estava imóvel, completamente estuporado pelas palavras da namorada.

—E ainda tem a Riko... Ela já foi sua namorada, e você nem se deu o trabalho de me contar! Eu tive que ouvir isso da boca de duas fofoqueiras na biblioteca que ficaram especulando se vocês ainda não estariam juntos! Você tem noção o quanto foi humilhante!? Elas sequer sonhavam que a garota que estava sentada na mesa ao lado era a atual namorada de Kiyoshi Teppei.

As verdades ditas por [Nome] estavam saindo de forma tão violenta e dolorosa que Teppei esquecia-se várias vezes de respirar durante o discurso da garota. Ver aquele rosto dócil normalmente cheio de alegria contorcido pela raiva e pela humilhação era o pior golpe para o coração de ferro do pivô da Seirin. Sim, era o pior golpe porque a culpa de tudo aquilo, de todas aquelas coisas ruins cravadas no rosto de [Nome]... Era dele.

—E pior do que você ter me escondido isso... – a garota esfregou os olhos furiosamente e mordeu o lábio inferior como se estivesse se preparando para proferir uma maldição - É ter me dado conta o quanto você ainda é ligado a ela. A forma como vocês dois agem um com o outro, você com uma postura protetora perto dela, ela sempre se preocupando com sua saúde física durante os jogos... Sem contar que ela é a única garota que você chama pelo primeiro nome. Nem eu, sua namorada, tenho essa honra. Você sempre coloca a droga do "chan" no final.

Kiyoshi permanecia exatamente da mesma forma que começara a ouvir o desabafo. Parecia estar contendo seus sentimentos, mas por dentro de seu peito, uma tempestade assolava suas costelas roubando-lhe o ritmo da respiração. Seus dedos formigavam, desesperados por envolver o corpo pequeno de sua namorada e confortá-la, tirar todos aqueles sentimentos ruins de dentro dela e dizer que tudo iria dar certo. Mas, daquela vez, ele não poderia fazer nada daquilo.

A garota tentava tomar fôlego e controlar o tom de voz, mas era impossível impedir a tremedeira que assolara seu corpo. Respirando fundo três vezes, ela baixou os olhos para o chão e prosseguiu:

—Eu ouvi... Você e Riko no vestiário no último jogo... Você pediu pra ela que ela ficasse mais um tempo com você... – ela deu uma risada amarela – Eu fiquei congelada do lado de fora como uma idiota, me perguntando por que você tinha pedido aquilo para Riko, se sabia que eu iria atrás de você. Quando foi que eu deixei de te seguir até o vestiário depois de um jogo ou quando algo acontecia? Quando foi que eu te deixei sozinho quando você precisava!?

Ela olhou com ódio diretamente nos olhos castanhos vidrados de Teppei. O rosto do jogador estava completamente em branco, congelado numa expressão perdida. Ele foi completamente incapaz de responder.

O silêncio se arrastou como a sombra de um fantasma melancólico entre eles, e a distância que separava seus corpos parecia aumentar cada vez mais na forma de um abismo. Ao perceber que o garoto não iria responder, [Nome] riu com tristeza.

—Acho que você nem precisa responder para que eu saiba. Você ainda gosta dela, Kiyoshi. Você ainda ama a Riko. Eu não tenho problema com isso, só acho que você não deveria ter se envolvido com outra pessoa enquanto ama outra.

Um nó doloroso se formou na garganta de Teppei quando ele percebeu aonde [Nome] chegaria com aquela conversa. Ele tentou se mexer, dizer algo para que não culminasse naquilo, mas seu corpo não obedecia. A culpa o esmagava e o petrificava.

—Me desculpe, Kiyoshi, mas eu me cansei. Tudo o que aconteceu, a forma como você me trata... Cansei de não passar do seu "segredinho". Acabamos aqui.

E dizendo isso, [Nome] se virou sem cerimônia e seguiu seu caminho para o prédio da escola.

Teppei não disse nada, não moveu um dedo sequer. Ficou olhando as costas da garota que amava enquanto ela se distanciava, a culpa cavando um buraco fundo e doloroso em seu peito largo. Nem em pensamentos o adolescente conseguiu formular algo que expressasse o que ele sentia naquele momento.

Do vazio, uma dor se arrastou para a lateral do buraco, agarrando as bordas doloridas para se içar para fora e se espalhar como veneno por toda a extensão de seu corpo.

Ao longe, o sino soou sinalizando o início das aulas, e o som ecoou no oco do peito de Kiyoshi Teppei.


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Notas finais do capítulo

O que achou daph-chin?? Está do seu agrado u.u? AUHSUAHSUHHAS E vocês leitores? O que acharam? Acham que é um bom presente? Hihi, esperam que tenham gostado! Ah, e não vale comentar sem dar os parabéns pra Daph-chin weee o/ Até o próximo capítulo!



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