Flor da meia-noite escrita por Tha


Capítulo 4
IV - Visitas do passado, mas que passado?


Notas iniciais do capítulo

OPA, TUDO BOM?



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— Anda logo gente! Vamos nos atrasar – O professor grita, apressando aqueles que ficam pra trás de pirraça, como sempre.

Ajeito a bolsa da minha barraca no lugar de colocar a mala, acima do banco, mas não encaixa de jeito nenhum, e ao invés de me ajudar, Clove se preocupa mais com a cor do seu novo batom. Bufo e tento, em vão, empurrar mais uma vez aquela bolsa enorme.

— Aqui, eu ajudo – Adam surge atrás de mim e eu sorrio por ele realmente ter vindo - Seus valiosos treinos não estão te deixando na melhor forma? – Ele pergunta sarcástico, mudando o ângulo da bolsa e encaixando perfeitamente no local – Nem sempre se resolve com força bruta.

— Obrigada, você é meu herói – Enrolo os braços ao redor da sua cintura, mas um pigarreio me interrompe.

— É realmente muita gentileza, Summers, mas pode soltar minha namorada agora – Jake diz autoritário e posso imaginar Adam revirando os olhos.

— Ah, desculpe por tocar na majestade.

— Adam... por que não vai sentar? – Sussurro fechando os olhos e me afasto do loiro antes que alguma briga aconteça aqui.

— Allyson.

— Tá tudo bem – Ando em direção ao Jake passo o braço pela sua cintura, enroscando o dedo no passador de cinto da calça jeans. Ele me abraça de lado apertando meu ombro em um jeito meio possessivo.

— Ótimo – Adam resmunga, e então eu quase caio quando alguém esbarra em mim, e claro que não poderia ser ninguém mais, ninguém menos que Jason Benacci.

— Desculpa, foi sem querer – Ele murmura de cabeça baixa, mas antes de seguir seu caminho, me assusto quando seus olhos tomam uma cor de amarelo vibrante.

— Ok galera, quero todos sentados agora – Ouvimos a voz do professor e procuro logo meu lugar. Jake se senta ao meu lado e deposita um beijo no meu rosto antes de me abraçar – Vamos à reserva, é um pouco longe daqui, mas tem muita coisa legal pra catalogar, vamos passar uma noite acampados e voltamos amanhã de tarde.

— Isso vai ser interessante – Jake sussurra e eu tento sorrir, parecer animada, mas a cor daqueles olhos ainda me deixam perturbada.

— Cataloguem o máximo de espécies possível, quero nome científico, espécie, família, ordem. O relatório é pra semana que vem, então sem moleza – Todos resmungamos e sinto o solavanco do ônibus que começa a partir. Olho uma última vez pra trás e pego Jason me observando, de novo.

— Ei, o que foi? – Jake mexe nas mechas do meu cabelo e isso me distrai.

— Ah, nada, só uma sensação estranha, não precisa se preocupar.

— Tudo bem. Deixa eu te falar, divide a barraca com a Clove, e aí quando o Senhor Carter for se deitar, você vem pra minha.

— Claro, tudo bem.

— Ótimo. Ei, o que tá rolando com a Hazel? Vive correndo atrás do Liam, mas estava com o Zack na noite do jogo.

— Não faço ideia do que aquela vadia tem na cabeça – Ele ri e eu pego o celular, me lembrando de mandar uma mensagem.

A: Ei, saudades

Ela responde quase na mesma hora:

H: Tô no ônibus de trás, não morra. O Zack tá dando muito em cima de mim.

A: Esqueceu o Liam?

H: Conveniência, meu bem, conveniência. Acho que vou mudar meu horário de biologia de novo, tô ficando ressecada.

Eu rio, bloqueio a tela e pouso a cabeça no ombro de Jake, que começa a fazer carinhos no meu cabelo, o que faz eu quase adormecer em seus braços.

//

— Aqui estão as duplas – O Senhor Carter aparece com uma folha na mão assim que terminamos de montar nossos aposentos temporários, então amarro meu cabelo em um rabo de cavalo e coloco as mãos na cintura, controlando a respiração. Hazel vai olhar os nomes junto com a Clove, e as duas voltam com um sorriso.

— Minha dupla é o Zack – Hazel comenta.

— E a minha é você, não é demais?

— Ótimo, pelo menos assim não vou precisar puxar conversa com ninguém. Mas já vou avisando, não vou fazer tudo sozinha.

— Tudo bem, eu faço a capa.

— Idiota – Sorrio e o professor continua com as regras.

Clove e eu conseguimos catalogar algumas espécies de répteis, pássaros e ainda pegamos dois ou três mamíferos, o que é raro nessa parte da floresta. Então eu me sentei em uma pedra enquanto ela pegava mais algumas dicas com o Senhor Cole pra finalmente encerrarmos o dia. Estava conferindo as espécies e pesquisando os nomes científicos no celular pra facilitar.

— Ah, oi – Jason se aproxima com sua prancheta e observa ao redor – Está aqui sozinha?

— É, minha amiga saiu por aí e me abandonou.

— Então estamos os dois sem sorte.

— Quem é sua dupla?

— Ahn... Kate.

— Ah, vai se dar bem.

— Espero – Ele sorri e eu mordo inferior, ainda indecisa se deveria comentar, e antes que eu me arrependa:

— Eu vi seus olhos hoje de manhã.

— Sério? Bom, eu não costumo esconde-los, tá meio nublado, então pra que usar óculos escuros?

— Você sabe do que eu tô falando – Jason suspira e se senta em um tronco de árvore caído perto de mim – Eu vi a cor deles, estavam dourados.

— Pode acrescentar na lista das coisas que um dia você vai ficar sabendo.

— Eu quero saber agora.

— Porque, Allyson? Porque agora? Porque de repente está se importando? 

— Porque eu me sinto diferente, quando meus pais falaram que eu não era normal, eu... fiquei com medo, e você parece saber de alguma coisa, eu sei que...

— Ah, achei você – Clove aparece entre as árvores e eu mudo minha postura imediatamente.

— Finalmente, estava dando pra quem?

— Haha, ridícula – Ela sorri e parece perceber a presença do Jason – Ah, oi menino novo.

— E aí – Jason se levanta mas antes de ir por completo, ele segura meu braço – Eu ainda vou te contar tudo que precisa saber, mas o que você tem, Adina, é algo especial, um presente, não tem porque ter medo – E então desaparece nas sombras escuras que já começas a se formar com o pôr do sol.

— Porque ele te chamou de Adina se seu nome é Allyson, e que presente é esse?

— Não é nada, vem.

//

— Jake, meu Deus, tenta fazer menos barulho.

— Não dá, é tipo fazer isso no carro e não querer que ele balance – Reviro os olhos e troco de posição como um raio, ficando por cima dele de repente – Ei, como fez isso?

— Não sei, só cala a boca e me beija.

— Com prazer – Ele sussurra e me abaixo pra depositar meus lábios no seu pescoço. Ouço seu grunhido e me incentivo a continuar por ali – Deus, você é incrível.

— Por isso você me ama.

— Exatamente por isso – Jake ri, grave e baixo, o que me leva às alturas e ele tira minha blusa. Até que ouço um barulho de algo se quebrando e me levanto – O que foi?

— Ouviu isso?

— Baby, tem muita gente achando um jeito interessante de dividir barraca, não se preocupe.

— Não, tem algo errado, espera aqui – Pego minha blusa e a visto, abrindo a barraca logo em seguida.

— Ally, qual é, não pode me deixar aqui assim.

— Pare de chorar, eu já volto – Me aproximo e lhe dou um selinho antes de sair com uma lanterna em mãos.

Ouvi um barulho de galhos se quebrando ao longe, e passos, logo depois uns sussurros. Liam não vai pregar uma peça em mim dessa vez, se ele se acha esperto o bastante pra tentar a mesma coisa do ano passado, vai se arrepender. Sigo o barulho e caminho a passos leves e lentos. A lanterna treme em minhas mãos por causa do frio quando estou só com uma regata e calça de moletom.

— Você não pode me impedir – Ouço uma voz mas paro ao perceber que não é do Liam, e quando olho pra trás, já é quase impossível ver as barracas e as luzes do gerador.

— Você vai matar ela.

— Ah Jason, por favor, Allyson já provou ser forte o bastante pra aguentar comandar comigo, e ela nem vai lutar.

— Peter, não.

— Você não vai me impedir – Depois de dizer isso ouço passos, e de repente tudo fica em silêncio de novo.

— Talvez eu vá.

— Me solta, ela é minha filha! - Abro a boca com o susto e vou andando pra trás, até esbarrar em alguma raiz e cair. Grito acidentalmente e minha lanterna cai longe.

Meus pais biológicos não estão mortos?

— Meu Deus, me ajuda, meu Deus – Sussurro procurando aquela maldita coisa brilhante mas não enxergo nada. Toco em uma superfície fria e quase choro de alívio ao colocar as pilhas de novo e religar, mas a forma que se materializa na frente do farol me faz gritar de novo.

— Calada – Jason diz com a mão em minha boca e eu tento me soltar, completamente perdida e assustada com aquela situação – Para de me arranhar, Allyson. Eu vou te soltar, mas promete que não vai gritar? – Faço que sim com a cabeça e ele tira a mão da minha boca devagar.

— Que porra é essa?!

— Falei pra não gritar, caramba.

— Com quem você estava conversando?

— Você estava ouvindo?

— Achei que era alguma brincadeira do Liam e vim... vim ver o que era. Você estava falando de mim, não é? – Por um tempo tudo fica em silêncio e até as cigarras pararam de cantar – Me diz!

— É! Droga, era sobre você.

— Ah meu Deus, ah meu Deus... – Ando em círculos e paro na sua frente de novo – Eu quero saber de tudo, agora – Jason bufa e se vira de costas pra mim. Estou prestes a protestar quando ele começa a tirar a camiseta branca que estava – O que você...? - Então eu vejo, a mesma cicatriz, igual a da Zoe, mas a dele não fecha o "V" completo, o encontro das duas linhas não existe – É igual...

— As daquela menina? Sim.

— Eu posso tocar?

— Não – Jason se vira assim que começo andar na sua direção com a mão estendida – Não ouse.

— O que você é? Quem fez aquilo com a Zoe? O que eu sou?

— Você não vive no mundo que acha que vive, Ally. E tem que tomar cuidado com o que te rodeia agora que suas habilidades começaram a desabrochar.

— Habilidades?

— É, habilidades de nephilim.

— Os filhos de caídos com humanos – Adivinho – Isso fica cada vez mais interessante – Deixo o sarcasmo bem claro na minha voz

— Sim, como...?

— Andei pesquisando – Envolvo meus braços em mim mesma pra espantar o frio – O que você é? O que as suas cicatrizes querem dizer? E as da Zoe.

— Zoe era uma caída. Eu sou um anjo da guarda, o seu anjo da guarda. Por isso meus olhos eram dourados, os da Zoe eram vermelhos. Por isso eu a matei.

— Meu pai era um caído? – Ainda tento processar toda a informação.

— Não, um nephilim, por isso você é especial, você nasceu assim mas tem que passar por uma outra transformação, o que eu não vou deixar.

— Por que?

— Porque voltei pra salvar sua vida.

— Voltou de onde?

— Do seu passado.

— Eu não acredito em você – Dito isso Jason se vira novamente e enormes asas brancas saem de suas cicatrizes, o que me faz gritar de novo.


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Notas finais do capítulo

E aí?



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