Small Bump. escrita por Liids River


Capítulo 1
One.


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA INTERNET
demorei,eu sei.
como que vocês estão,hein? saudadinhas ♥
tô aproveitando esse tempinho entre a correria dos estudos pra postar aqui,ok?
tenha mais um zilhão de ones pra terminar,então não vou me demorar aqui.
saudades de vocês.
Olha,eu retomei um pouquinha da ultima one postada aqui,pra vcs se localizarem e não ter que voltar até lá e ler. Espero que gostem!
EU AMEI ESCREVER ESSA ONE,QUERO GUARDAR ELA NO MEU BOLSO ♥
amo vcs
até daqui a pouco!


FANFIC PRA MINHA AMOI PONTAS PELA RECOMENDÇÃO XUXUZINHA ♥



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Entrei no quarto escuro. Eram o que? Duas,três da manhã? Provavelmente. Eu não costumo dormir de relógio e bem,a única coisa que menos importa nesse cômodo da nossa casa,é um relógio. As paredes cinzentas do lado esquerdo lembravam os olhos de Annabeth. A parede azul do lado direito,era um referência das boas à série favorita dela. Quero dizer,delas.

Quero dizer,nossa. Você acaba viciando.

Mas o foco dessa aqui não é o lado azul. É o lado cinzento.

Isso mesmo,querido leitor. Talvez isso aqui seja o que você estava esperando.

A cama branca de madeira estava do lado direito. O copinho magro e coberto de Nina descansava e eu podia ouvir seu ronquinho baixo. Se você não sabe de quem estou falando,você precisa voltar algumas histórias. Eu não fiz as contas,mas bem... a maioria. Quem a conhecesse,parabéns! Você sabe que a perfeição existe e ela é minha filha.

Quem não... certo,só mais essa vez vou descrevê-la. Preste bem atenção,pois isso aqui você só vai ler aqui e em lugar nenhum.

Bem,talvez você leia em outro lugar. Aí você vem até mim e me avisa...resolveremos isso. Eu e minha espada.

Nina Jackson.

É isso mesmo. Nina Jackson.

É abreviação de Indina Jackson?” Não. É só Nina Jackson.

É codinome de Overdina Jackson?” Não,cara. É só...Nina Jackson.

Certo,então é um jeito fofo de dizer Nikolina Jackson?” Não. E você está começando a me irritar.

É nó Nina. Nina Jackson. É bonito. E pequeno. Igual à ela.

Ela é pequena,teimosa,rosada e é a criatura mais bonita desse universo. Peço perdão à Afrodite,mas ela sabe que Nina é mais. Muito mais. A primeira coisa pela qual você se apaixona,são os seus olhos. Tão cinzentos quanto os de Annabeth. Transmitem tanto a paz,quanto a confusão.

Não...eu não diria raiva. Raiva é um sentimento forte que Nina não tem no coração. E pelo seu bom – ótimo,espetacular eu diria – coração...jamais irá sentir.

Não se apaixonou?Certo,vamos lá.

Os cabelos. Escuros como os meus. Bem mais sedosos – já que a linha de shampoo dela deve ser bem melhor. Agora,ela usava uma franjinha de testa que Annabeth insistiu que ficaria lindo. E Deuses....como ficou. Ela parecia uma boneca de porcelana. As bochinhas rosadas,mesmo que estivesse parada. Como se ela estivesse o tempo todo corada. A boquinha pequena e rosada,e o sorrisinho travesso,sempre que ela precisava de alguma coisa e sabia que eu não diria não.

Nem você – que está aí me julgando com esse olhar de reprovação –diria não aquele rostinho.

Ainda não soltou um “nhaww”? Ok,você é dos difíceis! Vamos lá.

Pequena. Travessa. Amorosa e cheia de si. Mais sábia que muitos de nós. Mais doce que muitos de nós. Mais pura e inocente que o mundo todo. Nina tem um coração puro,limpo. Perfeita,eu diria.

Se não fosse pelos dentinhos tortinhos. Mas perfeita.

Parecia um passarinho quando nasceu.

Eu costumava compará-la com um cachorro. Comia,dormia e fazia as necessidades onde queria. No caso dela,não tinha muita opção.

Ela amava histórias.

Amava? Eu seria um tolo se dissesse que não amava conta-las também. Isso,até mesmo hoje antes de dormir.

Eu poderia escrever um livro.... “As Fabulosas Histórinhas de Dormir – Por : Percy Jackson”. A capa poderia gliter e um desenho bem bonito,feito por ela. Talvez quando acordarmos pela manhã. Talvez..

Ok,volta aqui. Foco,Percy Jackson.

Eu lembro de pensar muitas vezes, antes de lhe trocar a frauda : Deuses,como pode sair isso de uma criatura tão pequena?

Extremamente inteligente. Irritantemente lerda.

Ela é mesmo uma junção nossa. A mais perfeita pequena junção nossa.

E eu a amava incondicionalmente.

Mas ela ainda babava ali do lado direito.

Passei pelo seu lado,mexendo nos seus livrinhos infantis. Tão bagunceira quanto eu,estava tudo jogado no chão do seu lado. Suspirei e comecei a juntá-los. Não queria que ela se machucasse. Quem gostaria que minha criança de machucasse?

Eu posso fazer uma lista pra vocês. Mas isso é coisa para outros relatos.

Coloquei-os empilhados em cima da cadeira em frente à sua parede de desenhos. Abaixe-me o suficiente para ver e confirma que ela estava babando.

Minha criança.

Beijei-lhe a testa e suspirei. Se eu pudesse eternizá-la nessa idade...eu não faria. Poder,eu até podia. Mas a quem eu quero enganar? Jamais faria isso com ela. Eu quero que ela cresça,que tenha sua faculdade,que tenha um cachorro,quatro papagaios e oito dinossauros – como ela mesmo dizia. Queria que ela ficasse velhinha e aí sim,aos seus 89 anos,tivesse o primeiro namorado.

Vocês não ousem me olhar com essa reprovação toda. Shiu.

Levantei-me e me dirigi ao outro lado do quarto. Eu estive pensando em mudar para uma casa maior e tudo. Mas aqui entre nós...? Eu gosto da nossa casa azul. Nosso jardim pequeno,com o balanço ainda por terminar. Ainda gosto de saber onde e o que o meu cachorro está comendo. E ele sempre está comendo algo que não deveria. Gosto de saber onde e com quem está cada membro da minha família.

Gosto de saber onde estão as coisas necessárias para combater o que quer que venha machucar cada um deles.

É a nossa casa e sempre vai ser.

A parte cinzenta do quarto era bonita também. Não pense que só por ser cinzenta,é algo mórbido ou algo do tipo. Não,é um cinza bonito. Limpo e agradável aos olhos. Tem uma cortina ao lado da janela com grades,branca. Dois puffs pequenos e um maior,e milhares de bonequinhos fofos. Era a parte calminha do quarto.

Nina era o furacão. Ele ainda era só uma chuvinha de fim de tarde.

O berço azulado estava com um dos lados encostado na parte da parede. Era um berço simples,vintage. Coisa de Piper e Jason. Não tente entender. Ao lado,tinha uma cadeira de balanço acolchoada e um troca-fraudas de madeira marrom mais clara. Era simples,bonito e adorável.

Igual ao dono daquele espacinho.

Anthony Jackson.

You're just a small bump unborn

O berço azulado no canto da parede me fez sorrir. Nada dessa lado do quarto havia sido comprado.Nadica de nada. Atena e Poseidon fizeram uma trégua no que seja lá o que eles tem agora,e nos presentearam com tudo. Até mesmo os brinquedo de bebê. O que é algo bem engraçado de se imaginar,certo?

Você ai,imagina Atena e Poseidon comprando alguma coisa relacionada a bebês sem no mínimo,um pouco de constrangimento? Se sim,parabéns. Sua imaginação é bem fértil.Se não,...vem comigo. Um dia desses eu convenço um deles a contar.

Não foi fácil como vocês imaginam. Não foi. Eu já devo ter contado aqui como sofremos com a vinda de Nina. Sofremos no caso eu e minha mão. Obviamente.

Nada se compara à vinda de Tony à este nossa mundinho. Nada.

Uma coisa eu posso adiantar : Annabeth fala bem o italiano. Ou pelo menos o que corresponde aos palavrões em italiano. Já deveriamos imaginar,se ela fala bem o latim,fala bem o italiano.

Eu sei,eu ando bem inteligente. Descobri que o latim originou o italiano.

Juro que não joguei no google.

Talvez nós pressentimos isso antes mesmo dele vir. Vocês sabem como eu estava cuidadoso com gravidez diligente de Annabeth.E ainda assim,a palavra diligente me atormentava.

E daí que toda gravidez é diligente? É melhor prevenir do que remédio.

...negócio assim.

Onde eu estava? Vamos lá...isso.

Não ainda não me localizei,então narrarei de novo.

Anthony Jackson.

Não é...incrível? Queria eu me chamar de Anthony Jackson.

É forte,poderoso. Incrível.

Ao contrário –pelo menos por enquanto – da criaturinha que descansa nesse berço. Apesar de ainda novo – seus três meses – ele já tinha características nossas. Mais minhas do que de Annabeth,devo dizer.

O que é uma pena. Eu sei,também esperávamos um garotinho loiro.

Os pouquíssimos fios de cabelos lisos em sua cabecinha,eram tão negros quanto os de Nina. Eu diria,até um pouco mais. As mãozinhas pequenas,eram tão fofas,que grande parte da família – e com “grande parte da família” eu me refiro à Tyson – achou que eram feitas de algodão doce.

O corpinho,minúsculo quando nasceu. Achamos mesmo que não fosse acontecer.

Só eu,eu e bem..eu mesmo sabemos do medo que senti e do desespero que foi quando o garotinho –já teimoso – não queria de forma alguma sair de Annabeth.

Eu não o culpo. Quem quer sair da barriga quentinha e cheia de comida da mãe para lidar com esse mundo cruel em que vivos? Vale apontar aqui,que com “mundo cruel” eu me refiro ao nosso.

Ou vocês se esqueceram que de vez em sempre,recebemos visitinhas de rapazes mundo mal informados aqui? As aparições de monstros se tornaram tão frequentes que apenas Poseidon conseguiu fazer alguns deles desaparecerem quando trouxemos Anthony para casa. Eles já haviam rodeado a casa por completo,e se houvesse uma faixa de “Vamos comer você “,seriam as boas-vindas mais infernais e talvez – apenas...talvez – o dia mais emocionante do nosso bebê.

Foi horrível e eu já achei que fosse perde-lo. Não foi bonito e logo depois da briga,eu achei que poderia dormir por uns três dias.

Mas isso é coisa para outro relato.

And I'll hold you tightly and tell you nothing but truth

If you're not inside me, I'll put my future in you

Pode – e é – parecer um nome estranho para vocês aí. Afinal...Nina é uma coisa pequena e significativa,então.... porque esse nome tão...com “h” e “y”.

Outra história para outro relato. Se acalmem.

Mas não fora,ah não fora fácil!

Quantas briguinhas idiotas tivemos por conta da barriga grande? Sabemos – todos nós – que não era a primeira vez que Annabeth passava por isso. Mas...ela não consegue simplesmente...deixar as coisas fáceis.

Não consegue.

Lembro-me vagamente de algumas delas.

—Vocês dois...vão ficar enormes se entupindo de pipoca o dia todo – reclamou. Era tarde de sábado,estávamos assistindo à algum filme juntos.

—Vem mamãe,vamo comê – Nina pulou em meu colo,dando espaço para que Annabeth se sentasse. Ela estava apenas de quatro meses,mas já se sentia a pior pessoa do mundo.

Você,cara que espera ter um filho um dia. Sabe aqueles relatos que dizem que a mulher fica mais amorosa e doce? Bem,se você não é semideus,talvez seja verdade mesmo.

Se você for semideus,esqueça.

Não.

Mas-

Nada de “mas”,jovem aprendiz. Elas não ficam.

Se for filha de Atena então...esqueça. Esqueça.

E-s-q-u-e-ç-a.

—Comer,Nina – ela murmurou rude. Apesar de não estar acostumada,Nina entendia o que estava acontecendo. Depois de conversar com ela e explicar que o humor da mamãe mudaria daquele momento em diante,ela entendeu.

Minha filha é demais. Eu sei.

Troquei um olhar com ela,porém ela só sorriu maneando a cabeça como se dissesse : Tudo bem,é meu irmão que tá fazendo isso.

Eu tinha vontade de dobrá-la e coloca-lá no meu bolso pra sempre.

Annabeth sentou-se no sofá,agora irritada com anossa troca de olhares.

Outra coisa bem mais fácil de superar : se a sua esposa – semideusa,filha de Atena- está gravida e daquele jeito...é muito mais fácil passar pelas mudanças de humor se você tiver outro filho. Ou filha. Talvez ele ou ela fique confuso no começo,mas é fácil. É um suporte maravilhoso que só quem tiver a oportunidade de passar,vai entender.

Tenha filhos. Vamos procriar.

Isso me lembra outra coisa que também é para outro relato. Estamos mais desatentos que nunca hoje.

Nina continuava comendo a pipoca sorridente,enquanto olhava para Annabeth. Era visto de longe a admiração da menina pela mãe. O brilho nos olhos de filha para mãe,coisa que só elas têm.

Sucesso.

—Você incentiva essas coisas,por isso que ela come tanto – Annabeth reclamou.

—Eu não estou incentivando nada – reclamei,colocando uma mão cheia de pipoca na boca. Annabeth me fuzilou com os olhos cerrados e bufou de raiva,colocando as duas mão por sobre a barriga.Suspirou pensativa,franzindo a testa e enrugando os lábios – O que será que acontece?

—Por que? Está doendo? Ta vazando? Vai nascer? –perguntei já colocando Nina no chão e pronto para subir as escadas atrás da bolsa que estava pronta.

—Vou pegar as chaves do carro,corre papi – Nina gritou de olhinhos arregalados.

—Não,nada disso seus... – ela suspirou,procurando se acalmar – bocós.É que... –ela fez uma careta,olhando para Nina. – Quando eu estava grávida de você –ela cutucou a barriguinha dela – Pipoca era a coisa que eu mais comia.

—Mesmo? Mesmo mesmo? – os olhinhos dela brilhavam. Tudo relacionado à uma história antes dela,fazia com que seu rosto se iluminasse.

Annabeth sorriu para mim e mordeu os lábios.

—Mesmo mesmo – bocejou – E você dava tanto sono quando seu irmão. Eu só me pergunto....o porque de eu sentir o cheiro desse amido que vocês comem agora – ela fez careta – e ter vontade de vomitar a minha vida pra fora do meu corpo.

—Talvez ele não goste tanto – murmurei,acariciando-lhe a mão. – Você quer alguma coisa? Água?

—Não –ela sorriu – Tá tudo certo.

—Tudo bem -suspirei,franzido a testa.

Normal?

Não. Nada normal. Havia sido havisado por meio dos sonhso,que não seria uma gravidez normal. Que a atenção tinha que ser triplicada. Mas vejam,analisem comigo.

Gravidez já é difícil. Annabeth é difícil. Lidar com as duas coisas x3,seria....o impossível,talvez?

— É sério – ela sussurrou,beijando-me a mão – Vai ficar tudo bem.

Aproximei-me do berço de Anthony e suspirei. “Tudo bem”. Tá.

Vale ressaltar aqui que foi o parto mais desesperador da história dos partos?

Vamos por partes. Jack,The Ripper.

Toda a transição de gravidez – barriga – parto –bebê protegido no berço azulado,foi terrível com Annabeth.Eu suponho que já seja terrível para qualquer ser humano que vai expelir outro ser humano em alguns meses.

“Expelir” foi meio rude,peço perdão à comunidade de mulheres que dão à luz.

Se são mulheres...só elas dão à luz- shiu.

Afinal,não é um espirro. Ou um pum que você solta na maior facilidade.        

Seria muita hipocrisia minha dizer que esse relato começa agora. Você não leu todo esse inicio para nada,não pense isso. Mas as complicações,veem agora. Se você está com sede,fome ou com vontade de fazer xixi,não vá. Segura firme e forte.

Quinto mês.

Sangue. Muito sangue.

Foi com o que eu me deparei quando levantei naquele domingo escuro e frio. Era tarde,nem mesmo os animais mais noturnos da fauna norte americana deveriam estar caçando por aí. Quando eu passei o braço ao redor do travesseiro de Annabeth e me deparei...bem,com apenas o travesseiro de Annabeth,eu despertei no mesmo momento.

Não estava certo. Era pra aquela barriga saliente estar ali no meu lado.

Levantei-me já em alerta. Nem que fosse um gigante. Todo alerta,é pouco.

Quando eu percebi que até os gigantes estariam dormindo,vi também a luz do banheiro ligada e uns pinguinhos de sangue no chão.

Normal,menstruação na madrugada. Já lidamos com isso.

Ah,a intimidade é uma coisa de louco,amigos.

Mas espera....gravidez ≠ de menstruação.

Corri até o banheiro atrás de Annabeth e me deparei com...

Sangue.Muito sangue ( como dito anteriormente).

Era um looping infinito.Quando eu acordava de verdade e não via os pinguinhos de sangue no chão,ela já estava acordando Nina.

Ela não sabia dos pesadelos.

Não,meus amigos. O tormento não foi com ela,ou o nosso bebê.

Foi comigo mesmo.Na minha cabeça.

— Ok,chega – ela me bateu numa noite de sexta. Era já depois das dez da noite. Estava escuro lá fora,mas nada como as noites escuras projetadas na minha cabeça por algum – Maldito – Deus. Alguém que estava brincando com a minha cabeça. Ela estava deitada ao meu lado,e eu acariciava os seus cabelos,pensando.

Quem diabos atormentaria à mim assim?

—Eu disse : ok,chega – ela levantou a sobrancelha para mim – O que tá havendo,Percy?

Tem poucos e poucas coisas que eu odeio nessa vida. Uma delas,é mentir ou esconder algo de extrema importância de Annabeth.

Primeiro que ela sempre descobre,e sempre brigamos.

Segundo que...ela sempre descobre,e sempre brigamos.

Looping Infinito de novo. Só que esse é real.

—Não é nada –fingi um bocejo. Fingi mesmo,haviam dias que eu não dormia mas não estava com um pingo de sono.

Annabeth se afastou dos meus dedos que acariciavam seus cabelos. Ela inclinou a cabeça,as mãos ao redor da barriguinha saliente.Pronta para brigar com o que quer que fosse caso encostasse no nosso bebê.

No caso,na barriga.Vocês entenderam.

— Não esconda nada de mim,Perseu –ela sussurrou,os olhos gentis – Você não tem dormido.

—Tenho.

—Não –ela balançou a cabeça convicta. – Eu sei que não. –ela bocejou.

—Você deveria dormir – murmurei,tentando pegar na sua mão,porém ela afastou-se com um tapinha leve.

—Não me destraia! – sussurrou.

— Não estou fazendo isso –sorri de lado.

— Não estava falando com você –ela acariciou a barriga. – Enzo Jackson,fique quietinho.

— Meu filho não vai ter esse nome – reclamei,fazendo beicinho e me aproveitando de sua distração . – De jeito nenhum!

—É bonito – Annabeth colocou o indicador no lábio inferior.

— Parece um nome só. EzoJackson – sussurrei,segurando sua mão. Dessa vez,ela sorriu e entrelaçou nossos dedos. – Tá tudo certo.

—Eu sei que não está –ela sussurrou,colocando nossas testas. Eu queria chorar e dizer a ela que tinha alguém tirando o meu sono com coisas que nem o mais absurdo dos Deuses poderia imaginar. Mas ela não merecia mais esse peso – nessa caso,não literal.  – Mas não vou pressioná-lo com isso,ok?

Acaricei seu nariz com o meu.

Eu a amava tanto.

—Eu te amo tanto – sussurrei,beijando-lhe os lábios quentes logo em seguida,de leve. – Tanto tanto.

—Tanto tanto? – brincou.

—Tanto,tanto.

Sorri quando o bebê pequeno se espreguiçou no bercinho. Eu sei,por dois segundo eu fiquei extremamente decepcionado por ele ser tão parecido comigo. Onde estão os cabelos loiros? E os olhos cinzentos? E aí eu parei de ser idiota e me dei conta de que tinha uma coisinha linda e pequena –mais uma vez –pronta para me amar incondicionalmente ali. E que....eu estava de joelhos mais uma vez,para uma segunda parte nossa.

Uma segunda junção minha e de Annabeth.

Ele soltou um barulhinho indignado : “Que você ta fazendo aqui,seu babão”.

Eu imagino que tenha sido isso.

Acordei suando igual um porco pronto pra ser feito de bacon. Diacho.

Deviam ser umas... quatro horas da manhã? Não sei. Era cedo,o céu não estava tão escurecido. Mas havia alguma coisa muito errada.

Gritos. Gritos altíssimos e finos.

Nina.

Saí do cômodo onde estava em direção ao corredor do quarto dela. Já procurava alguma coisa para bater em seja lá o que assustava a minha menina. Os corredores estavam escuros e cheios de postas.

Corredores. Portas.

No plural.

Nada disso é a minha casa.

E a minha menina continua gritando.

E eu continuo correndo.

E então... eu acordo suando feito um porco pronto para ser feito de bacon.Diacho.

 - Você tá com roxo no olho,papi – Nina sussurrou naquela outro noite,à mesa de jantar. Sorri para ela e concordei. Não tinha muito ânimo ou vontade de falar. Na verdade,não tinha nem vontade de  ouvir a voz dela.

Vou repetir : não tinha vontade de ouvir a voz da minha menina.

Eu precisava descobrir quem estava mexendo com a minha cabeça.

Ela olhava-me curiosa.

—Tá tudo beleza,papi? –perguntou,fazendo um joinha desajeitado.

Sorri novamente,revirando minhas ervilhas. Annabeth observava silenciosa.

—O gato comeu a sua língua,papi? –perguntou brincalhona.

—Talvez você deva ficar quieta um pouco ou ele come a sua,Nina.

E eu me senti um monstro.

Eu acho que... o pior não foi o barulho que seu talherzinho fez ao cair no prato. Com certeza não. A forma como seu sorriso se desmanchou de imediato,foi a pior coisa do universo. Os olhos cinzentos – tão lindos e puros – se encheram de água e ela fez beicinho. O lábio inferior começou a tremer e eu sabia que ela se segurava para não chorar – minha menina orgulhosa.

—Amor-

—Pecy– ela murmurou com raiva,apesar do semblante triste,eu ainda achava adorável o jeito como ela conseguia agir com uma adulta,mas não falar meu próprio nome direito.

—Nina...eu- suspirei,olhando para Annabeth e pedindo ajuda. Ela apenas deu de ombros,também largando seu talher. Parecia irritada. – Eu tive um dia péssimo,baby bird.

Dois pares de olhos cinzentos irritados.

Ela balançou a cabeça,fazendo força.

Seu babaca.

Eu sei.

—Com licença,mamãe – se levantou e saiu,sem olhar para mim.

Esquecendo-me dos bons modos,apoiei a cabeça nos braços encostados na mesa e grunhi de raiva.

Ah se eu descubro. 

—...

—...

—... vai. Fala logo.

—Você é um idiota.

E eu realmente era. Aquela havia sido a segunda vez que eu era um completo babaca com a minha menina. Fora mais difícil ainda fazer com que ela entendesse que....que era um idiota. Não havia mais explicações.

Não quando eu tinha que esconder os meus pesadelos delas.

Coloquei minha mão por dentro do bercinho azulado. O garotinho,babava e babava com os cabelinhos – poucos ainda – bagunçados. Ele era bonitão,não vamos negar.

As bochechinhas coradas,e o nariz arrebitado de Annabeth. Talvez....talvez ele fique mais parecido com ela.

Eu espero.

Ele estendeu a mãozinha minúscula e agarrou meu polegar.

And you can wrap your fingers round my thumb

And hold me tight

 

                                                                                   Sexto mês.                

Nada estava melhor a não ser a barriguinha fofa de Annabeth.Seu humor....estava daquele jeito! E bem,um mês sem dormir direito não foi muito legal para mim também.Nina estava na casa de Nico naquela tarde. Ele era padrinho dela e a adorava mais que qualquer pessoa.

Ele era o único que sabia dos meus pesadelos. Eu confiava nele o suficiente para saber que ele não contaria à Annabeth. Ele até me deu um nome : Ícelo.

Mas não fez muito sentido para mim. Foi como se ele tivesse dito : Tomate.

Fez sentido? Não.

Annabeth havia saído naquela tarde. Ela sempre ia ao parque tomar sol,ou algo assim. Fazia bem. E eu não estava com forças para impedir que ela fosse sozinha,nem coragem de ir junto com ela e mentir mais algumas vezes dizendo que estava tudo certo.

Joguei-me no sofá de casa,completamente perdido.

Comecei a pensar em todas as inimizades que eu tinha. Não eram poucas,mas.... não eram tantas assim.

Quem perturbaria a minha paz dessa forma?

Havia um lista de Deuses e Semideuses. Todos armados à minha frente.

Annabetn estava entre nós,com um pequeno embrulho nos braços.

“Você está quase lá,maninho.” – uma voz se sobressaía,porém eu não conseguia ver de quem era.

E ele avançava para cima dela.

E então....havia uma lista de Deuses e Semideuses.Todos armados à minha frente.

Eram tantas as vezes em que eu me pegava na tal de Lítia. Segundo alguns livros e algumas pesquisas – feitas por Tyson – eu descobri que ela compartilhava do mesmo cargo que Ártemis no Olimpo. Deusa da fertilidade e blá blá blá e partos.

Eu me agarrava totalmente à hipótese de que eu passaria pelo inferno,mas Annabeth teria o nosso bebê de qualquer forma.Ela era protegida por Lítia. Ou....bem,nós espramos que seja isso.

Mas ainda circulava em minha cabeça a minha mais nova descoberta – auxiliada pelo Santo Google.

Ao contrário do que eu pensei, Ícelo não é um dos vários tipos de triângulos – eu disse à vocês que ando bem inteligente.

Não era. Ele era o Deus dos Pesadelos.

Isso explica muita coisa.

Porém,informações fornecidas por Apolo – meu parceiro ( sem ironias,somos mesmo parceiros) –dizem que ele também é o Deus dos traiçoeiros. E da vingança.

Agora você...que está aí do outro lado,lembra-se de eu já ter pisado no jardim desse cara? Ou ter chutado,qubrado alguma janela sua?

Então não tinha porquê dele se vingar,correto?

E esse é o meu impasse. Eu tinha nomes,tinha hipóteses e mesmo assim não conseguia concluir o motivo do meu inferno pessoal.

E meu inferno casual estava começando a me tirar do sério também.

Era terça-feira, já se passava das dez da noite. E ela não havia chegado ainda. Eu acho que não preciso dizer que a minha vontade de sair pela cidade à essa hora e sair arrastando casas e carros era tremenda,certo? Já se passavam das dez e Annabeth não havia chegado da sua caminha ao final da tarde.

Era terça-feira e eu estava prestes a explodir.

Quando eu coloquei a mão na maçaneta da porta e a abri,eu me aquietei.

O que eu vou descrever a seguir vai parecer um absurdo para vocês. Estão acompanhando meu inferno pessoal e tudo que estou fazendo para escondê-lo de Annabeth. Mas o que os meus olhos registraram naquele momento,me irritou mais que qualquer outra coisa ou qualquer outro pesadelo.

Qualquer Deus que me aparecesse,seria capaz de levar uma surra. Mesmo que fosse meu pai.

Annabeth estava sorrindo. Jordan – se você não se recorda,nosso...querido vizinho – estava com uma das mãos repousada em sua barriga saliente.

E eu estava em chamas.

A minha vontade era de agir feito um neandertal e puxá-la pelos cabelos.Mas eu levaria uma surra dela.

Vamos analisar a minha situação : eu,homem,semideus preocupado. Tendo pesadelos com o pior que pode acontecer à minha mulher gravida.

Minha mulher grávida : dando risadinhas com o vizinho tarado.

— Annabeth! – antes que eu pudesse me controlar,eu já havia soltado.

Ela virou-se assustada. Assustada em me ver? Querida,nós moramos juntos.

Ela se despediu do garoto – que abaixou a cabeça ao me ver – e caminhou em minha direção,com calma. Ela estava linda naquele vestido azul. A barriga linda bem marcada e os olhos quase tão lindos quanto ela por inteiro. Ela suspirou ao passar por mim e entrar em casa.

Vamos novamente analisar a situação : ela passou por mim,sem satisfações.

— Ei! – reclamei,batendo a porta com força.

— Você não devia sair me gritando por aí – ela reclamou também,sentando-se no sofá - Como se todo os vizinho, monstros ou não,precisassem saber o meu nome – revirou os olhos.

Mesmo agindo feito uma garotinha,ela ainda parecia mais certa do que eu. E ela não estava!

—Você saiu às seis – soltei,sem argumentos. Era uma talento dela,me deixar sem saber o que dizer.Sempre,sempre parecia a certa.

E eu sempre me sentia feito um idiota respondendo à ela nessas situações.

“Eu sei que você fica preocupado quando eu subo nas escadas,mas não vou deixar de fazer isso”

E eu sempre repondia algo como : “Hn,certo mas o strogonoff ficou fora da geladeira e a Nina comeu,teve caganeira.”

Hipoteticamente falando.Não fora a Nina quem comeu aquele strogonoff....mas aí também é algo para outro relato.

Eu me sentia como um idiota e bem...ela me olhava como se eu fosse um idiota.

—E se acontecesse alguma coisa? – joguei.

—Você seria o primeiro a saber –ela contra-atacou,cruzando os braços. – Ao contrário de você,eu sei que posso contar com quem eu durmo.

Ouch. Eu senti como se ela tivesse pegado um taco de baisebol e golpeado minha perna.

—Eu...eu também sei – suspirei,controlando-me – Não vamos falar sobre isso de novo.

—Você nunca falou sobre isso comigo! – ela resmungou –Você acha que eu não percebi que você acorda todo assustado e vai pro banheiro até amanhecer?

—Eu já disse que tá tudo bem! – resmunguei.

Ela não entendia que eu não queria preocupa-la. Mas não querer preocupa-la estava preocupando-a.

— Eu odeio quando você esconde as coisas de mim! – gritou e tapou a boca com raiva. – Que droga,Percy!

—Escuta – aproximei-me dela,ajoelhando em sua frente,em frente ao sofá – Tá tudo bem.

—Você acorda tremendo. –sussurrou.

—Eu já disse que tá tudo bem – coloquei uma das minhas mãos em sua coxa,por cima do tecido....por que ela tinha que ser tão teimosa,Deuses?!

— Você diz coisas...- ela apertou minha mão e suspirou – Você tem medo,Percy!

—Eu já disse que tá tudo bem – respondi e no mesmo instante não me reconheci. Minha voz saiu mais como um grito de raiva estrangulado pelos meus dentes cerrado. Annabeth arregalou os olhos e afastou de imediato as suas mãos das minhas.

De todos os sentimentos que eu tive nesses últimos meses,o afastar das suas mãos das minhas....fora o pior deles.Era nossa marca. Não soltávamos um ao outro.

E eu acho que ela percebeu o desespero silencioso,porque assim como ela soltou minhas mãos de imediato...ela as uniu novamente. Entrelaçou nossos dedos e pediu perdão silenciosamente.

Ou estava com uma cara péssima,ou ela estava péssima.

— São pesadelos – sussurrei antes que eu pudesse pensar direito e despejar tudo isso nela. – Você,a Nina o bebê...estão todos indo embora,pra longe. Tem sangue,tem grito, tem muita coisa ruim – mordi o lábio inferior,tentando não socar nada ao meu redor. – Agora você sabe.

—Você deveria ter me contado –sussurrou. – Eu achei que isso era só no começo...eu-

—Você não precisa de preocupar com isso,Sabidinha – sussurrei,apertando seus dedos. Talvez com força até exagerada,mas ela não reclamou. – Você sabe que as minhas preocupações com vocês três se intensificou depois que Tritão-

Então eu parei. Foi como se eu tivesse recebido uma carta diretamente de uma coruja no mesmo instante que citei o nome do meu – maldito –irmão.

E na carta dizia : Touché.

Inclinando-me sobre o berço pequeno,puxei o corpinho de Anthony para o meu e beijei sua bochechinha vermelha. Ele ainda adormecia – sortudo. Eu queria ter tanto sono quanto ele.

Depois do meu insight – na verdade,mais insight de Annabeth,do que meu – eu me dei conta do quão estupido eu estava sendo. Eu tinha as peças e não sabia montar o quebra-cabeças. Os dois últimos meses haviam sido um inferno,porém o mês que se seguiu,fora bem pior. Depois de descobrir que Tritão – exatamente,você não leu errado. Meu meio irmão estava por trás disso tudo –havia feito um trato com Ícelo para que os meses de gestão de Annabeth fossem tranquilos para ela,porém um inferno para,eu tive vontade de matar à ele e todos os seres que habitavam no mesmo local que ele. Se você é norte americano e sentiu que o mar estava mais agitado...bem,eu peço desculpas.

Eu fiz questão de ir até lá. Isos mesmo,lá embaixo.

Fez questão de chutar a bunda dele.Isso mesmo lá embaixo.

E fiz questão de deixar bem claro que se ele se intrometesse nos meus assuntos novamente,ele se arrependeria da piro maneira possível. E em público.

Isso tudo...lá embaixo. Na frente do nosso pai.

Poseidon,bem...ele ficou decepcionado. Não comigo,mas com as minhas atitudes. Afinal,eu sei que posso contar com as pessoas ao meu redor,mas eu não quero pertubá-las. Não é certo.

Até você estar no seu limite e ter que extravasar com alguém.

Que bom que a bunda de Tritão sempre vai estar disponível para alguns chutes.

Essa,é a versão resumida do que aconteceu lá embaixo,obviamente. A versão detalhada você pode conferir daqui alguns dias,quando eu puder pensar nesses tempos sem encharcar a rua por inteira com os canos das casas.

E eu ainda estou atrás de ícelo. Mas isso,é coisa para outro relato.

Nina se remexeu na sua caminha e suspirou alto,ainda de olhos fechados. Eu sorri,e esse meu ruído fez com que o bebê nos meus braços despertasse. Os bracinhos pequenos estavam estendidinhos,como se ele já tentasse se espreguiçar. Ao contrário de Nina nessa idade ,ele mais silencioso. Não abriu o berreiro,nem nada disso.

A roupinha esverdeada realçava seus cabelinhos pretos. Ele era tão....pequeno e cheiroso. Cheirava a talco e coisinha doce. A boquinha desdentada se abriu e ele babou alguma coisa branca,fazendo-me rir um pouco e ir atrás da frauda.

Ele era mais babão que Nina também.Bem mais.

O corpo molenga igual aqueles bonecos de posto. Eu confesso que as vezes fingia brincar de boneca com ele. Fazendo-lhe carinhos e falando coisas sem sentido,como se ele me entendesse.Surpreendentemente,ele olhava-me – muitas das vezes até sem piscar – e com muita atenção. Como se entendesse o quão idiota eu já era.

Morria de medo de derrubá-lo e ...quebrá-lo. Igual eu senti da primeira vez que peguei a minha menina no colo. Acho que é um sentimento gradativo : todas as vezes que eu pegar algo tão precioso no colo,eu terei medo de quebrá-lo.

As mãozinhas pequenas se enrolaram em torno da minha camiseta de pijama e ele babou mais um pouco,olhando-me atentamente.

O que será que eles pensam,hun?

Será que o pensamento deles se assemelham aos nossos ou....?

Ele é a coisa mais preciosa.

Será que ele pensa assim também? Ou na sua cabeça se passa apenas : quem é você? Onde está aquela moça bonita que me alimenta?

Sorri novamente com esses meus pensamentos,limpando-lhe a boca e o bebê olhou ainda mais atentamente. Eu me atrevo a dizer que ele puxou à inteligência de Annabeth. Por favor que ele tenha herdado isso.

Saí do quarto sem fechar a porta,por conta da garotinha que ainda dormia lá,descabelada e andei em direção ao nosso quarto. Annabeth estava tão cansada esses dias...e pudera,depois de tudo,cansaço era o mínimo que eu esperava dela.

Ainda atento em mim,o bebê desviou os olhinhos sonolentos e escuros para o lado enquanto eu abria a porta. Ele se agarrava ainda mais à minha camiseta.

Será que ele acha que eu vou deixa-lo cair?

Mais fácil eu me deitar no chão para que ele passe por cima de mim,do que deixar caí-lo.

Voltei para o meu lado da cama,observando os cabelos loiros de Annabeth espalhados pelo travesseiro. Deitei o pacotinho pequeno ao meu lado e sorri enquanto ele tentava pegar o meu polegar de novo.

You can lie with me

With your tiny feet

When you're half asleep

I'll leave you be

Ele tinha o nariz dela,pelo menos. Não sabíamos a cor dos seus olhos porquê além dele ter dormido por muito tempo,quando os abriu,eles eram tão escuros que ninguém conseguia ver mais nada. As pupilas naturalmente dilatadas fizeram com que as irises se escondessem por enquanto.

Mas eu podia ver o meu esverdeado ali,principalmente quando estava ninando ele no final da tarde. Annabeth achava um absurdo que ele se parece tanto comigo.

Eu achava um absurdo que ela achasse que ele seria inteiramente como eu. O nariz dela estava alo. As maçãs do rosto,a boca. Cabelos e olhos não são tudo no nosso bebê.

É coisa nossa,pedacinhos nossos.

Ele abriu aboca,deixando escapar um soluço. Era tão pequeno que eu quase achei que ele estava se engasgando.

Eu só havia ouvido sua voz apenas uma vez.Não diria nem que aquela seria sua voz,quando ele chorou pela primeira vez,quando saiu de Annabeth.

Bebês não tem voz,Percy – disse Annabeth.

Annabeth.. eu achei que fosse perde-la naquele parto.

Ilítia havia falhado comigo ou me ajudado? Não sei dizer. Talvez vocês possam opinar quando souberem do parto completo.

Eu só posso adiantar de que Anthony saiu e o coração de Annabeth pareceu parar por alguns segundos.

Literalmente parar.

Posso adiantar que eu fui colocado para fora da sala e que eu soquei dois médicos e um segurança.

Eu juro que pedi desculpas depois que tudo terminou.

Estremeci só de lembrar e procurei pela sua mão,entrelaçando nossos dedos.

Anthony protestou e eu sorri. Meu garotinho.

Eu tinha mesmo um garotinho,agora.

Ele estava já pegando no sonos novamente.

Senti os olhos atentos de Annabeth em mim,mas eu só tinha olhos pro milagre pessoal que eu tinha ali na minha frente. Somos todos milagres pessoais de alguém.Eu tenho três deles bem aqui comigo.O universo é grande. É vasto, complicado e ridículo. E, às vezes, muito raramente, coisas impossíveis acontecem e nós as chamamos de milagres. Não importa quantos,ou o tamanho deles : você os tem. E isso já te faz mais especial que qualquer outra coisa.

— Você parecia feliz – ela sussorrou,apertando meus dedos,ainda entrelaçados nos seus.

— Eu andei pensando no quão difícil foi-

—Passou –ela se juntou um pouco mais e beijou os cabelinhos de Tony. – A gente vai ficar bem.

Olhei em seus olhos cinzentos sonolentos. Eu vi ali a mesma garota de anos atrás. A minha Sabidinha.

—Já estamos bem. – beijei-lhe os lábios,sentindo a pressão pequeno no meu polegar de novo.

Ele gostava do meu polegar. Sentia-se protegido,talvez?

Eu tinha Nina.

Tinha Annabeth.

E agora, pequeno, mas não menos importante....tinha a ex-pequena saliência mais complicado do universo ali.

Anthony Jackson.

You are my one and only

You can wrap your fingers round my thumb

And hold me tight

And you'll be alright


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Notas finais do capítulo

OK PRA QUEM TÁ PERDIDÃO
Na minha outra One "Homenique" você vai se achar.
Outra coisa : vocês vão ler aí Lítia ou Ilítia. Tanto faz,são a mesma pessoa.
Eu ouvi Small Bump para ecrevê-la,vocês vão ver aí uns trechinhos
É linda e eu recomendo vocês ouvirem,visse
amo vcs
até já