Hermione

Vejo um lindo homem, alto, cabelos loiros quase brancos, olhos azuis cristalino como o céu de inverno cinzento, seu rosto é fino, tem costas largas e mãos grandes, um perfeito aristocrata. Em seus braços está um pequeno bebê, pele tão branca quanto a sua, os cabelos são dourados puxado para um cor de mel, seus olhos estão fechados mas sinto que são da mesma cor do homem que o segura fortemente, posso me ver chegando perto deles e o homem sorri alegremente para mim, eu lhe beijo os lábios e depois o topo da cabeça do bebê.

Sinto as lágrimas descerem por minha face, uma mão repousa em meu ombro esquerdo, fazendo meus olhos desprenderem da imagem no espelho.

— Consegue ver também? - pergunto em um fio de voz.

— Não. Cada pessoa vê o que deseja. - fala parando a meu lado.

— Como sabe disso e eu não? - ele sorri passando um dos braços por meus ombros.

— Achei essa sala no meu primeiro ano de Hogwarts, também achei estranho de começo, não se culpe. - sorri para meu melhor amigo.

— Tenho que contar algo a você Harry. - ele negou com a cabeça e puxou-me para sentar a seu lado.

— Se for sobre você amar Draco Malfoy, não precisa, não mandamos no coração Mi. Sabe disso! - sim eu sabia, mas tinha esquecido, deitei no chão e usei suas pernas de travesseiro.

— Eu lutei numa guerra contra um homem preconceituoso e acabei me tornando como ele. Infelizmente não posso mais concertar meu erro. - chorei não me importando com a vergonha.

— Se quiser verdadeiramente, então você pode. Uma vez me disse: eu admiro muito a sua coragem, mas as vezes você é tão burro. - senti vergonha mas ele continuou. - Admiro você Hermione mas está agindo como uma medrosa, como pode achar que seus amigos não te apoiariam, não pense que a sociedade lhe julgará por esta com um ex-comensal da morte, lutamos por liberdade, para que bruxos nascido trouxas tenham os mesmos direitos que bruxos de sangue puro. - fiquei boquiaberta com suas palavras e extremamente envergonhada com minha falta de coragem.

— Obrigada por abrir meus olhos e por me fazer lembrar quem realmente sou e no que acredito. - nos levantamos , beijei seu rosto e sai correndo. Meus pulmões doíam, minha respiração estava acelerada, meu coração queimava agora com as lembranças da nossa discussão, do quanto fui rude com ele.

— Porque não quer assumir nossa relação? Do que tem tanto medo Hermione? - ele fala com o rosto vermelho,passa as mãos nos cabelos os bagunçando.

—Ninguém vai nos aceitar! Por que não entende isso? Não posso aparecer diante da sociedade com você. - ele soca a parede com raiva e vem até mim.

—Tem vergonha de mim? De estar dormindo com um ex-comensal da morte ou tem medo do que seus amigos irão pensar de você? Engraçado! Você diz que eu sou preconceituoso, mas és muito mais que eu poderia um dia imaginar. - diz segurando meus braços.

—Se você não se importa com os outros eu me importo! Ha sim claro, como pude me esquecer, você não tem mais uma reputação a zelar e agora quer sujar a minha também. - ele trava arregalando os olhos, me encara surpreso piscando os olhos devagar, sua expressão parte meu coração.

— Não te reconheço mais. Muito menos quem você se tornou! - Draco então solta meus braços e sai dali, me deixando sozinha com meus pensamentos e lágrimas contidas.

Nem eu me reconhecia naquele momento, como fui arrogante. Não pensei que sentiria tanto falta dele, mas assim que o vi subir no palco para a apresentação de despedida de Hogwarts, meu coração saltou, sua expressão triste foi um tapa de realidade em meu rosto. Ele encerraria a noite, sua melodia melancólica mostrou-me que ele não só se despedia da escola mas de mim também, para provar a todos que Draco Malfoy não se importava mais com títulos e sangue, ele escolheu uma música trouxa deixando a todos espantados.

posso segurar meu fôlego

Posso morder minha língua 

Posso ficar acordado por dias,

se isso for o que quiser

Ser seu número um

A letra era uma clara declaração a mim, a tudo que ele se sujeitava para estar comigo. Não aguentei, me levantei fazendo um barulho alto, nossos olhos se cruzaram, fiquei parada por alguns segundo achando que morreria ali mesmo.

— Com licença por favor, obrigada. Licença, com licença...- fui abrindo espaço estre as pessoas, ele me encarava enquanto eu fugia correndo para fora do salão mas sua voz ainda ecoava, ele cantava tão bem!

Agora estou aqui correndo outra vez, de volta ao lugar a qual deixei abruptamente, estou voltando para ele, de onde eu nunca deveria ter saído. Assim que abro as portas escuto as últimas estrofes da sua música.

Suas palavras na minha cabeça

Facas em meu coração 

Você me bota lá em cima,

depois eu caio em pedaços 

Pois sou apenas um humano

Em um ato total de pura coragem, me viro para ele, desistindo de fugir e mudo a direção de meu corpo, começando a correr até o palco, seus olhos vermelhos pelas lágrimas me encaram com espanto, ao subir os degraus do palco montado para a apresentação não consigo me conter e me atiro em seus braços, podendo sentir o soluçar do seu choro, e enquanto estou o abraçando consigo notar o silêncio a nossa volta.

— Achei que tinha perdido você para sempre. - ele fala num sussurro.

— Nunca. Amo muito você! Espero que posso me perdoar, agi de forma tão asqu...- ele me interrompeu com um maravilhoso beijo. Assim que nos separamos ele fala olhando no fundo dos meus olhos.

— Nada mais importa. Se eu tiver você então eu terei tudo! - o salão explodiu em palmas que me fizeram dar um pulo de susto.

Draco pega em minha mão me guiando para fora, ao passar pelas pessoas vejo Harry sorrindo para mim, ele sempre acaba me salvando, quando não é de um bruxo louco e preconceituoso é de mim mesma com meus medos. Afinal essa é a melhor despedida de ano em Hogwarts de todos os tempos...fim!