Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 26
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Eu não queria ter que dar essa notícia, mas as atualizações dessa fanfic se tornarão menos frequentes.
Estou postando outros projetos, e preciso de tempo para escrever todos,
Claro que tentarei dar prioridade à essa fic, mas não prometo nada.

Enfim,
Boa leitura!



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Lauren – POV

Já fazia um dia inteiro que estávamos seguindo para o centro, o caminho era longo. E o cansaço falava cada vez mais alto. Dormimos essa noite num restaurante que se localizava numa área mais afastada da Bela Cintra, como uma boa parte das comidas era congelada, tínhamos condições para fazer algo decente para comer. Acho que foi a primeira vez, nessa semana, que eu comi comida de verdade. Aproveitamos o excesso e fizemos algumas marmitas para seguir viagem.

Eu estava atrás de August e Sarah. Os dois não trocaram nenhuma palavra desce que saímos do restaurante, e isso não era usual. E tinha Gael. Desde que saímos daquela loja ele se mostrou mais... prestativo, e bem menos chato. Acho que finalmente estávamos nos dando bem.

Um pingo no meu nariz me tirou de meus devaneios. Olhei para o céu. As nuvens estavam amontoadas e o tom cinza coloria todo o céu. Estava ameaçando desde o dia anterior. Outro pingo atingiu minha testa. Assim a quantidade de pingos começou a aumentar. Estava garoando.

— Precisamos de abrigo! – Gael gritou atrás de mim.

— Tem uma grande loja no fim dessa rua, vamos nos abrigar lá! – falei chamando a atenção de todos e apontando para uma rua a nossa direita.

Começamos a correr em disparada. A garoa começou a ficar cada vez mais forte. Avistei a loja à alguns metros de distância. Ela parecia estar intacta e eu me alegrei. Era uma loja de roupas, um brechó. Entrei nela sendo seguida por Gael, Sarah e August. Fechando as portas de vidro.

— Não podemos seguir nessa chuva. Vamos esperar ela passar. – August falou baixo. Seu olhar era sério, mais do que o habitual.

Escutamos um barulho alto. Todos giramos os corpos e empunhamos as armas para frente. Uma pequena quantidade de zumbis estavam se aproximando de nós. Mas não compensaria atirarmos. Se caso fizermos isso, seriamos cercados pelos de mais. Seria uma perda total de munição. Peguei a lança que tinha e comecei a avançar contra a cabeça de alguns. Vi que Gael usava haste da escopeta para atingir a cabeça dos zumbis. Sarah e August usavam facas militares, que eu tinha certeza que pertenciam à August.

Acabou levando cerca de quinze minutos para extinguir todos os monstros sem nenhum problema. O único problema era que eu estava coberta de sangue. E eu não conseguiria seguir nessas condições. O sangue ia coagular logo e minha roupa acabaria se tornando imprópria. Tirei o casaquinho que usava, deixando meu sutiã a mostra. Vi que Gael virou o rosto para não me encarar e Sarah chamou a atenção de August, para que ele não me visse. Ela não se sentiu ameaçada, longe disso, ela tinha um belo busto, é concorrência desleal isso com ela. Ela fez isso apenas por respeito a mim. Aproveitei que estávamos numa loja de roupas e comecei a remexer algumas araras procurando algo para usar. Acabei optando por uma regata preta e uma blusa de frio cinza.

Olhei para a chuva que caía lá fora. Ela pareceu piorar. Não iria se despistar tão cedo.

— O que vamos fazer? – August falou a minhas costas, ele se dirigiu diretamente a mim. Já que eu era a única que conhecia aquele bairro. – Não podemos ficar aqui pod muito tempo, logos esses corpos começaram a se decompor normalmente e ficaria insuportável continuarmos nessa loja.

Suspirei. Ele estava certo. Um cadáver já tinha um cheiro ruim. Essa quantidade deles deixaria tudo insuportável.

— Precisamos de mais armas. – Gael se intrometeu. – Mesmo com a munição, seria óbvio que não conseguiríamos destruir uma quantidade maior desses bichos. – ele apontava com desdém para os corpos.

— Não teria um lugar mais seguro nessa área da cidade. – falei olhando para August. – Então qualquer lugar que ficarmos provavelmente terá muitos "desses". E sobre as armas... – desviei para Gael. – a outra loja de armas que eu me lembro em São Paulo fica depois do centro. Depois do nosso destino. – cruzei os braços diante ao peito. August coçou o queixo, que mostrava uma barba rala.

— Delegacias policiais tem armas. – percebi que isso foi mais uma afirmação do que uma pergunta. – Tem alguma aqui próxima?

— Tem uma há algumas quadras daqui. Mas aí já estaríamos fora da Bela Cintra. Seguiríamos caminho pelo bairro Liberdade. – eu gesticulava minhas mãos enquanto explicava.

— Mas você não acha que a está altura, os policiais já tenham retirado todas as armas? – Gael perguntou sério para August.

— Talvez. – a expressão de August era mais fechada. – Mas também tem a sessão de artigos fiscalizados. Armas apreendidas. Poderíamos procurar por lá também.

Eu apenas assenti com a cabeça. Gael tinha razão, precisávamos de mais armas. E August me deu a ótima ideia de procurar numa delegacia. Talvez também encontrássemos munição. O que nos ajudaria bastante.

Gael – POV

A chuva estava cada vez mais forte. Eu estava agoniado. O cheiro forte de carne podre estava infestando o ambiente. Mas não podíamos sair nessa chuva. As armas poderiam ser inutilizadas pela poeira que voaria. A chuva não afeta e nem enferruja as armas. Elas ficam dispensáveis quando o cano começa a se cobrir de poeira. Afetando a trajetória da bala. Ou tampando-a.

Eu sempre treinei tiro, era um dos meus hobbies favoritos. Acabei aprendendo bem mais do que apenas atirar.

Desviei meu olhar para Lauren e Sarah, as duas conversavam alguma coisa numa área afastada da pequena loja. August comia um pequeno lanche, ele estava à alguns passos de mim.

— Vocês são casados há muito tempo? – perguntei, querendo puxar assunto. August fez uma expressão confusa, engoliu o último pedaço do lanche e pigarreou.

— Faz 13 anos. – ele falou mais leve. – Mas conheço Sarah desde que tinha 17.

— Vocês devem ter vivido uma bela história de amor. – soltei um pequeno riso irônico.

— Por quê esse assunto de repente? – August me lançou um olhar reprovador. Soltei uma outra risada.

— Nenhum motivo em especial. É só que eu não tinha mais o que perguntar. – fechei os olhos e respirei fundo, mas me arrependi no mesmo instante. O cheio de podridão estava pior.

— Mas eu tenho uma curiosidade. O que você faz?

— Sou engenheiro! Me formei aos 24 na UFRJ, criei uma grande companhia após concluir a faculdade. – eu sorri, me sentia orgulhoso em lembrar esses acontecimentos. – Depois da empresa crescer tanto, fundei uma cede aqui em São Paulo.

— E aí que entra sua irmã nessa história... – era uma afirmação. August era muito esperto. Eu não precisava contar toda a minha vida para ele, ele consegue raciocinar muito bem e absorve as coisas rapidamente. Talvez eu tenha julgado errado ao achar que ele não seria um bom líder.

— Rapazes. – a voz de Lauren fez com que eu e August olhássemos para ela e Sarah. As garotas mostravam para nós capas de chuva. – Fuçamos em algumas araras e encontramos isso. Melhor irmos andando, aqui está ficando insuportável.

Eu tinha que concordar. O cheiro de carniça estava impregnado no ar. E nós não aguentaríamos muito tempo ali dentro. Peguei uma das capas da mão de Lauren e a coloquei. Todos nós colocamos. Escondemos as armas sobre a capa, para que a chuva não chegasse até elas. Passamos pelos corpos no chão em direção a porta. Precisávamos seguir o até o centro o mais rápido possível.

~~~

Melissa – POV

Já ia fazer um dia inteiro que estamos na casa de Bella. Nosso grupo estava no quarto dela, era pequeno, na realidade, a casa era toda pequena. Mas acabou sendo o local escolhido pelos vizinhos para criar uma brigada.

Quando chegamos aqui no dia anterior, tinha uma grande arma apontada para todos nós. Bella acabou reconhecendo que quem a empunhava era um vizinho. Ele de imediato a reconheceu e deixou que todos nós entrássemos. De acordo com ele "amigos de Bellatrix também são nossos amigos".

Alguns vizinhos dessa rua resolveram montar uma brigada, para que todos sobrevivessem até a ajuda chegar. Ou no pior das hipóteses, até que os monstros os matassem. O momento mais bonito foi quando Bella reencontrou sua mãe e irmã. Eu confesso que acabei chorando junto com elas, era uma cena muito bonita. Mas... E minha família?

Eu havia chegado em São Paulo há exatos 9 dias atrás, vim para uma palestra de medicina veterinária na Anhembi, e de repente, o mundo virou esse apocalipse. Minha mãe, meu pai e meu irmão estavam em Porto Alegre, a cidade que nasci e fui criada. Tentei ligar para eles, mas ninguém atendeu. Tentei ligar no escritório de meus pais, nada também. Nem a escola de meu irmão atendia. E agora, nesse mundo sem celular, sem qualquer aparelho eletrônico... Seria impossível eu falar com eles.

— Qual o assunto da reunião? – a voz de Ana se fez presente, me acordando de meus devaneios. Melody nos convocou para o quarto de Bella para que todos pudéssemos analisar a situação.

— Irei repetir a questão da faculdade: vocês vão, ou não, continuar com a gente? – Melody falou na lata. Olhando para todos nós.

— Como assim? – Nicole se pronunciou.

— Eu já havia falado que meu plano era que vocês encontrassem suas famílias! – Melody estava no meio do quarto. Miller estava sentado numa cadeira. Bella, Alan e Nicole estavam sentados na cama de solteiro da anfitriã. Eu e Ana estávamos encostadas na parede do quarto, bem ao lado da porta. – Mas eu pretendo seguir de qualquer maneira, então quero que vocês decidam se vão ou não me acompanhar.

— Eu repito o que eu disse na faculdade. Preciso encontrar alguém, então, irei te acompanhar. – Miller falou cruzando as pernas, assim como os braços.

— Eu também irei acompanhar. – Ana deu um passo para frente, desencostando da parede.

— Desta forma, eu também vou. Vocês precisam de mim! – brinquei. Mas eu realmente queria acompanhá-los. Eu não tinha um motivo de início, mas depois que conheci Ana melhor... Eu queria ir junto com ela.

Alan e Nicole se entreolharam, depois Alan focou sem olhar em Bella. Eu não estava contando que ela nos acompanhasse. Afinal, ela está na casa dela, com sua família. Ela não tinha mais razões para nos acompanhar.

O som de batidas na porta fez com que todos olhássemos para a mesma. Desviei meu olhar para Bella, que parecia distante.

— Entra! – ela falou sem olhar diretamente para a porta. A figura de uma menina de 11 anos apareceu, ela tinha cabelos cacheados preso num pequeno rabo-de-cavalo. Era Faith, a irmã mais nova de Bella. Podíamos ver a semelhança entre as duas. Eu acredito que Faith vai ser igual a irmã daqui há alguns anos.

— Mamãe está chamando vocês para comer! – ela falou timidamente. Eu já havia reparado que ela era bem retraída, talvez ainda não tenha se acostumado com a realidade atual, ou talvez não gostasse dessa gente estranha em sua casa.

— Já estamos indo. – Bellatrix respondeu prontamente. A menininha apenas assentiu com a cabeça e saiu do quarto.

Após a madeira se fechar todos nos entreolhamos. Alan, Nicole e Bella não se pronunciaram sobre a pergunta de Melody, e infelizmente, não tínhamos tempo. Eles precisavam se decidir logo.

— Vamos ficar aqui hoje, mas eu quero uma resposta de vocês o mais rápido possível! Eu não qu...

PLAFT

Todos nos assustamos. Bella havia se levantado da cama num único impulso e desferiu um tapa no rosto de Melody.

— Você não pode me dar um prazo pra decidir isso! – ela gritava. Demonstrando toda sua raiva.

— Bella... – Alan se levantou, mas foi empurrado por Bella, que passou por mim, correndo e bateu a porta, saindo do quarto. Alan também correu, seguindo-a. Nicole também se levantou e foi atrás do irmão.

Eu olhava para Melody. Ela tinha os olhos castanhos arregalados e a mão direita tocava a bochecha esquerda. Onde Bella lhe dirigiu o tapa.

— Bounty... – ela murmurou.

— O quê? – desta vez foi Miller que se pronunciou. Também se levantando.

— Vocês eram bom em história quando estudavam? – Melody perguntou, retirando a mão do rosto. Mas que tipo de pergunta é essa?

— Eu não ia muito bem. – Miller comentou cruzando os braços.

— Eu nem me lembro bem da escola. – Ana falou colocando as mãos atrás da cabeça.

— Não era uma das minhas matérias favoritas... – comentei. Achando aquela pergunta muito estranha. – Mas porquê você está perguntando isso?

— Em 1788, um navio da guerra da Inglaterra chegou às paradisíacas ilhas do Taiti, ao sul do oceano pacífico, após uma longa e difícil jornada pelo mar. – Melody começou a nos contar, enquanto ela andava de um lado para o outro do quarto. – O nome da embarcação era HMS Bounty.

— E o que isso tem a ver com o que estamos vivendo? – Ana perguntou colocando as mãos nos bolsos da calça. Eu dividia a mesma cara de indignação que ela, não compreendia o que Melody queria dizer com isso.

— O Bounty permaneceu ancorado no Taiti por meio ano antes de partir novamente pelo oceano afora. – Melody simplesmente ignorou o comentário de Ana e continuou falando. – Em alto-mar, não demorou nem um mês pra que acontecesse um grande motim mo navio, tudo por causa da insatisfação dos marujos, que haviam levado uma vida mansa no Taiti até aquele tempo.

— Entendi... – Miller se pronunciou, se aproximando da porta. Meus olhos encontraram os azuis dele, ela um azul tão forte que me lembrava um relâmpago cortando o céu. – Melody está nos comparando aos marujos. Aqui nós finalmente descansamos, e estamos vivendo "uma vida mansa" após passar por muita coisa. Bella, Alan e Nicole são os mais jovens de nosso grupo, aqui é o Taiti deles, e eles não querem retornar aquele massacre lá fora.

Agora eu havia compreendido o que Melody quis explicar com essa história. Miller saiu pela porta, sendo seguido por Melody. Eu e Ana nos entreolhamos e resolvemos seguí-los. Descíamos as escadas até a cozinha, mas um corpo se intrometeu na nossa frente.

— Você! – o rapaz de pele morena, de olhos escuros e cabelo preto parou bem diante de nós, ele apontou um dedo para mim. – Você é médica, não é? Me ajuda, minha vó está passando mal!

Eu passei correndo por todos e segui o rapaz. Uma coisa que eu detestava era me sentir inútil, e eu queria ajudar as pessoas que eu pudesse nesse "fim do mundo".


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Notas finais do capítulo

Fiz essa pequena ilustra com os personagens dessa fanfic: http://imgur.com/t7BhNYS

Muitos me disseram pra usá-la como capa desta, mas não achei o desenho ~estilo capa~, quero saber o que vocês acham.

Eu gostaria de fazer um desenho de capa, mas poses de armas é horrível. E como são muitos personagens, seria difícil fazer um desenho que me agradasse.