Plague Inc 2 escrita por Cahxx
Time Beta, 9:50
O som de Black Ice tocava no rádio velho que chiava sem parar enquanto dirigia pela estrada empoeirada daquele deserto. O sol já estava queimando e não passava das dez horas. Mesmo com os óculos escuros era difícil suportar o calor; mas seu ânimo era grande o suficiente para nada, absolutamente nada, desanimar seu dia. Ganhara a autorização para partir naquela missão e não importasse o que tivesse que fazer, não iria embora daquele lugar sem completa-la.
— Barry Coen – disse a um sujeito na cabine da cancela. O suposto “porteiro” checou algo em suas anotações e autorizou a passagem do carro. Este não era de fato seu nome; era apenas um pseudônimo para conseguir atravessar o local com discrição. Seu nome verdadeiro? Zack. Zack Ryans.
Estacionou o Jeep Wrangler e saiu do veículo, pisando firme com seus tênis um tanto sujos sobre a areia quente. Após uma rápida olhada ao redor confirmou estar no lugar certo: aldeia Alomar. Diversos moradores da aldeia lhe encaravam com expressões variando entre curiosidade e hostilidade. Zack ignorava a todos, apenas caminhava lentamente em direção ao local de seu interesse.
— Ei você! – disse um sujeito bem mais alto que Zack, pele fortemente negra, cabeça raspada e expressão de superioridade – Onde pensa que vai?
O agente da SiSu ergueu as mãos em sinal de paz e respondeu sem se quer encarar o grandalhão:
— Sou voluntário do Greenpeople. Vim falar com Mendela – e então olhou para o sujeito – Não quero briga.
O homem pareceu pensar se deveria acreditar ou não, mas por fim soltou a manga de sua camisa e deu as costas. Zack andou mais alguns metros até avistar um letreiro de madeira meio empoeirado com os dizeres:
Escritório de Ambientação
Responsável: Srta. Mendela
Atravessou a porta que emitiu o som de um sininho avisando que alguém entrara. O local era todo de madeira e parecia completamente vazio. O rapaz se aproximou do balcão e tentou avistar alguém:
— Ô de casa!
— Já vai! – gritou uma voz feminina bastante mal humorada – Será que é demais esperar dois segundos?!
E então uma moça muito jovem surgiu em uma porta, uma moça que Zack conhecia bem:
— Zack?
— E ae... Ana.
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Time Gama, 10:01
— Linos... Você tá bem?
Chilly fez a pergunta ao reparar a quantidade absurda de caretas que o garoto fazia.
Seguiam caminho em um helicóptero da SiSu. A missão: inspecionar um navio que perdera contato com a empresa por motivos desconhecidos.
— Éh, bem... Não sou um bom apreciador de altura...
— Ah, que isso! – Karin deu de ombros – Não está tão alto assim! Só estamos a... sei lá... uns 20 mil pés?
O jato balançou:
— Ai caramba! – Linos gritou. O piloto virou-se rindo.
— Brincadeira...
— Boa! – Karin sorriu para o soldado.
— Is-so-não-tem-gra-ça!!! – Linos disse tremendo.
— Relaxa Linos – Chilly tentou acalmá-lo – Vamos chegar em meia hora no...
E o jato balançou novamente ao mesmo tempo em que o som de metal quebrando ecoou no ar.
— Já falei pra parar com isso! – o garoto gritou. Dessa vez o piloto não respondeu. Karin fez uma careta de dúvida e olhou para os amigos. Chilly que segurava Linos retribuiu o olhar de forma apreensiva para a amiga – O que foi?
E a porta lateral do jato foi arrancada brutalmente por um homem de quase três metros de altura, rosto e corpo deformados por cicatrizes, vestido de couro preto e com uma serra no lugar de uma das mãos.
— Ah! Put* que &@#$! Prefiro que o avião caia! – Linos gritava enquanto pulava da poltrona em direção ao fundo do corredor para desviar de um golpe do homem.
— Lyllich! Você precisa ajudar o piloto! – Chilly gritava enquanto ajudava Karin a atirar no invasor.
A morena de cabelos cacheados desviou dos destroços que o homem espalhava e tentou passar por ele em direção à cabine. O gigante deformado tentou pegá-la com a garra, mas Lyllich conseguiu desviar, sendo prensada contra a parede do jato. O “monstro” puxou a garra para junto de si e ia tentar novo golpe contra a agente, mas esta já conseguira adentrar a cabine.
— Você está bem?! – perguntou ao piloto.
— O que nos atacou?!
— Não queira saber! Tente chamar ajuda!
Karin jogou sua arma no chão: estava sem munição.
— Droga! Não dá pra fazer nada! Só podemos aguentar até que chegue ajuda.
Linos arremessou dois explosivos contra o homem; as granadas explodiram fazendo-o perder o equilíbrio e quase cair, permanecendo pendurado apenas por uma das mãos.
— Rápido! Temos que aproveitar e derrubá-lo agora! – Linos atirou contra a gigante mão que finalmente se desprendeu do jato.
— Isso Linos! – Karin comemorou enquanto Chilly permaneceu desconfiada, olhando em direção à abertura do avião. Um urro de fúria foi ouvido de longe e todos se agitaram:
— Não. Ele vai voltar! – a castanha apressou-se a preparar tudo – Rápido! Temos que descarregar tudo que for pesado! Isso vai ajudar a manobrar melhor o avião e podemos atirar contra ele...
Karin olhou surpresa para a amiga:
— Desde quando você é tão nerd?
— Eu não sou! Conviver com a Casey é que faz isso com a gente...
— É, tá certo. Rápido! Tirando as caixas!
Juntas as duas foram levantando caixas de suprimentos que carregavam e começaram a arremessar pela abertura. O vento que o buraco provocava era forte e muita coisa se perdia facilmente:
— Vamos acabar caindo! – a pequena reclamou. Continuaram o trabalho até avistarem um suposto helicóptero de ajuda. Lyllich apareceu da porta da cabine:
— A ajuda chegou! Só precisamos tomar cuidado para que eles também não sejam atacados!
Um novo barulho de metal foi ouvido; olhando pela abertura, Chilly e Karin viram que o monstruoso ser estava pendurado no helicóptero amigo, tentando derruba-lo.
— Meu Deus, parece o Hulk!
— Não seja tão animadora, Karin! Linos, consegue proc...
Antes que a menina terminasse de falar, o garoto de cabelos rebeldes estava terminando de montar um lança míssil no chão.
— O que diabos é isso?!
— Só temos um único tiro! É agora ou nunca... – Linos ergueu o gigante tubo nos ombros e posicionou-se na mira do helicóptero. As outras duas garotas o ajudaram a segurar a arma devido seu enorme peso. Linos mirou contra o gigante e disparou. O barulho foi absurdo e o trio foi jogado para trás. A explosão foi ouvida. Os três levantaram-se rapidamente para tentar ver o tamanho do estrago: o helicóptero estava solto e o gigante parecia ter sido atingido. O que não foi.
O “monstro” notara o disparo a tempo de saltar do veículo. Este conseguiu livrar-se do inimigo e aterrissou no topo de um morro, inteiro, sem qualquer dano grave. O míssil passou direto por entre os dois e foi explodir em uma serra mais adiante. Por sorte nenhum estrago maior fora causado.
— Ele irá voltar de qualquer jeito – lamentou Chilly.
— Sim, porque se ele for como o Hulk mesmo, virá pulando!
— Novamente: não seja tão animadora Karin. Vou ver se a Lyllich tá bem.
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Time Beta, 10:02
— O que você faz aqui? – Ana perguntou aborrecida.
— Gregory me disse que você tinha vindo pra cá passar um tempo então decidi vir visita-la.
— Hu – e ela sorriu, ainda parecendo desconfiada – Sentiu saudade, hum?
— Ah, sacomé, né? – ele deu de ombros também sorrindo.
— Então já esqueceu a namoradinha?
Sem se quer ter chance de raciocinar, Zack imediatamente avançou pra cima de Ana, pressionando seu pescoço e prendendo-a contra a parede. Com dificuldade a garota tentou falar:
— D-desculpa... N-não foi... minha intenção...
Como se despertasse de um transe, o agente da SiSu largou o pescoço da morena e pareceu assustado com o que acabara de fazer:
— Me... Foi mal. Eu ainda tô meio... Hunf...
— Esquece. Já percebi que ainda tá bolado com o que aconteceu.
— Eu jamais vou esquecê-la. A SiSu me mandou investigar Serjan e tentar capturá-lo.
Ao ouvir o rapaz dizer isso, a expressão de Ana mudou drasticamente e de forma apressada ela fechou a porta do escritório e baixou as empoeiradas cortinas das janelas velhas:
— Fala baixo! Ninguém aqui pode saber quem você é! – e ela checou todas as salas para ver se estavam sozinhos para só então voltar a falar – Você é um pirado por estar aqui! Se descobrirem que você é agente de uma empresa secreta do governo te matam! E ME matam também!
— A empresa ta mandando todo mundo pra cá. A equipe Gama vem depois de uma missão, o time Delta já tá aqui faz uns dias... Até a equipe Teta chegou.
— E por que tá sozinho?
— Porque minha missão é investigar os planos de Serjan. O time Teta encontrou dados que comprovam as experiências dele. Preciso encontrar esses dados e mandar pro QG da base. Olha, é o seguinte: disseram que eu podia pedir ajuda a você porque conhece a área muito bem. Eu vim sem alternativa. Então se quiser me ajudar, beleza, eu agradeço. Mas se não: foda-se. Eu vou de qualquer jeito.
— Merda...
— E então? Como vai ser?
— Ok, ok. Eu vou contigo. Mas só até metade do caminho... É o máximo que eu posso fazer por você. Depois disso te vira.
— Obrigado – foi só o que ele conseguiu dizer.
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Equipe Gama, 10:25
Utilizando uma escada de cordas, a nova equipe Gama aterrissou no heliporto de uma plataforma marítima. Estavam a poucos metros da praia, onde um acampamento parecia ter sido recentemente abandonado.
— General, acabamos de chegar ao local. Aguardamos suas ordens.
— Crrr... Ótimo, Chilly. Agora sigam para a seta que está em alerta no GPS de vocês. Sua missão começa lá.
— Entendido.
— Quem vocês acham que estava lá? – Karin perguntou apontando para o acampamento na encosta.
— Pelo símbolo inscrito naquela caixa deve ter sido o grupo anterior da SiSu que veio pra cá analisar a plataforma e acabaram desaparecendo – Linos explicou, avistando com o binóculo – Precisamos investigar o desaparecimento deles e se possível encontra-los vivos.
— E pra isso vamos ficar embaixo d’água, nesse lugar abandonado, totalmente no escuro, atrás de sabe se lá o que?! Isso é loucura! Somos novatos! Isso é trabalho pra veteranos de cinquenta anos de experiência! – a baixinha reclamava.
— Bem, e fariam isso se tivesse gente suficiente. Lembrem-se de que estamos aqui porque a SiSu esgotou todas as suas opções.
— E porque fomos capazes de abandonar a Casey – completou Chilly.
Um silêncio mortal e deprimente se instalou ao redor de todos.
— Ainda bem que viemos de shorts porque o calor tá insuportável – comentou Lyllich se abanando, como uma forma de mudarem de assunto.
— Vamos logo – encerrou Linos.
Atravessaram a plataforma até o local onde uma lancha flutuava desolada. Adentraram o transporte com armas erguidas e só as abaixaram quando conferiram que estava tudo vazio. Linos digitou diversos comandos no painel de controle da lancha e conseguiu com que a luz verde acendesse:
— Beleza! Este barco vai nos levar até o navio abandonado.
— Então acho que tá tudo certo. Se bem que...
— Se bem que o que? – Chilly perguntou começando a ficar nervosa com os “porém’s”.
— Não acho que vamos levar apenas três horas pra fazer tudo isso. Sempre encontramos contratempos.
— É! Já nos tornamos experts em surpresas... – resmungou Karin aborrecida.
— Deve ser por isso que Gregory nos mandou aqui – Lyllich disse
E um novo silêncio se instalou sobre todos, sendo quebrado apenas pelo barulho do motor da lancha trabalhando mar adentro.
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