Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 88
Capítulo 88




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Capítulo 88 - César em crise...de novo?!

  Na tarde do dia seguinte, Júlio chega correndo no quiosque Twin, vestindo uma roupa evidentemente cara formada pelo conjunto de uma camiseta branca (muito branca) e uma calça de tecido nada humilde. Fora isso, parecia segurar alguma coisa num tipo de caixinha vermelha e com bordas douradas. Ele parecia desesperado e decidido a fazer alguma coisa. Ao ver uma figura loira, com o uniforme vermelho, de costas e atendendo um cliente, ele logo a puxa pelo braço e inicia sua declaração.

- Renata! Por favor, me escute, eu... - mas assim que se vira, vê uma expressão nada satisfeita com a situação.

- Pode soltar o meu braço ou é pedir muito? - retruca Mariana, para variar, bem irritada.

- Hã? Você não é a Renata? - fala Júlio, espantado.

- Ah, claro que sou...é que tenho dupla personalidade - ironiza a loirinha. Júlio fica extremamente tenso, move-se rapidamente atrás dela e levanta a camiseta. Se fosse mesmo a Renata, não teria a tatuagem.

- Mentira! Você é a Mariana mesmo! - reclama o imbecil, deixando, com razão, a loirinha furiosa. Ouve-se apenas o barulho de um tapa na cara do malandro.

- Seu....vou te dar a chance de escolha a forma como quer morrer!

- Espere...eu só queria saber onde está sua irmã! - Júlio tenta argumentar desesperado, mas Mariana não era o tipo de pessoa que batia muito papo naqueles momentos. Por sorte (de Julio), Thiago chega ali, para servir um copo de suco para um dos clientes.

- Ah, Júlio! Há quanto tempo! - cumprimenta Thiago.

- Quem é você mesmo? - pergunta Julio, para frustração do nosso heroi. Mariana já queria dar logo um basta na situação.

- Você veio aqui só para avacalhar com a gente mesmo, seu playboyzinho de merda? - bronqueia a loirinha, agarrando o coitado do Júlio pela gola da camisa - Já estou perdendo minha paciência

- É assim que você trata uma pessoa que não vê a tanto tempo? Só tenho uma coisa importante para falar com a sua irmã e...

- Ela não está aqui agora e...

- É - completa Thiago - Ela foi fazer algumas compras no mercado do centro e...

- Thiago! - critica Mari - Não precisava falar nada pra esse folgado! Eu ia dizer que mesmo se soubesse não contaria...porque vindo de você, não deve ser nada de bom

- Que ideia você faz de mim, Mariana! - Júlio tenta se defender - O que eu fiz de errado?

- Dizer que ama a Renata e mesmo assim sair com todas as meninas da cidade não tem nada demais, não é? - responde a loirinha.

- Aquelas garotas não significam nada para mim, além disso, agora eu vejo o quanto a Renata é importante para mim

- Mas não é o que você diz sempre? - fala Thiago.

- Mas agora vai ser diferente! Vocês vão ver! Eu mudei...mudei de verdade

- Você disse a mesma coisa quando tentou viver uma vida mais humilde, mas não conseguiu - lembra Mariana.

- Mas agora é diferente! Pode apostar que é! - Júlio ajeita sua roupa e dá meia-volta, pronto para ir atrás de seu "amor" - Desejem-me sorte!

- Bom azar! - diz Mariana.

- Você é mesmo um doce de pessoa, Mariana - Júlio ironiza - De qualquer forma estou indo...obrigado pela informação!

Mariana e Thiago se olham e suspiram. Renata era o tipo de garota que tinha praticamente todo mundo da cidade apaixonado por ela e Júlio era um desses, mas além dele, havia um outro candidato em potencial pelo coração dela. Sim, o nome dele era César...e digamos que ele está a alguns passos a frente em relação a seu rival no amor.

- Ah! Obrigada por me acompanhar! - diz Renata, enquanto colocava algumas latas de milho na cesta de compras.

- Não foi nada - responde César, vermelho e sem jeito. O rapaz tinha visto a loirinha se dirigir ao mercado e imaginou ser uma ótima chance de se aproximar. Mesmo sem ter se declarado diretamente, César acabou sendo dispensado por Raquel, sentindo o gosto de seu próprio remédio. No entanto, ele também gostava bastante de Renata e resolveu investir na garota mais uma vez. Pois é...mais uma vez...

- Renata - balbucia César, meio que com os olhos fechados e sentindo gotas de suor escorrerem pelo seu rosto, esperando que a transpiração pelo nervosismo não molhasse sua camisa pólo branca nova.

- Sim? - diz ela, enquanto escolhia mais alguns produtos para levar ao quiosque - Pode falar...estou ouvindo

- Eu...eu precisava te dizer algo

- O quê? - ela ouvia, enquanto se esticava para pegar um pacotinho de macarrão na última fileira.

- Eu...eu gosto muito de você!

- Ah, sim - ela responde, embora não muito surpresa - Foi o que você disse no ano passado

- É que eu...estava reunindo coragem para te dizer isso de um jeito mais sério e...

- Não precisa se preocupar...dava pra ver na sua cara que você me via com outros olhos - a loirinha sorria, totalmente despreocupada.

- Hã? Sério? Mas...

- Mas também sentia o mesmo pela Raquel, não é?

- Bom, não mais...ela...

- Te dispensou sem falar diretamente? Igualzinho ao Thiago...hihi. Mas acho que você gostava mais dela do que de mim

- Mentira! - grita César, depois se encolhendo quando o mercado todo olha para ele - Eu...eu gostava igual das duas...é difícil de explicar e..

- Hihi. Será? Bom, acontece que eu... - Renata parecia ter iniciado um tom de voz sério, quando ouve-se um cara afobado entrando no mercado correndo. Era o Júlio.

- Renatinha! - ele fala, ainda  tentando se recuperar da corrida - Graças aos céus eu te encontrei...eu preciso...hã?

 César não olha para Júlio com muita simpatia. Nem parecia que os dois compartilhavam o nome do mesmo imperador romano. Renata dá um jeito de desenvolver logo a conversa.

- Fala, Júlio. O que é?

- Eu...te amo! - diz o mauricinho, pela enésima vez.

- Ah, achei que você fosse dizer alguma novidade - diz Renata, com o mesmo sorriso no rosto e sem um pingo de surpresa.

- É muita cara de pau sua - murmura César - Você vive saindo com várias meninas por aí e ainda diz que a ama? Não escute esse cara, Renata!

- Cale a boca! - bronqueia Júlio - A conversa ainda não chegou na biblioteca, nerdão! Renata...você é a única que importa para mim...e eu posso provar isso

 Ele tira a caixinha que trazia consigo no bolso e mostra para Renata. Por um momento, ela, a pessoa que não se surpreendia com nada, arregala os olhos de admiração. Era um anel caríssimo, com uma pedra bem saliente sobre ele. Simplesmente espetacular para qualquer mulher amante de enfeites.

- Aceite isso como meu presente, Renata...meu próximo anel será uma aliança de casamento, pode esperar! - ele diz, praticamente se curvando diante dela. César também fica sem palavras, mas acaba intervindo.

- Renata...não caia na dele...ele vai te trair sempre...eu..eu juro que te amo...talvez eu não possa te dar joias caras, nem nada, mas...eu vou te amar muito

 A loirinha ainda estava meio perdida com a situação. Ela fecha os olhos, chacoalha a cabeça e, por fim, emite uma resposta.

- Desculpem...vocês parecem mesmo interessados, mas - ela faz uma pausa, respira fundo e continua - Eu realmente não posso corresponder nenhum de vocês

 Júlio fica de cara. César boquiaberto. Ele a dispensou...de novo...quer dizer, no ano anterior ele não ouviu nada tão direto, mas agora ela parecia mais firme.

- Renata! O que você quer? - fala Júlio - Eu faço qualquer coisa por você! Qualquer coisa!

 As pessoas do mercado olhavam curiosas, mas nenhum dos três parecia se importar com a plateia. Renata sorri ternamente e responde:

- Não precisa me comprar, Júlio...é que...eu realmente não te vejo desse jeito, mas podemos sempre ser amigos e... - ela se vira para César - E César...bem...você sabe que eu não sou a pessoa certa para você

- Mas a Raquel já

- Você precisa ouvir seu coração com mais calma...você é sempre muito ansioso

- Eu? Mas...

- Renata - Júlio parecia chorar - Mas o que eu faço sem você?

- Apenas vá e seja feliz, garoto do anel! - diz a loirinha, já se dirigindo ao caixa - Você sabe bem o que te deixa feliz

- Como? - Júlio estranha.

- Você não nasceu para uma pessoa só, Júlio. Você só é feliz tendo várias garotas, sem escolher uma

- Não é verdade....eu...eu te amo mesmo, Renata...você é diferente das outras e...

- Não se iluda - diz Renata - Acho que você não diria a mesma coisa se eu aceitasse sair com você, diria?

- Sair comigo? Isso...saia comigo! Vou provar o quanto te amo e...

- Obrigada - ela fala com o caixa.

- Renata! Está me ouvindo? - Júlio chama a atenção. A loirinha se volta.

- Desculpa...mas eu realmente não estou a fim

- Renata - balbucia Júlio - Mas...se você não gosta nem de mim e nem desse babaca aqui...

- Ei! - critica César, mas Júlio continua falando.

- ...então...de quem você gosta

Renata para, faz uma pausa, olha para cima, até que, por fim, se volta e fala:

- Bom...isso é...segredo! - ela pisca e sai de cena. Os dois ficam ali, vendo o feno passar levado pelo vento.

- Eu...não vou desistir..até - mas o celular de Júlio toca antes dele terminar de falar - Hã? Como? Ritinha? É você? Se estou livre..hoje à noite? Ah, claro, claro, eu passo aí pra te pegar às oito. Beijo! 

 Ele fecha o aparelho com César olhando feio para ele.

- O que foi? - pergunta Júlio - Ela me dispensou mesmo...mesmo assim, vou guardar esse anel para a Renatinha

- Você...só insiste na Renata porque ela ainda não quis nada com você, não é? Mas quando finalmente conseguir o que quer vai jogá-la fora como todas as outras...aposto

- Humph, não que eu te deva satisfações - responde o playboy - Mas a verdade é que eu gosto mesmo da Renata...ela é doce, meiga e está sempre sorrindo...tão diferente da jararaca da irmã dela. Não vou desistir de conquistá-la.

- Boa sorte - fala César.

- Não vai brigar? - estranha Júlio.

- Não - responde o rapaz, já em tom choroso - Ela me dispensou diretamente dessa vez...acho que vou...ficar sozinho para sempre

- Ah! Deixa disso! 

- É sério...fui sispensado por duas garotas na mesma semana...não vejo mais solução para mim

- Para com isso...parece uma mulherzinha chorando

- Cale essa boca

- Não gostou? Por que não encara?

- Seu...

- Ham-ham - o segurança da loja dá uma tossidinha, deixando os dois rapazes mais amedrontados do que irritados um com o outro, afinal, um guarda daquele tamanho era uma ameaça comum mesmo para rivais como Júlio e César. Resultado: os dois são jogados para fora por interromperem a paz.

- A culpa foi sua! - reclama César.

- Minha? Foi você que acabou com tudo! - Júlio tenta se defender.

 Os dois seguem pelo caminho de volta discutindo sem parar. Mesmo assim, a briga deles parecia um pouco mais..como dizer...saudável.

- Ainda bem que vou embora daqui...não preciso mais ver sua cara - fala Júlio.

- Vai tarde - fala César.

- Só uma coisa - Júlio ainda o chama.

- O que é?

- Não vou desistir da Renata...mas você também não devia desistir de achar outra pessoa

- Veremos... - é tudo que César diz antes de se separar de Júlio. Enquanto andava, o rapaz tenta pensar no que Renata disse, sobre a pessoa de quem ela gostava ser segredo. Quem poderia ser? Seja como for, ele parecia estar de coração quebrado...e quebrado três vezes, tanto por Mariana, por Renata e por Raquel. As três não quiseram nada com ele. O garoto parecia decidido a não se apaixonar de novo...pelo menos era o que estava pensando.

- Ai! - alguém esbarra com César. O rapaz pede desculpas e a garota sorri. Na hora, ele acaba reconhecendo a moça...aquela japonesinha de óculos, saia curta e meias longas...não era a..Kate, do quiosque Katana?

- Ah, oi - ela diz - Você...me parece familiar

- Ah, sim...meu nome é César...estive no seu quiosque há um tempinho...Kate, não é?

- Sim. Eu mesma. Vim fazer umas compras com a minha irmã e..

- Kate! Depressa! Precisamos voltar logo! - Katia, a irmã dela, estava logo atrás, segurando mais algumas sacolas, provavelmente ingredientes para o restaurante. Ela estava de shorts e camisa sem manga. César nunca a tinha visto assim...tão...normal?

- Ah, boa tarde - fala o rapaz, cumprimentando Katia. Esta, por sua vez, se curva em cumprimento e apressa a irmã mais uma vez.

- Até mais...passe no nosso quiosque - diz Kate, com um sorriso.

- Kate...e...Katia, não é? - balbucia César, enquanto vê as duas se afastando no horizonte. É...parece que clicaram em Atualizar no coração dele...


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Notas finais do capítulo

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