Eram onze e meia da manhã quando Dipper resolveu chamar Bill. Não queria o acordar, ele era extremamente fofo dormindo, mas queria falar com ele antes do almoço. Dipper afagou os cabelos claros do outro para o chamar atenção, e o loiro lentamente abriu os olhos.
— Mm... Pinheirinho? — murmurou, o fitando com um olhar de questionamento.
— Bom dia — o deu um selinho rápido, sorrindo — Dormiu bem?
— Mhm. Sonhei com você.
Dipper o olhou confuso.
— Não sabia que você podia sonhar.
— Nem eu, foi a primeira vez.
— ...E como foi o sonho?
— ... — Bill ficou vermelho como um tomate por um momento, e ele escondeu o rosto nos travesseiros quando Dipper começou a rir.
— Se for esse tipo de sonho, então nem precisa me contar. — o sorriso do adolescente se alargou e ele bagunçou mais ainda os cabelos do outro — Vou estar te esperando lá em baixo. Não demora, preguiçoso.
Bill se sentou na cama, concordando com a cabeça, e Dipper, bem...
Encontrou com Mabel assim que saiu do quarto.
— NÃO ACREDITO — ela gritou, abraçando o irmão — Vocês estão mesmo namorando!
— M-Mabel! Ah, droga...
— Não precisa ter vergonha! Eu estou orgulhosa, meu irmãozinho finalmente desencalhou.
Dipper tinha certeza que seu rosto estava queimando agora.
— Por favor, não conta isso pra ninguém.
— Não vou contar! Mas eu queria saber. De todas as pessoas, você escolheu um demônio. Pelo menos um demônio fofo. Por quê?
— Eu não sei também... Talvez seja mais uma daquelas paixões de adolescentes, como você tinha toda hora quando mais nova. — brincou, erguendo os ombros.
— Aww, o Bill é sua paixão de verão! — ela sussurrou, sorrindo — Mas cuidado, Dipper. Eu sei que você tá completamente apaixonado pelo Bill, mas vai que isso é mais uma armadilha dele! E bem, se você acabar magoando ele, não quero saber o que vai acontecer quando ele recuperar os poderes.
— ... Obrigada, Mabel. — É tudo que o moreno conseguiu dizer, e não realmente se preocupou. Bill não podia estar o enganando... certo?
Os dois se abraçaram e desceram para a sala, onde a Pacifica esperava eles na mesa.
— Pronto, agora o Dip não parece mais um zumbi! — disse Mabel para a loira, rindo, e a mesma sorriu de volta — O almoço está quase pronto, vocês dois esperem aí!
Mabel foi para a cozinha para voltar a preparar o almoço, deixando Dipper e Pacifica ali sozinhos. O garoto sentou-se a frente de Pacifica para tentar puxar assunto, mas nada vinha a mente e eles ficaram apenas se encarando ali.
— Então, uh...
— Dipper, é bom ver você e sua irmã de novo. Eu vim aqui antes, mas você não tava... Como vocês vão?
— Bem, eu acho. — falou, sem saber muito o que dizer.
— E aquele garoto dormindo com
você?
— É só um amigo meu... — Dipper desviou o olhar, realmente não estava afim de conversar com ela.
— Não precisa ficar todo estranho perto de mim. Eu sei que não fomos muito amigos no passado, mas eu quero mudar isso. Aceita minha amizade? — pegou na mão dele, com um sorriso, esperando uma resposta.
— Ah, claro. Por que não? Seja lá o que aconteceu da última vez que eu e Mabel viemos pra Gravity Falls, é passado. — sorriu para ela, que se inclinou para o abraçar e lhe deu um beijo na bochecha, o deixando meio constrangido.
Então eles ouviram alguém tossir e os dois se viraram na hora.
— Bom dia pra você também, Dipper. — Bill disse, cruzando os braços, sentando ao lado do moreno e afastando um pouco a cadeira dele, o que fez o mesmo estranhar.
Primeiro ele me chama de Dipper e depois se afasta de mim? Isso não é normal dele...
Concluiu que Bill provavelmente só era emburrado de manhã e resolveu deixar quieto. Até que a Pacifica não era uma pessoa ruim quando você a conhece melhor; Dipper passou todo o café da manhã falando com ela, e por algum motivo Bill estava extremamente quieto, no máximo respondendo uma palavra ou outra quando Mabel falava com ele.
O clima ficou estranho até a Pacifica decidir que já era hora de ir.
— Mas já? — a outra adolescente a olhava como se implorasse para ela ficar.
— Eu tenho que planejar a festa, então não posso ficar enrolando aqui. — Mabel a olhou confusa — Ah, certo. Nesse
sábado vai ter uma festa na minha mansã- na minha casa. Vocês todos estão convidados.
Pacifica sorriu especificamente para Dipper, então se despediu com um "espero vocês lá!".
Tudo que Bill estava tentando fazer era negar o fato de que aquela garota o irritava.
— Espero que a festa não seja como da última vez que fomos na mansão dela. — o moreno comentou, e antes que sua irmã pudesse concordar, escutou outra voz.
— Vocês vão? — Bill perguntou, mordendo o lábio inferior.
— Claro que sim! É a festa da Pacifica, imagina quantos gatinhos vão estar lá!
— Eu também vou, não tenho motivo pra ficar aqui sem fazer nada.
— Você não ia ficar sem fazer nada. — o loiro murmurou, mas Dipper ergueu uma sobrancelha, mostrando que não escutou — Ugh, eu não vou.
— O quê? Por que não? — o outro perguntou, confuso.
— Não quero.
— Por favor, Bill! Vai ser divertido!
— A Mabel tá certa, não pode perder uma chance de se divertir como um humano!
— ...Não.
Dipper e Mabel se entreolharam e depois olharam para o garoto na frente deles. A jovem suspirou.
— Olha, Bill, eu sei que você não tá afim, mas não podemos deixar você aqui sozinho.
— Por que não? Não é como se eu tivesse algum lugar pra fugir, mesmo.
— Não é isso... Nós só não queremos que algo aconteça com você enquanto estamos fora. — Dipper o olhava fixamente enquanto dizia isso. Era parcialmente uma mentira, o que eles não queriam era perder o Bill de vista, mas Dipper realmente se preocupava com ele — Vamos lá... Por mim?
Bill o olhou desconfiado por alguns segundos, mas logo desistiu.
— Ok... Por você, Pinheirinho. Mas você vai ficar me devendo um favor, — e aquele sorriso estupidamente fofo plantou no rosto dele — e não ache que vai ser simples!
Ambos gêmeos sorriram, mas por motivos diferentes. O moreno sorriu ao ver a expressão do outro, Bill estava agindo estranho hoje e Dipper já estava começando a sentir falta daquele sorriso irritante que tanto ama. Mabel, por outro lado, sorriu ao ver a relação dos outros dois: seu irmão estava notavelmente feliz, e por mais incrível que pareça, conseguia fazer com que o demônio se comportasse. Longe do Dipper, Bill parecia mais um demônio do que já é.
Quando Mabel percebeu que os dois estavam sorrindo um para o outro, resolveu deixá-los sozinhos e saiu com uma risadinha.
— Não queira saber o que minha irmã está pensando. — Bill riu com esse comentário — Eu já vou ver que roupas vou usar na festa. Você vem?
O loiro concordou com a cabeça, e enquanto o outro subia as escadas, Bill lançou um olhar para a porta a qual Pacifica havia saído apenas alguns momentos atrás.
— Pacifica Northwest... Eu espero que você não esteja tentando roubar o meu Pinheirinho.