Esconde-esconde escrita por Star


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Deu vontade de fazer algo fofo



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Hinata olhou, nervosa, pros sete pares de pés descalços — alguns bem sujos — que estavam na sala da sua casa. Não era sempre que os garotos da escola resolviam ir brincar ali, principalmente por causa das broncas que seu pai dava pelo barulho, mas todos sabiam que o senhor Hiashi viajou para resolver negócios em uma vila vizinha e a casa dos Hyuuga era a maior da região.

Enquanto os meninos tentavam energeticamente decidir do que iriam brincar Hinata suava frio, em seu corpinho de criança, tentando intervir nas escolhas que poderiam acabar destruindo a casa.

— Já sei! — Gritou Naruto, o loirinho, com um sorriso enorme na cara. — Vamos brincar de luta!

— A-ah eu acho que...

— Né, Naruto, isso não é só uma desculpa pra vocês meninos ficarem se dando pontapés? — Reclamou Sakura, a mais mandona da sala. — Eu não vou brincar disso. Se eu quisesse ver alguma coisa do tipo ficava assistindo as galinhas lá do quintal se bicando.

— Quem foi que chamou a chata da testuda, afinal? — Bufou Ino, de braços cruzados.

— Ei, quem foi que te perguntou alguma coisa aqui, Porca-Ino?

— Me-meninas, calma, por favor...

— Vamos apostar corrida! — Recomendou Lee, o garotinho do cabelo de cuíca que andava atrás do professor Guy a maior parte do tempo.

— S-só cuidado pra não qu-quebrar...

— Não tem graça fazer corrida, todo mundo sabe que você corre mais do que o Naruto quando vê comida.

— Vamos brincar de guerra ninja — sugeriu Sasuke, com um sorriso maldoso. — Até a morte, é claro.

— M-mas só cuidado pra...

— Ei, vocês!

Todos se calaram. Em cima da mesa estava Neji, de braços cruzados, a testa franzida, exalando toda a autoridade dos seus vastos oito anos. Cuidadosamente pisando apenas em cima dos porta-copos, é claro.

— Não vamos fazer nada que possa danificar a casa, entenderam? — Ele bronqueou e todos assentiram, devagar. — Nada de guerra, briga, corrida, ou qualquer coisa que possa quebrar algo aqui dentro. O primeiro que desobedecer sofrerá as consequências e será declarado inimigo pessoal da família Hyuuga. Entendido?

Hinata suspirou, aliviada. Nunca conseguiria exprimir toda a feracidade do primo, mas enquanto o tivesse por perto conseguiria se livrar de encrenca. Um muxoxo veio do meio do grupinho de crianças.

— Vamos brincar de quê, então? — Resmungou Shikamaru, que já não estava muito a fim de estar ali em primeiro lugar.

— Ah! Podemos brincar de esconde-esconde — sugeriu Sakura. — Alguém fica contando até trinta e os outros se escondem, depois a pessoa vem nos procurar.

Todos concordaram, inclusive Hinata, alegre. Parecia uma brincadeira inofensiva e não-quebradora-de-coisas.

— Quem vai procurar primeiro? — Foi a questão levantada.

— Qualquer um menos o Naruto — matutou Sasuke.

— Ore? Por que eu?

— Porque você não sabe contar.

Uma pequena briga entre os dois se iniciou, terminando com Naruto contando números virado pra parede, para provar que sabia, sim, contar até um milhão se quisesse.

Todas as crianças correram para se esconder na enorme mansão Hyuuga que tinha milhares de opções de esconderijo. Todas, menos Shikamaru, que aproveitou a oportunidade pra ir embora de fininho tirar uma soneca em casa, porque aqueles garotos eram perturbados demais pra ele querer gastar energia ali.

Hinata foi até os quartos. Se esconder no próprio quarto parecia bobo, Hanabi jamais a perdoaria se entrasse no dela e sequer se atrevia a pensar em entrar no quarto do pai sem autorização. Mas talvez pudesse se enfiar num dos quartos de hóspedes. Na ponta do pé entrou no quarto escuro e se enfiou debaixo do cobertor fofo e gigantesco, até esbarrar em algo que parecia um travesseiro, mas quando cutucado, respondeu:

— Tem gente.

Hinata quase gritou de susto, mas uma mão tapou a sua boca na escuridão para que ficasse quieta.

— Ssssh.

Do lado de fora, Naruto já passava pela casa na sua busca. Deveria ter demorado mais tempo, mas o loiro tinha se distraído pensando em comida quando estava lá pelo número seis e resolveu começar logo com a coisa.

Quando os olhos da garota se acostumaram com a escuridão ela reconheceu Neji, seu primo, debaixo do cobertor ao seu lado. Ele devia ser extremamente rápido para ter se enfiado ali primeiro sem ela ver. Quando o som dos passos de Naruto diminuiu, Neji removeu a mão da sua boca e Hinata falou, baixinho:

— Neji-nii, eu vou procurar outro lugar, desculpa...

— Não seja boba — ele bronqueou. — Fique. Eu posso esconder você aqui.

Hinata concordou com a cabeça. Ela sabia o quanto Neji era cobrado a protegê-la, por causa da coisa das suas famílias. Sabia que era um peso para o primo e se sentia culpada por isso. Mas, às vezes, só às vezes, quando seus pais não estavam por perto, ele parecia fazer as coisas não por obrigação, mas por vontade. Como se apesar de tudo ele ainda quisesse ser gentil com ela. Como um irmão mais velho.

Ouviam o som de passos correndo pela casa e os gritos de Lee comemorando por conseguir bater seu nome mais rápido que Naruto.

— Neji-nii... — sussurrou.

— O que, Hina? — Neji olhou para a prima para encontrá-la com o rosto mais vermelho que o normal e a boca ameaçando espirrar a qualquer instante.

— Eu vou... Vou...

— Dá pra segurar?

Hinata balançou a cabeça, enfaticamente. O som de passos recomeçou do lado de fora, extremamente perto. Se ela espirrasse seriam pegos, certeza. E ela espirraria a qualquer instante.

Neji agiu antes de conseguir pensar sobre o que realmente estava fazendo. No segundo seguinte, a vontade de espirrar de Hinata tinha desaparecido por completo, tomada pelo susto do que aconteceu. O primo pressionou a boca gentilmente contra a sua, num toque meio úmido, meio quente. Todo o fôlego da pequena Hyuuga desapareceu na hora.

Os passos sumiram de novo. Neji se afastou, sem conseguir escutar com atenção, já que tinha agido tão por impulso que acabou se atrapalhando inteiro.

“Desculpe” ele tentou sussurrar pro rosto vermelho da prima, mas antes que pudesse ela espirrou tão alto que fez a casa inteira tremer.

— ENCONTREI VOCÊS!!!!!!!!!!! — Gritou Naruto do lado de fora enquanto se aproximava rápido como um foguete.

— Droga — Neji resmungou, cheio de adrenalina. — Fique aqui, Hinata.

— Não!

— Não se preocupe — ele sorriu. — Eu vou distraí-lo.

O primo pulou para fora da cama e Hinata ouviu os berros e os passos pesados de Neji e Naruto pelo corredor. Permaneceu imóvel, debaixo do cobertor gigantesco, com o rosto num vermelho escaldante tanto pelo beijo quanto pelo espirro e pelo ato heroico do primo para lhe salvar. O primeiro de muitos em toda a sua vida.

Mais tarde Hinata foi encontrada, mas depois de duas horas procurando por Shikamaru as crianças decidiram desistir do jogo. Todas menos Naruto, que continuou a procurar por uns dois dias seguidos, até encontrá-lo cochilando na sala de aula na segunda-feira.


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