Você gosta de estrelas? escrita por Marzipan


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Eu não costumo fazer oneshots, mas como eu não tava conseguindo pensar em nada pra esse mini head-canon, eu resolvi fazer uma. Ficou algo bem fofinho e eu ia adorar ver isso no mangá ♥
Espero que gostem como eu gostei!



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— Yato? Ei, Yato! – cutucando.

Yukine estava impaciente logo às 6 da manhã. Hoje era dia 28 de Junho, aniversário de 17 anos de Hiyori. Semana passada, Hiyori estava comentando sobre fazer uma pequena festa em casa e iria chamar todos (até Kofuku). Porém, ela tinha desistido por causa de sua avó. Ela não queria que ninguém ficasse em sua casa além de sua família. Com isso, Kofuku sugeriu que ela comemorasse em sua casa, trazendo suas amigas e alguns deuses amigos. A ideia parecia boa, mas Hiyori não confirmou se iria ou não. Seja como for, agora já é tarde para decidir.

Yukine forçou Yato a levantar, que estava resmungando e sendo arrastado pela casa, até que se lembrou de uma coisa: ele não comprou presentes! Bom, eram 6 da manhã. Ele pensou em ir em uma loja e comprar qualquer coisa, mas ai se lembrou de outra coisa: ele não tem dinheiro! Então, o que fazer? Pensou em fazer algum presente com suas próprias mãos, mas não tinha o mínimo talento artístico.

— Yato, você comprou algo pra Hiyori? – sentando-se no chão.

— Hm? Não. – Deitado olhando o celular.

— Você não vai dar nada pra ela? – Indagou, o olhando de cara feia.

— Não sei ainda.

— Como assim você não sabe? – Yukine parecia irritado.

— Ora, eu não sei o que vou dar pra ela. Não sou bom com presentes.

— Mas você já deu tanta coisa. A gente deveria dar um presente valendo por nós dois.

— Aí no caso, quem faria o presente seria eu e você ia levar o crédito?

Estavam irritados e brigando às 6:30 da manhã. Talvez acordar cedo tenha sido uma má ideia. Yato voltou a dormir e Yukine saiu pela rua com as poucas moedas que tinha. Algumas lojas estavam abertas, mas somente lojas de comida. Voltou pra casa e deitou na cama, irritado, lendo um livro que Hiyori lhe emprestou. Ele queria muito comprar algo para Hiyori. Acabou cochilando onde estava sentado.

[...]

— Hiyori-chan! Feliz aniversário! – Mayu gritou enquanto viu Hiyori andando na rua. Tenjin acenou para ela também, junto com suas shinkis.

— Obrigada, Mayu-san! – Acenou para eles de volta com um grande sorriso e continuo caminhando.

[...]

Passaram-se algumas horas e Daikoku apareceu no quarto para acordá-los. Ele estava preparando o almoço e não queria vê-los reclamando de fome mais tarde. Após o almoço, todos continuaram na sala fazendo alguma coisa. Yukine estranhou o clima, porque os outros três pareciam ansiosos com algo. Eram 15h quando alguém surgiu na porta.

— Olá! – Hiyori apareceu sorridente.

E de repente, Yato, Kofuku e Daikoku levantaram tirando bombas de confete escondidas e a sala ficou toda colorida.

— Q-Quê?! – Ela tomou um susto (junto com Yukine).

— SURPRESA! – Todos gritaram.

— POR QUE VOCÊ NÃO ME DISSE, SEU INÚTIL?! – Yukine segurando Yato pela gola da camisa.

— Você não sabe guardar segredo! – Riu.

— Claro que eu sei! – Emburrado.

Mas logo a raiva de Yukine foi embora ao ver Hiyori cair em gargalhadas.

— Eu estou sem palavras! Ninguém nunca fez uma festa surpresa pra mim antes!

— Hiyorin, venha comer! – Kofuku, correndo para abraça-la.

Daikoku, Yato e Yukine também a abraçaram em grupo. Logo após isso, Daikoku tirou um bolo da geladeira que estava escondido ali desde a noite anterior. Comeram bastante e riram. Hiyori estava contando como foi seu dia na escola enquanto Yato choramingava por querer ir pra escola dela. Hiyori ficou até tarde na casa de Kofuku. Ela já havia avisado seus pais que estaria lá, então não teve pressa de voltar. Quando deu por volta de 21h, ela estava arrumando suas coisas para voltar pra casa. Tinha ganhado um vestido de Kofuku e Daikoku, mas nada dos outros dois. Yukine já havia ido dormir, mas Yato não. Ele havia sentado no degrau e Hiyori sentou do seu lado.

— Foi mal – disse, meio envergonhado – Eu não te comprei nada.

— Ah, não tem problema – sorriu – Eu gostei muito de hoje.

Yato olhou para cima e viu a quantidade de estrelas no céu. Hiyori percebeu e começou a olhar também.

— Você gosta de estrelas? – Ela perguntou enquanto admirava.

— Sempre gostei. – Yato sorriu brevemente – Quando eu era pequeno, eu confundia estrelas com vagalumes e tentava pegá-las sempre.

Hiyori não conseguiu esconder seu sorriso ao olhar para Yato, que também sorria de uma maneira relaxada. As luzes das estrelas refletiam sobre seus olhos, que intensificavam o azul. Porém, Yato parecia ter mais um sorriso melancólico do que nostálgico.

— Você está bem? – Perguntou com a voz suave.

— Sim – ele respondeu, pausadamente – Só comecei a me lembrar de umas coisas.

O clima da conversa ficou um pouco triste.

— Quer ir num lugar legal? – Yato virou-se para ela, sorrindo.

Hiyori aceitou e o seguiu até o telhado da casa de Kofuku. A noite estava muito iluminada pela lua, bem mais do que as noites anteriores, além do céu farto de estrelas. Os dois sentaram no telhado um do lado do outro.

— Você sabe por que a lua parece mais brilhante nessa época do ano? – Yato perguntou enquanto olhava para o rio do outro lado do mapa.

— Na verdade não. – Olhando para ele.

— Seu signo é câncer, né? Seu astro é a lua. É por isso. Estamos na época em que a lua brilha mais do que qualquer outra coisa.

— Sério? Eu não podia imaginar isso! – Sorriu.

Hiyori estava encantada com o brilho da noite ao lado de Yato, mas não conseguia entender o porquê ele parecia pra baixo.

— “Divindade da Noite” – Hiyori disse.

— Hm? – Virou-se para ela.

— É o significado do nome que seu pai te deu, não é? Yaboku. – Olhando para o céu.

Yato olhou para baixo. Não ficou chateado com o comentário de Hiyori, no qual achou bondoso. Ele já estava chateado antes.

— Eu tive uma shinki chamada Sakura quando eu era pequeno... – disse cabisbaixo – Que me ensinou o certo e o errado.

Hiyori o olhou surpresa com o comentário, mas não disse nada. Yato estava relutante em falar.

— Ela foi minha segunda shinki, logo depois da Nora. Quando eu dei um nome pra ela...

— Você não precisa falar disso se não quiser, Yato – o olhou triste.

— Tudo bem, eu estou falando por espontânea vontade. – Sorriu para ela, timidamente – Eu nunca falei sobre ela pra ninguém.

Fez uma pausa.

— Eu... Fiquei aterrorizado quando lhe dei um nome.

— Por quê?

— Porque quando um deus dá um nome a um shinki, ele vê seu passado e seu antigo nome.

Hiyori já sabia disso, mas mesmo assim ficou sem palavras. Ela não esperava que Yato fosse lhe contar isso.

— Eu, quando vi o passado da Sakura, a larguei no chão e sai correndo chorando. Eu a deixei largada como arma por três dias dentro do rio.

Ele sorriu.

— Ela apareceu me pedindo para ser minha shinki e eu não entendi nada.

“Eu deveria contar a ele que vi seu sonho naquela vez? Não, é melhor não.”

— Quando a usei pra matar alguém, ou quando roubei algo, ela me apunhalou muito. Eu chorei sem parar por não entender a dor. – Yato encarava suas mãos, entrelaçadas uma na outra – Mas sempre que eu fazia algo errado e me sentia mal, eu dava flores pra ela e ela ficava feliz.

Hiyori sorria timidamente para ele simplesmente por ele ser muito doce com cada palavra. Estava quase hipnotizada pelos seus olhos. Ele fez uma pausa e adquiriu uma expressão de tristeza no rosto.

— Ela morreu por minha causa.

— Não é verdade. – Falou sem pensar.

Yato não entendeu e a olhou como se estivesse pedindo uma explicação. Hiyori quis se bater por ter comentado.

— Desculpa, eu não te falei. – pausou – Um dia você tava dormindo e eu deitei do seu lado e peguei no sono e, de repente, eu vi suas memórias.

— Como você fez isso? – continuou a olhando.

— Eu não sei... – disse a verdade, olhando pra baixo.

Pausa.

— A culpa não foi sua. Foi da Nora e do seu pai. – Ainda sentindo-se culpada, mas insistindo em animá-lo.

Ele sorriu timidamente, mesmo parecendo não querer sorrir.

— Obrigado.

O silêncio voltou e tudo que ouviam era o som dos grilos. Hiyori começou a pensar em como o Yukine morreu, mas estava com muito receio de perguntar.

— Você quer saber como o Yukine morreu? – perguntou de repente, espantando Hiyori.

Ela apenas acenou com a cabeça, envergonhada.

— O pai dele o matou. – Yato falou com muita dor nas palavras – Os pais dele se divorciaram e por isso o pai dele o torturou até ele morrer. Ele era deixado num quarto escuro sempre.

Hiyori, na mesma hora, começou a chorar só de imaginar. Chorava sem parar, soluçando.

“É por isso que ele tem tanto medo de escuro?”

— D-Desculpa... – falou entre os soluços, com as mãos no rosto.

— Tudo bem. Você merecia saber. – Sorriu para ela – O pai dele já morreu também e ele nunca mais encontrará com o Yukine, então tá tudo bem. Isso te deixa mais feliz?

— C-Como você sabe? – tentando falar.

— Eu tive que matá-lo quando estava com a Nora. Naquela vez que eu sumi. – disse sem o menor orgulho.

Hiyori agora chorava não só por Yukine, como também por Yato. Ela se lembrou de quando o viu chorar por nomear Yukine.

“Yato é realmente uma pessoa de bom coração. Eu o admiro muito.”

Yato chegou perto de Hiyori e a puxou pela para perto, devagar. Foi uma espécie de abraço. Encostou sua cabeça na dela e isso a fez parar de chorar. O corpo de Yato era quente e seu cheiro a acalmava por completo.

— Olha! – De repente, Yato falou.

Hiyori levantou a cabeça e ambos viram uma estrela cadente. Os dois sorriram com a estrela e viraram o rosto um pro outro para ver suas reações. Com isso, sorriram de novo após ver o sorriso um do outro também.

— Você não vai fazer um desejo? – Yato perguntou, desviando o olhar e corando.

— Não preciso. – Sorriu de orelha à orelha, olhando para seus joelhos.

Ficaram olhando as estrelas até que Yato acabou a olhando sem conseguir evitar. Seus olhos fixaram nela. Hiyori reparou e o olhou de volta e ambos ficaram sem falar nada. Essa foi a primeira vez que eles se olharam nos olhos sem os desviarem. Se olharam de verdade, do fundo dos olhos. O coração dos dois começou a bater rápido. Em questão de segundos, Yato aproximou seu rosto no de Hiyori. Hiyori estava tão nervosa quanto ele, mas ao mesmo tempo, ambos estavam relaxados. Ela não recuou. Na verdade, seus olhos foram fechando automaticamente conforme os dele também. No breu, já sentia a respiração de Yato no seu rosto. Finalmente houve uma sensação nova. Os lábios mais macios e aquecidos que poderia imaginar. Após o beijo de cinco segundos veio mais outro. Mais alguns três e todos cada vez mais serenos. Durante isso, Hiyori sentiu uma mão passar por sua nuca, entrelaçando em seus cabelos. Yato, então, não sentiu apenas uma, mas duas mãos em seu rosto. O coração palpitando nem foi mais uma preocupação para eles. Aquela noite era divina.

Num momento infortuno, o celular de Hiyori começou a tocar. Ambos abriram os olhos e interromperam o longo beijo.

— A-Alô? – gaguejou por causa do nervosismo e do susto.

— Hiyori? Já são quase 23h! Por que você não voltou ainda? – Sua mãe no telefone, que parecia meio desesperada.

— Desculpa...! Eu não vi o tempo passar! Tô indo pra casa! – e desligou sem ouvir a resposta de sua mãe. Suas mãos estavam até tremendo.

Assim que desligou, não conseguiu olhar para Yato e nem ele para Hiyori. Agora que a ficha caiu, a vergonha dos dois subiu até a cabeça e pareciam soltar fumaça. Chega a ser compressível; afinal, isso é um romance não oficial já faz um bom tempo. Se conheciam há 2 anos e foram 2 anos gostando um do outro, mas não percebendo isso. Seus olhares se cruzaram no momento que resolveram olhar um ao outro. Yato queria pular em Hiyori e abraça-la forte e, enquanto isso, ela não conseguia parar de pensar sem seus lábios. Os dois queriam falar, mas não conseguiam.

— Eu te amo! – Hiyori falou de repente do jeito mais envergonhado possível, quase explodindo de tão rápido que respirava.

Yato abriu um sorriso tão grande no rosto que começou a chorar.

Ele voou até ela para abraçá-la. A abraçou com muita força para que ela nunca mais se soltasse. Ela o abraçou também, enfiando seu rosto entre sua nuca e pescoço. Talvez ninguém nunca tenha dito essas palavras para ele antes. Ou pelo menos, não de verdade.

— Eu também. – disse abafado, com as mãos tremendo. Hiyori conseguia ouvir e sentir seus soluços e isso só a fez querer abraçá-lo ainda mais. Não queria ir pra casa.

Não se largaram por alguns 5 minutos até que, finalmente, se separaram. Yato esfregou os pulsos pelo rosto e Hiyori não conseguia parar de sorrir ao vê-lo tão feliz a ponto de chorar. Ele podia ser assustador às vezes, mas é um coração mole. Quando conseguiu parar de chorar e viu Hiyori nos olhos, abriu um sorriso maior do que o dela. A beijou de novo e ela o cedeu. Nem conseguiram encostar os lábios direito porque não conseguiam parar de sorrir.

— Preciso te levar pra casa. – Disse com carinho, se levantando e estendendo sua mão para ela.

— Tudo bem. – Deu sua mão a ele e levantou.

Os dois desceram do telhado e caminharam até o metrô. Apesar disso, eles não comentaram nada até chegarem lá. Sentaram-se no banco até o metrô de Hiyori chegar. Apesar de estarem muito perto um do outro, parecia que tinham esquecido como se pronunciavam palavras. Por sorte o metrô chegou em menos de 10 minutos de espera e Hiyori subiu. Yato a seguiu e sentou-se do seu lado. Haviam apenas eles dois, um homem estranho e uma senhora do outro lado do metrô. O homem estranho olhava Hiyori sem parar e não tinha notado Yato ali. Obviamente os dois notaram e Yato estava começando a ficar irritado.

Talvez o homem não tivesse pensado bem, mas seja como for, ele sentou perto de Hiyori. Estava em pé e deu “boa noite” para ela. Hiyori retribuiu, mas sabia que não se passava de um tarado qualquer. Estava se sentindo segura com Yato ao seu lado (que por sinal já estava fervendo de raiva do sujeito). Algum tempo se passou e Hiyori chegou à sua estação. Ela e Yato desceram e, quando Yato viu o sujeito levantar também, ele fez questão de ser notado. Antes de qualquer coisa, ele pegou na mão de Hiyori e a segurou firme, entrelaçando seus dedos.

— O senhor não está esquecendo o guarda-chuva? – Falou no tom mais enciumado possível, apontando para o guarda-chuva que o homem esqueceu de fato.

— É verdade... – parecia meio surpreso ao ter percebido Yato ali. Tudo que sabia era que provavelmente levaria um soco, mas Yato não bateu nele. O cara estava realmente assustado.

Enfim, desceram. Yato não soltou a mão de Hiyori, mesmo que eles já tivessem despistado o cara. Hiyori estava boba com a situação, porque achou o ciúme dele algo totalmente adorável. Então, ela parou de caminhar e o puxou pela mão.

— A gente vai contar pros outros?

Yato a olhou e não soube responder. Olhou para baixo, para cima e para os lados.

— Melhor não... Vai ser problemático se alguém além dos nossos amigos souber.

Hiyori concordou e voltou a andar com ele até a sua casa. Em nenhum momento eles soltaram suas mãos. Ela continuou não conseguindo esconder o sorriso e, quando ele notou, acabou não conseguindo esconder o seu também. Quando chegaram na porta, Hiyori soltou sua mão.

— Vejo você amanhã. – Sorriu da forma mais gentil possível.

— Sim. – Ele sorriu também, lhe dando um último beijo na boca. Esse foi o mais rápido até agora.

Assim que se distanciou, Yato teleportou de volta para a casa de Kofuku. Hiyori não conseguia parar de sorrir até ver sua mãe lhe dando uma bronca por chegar tarde. Mal ela sabe que ele estava na mesma situação. Yukine não entendeu, mas deu uma bronca nele por ter sumido. Quem sabe quando eles iriam contar, né? Bom, não importa agora. Nada mais importa!


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