Nada pra mim escrita por ReMione


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Os direitos autorais (personagens e mundo HP) pertencem à diva Tia JK.



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Scorpius

Eu estava comendo meu café da manhã sem muita animação.

Logo que cheguei, olhei para as poucas pessoas na mesa e nenhuma delas era interessante o bastante para merecer minha companhia.

Nunca pensei que fosse dizer isso, mas Rose Weasley era a única pessoa naquele castelo com quem eu queria passar meu tempo.

Quando ela entrou no Salão Nobre, me olhou, esboçou o que poderia ter sido um sorriso e deu um leve aceno. Pelo menos ela teve a decência de me cumprimentar antes de correr para o lado oposto da mesa.

Embora eu soubesse que ela tinha lá suas razões para não querer ficar perto de mim, eu senti uma pontada de desapontamento.

Ela passou os próximos minutos encarando a comida em seu prato sem colocar nada na boca, exceto pequenos goles de suco na taça a sua frente.

A diretora centenária em algum momento pediu a palavra e começou um discurso vazio e deprimente sobre as festas de fim de ano. No fim, ela anunciou que os alunos estariam liberados para um passeio em Hogsmeade nos próximos dois dias.

Pela primeira vez naquela manhã, vi Rose sorrir de verdade. E lá estava eu, novamente, pensando em como ela ficava bonita quando estava sorrindo.

Decidi me levantar logo da mesa e me poupar da humilhação de ter de ficar olhando para uma garota que claramente me evitava. Eu tinha mais dignidade do que aquilo.

Saí apressado pelos portões de Hogwarts rumo à vila bruxa. Não tinha ideia do que faria lá: já tinha encomendado todos os presentes e cartões de Natal. Além disso, não estava no melhor humor para aguentar vendedores falando na minha cabeça.

Andava pelas ruelas a esmo tentando não pensar nos assuntos que me chateavam. O que foi um total insucesso.

Decidi ir ao pequeno restaurante que tinha sido aberto no mês anterior. Era um pequeno estabelecimento, o único em Hogsmeade que servia uma comida americana decente.

Acabei passando o fim da manhã e boa parte da tarde por lá, assistindo a algumas partidas de futebol americano e baseball.

Voltando para o castelo, avistei-a. Cheia de sacolas, fazendo um caminho tortuoso na neve.

— Ei, espera! - Gritei.

— Ai! - Ela soltou um grito e se virou. - Não me assusta assim! Eu não consigo pegar minha varinha com isso! - Ela sacudiu as sacolas que ocupavam os dois braços.

— Me dá isso aí, vai! Eu carrego pra você.

— Tem certeza? - Ela me olhou incrédula.

— Passa. Antes que eu me arrependa. - E ela sorriu. O que eu não faria por um sorriso dela ultimamente?

— Aqui. - Ela disse, me passando umas vinte sacolas. - Obrigada.

Caminhamos algum tempo em silêncio. Ela encarava o chão. Eu examinava o conteúdo das sacolas.

— Você vai dar um sapato de presente para cada membro da sua família... É isso mesmo? Achei que você fosse mais criativa. - Eu disse, tentando descontrair.
— Não, não são presentes. Esses aí são para mim mesmo. - Ela respondeu o que eu já sabia, corando.

Eu comecei a rir um pouco.

— Qual a graça? - Ela fez uma cara de brava.

— Então seu fraco são sapatos?

— Como assim?

— Bom, toda mulher tem seu fraco. Minha mãe compra vestidos demais, Tia Daphne compra sapatos demais, Vovó Cissy tinha muito mais jóias do que conseguia usar, Suzie é surtada com maquiagem e perfumes... E por aí vai.

— Bem, definitivamente eu sou do time da sua Tia Daphne. Mas nunca conta pra minha família que eu admiti isso tão facil, ok?

— Ok.

E rimos juntos. O primeiro momento de descontração.

— Mas você não fica atrás!

— Desde quando você repara nos meus sapatos? - Olhei pra ela descrente.

— Não seus sapatos exatamente. Você tem sua quedinha por comprar coisas caras, obviamente.

— Sim, mas não saio comprando por aí mais coisas do que consigo usar. E mais da metade do meu guarda roupa sequer fui eu quem comprou! - Eu falei, na defensiva.

— Ahan.

— Sério!

— Ahan. - Ela falou de novo, com voz cética.

— Okay, talvez eu tenha mais ternos do que o necessário... Mas, em minha defesa, é porque bruxos não usam muito esse tipo de roupa. Em Nova York eu sempre uso.

— Sabia, seu metrossexual!

— Culpado. Se sente melhor agora?

— Sim. Você admitindo que não é perfeito é algo estranhamente bom de se ouvir.

— Por que? Só você pode ser perfeita? - Eu disse com certa revolta.

— Eu não sou nada perfeita!

— Mas vive tentando ser...

— De onde você tirou isso?! Eu sou tudo menos perfeita! - Ela parou de caminhar e me encarou. Parecia prestes a explodir.

— Okay. Se você diz, quem sou eu para contestar...

— Detestei a ironia. Vamos só mudar de assunto, tá?

— Sim.

— E seus presentes de Natal?

— Todos encomendados e a caminho. Desde o início do mês. Vim aqui hoje só pra passear.

— Ah, claro! Tinha esquecido que estou falando com o Sr. Perfeição, que nunca deixa nada pra última hora.

Preferi não discutir. Aquele papo de perfeição deixava Rose nervosa demais.

Voltamos a caminhar em direção ao castelo num silêncio completo.

Quando os portões da entrada de Hogwarts já estavam à nossa vista, eu decidi trazer o assunto da noite anterior à tona.

Eu tinha completa ciência de que não era o melhor momento, mas eu não sabia se ela me daria outra chance de falar isso.

— Rose, me desculpe.

Ela parou de súbito e se virou em minha direção.

— Te desculpar pelo quê?

— Por ontem à noite. Por ter te beijado e enfim... Não deveria ter feito aquilo. Me desculpe.

— E por que você não deveria ter feito aquilo? - Definitivamente não era o questionamento que eu estava esperando vir dela.

— Como assim?

— Sinceramente, Scorpius, você não precisava pedir desculpa por nada de ontem à noite. Você não me obrigou a fazer nada. Assim como não era obrigado a continuar seja lá o que estávamos fazendo... - Ela respondeu nervosa.

— Então por que essa raiva repentina?

— Você não acha um pouco ofensivo virar para uma garota depois de se esfregar com ela e dizer que "não deveria ter feito aquilo"?

— Eu não estou te ofendendo!

— Sim, você está! - Ela começou a falar histericamente. - Não deveria ter me beijado por quê? Por causa do meu sobrenome? Porque, ao contrário das suas outras, eu não sou exatamente uma modelo de revista masculina de entrenimento? Fique sabendo que é muito ofensivo você me diminuir assim!

— Ahn? De onde você tirou isso?

— Scorpius, não se faça de desentendido. Você sumiu daquela sala numa rapidez incrível. Eu não sou burra, sabe? Você não gostou do que provou e se mandou! Você tem todo direito de não gostar, mas ficar esfregando isso na minha cara depois é babaquice demais. Até pra você!

— É isso que você acha que aconteceu?

— E não é? - Ela perguntou, em tom desafiador.

— Você estátá falando sério? - Sempre admirei Rose Weasley pela sua autoconfiança. Eu não estava acreditando naquele surto de autodepreciação que estava se passando em minha frente. - Pra quem diz que não é burra, sinto lhe desapontar, mas você entendeu tudo errado.

— Ah! Como se não bastasse todas as ofensas que você fez, você vem me chamar de burra!

— Não pretendi te ofender em momento algum e simplesmente estou dizendo que você tirou suas próprias conclusões de uma forma bastante equivocada.

— Então o que eu deveria ter entendido Scorpius? - Ela perguntou impaciente.

— Eu não saí daquela sala porque eu não estava gostando. Eu saí porque eu estava gostando demais. E eu sabia que não ia conseguir parar as coisas se não saísse de lá enquanto ainda tinha o mínimo de controle...

Ela me olhou, cética.

— Sinceramente, Rose... Como você acha que teria sido se eu te deixasse arrancar minha roupa, se eu arrancasse a sua e nós tivéssemos transado ontem? Iríamos fazer o que depois? Dormiríamos agarradinhos, acordaríamos contentes, sem nenhum arrependimento, e agiríamos como se nada de mais tivesse acontecido?

— E por que não?

— Não sei você, mas eu já tive uma cota de sexo casual o suficiente para saber que as coisas em geral não são tão simples como queremos e... - Eu parei de súbito. Se ela tinha distorcido toda uma situação a ponto de se sentir profundamente ofendida, ela provavelmente não iria assimilar muito bem o que eu estava prestes a falar.

— E o quê, Malfoy?

— Você é princesinha demais. Garotas assim não se dão muito bem com sexo casual. Só isso.

Ela riu com deboche.

— Então seu medo era de que eu me apaixonasse por você feito uma garotinha de 11 anos? - E soltou mais umas risada debochada. - Pode ficar tranquilo, Malfoy. Eu não me apaixono com muita facilidade. - Ela continuou, com a voz seca.

E assim eu consegui reconhecer a confiante Rose Weasley, esperta o suficiente para não se iludir com facilidade.

Fiquei contente em vê-la de novo assim. Mas aquela mágoa, de que Rose nunca foi para o meu bico e provavelmente nunca seria, continuava me invomodando lá no fundo.

— Me dá essas sacolas. Eu consigo levar sozinha.

— Eu disse que eu levaria e eu vou levar. - Respondi, como se entregar as sacolas para ela fosse ferir meu orgulho.

— Aff! Deixa na Sala da Casa dos Monitores então. Depois eu pego. Obrigada pela ajuda.

Ela se apressou em atravessar os portões de Hogwarts, mas, em vez de rumar para o castelo, foi em direção à Floresta Proibida. Fiquei observando enquanto ela se afastava.

Tudo que eu não precisava era de ter de resgatar Rose perdida na Floresta depois de um acesso de raiva.

Mas ela parou logo na entrada e começou a desajeitadamente subir em uma das árvores. Quando vi que ela estava parada sentada em um dos galhos, entendi que não havia perigo ali.

Decidi então entrar para o castelo e deixá-la quieta com os próprios pensamentos.


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Notas finais do capítulo

É isso por hoje. Beijos!



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