Cidade que Corrompe escrita por Luk


Capítulo 1
Chegada




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É mais um dia comum em Gotham, os ventos gélidos percorrem os picos de gesso que rasgam os céus da cidade suja, estava de noite e as sombras batiam nesses picos e se refletiam como se substituíssem as luzes do dia por raios de trevas sobre toda a cidade. Bom, porque é ali que o Batman vive.

Um carro estaciona em um dos pontos mais obscuros e tenebrosos da cidade que prefere dormir a conviver com o tipo de gente que saia desse carro, era um homem não muito alto, cabelos e olhos negros, seu olhar era frio, mas sua postura era de um cidadão comum, vestia roupas muito simples, e se você o visse pela primeira vez andando do outro lado da rua, não suspeitaria de seu passado. Foi ai que o homem, surpreendentemente, puxou de sua bolsa um sobre tudo, um chapéu e os vestiu, ele levantou a gola de seu sobre tudo, e olhou de olhos cerrados sobre a gola levantada tudo o que se movia por trás do carro que se distanciava. O Taxi já fora embora, e ele levantou sua bolsa e a passou por cima dos ombros, cuspiu no chão e adentrou mais as trevas. Estava rumando em direção a um prédio antigo e aparentemente abandonado de Gotham, e quando estava atravessando a rua para chegar no tal prédio, pressentiu um movimento nas trevas. Ele congelou.Estava no meio daquela rua deserta dos distritos mais fundos da cidade negra, era novo na cidade, e se borrava de medo em pensar no Batman. Quando um cachorro saiu das trevas ele respirou fundo e adentrou ao prédio, uma vez dentro dele, encontrou dois homens, um deles cercado por guardas, cabelos loiros e roupas finas, o outro não era muito diferente do homem de sobre tudo, a não ser a cara de pamonha desmiolado que ele tinha, sem contar um nariz muito grande. O do nariz grande sorriu, o outro também, mas a expressão do cara de pamonha era mais contente:

— Rickie, Rickie Boy! Grande Richard! – Exclamava alegremente o loiro

— E ai Saul, Falcone já ta de acordo com a minha chegada e o pacote novo.

— Pts, mas é claro que ta! – Disse Saul num tom de deboche – Vamos falar de coisas mais divertidas, o que acha? Tipo, em que boate você quer ir aqui na maravilhosa Gotham?!

O pamonha abobalhado fechou a cara no momento em que Saul disse “maravilhosa”, Richard tinha percebido seu tom quando fechou a cara, mas prosseguiu:

— Não sei se concordo com o “Maravilhosa” – Disse Richard – Mas acho que vou à mais cara

Richard fez um sorriso malicioso, Saul assentiu com outro sorriso malicioso com uma risada logo em seguida:

— Esse é o meu rapaz, agora, garotos – Disse Saul estalando os dedos e vendo os guardas colocando uma maleta logo no chão – Muito bom, você merece Richard!

— É claro que eu mereço – Disse sorrindo – Vir de Metropolis até aqui não é serviço pra qualquer cadela, não é?

Ele passou sua bolsa para Saul, que abriu e olhou pra dentro, retornando um sorriso logo após:

— Sim, tem toda razão – Disse Saul sorrindo – Você e Kevin podem ir

O apamonhado levantou e deu um abraço em Richard, ele devolveu. Os dois saíram e levaram a maleta que Saul tinha deixado no chão. Mal sabia Richard que na verdade aquela noite só estava começando, e que uma noite em Gotham nunca é pequena ou normal demais.

Richard odiou ter que dormir nas ruas daquela cidade imunda e sombria, nem que fosse só aquela noite, mas a trava eletrônica não deixava, até Falcone ter certeza do conteúdo das drogas, ela não ia abrir. Ele então ficou com Kevin não muito longe daquele edifício, os dois deitaram perto de um curva para a passagem entre um dos prédios. Aquele beco parecia habitado demais. Ele percebeu que onde eles estavam recostando, junto de pilhas de jornais, era um cinema antigo que já fora fechado a muito tempo, ainda podia ver que Zorro estava em cartaz a mais de 20 anos atrás, se não já 30 anos. Quando eles terminaram de se aninhar naquilo que eles supostamente iriam usar como leito, Kevin começou a falar:

— Aquilo não foi bem um resgate de refém né, eu trabalho pra eles, me trataram como sempre me tratam em qualquer outro dia, nem levaram os guardas pra me vigiar quando eu fui tirar água dos joelhos atrás daquele prédio esquecido por Deus

— Foi perigoso eles te verem mexendo na droga, devia ter explicado direito que você só estava conferindo se tinha pegado a cota certa

— É, é mesmo, tolice a minha. E então, primeira vez em Gotham não Rick?

— É, mas acho que os escrotos daqui não vão me impressionar tanto quanto os escrotos de Metropolis, ver aquele demônio de capa vermelha batendo em aberrações espaciais já é o suficiente pra mim

— Ah Rickie – Disse Kevin com Pesar na voz – Você não conhece os verdadeiros demônios

— Conheço sim, são caras como Saul

— Não, você não conhece, os demônios moram no inferno – Disse Kevin, então ele se levantou ergueu as mãos e disse – Bem vindo a Gotham, Richard, o inferno na Terra

— Não acredito no inferno na Terra, se existe, é Metropolis – Disse Rispidamente Richard

— Mas você não ta entendendo Rickie, aqui, os criminosos são tão malucos... Que eles precisam usar mascara

— Deixa dessa – Disse jogando uma bolinha de papel do jornal amassada em cima dele

— Mas eles são os demônios, você pode escolher qualquer um, desde os altos e musculosos até aqueles que usam a força da natureza ao bel prazer, Existem demônios que são tão anormais que tem um faz jorrar gelo de suas mãos, um que distorce a figura de um palhaço na coisa que você mais teme e outro que sabe exatamente como atacar lançando o seu medo mais pessoal direto no fundo do seu coração – Nesse tempo todo ele balançou as mãos representando um homem forte, um palhaço e no final apontando o dedo para o peito de Richard – Mas se tem alguém que põe mais medo que esse demônio, é o anjo caído!

— Anjo caído? Ta falando do Batman?

— Sim

— Sai dessa, Batman é tão maluco quanto essas figuras que você chama de demônios, pff – Richard de virou e fechou os olhos, mas Kevin continuava falando

— Eu que o chamo assim, creio que é assim porque Batman já mostrou mais de uma vez complacência em seu coração e por mais que ele seja uma criatura das trevas, sabe – Kevin se sentou do lado de Richard em seu monte de jornal – Ele não consegue nem tirar uma vida sem necessidade

— Boa noite Kevin! – Forçava Richard para dormir

Kevin finalmente ficou em silencio e ambos dormiram sob o hall de entrada do velho cinema, mal sabiam que o beco ao lado era o Beco do Crime e que sempre tem uma figura que o visita todas as noites.

 

Kevin não parava de cutucar a bochecha de Richard, ele estava tentando ignorar mas não conseguiu, “O que que foi?!” disse Richard quase gritando, mas Kevin colocou o indicador nos lábios e fez xiu, pedindo para Richard ficar quieto, Richard foi se acalmando, mas foi ai que Kevin apontou para o prédio logo a frente do cinema, Richard perdeu o ar. Uma figura negra de olhos brancos como a lua com algo que parecia asas balançando na sua frente, em compasso com a brisa, olhava diretamente para o beco logo ao lado deles:

— É o Batman – Sussurrou Richard sem ar – É o Batman

— Eu sei – Disse Rispidamente Kevin

— Mas o que que ele ta fazendo aqui?!

— Eu venho observando ele sabe...

— OBSERVANDO ELE?! – Richard quase falou alto o suficiente para Batman ouvir, mas ele parecia centrado – VOCÊ TA MALUCO, SE AQUELA COISA TE PEGA...

— Eu, sei o que eu faço, ta bom. Mas enfim, ele sempre vem pra cá, raramente não vem, ai queria fazer uma experienciazinha

— E você me meteu nessa sua “experienciazinha”

— Tava ansioso pra testar ela

Foi nesse momento que Kevin pareceu hipnotizado por algo que Batman fez, Richard tornou a olhá-lo e seu coração gelou, Batman estava olhando para eles, com aqueles olhos brancos, como quando o sol ofusca o seu olhar. Foi ai que então Batman pulou do prédio e saiu voando misteriosamente entre os arranha-céus de Gotham, Richard estava tentando colocar na cabeça que aquilo era só um homem, sem poder algum, mas aquilo que ele acabara de ver não era humano, ele tornou a falar com Kevin, mas na hora que ia perguntar algo, Kevin o cortou:

— Não entre naquele prédio até amanhecer

— Por quê?

Kevin estendeu uma pedra para Richard:

— Joga lá e vê o que acontece

Richard pegou a pedra e se direcionou a uma das janelas do prédio onde Batman estava, via que todas estavam tampadas com tabuas, então localizou a mais frágil, ele jogou a pedra do tamanho de sua mão lá dentro, não aconteceu nada de inicio, mas alguns segundos depois as portas do prédio abandonado foram arrombadas por uma ninhada gigantesca de morcegos preenchendo s ruas mais e mais, com o impacto que tantas criaturas nele. Ele caiu no meio do asfalto gelado e viu aquelas coisas formarem um redemoinho acima dele, com aquelas caras horrorosas olhando com raiva direto para o fundo de seus olhos, profundamente em sua alma, ele desmaiou.

Quando acordou, Kevin o tinha colocado de volta em seu lugar na entrada do cinema, estava raiando os primeiros raios de sol e parecia um dia promissor, ele cutucou Kevin, o mesmo pulou de sua pilha de jornais na hora:

— Ta tudo bem? – Perguntou Kevin

— To melhor – Respondeu Richard – E os morcegos?

— Provavelmente seguiram seu invocador

— Bem – Disse levantando Richard – Hoje parece um dia promissor, conhece alguma cafeteria da hora pra gente matar a fome?

— Mas a gente ta sem dinheiro

— Será? – Disse Richard puxando a maleta escondida de baixo de seus jornais

Ele tentou puxar o trinco e... abriu, Richard olhou com uma cara irônica para Kevin, que revirou os olhos:

— Seu primeiro dia de sorte! Aproveita que em Gotham não tem muitos

— Parece que só estou começando a conhecer Gotham mesmo, afinal, minha Chegada foi ontem, ainda há o hoje e o amanhã

E realmente ainda havia.

A Cidade do Batman nunca dorme, a luz protege os cidadãos de dia, mas a noite, a noite pertence ao Batman.


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