Nada pra mim escrita por ReMione


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Os direitos autorais (personagens e universo HP) pertencem à diva Tia JK.



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Scorpius

Sabia que Shelby não me desapontaria. Em 15 minutos tínhamos um banquete americano na Mesa de Reunião dos monitores.

Anéis de cebola de entrada, um belo hambúrguer artesanal com batatas-palito fritas, cerveja para acompanhar e sundaes de sobremesa.

Rose comia como se não tivesse visto comida há tempos. Pensando bem, dada a situação que ela se encontrava, não duvidava que ela tivesse andado sem muito apetite mesmo.

— E aí? Gostou? - Perguntei, já sabendo a resposta.

— E tem como não gostar? Afinal, de onde veio essa comida toda? - Ela, sendo autenticamente Rose, não estava se aguentando para perguntar.

— Um dos hotéis da rede do meu pai não fica longe daqui. Shelby vai até lá quando quero comer algo diferente.

— Rede de hotéis?! Isso é uma coisa tão... - Ela de repente ficou parada pensando. - Tão trouxa!

— E daí?

— Malfoy e trouxa são duas palavras que não combinam.

— Só no seu mundo, Rose. - Ela estava começando a me cansar.

— Não precisa gritar! - Eu sequer percebi que tinha gritado.

— Desculpe. É que... Rose, eu sei que você está vivendo seu próprio drama. Mas você poderia entender que o mundo não gira em torno do seu umbigo!

— O que eu fiz? Pra você me ofender assim, Malfoy?

— Rose, você é esperta o suficiente. Por que raios eu tenho a sensação de que estou tentando ter uma conversa civilizada com Ronald Weasley, o que é obviamente impossível?

— Bom, insultar meu pai não vai me atingir no momento. - Eu olhei para ela com cara de espanto. - Seu bobo! - Ela estava fingindo me bater? E de repente caindo no riso?!

— O que é tão engraçado?

— Eu realmente pareço meu pai! - Lágrimas caíam dos olhos dela enquanto ela ria. - Me desculpe, Scorpius.

— Você está falando sério?

— Sim. Você só tem me tratado bem, especialmente hoje. Esse almoço... é perfeito! Eu devia estar no mínimo tendo uma conversa cordial com você, não te tratar como meu pai faria. - Racional.

— Hmm... Okay?

— Deixe de ser desconfiado. Você tem razão. Não é possível que isso seja tão estranho de se escutar!

— Vindo de você, Rose Jean Granger-Weasley?!

— Achei que estivéssemos dando uma trégua... Scorpius Malfoy!

E, assim, do nada, começamos a rir juntos.

Tinha esquecido de que ela era uma das garotas mais bonitas de Hogwarts. E, de repente, tudo que eu conseguia pensar era em como o sorriso dela era bonito e os olhos tão azuis.

Chacoalhei minha cabeça, tentando tirar aquele pensamento dali. Tudo que eu não precisava era de uma súbita atração por uma garota mais problemática que eu.

— Scorpius, tá tudo bem? - A voz dela estava alegre demais. Foi quando eu notei que as garrafas de cerveja vazias se amontoavam.

— Então... você gostou da cerveja?

— De onde você trouxe? Isso é muito bom! - Definitivamente alegre demais.

— Do mesmo lugar de onde veio a comida. - Na verdade, eram cervejas artesanais, da minha própria adega. Mas isso ia parecer esnobe demais e ela iria detestar uma resposta assim. - Agora venha que você já bebeu além da conta.

— Claro que não! Estou ótima. - Ela falou com indignação.

— Sim. E eu quero que você continue ótima. - Sabia que não iria adiantar argumentar com ela.

— Deixa de ser chato!

— Não estou sendo chato. Só estou te impedindo de acabar me odiando no primeiro dia que estamos "sozinhos" em Hogwarts. Porque é isso que vai acontecer se você beber demais.

— Aff! - Ela levantou da mesa bufando e cruzou os braços, como uma criancinha mimada.

— Já que você não pergunta, vou te contar mesmo assim. - Disse, puxando ela da sala. - Vou te mostrar meu álbum de família.

Sim, eu estava levando a Princesa Weasley para o meu quarto. E, por incrível que pareça, sem nenhuma segunda intenção.
Ou quase nenhuma.

— Damas primeiro. - Eu disse, abrindo a porta do meu quarto na Casa dos Monitores.
Ela me olhou desconfiada.

— Eu não vou entrar no seu quarto!

— Rose, deixa de bobagem. Não estou te lavando pra minha cama... - Ela corou. 'A menos que você queira...' Mas essa parte eu achei por bem falar só na minha cabeça.

— O que eu faria aqui?

Eu apontei minha varinha para a lareira e acendi a fogueira.

Na Casa dos Monitores, cada um tinha seu quarto individual. Um quarto grande, com espaço pra lareira, escrivaninha, sofá e um banheiro próprio, além obviamente da cama. Muito mais confortável do que aqueles dormitórios divididos e apertados...

Ela entrou ressabiada e se sentou na poltrona perto do fogo. Começou novamente a encarar as chamas. 'Será que ela conversou com mais alguém além da avó ontem?'

— Respondendo à sua pergunta... - Chamei a atenção dela. Não queria que ela entrasse naquela depressão que estava pela manhã. - Vou te mostrar meu álbum de família e te provar definitivamente que eu não sou nenhum filho de chocadeira... - Essa última frase saiu com certo tom de mágoa, mesmo que não tivesse sido a minha intenção.

— Desculpe se te deixei pensar isso. - Ela parecia sincera. - Quem sou eu pra julgar qualquer coisa? Olha só pra mim! - E começou a chorar...

Ai meu Merlin! Enquanto pegava meus porta-retratos e o álbum que Vovó Cissy tinha feito pra mim no ano anterior, aproveitei para pegar alguns lenços extras e ofereci o meu a ela.

Ela rapidamente enxugou as lágrimas. - Obrigada. E me desculpe... O que tem aí nas suas mãos? - Mulheres e sua curiosidade.

— O que você quer ver primeiro? - Perguntei, sentando ao lado dela e colocando as fotos no colo e na pequena mesa à frente.

Ela foi pegando alguns porta-retratos.

— Esse? Seus pais?

— Sim.

— Sua mãe é bonita...

— Claro que é. Como você acha que eu sou tão bonito assim?

— Bom, seu pai já é bonito o suficiente. Até minha mãe admite isso. - Okay, ela nem tentou negar. Estranho, mas ela realmente estava mais 'soltinha' que o normal depois do nosso almoço.

Ou assim eu preferi acreditar. Era melhor do que pensar que ela estava dando em cima de mim.

Ela continuou a analisar a foto, e me analisar.

— Você tem os olhos azul-escuros de sua mãe, os dos seu pai são acinzentados.

— Sim.

— Seu sorriso também é igual ao dela... Na verdade, acho que essa é a primeira foto que vejo do seu pai sorrindo. As poucas vezes em que ele aparece, está carrancudo.

— Sim, ele não gosta de mídia. Muito menos a inglesa.

— Por que?

— Porque o pintam feito o diabo. E a opinião pública gosta dele como vilão: o cara rico, frio e calculista, que conseguiu se safar da condenação.

— Ele não 'se safou'. Ele fez a parte dele.

— Sim, mas quase ninguém sabe disso.

— É... Faz sentido. Depois que Voldemort foi derrotado, e quase todos os Comensais foram condenados à morte...

— Inclusive o pai dele.

— Sinto muito.

— Pelo meu avô?

— Sim.

— Não sinta. Meu pai o odiava e acha mais do que justo que ele tenha morrido. Ela só não fala isso na frente de todo mundo porque minha avó ficava magoada.

— Foi por isso que ele mudou de país?

— Também. Na verdade ele tinha 18 anos quando perdeu o pai e herdou toda a fortuna dos Malfoy e de mais duas famílias puro-sangue que não deixaram herdeiros. Ele foi estudar numa escola americana de negócios porque teve de assumir tudo e não teria paz para estudar aqui na Inglaterra.

— E sua mãe? É americana?

— Inglesa. Os pais dela eram Comensais na Primeira Guerra, mas não queriam que as duas filhas participassem daquilo. Se mudaram para os Estados Unidos com as duas, e morreram logo no início da Segunda Guerra. Minha mãe e minha tia também tiveram que assumir uma grande quantia de dinheiro muito jovens. Meu pai já as conhecia, mas ficou mais próximo porque estudaram juntos em Nova York.

— Qual o nome dela mesmo?

— Astoria Greengrass, quando solteira.

— E você nasceu logo depois?

— Sim. No baby boom bruxo. Ela se casou grávida. - Mais clichê impossível.

— E você não tem nenhum irmão, né?

— Não. - E peguei um outro porta-retrato para mostrar a ela. - Só minha prima Suzie. Antes de eu vir para Hogwarts, nós sempre estudamos juntos.

— Essa foto não se mexe...

— É trouxa. Foi tirada na festa de um de nossos amigos de colégio, nas últimas férias.
— Por que ela não veio para Hogwarts?

— O pai dela é americano. Ela nem recebeu a carta de Hogwarts. Foi para Salem.

— Lembro de você dizer que seu pai também não queria que você viesse pra cá.

— Não queria mesmo. Ele criou uma vida para nossa família lá nos Estados Unidos para que nossa família não precisasse retornar à Inglaterra e ficar sofrendo eternamente com os efeitos colaterais dos erros do meu avô Lucius, de Vildemort e de tudo mais que envolveu as Guerras. Eu meio que briguei com ele para poder vir para cá... Era como se estivesse desdenhando de todo o trabalho que ele teve nos últimos anos para proteger nossa família. Ele parece carrancudo, mas é um pai muito carinhoso. Foi a primeira vez que realmente brigamos.

— E por que você fez tanta questão de vir para cá então?

— Um pouco porque Vovó Cissy sempre falava saudosamente dos tempos dela em Hogwarts. E também porque queria desfazer essa má fama dos Malfoy na Europa, principalmente na Inglaterra. Nessa última parte não consegui muita coisa, você mesma é prova disso. - Ela abriu a boca para tentar me desmentir, mas acho que percebeu que  não conseguiria falar nada verdadeiro. - Mas não me arrependo de ter vindo.

— É por causa da sua família que Shelby veio?

— Sim. Minha mãe fez um trato com a Diretora MacGonagall para deixar que Shelby ficasse aqui, já que eu estaria tão longe de casa e de toda a família.

— E como você e seu pai estão agora?

— Tranquilos. Quer dizer, ele ficou bem abalado com a doença e depois  com a morte da minha avó... Antes disso estávamos bem. Ele pediu que eu ficasse mais perto quando Vovó descobriu que estava doente, mas ela mesma me pediu para continuar em Hogwarts. As coisas ficaram estranhas entre eu e ele de novo. Depois que Vovó se foi, ele ficou um pouco desnorteado com tudo, não só comigo. Mas minha mãe disse que não é nada muito preocupante, que ele vai ficar bem. Acredito nela. Eu também me sinto um pouco desnorteado, mas sinto que as coisas vão ficar bem, inclusive entre nós dois. - Fiquei em silêncio durante um tempo e ela inesperadamente me abraçou.

 


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