Novamente Alice escrita por Sol


Capítulo 5
Perdidos ou desencontrados?


Notas iniciais do capítulo

Yoo capitulo novinho ehehehe



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/689087/chapter/5

Alice

 

Depois de certo tempo pensando em qual era o caminho correto a seguir percebi que não fazia a mínima ideia de como voltar.


—Ótimo! Alice, você tinha que esquecer o caminho. – Murmurei comigo mesma, sentindo um pouco de raiva da minha impulsividade, e para melhorar a situação estava começando a entardecer, eu já estava ficando cansada e com fome, a hora nesse lugar demorava muito para passar.


Continuei dando alguns passos a frente, tentei não focar muito ao redor, nem pensar em animais selvagens ou qualquer outra coisa mortal, louca e sem lógica. Vindo desse lugar eu não sei se me surpreenderia.


Até que um brilho no mato me assustou, quando olhei mais atentamente vi a sombra de alguém.


— Quem está ai? – Tomei um pouco de coragem para perguntar e percebi a sombra se movimentar, por um instante pareceu pensar um pouco, mas depois decidiu dar um oi ou algo do tipo.


— Falando comigo? – A sombra começou a se aproximar, recuei alguns passos, por segurança, sinceramente não sabia o que esperar. Quem sabe talvez aparecesse alguma criatura assassina?


Mas então o que apareceu foi um garoto loiro, talvez da minha idade ou um pouco mais velho, eu não tive nenhuma reação além de paralisar na hora e encará-lo, a primeira coisa que notei nele foram os seus olhos de um tom amarelo tão intenso que chegou a me deixar arrepiada, sua pele tinha um leve tom de pardo e ele possuía um ar perigoso, as unhas literalmente afiadas pintadas de preto, um leve sorriso cínico de quem parecia sempre ter uma resposta para tudo.

 


— É... Sim! – Respondi um pouco sem jeito e ele voltou a se aproximar lentamente, aumentando um pouco seu sorriso, eu dei um passo atrás quando ele chegou bem perto, mas ele se ajoelhou pegando minha mão e a beijando, o que me deixou paralisada. — Que... Quem é você?


Ele se levantou e me olhou nos olhos, no mesmo senti meu coração apertar e o medo aparecer um pouco, era como se eu estivesse na mira de um grande predador.


— É Cheshire. – Ele disse lentamente, me libertando do transe e soltando minha mão — E a senhorita seria?


— Alice... – Olhei novamente sem seus olhos. — Mas tenho a impressão de que você já sabia disso. – Ele apenas sorriu e ficou em silêncio por um tempo, como se decidisse se matava ou não a presa indefesa. — Ei... Cheshire?


— Sim doçura. – A cortesia dele me deixaria sem jeito se eu não estivesse tão assustada.


— Sabe como faço para achar o caminho para sair daqui? Perdi-me mais cedo. – Perguntei tentando ignorar o meu medo absurdo, na verdade com o tempo os olhos dele pareciam se tornar menos intensos e mais calmos.


— E para onde você quer ir? – Ele parecia querer rir e cada palavra saiu de modo quase musical, talvez seja por causa de sua voz ser tão doce e suave, ele falava com calma, como se cada palavra fosse importante.


— Esse é o problema! Não sei onde estava. Eu me perdi de White. – Eu me virei para observar o caminho que parecia ainda mais confuso.


— Então não importa o caminho que você escolha...


— Contanto que dê em algum lugar! – Completei a frase de modo tão automático que nem ao menos percebi, como se já soubesse que deveria dizer isso.


Cheshire sorriu novamente.


— Se é assim te pedirei um favor... Naquela direção. – Ele disse apontando para a direita.


— O que tem lá? O que quer que eu faça? – perguntei com a sensação de problema a vista, mas eu precisava chegar a algum lugar ou morreria por aqui.


— Não o que, mas quem... – Ele sussurrou e passou a me olhar com um pouco de expectativa, comecei a pensar na história da minha avó e logo uma vaga lembrança me atingiu.


— A casa da lebre de março! – Exclamei, animada, o sorriso dele pareceu se abalar, mas não diminuiu.


—Lebre, exato. – Ele murmurou um pouco sonhador, por um momento me perguntei se ele estava bem ou minimamente consciente. —Ela mesma!


— E se bem me lembro, minha avó disse que tinha mais alguém... – Pensei um pouco, mas tinha a impressão de que a palavra já estava na ponta da língua — Chapeleiro! – Eu lembrei, notando que Cheshire parecia orgulhoso e olhava na direção apontada. — Mas ele é louco... Como um louco pode me ajudar?


— Nós somos todos malucos aqui. Eu sou louco. Você é louca. – Agora fui eu quem lhe lançou um olhar fatal.


— Como sabe se sou louca? – Pude sentir que já sabia a resposta, como se toda essa conversa estivesse se repetindo, essa ideia não me pareceu nada agradável.


— Você deve ser! – Ele afirmou me fitando e sussurrou ao meu ouvido. — Ou então não teria vindo para cá.


— E como sabe que você é louco? –Tentei não demonstrar muito a minha incerteza, mas não deu muito certo.


Ele riu da minha provável expressão confusa, colocando a mão na testa e olhando para o céu.


— Só sei que sou, mas estarei observando de longe, como sempre. – Depois ele simplesmente piscou pra mim e desapareceu, comprovando sua teoria de que eu estou ficando louca.


~ # ~

 


   Depois de um minuto ou dois comecei a caminhar na direção que Cheshire me apontou, não tinha ido muito longe antes de avistar o que imaginei ser a casa da Lebre de Março, já que casa era inteiramente rosa, com apenas a porta branca, um jardim colorido enfeitava a entrada e mais ao fundo, bem para trás da casa dela, talvez alguns metros de distancia, eu pude ver que havia outra casa, uma bem maior e toda branca.


  Entre as duas casas havia mais jardins coloridos e, o mais diferente, uma mesa arrumada embaixo de uma árvore. O clima do lugar era incrivelmente tranquilo, fui me aproximando mais da mesa, onde avistei algumas pessoas.


   A que julguei ser Lebre de Março de lebre só tinha o nome, pois era apenas uma garota que também deveria ter uma idade próxima a minha, seu vestido era vermelho e um delicado laço preto prendia parcialmente seu cabelo longo e cinza. De onde tiraram esse nome de lebre?


  Aproximei-me mais, até que fui notada por aquele que imaginei ser o Chapeleiro, um homem bem pálido e aparentemente confuso que ainda assim tinha certo charme, olhos verdes e o cabelo encaracolado e loiro de um tom bem claro que acabou quase ficando escondido pelo grande chapéu preto, ele usava um sobretudo preto e um calça cinza, ambos estavam tomando chá e um pequeno menino de talvez uns sete anos muito branquinho e de cabelo cinza estava sentado entre eles, mas este dormia profundamente.


   A mesa era bem grande e farta, os dois acordados pareciam bem entediados até me verem.


—Ora! Uma visitante! – O homem sorriu de ponta a ponta e tamborilou com os dedos na mesa, embora quando ele diminuiu o sorriso ficou evidente que algo o preocupava. —Sente-se! Sente-se!


—Geralmente não somos tão corteses, chapeleiro! – A menina logo se adiantou em lembra-lo, mas isso não o abalou de forma alguma.


—Sente-se e beba um chá! – Ele repetiu e, ainda sem jeito, eu me sentei. A minha frente uma xícara saltitou e se encheu, tive que contar até dez mentalmente para não gritar. —Como chegou até nós? – Ele fazia de tudo para soar despreocupado, mas por algum motivo senti que a duvida realmente o martirizava.


— Vim com... White! Ele me ajudou, minha avó sumiu e tudo ficou confuso, então ele me trouxe para cá. – Esclareci e percebi que a menina abriu um pequeno sorriso e pegou uma xícara de chá.

 
  O chapeleiro me lançou um olhar difícil de decifrar, pensei que fosse me perguntar onde estaria o White, como minha avó desapareceu ou coisas do tipo, talvez fosse me achar suspeita e me expulsar, mas ele abriu outro sorriso. — Seu cabelo está precisando ser cortado! – Foi o que ele acabou dizendo e eu o encarei surpresa.


— E você deveria aprender a não fazer esse tipo de comentário pessoal sobre as outras pessoas! - Retruquei um pouco sem jeito.
O Chapeleiro arregalou os olhos ao ouvir isso, olhou para o céu por alguns segundos e logo sorriu para o nada, quando se voltou a mim tudo que ele disse foi:


— Por que um corvo se parece com uma escrivaninha?


Fiquei chocada, como ele conseguia ser assim?


— Eu sei lá. - Murmurei cansada e bebi um gole de chá. —Deve ser tudo a mesma coisa.


— Não é a mesma coisa nem um pouco! - disse o Chapeleiro, e despejou um pouco de chá quente sobre o nariz do pobre menino, que balançou a cabeça impacientemente e disse sem abrir os olhos: “Chocolate e molango de molango”’ e logo voltou a adormecer. — Let está dormindo novamente. Será qual o sabor da próxima vez? Você já adivinhou a charada?


— Não, eu desisto! – Admiti, erguendo os braços em sinal de rendição, na realidade eu nem havia pensado nela. — Qual é a solução?


— Eu não tenho a mínima ideia! — disse o Chapeleiro com um sorriso inocente iluminando o rosto.


— Nem eu - Disse a Lebre de Março.


— Ah! Esqueçam isso! Preciso da ajuda de vocês! Estou perdida! - Supliquei, pra sei lá, algum lado racional que ainda possa existir neles.


— Perdida ou desencontrada? – Perguntou o chapeleiro, tomando um gole de chá.


— Perdida. – Pensei que era uma pergunta estúpida, mas não comentei por medo da possível resposta ser ainda mais estúpida. — Preciso encontrar White.


— Então esta desencontrada! – A lebre retrucou, ela parecia distraída olhando o céu, suspirei, já estava ficando sem paciência.


— Será que podem me ajudar?


Neste instante encarei chapeleiro, mas ele estava parado olhando para a xícara que ia cair e quebrar.


Ia, porque ela estava parada no ar, olhei melhor ao redor e notei que nem chapeleiro e nem nada se movia, o tempo tinha parado e só eu e mais uma pessoa podíamos nos mexer: Lebre de março.


— Claro que posso ajuda-la! Pequena e insuportável Alice!  - Ela disse e sorriu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, até o próximo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Novamente Alice" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.