Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 81
Capítulo 81




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Capítulo 81 - O outro lado da ilha

As meninas seguem os latidos de Pancho e acabam encontrando um buraco no chão. Elas se entreolham e observam o local intrigadas. Eles teriam caído ali?

- Ei! Thiago! César! - grita Mariana, ajoelhada na beira do buraco e tentando chamar os garotos, mas ninguém responde - Digam alguma coisa?

- Será que eles desmaiaram? - indaga Raquel.

- Será que eles ainda estão vivos? - pergunta Stephany.

- Vira essa boca pra lá, pirralha! - bronqueia Mariana - Thiago! César! Digam alguma coisaaaaaaaaaaaa...

É que Mariana acaba se desequilibrando e caindo no buraco também. Mais uma.

- Mariana! - gritam as outras em uníssono. Agora a coisa piorou de vez. Enquanto isso, Thiago e César ainda gritavam. É. O caminho dentro do buraco não era dos melhores possíveis. Os dois caem de bunda no fundo do buraco que nada mais era do que o topo de uma descida íngreme. Eles caem escorregando num plano inclinado até chegarem num riacho. A correnteza, dessa vez, era bem forte e leva os dois sem piedade. A dupla se abraça, sem parar de gritar, até chegar numa cachoeira. Felizmente, a queda d'água não era tão alta, mas ainda assim levava os dois para uma nova correnteza tão forte quanto a outra. O caminho só acaba quando os dois saem por uma caverna e param num lago, do lado de fora, em algum lugar distante da ilha.

- Aaaaaaaahhh!!! - Thiago continuava gritando.

- Thiago...

- Aaaaaaaahhh!!! - Thiago ainda gritava abraçado a César

- Thiago! Chega! Nós paramos!

- Hã? Sério? - diz ele. César respira fundo.

- Já pode me soltar

- Ah, sim, claro...foi mal - se desculpa o rapaz - Mas o que foi aquilo? Melhor que montanha-russa! Vamos de novo?

- Ora, cale-se! - reclama César, enquanto secava os óculos (incrivelmente ele não os perdeu na queda) - E agora? Onde estamos?

- Não tenho ideia - diz Thiago, saindo do lago com a roupa toda encharcada.

- Olha só isso...estamos encharcados - fala César - Vamos pegar uma gripe desse jeito

- Ei, o que é isso? - Thiago muda de assunto.

- Isso o quê?

- Não está sentindo? É um cheiro bom

- Cheiro? - pergunta César, quando também começa a sentir alguma coisa - Nossa...é mesmo...parece

- Comida! - os dois falam ao mesmo tempo e correm na direção do cheiro. Estavam desesperados. Finalmente, eles descobrem uma clareira, onde havia um caldeirão enorme, com algum tipo de sopa dentro.

- Não acredito, velho...é...é sopa! - fala Thiago, mal segurando sua baba.

- Mas espera aí...não é estranho ter uma coisa dessas no meio do nada?

- Pode ser, mas o que importa? É comida...e estamos quase mortos de fome.

- Isso é verdade

- Vamos lá..vamos lá - cantarola Thiago - Já tem até a concha pra pegar...só precisamos de algumas tigelas

Nisso, ouve-se alguns passos. Quem poderia ser? Thiago e César se assustam em pensar que havia alguém ali.

- Ouviu isso? - fala César.

- Acho que...sim...esses passos? - pergunta Thiago.

- É. Deve ter alguém aqui - concorda o amigo - Será que é uma boa ideia ficarmos aqui? E se forem canibais?

- Mas também podem ser outras pessoas como nós. Podíamos pedir ajuda!

- Será?

Eles não tem muito tempo de continuar falando. Logo surgem as pessoas dos passos e...para surpresa geral, eram duas morenas vestidas apenas com tangas de folha. E, sim, sem nada na parte de cima. Índias?

- Ai, cacetada - Thiago abre um sorriso ao ver a quase total nudez das duas. "Elas estão...com os peitos todinhos de fora"

Já elas, acham estranha a presença dos dois ali.

- São...índias? - pergunta César.

As duas falam alguma coisa numa língua muito estranha, mas não parecia tupi. Comunicação seria um problema?

- Err...elas não falam nossa língua, Thiago - diz César

- Isso é um problema...err...Do you speak english? - pergunta Thiago.

- A little - responde uma delas. Como é que é? Então elas falavam inglês mesmo? Estranho. Mas Thiago fica feliz de pelo menos ter algum ponto em comum. As duas não estavam entendendo muita coisa. Nisso, ouve-se um grito ainda mais alto.

- Thiago! - grita a voz. Isso faz o garoto tropeçar e acabar caindo abraçado em uma das nativas. E o problema maior é que quem estava gritando não era ninguém menos que sua namorada Mariana.

- M-Mari? - gagueja Thiago, embora ainda agarrado na índia. A nativa grita assustada e empurra Thiago no chão. Mariana corre até ele e o agarra pela camisa.

- Eu aqui pensando que vocês estavam correndo perigo...e vocês ficam de pouca vergonha com essas índias? Quando você vai aprender, seu tarado?

- Calma, Mariana - César tenta acalmá-la - Acabamos de chegar...nós nem sabemos quem elas são

- Mas o Thiago está doidinho para descobrir...ora...eu aqui, toda molhada depois de cair naquela correnteza horrível...perdida no mato...sinto o cheiro de cozido achando que tinha alguma coisa e encontro você aqui, grudado nos peitos de outra?! Thiago! Eu te mato e...

- Ei, ei, o que está havendo aqui? - fala outra voz. Agora era um cara baixinho, de bigode e óculos escuros. De onde saiu esse povo?

- Hã? Quem é o senhor? - pergunta Mariana.

- Eu que pergunto! Estão invadindo nosso cenário!

Ele falava com um sotaque estranho, mas pelo menos falava português. E como assim cenário? Do que estava falando?

- Cenário? - pergunta César.

- Mariiii!!!! - grita a voz de Renata, que chega acompanhada das outras meninas, mais o Pancho, que acabou caindo no buraco também. Parece que todo mundo fez o mesmo caminho.

- Meninas!- ela sorri

- Estávamos preocupadas! Que buraco era aquele? - diz Raquel.

- Eu achei muito louco! - diz Stephany - Vamos de novo?

- Mas o que estão fazendo? - Renata olha ao redor e vê as índias, mais o homem que apareceu - Ah! Acharam mais gente perdida...legal. Ei, essa sopa tá boa?

- Quem são vocês afinal? - pergunta o homenzinho - Estão atrapalhando o nosso filme!

- Filme?! - todos estranham a afirmação.

- Tsc! Como se não bastasse aquele o outro cara que chegou aqui querendo comida...agora me aparece mais penetras

- Outro cara? Peraí..de quem o senhor está falando? - pergunta Thiago.

Logo tudo se explica. Minutos depois, os seis estavam no trailer da filmagem, num lugar cheio de comida e bebida, para alegria de nossos náugragos. Havia bastante gente trabalhando ali em um idioma que nenhum dos nossos bravos náufragos conhecia. E adivinhem quem estava lá? Pois é...capitão Gonzaga

- Ah! Eu já ia buscar vocês...mas aproveitei para dar uma cochilada aqui e depois fiquei papeando com o diretor umas coisas...mas eu juro que já ia buscá-los..heehe! - fala o capitão todo sem graça.

- Sei - retruca Mariana, enquanto se empanturrava com um pedaço de frango - Então no fim o senhor deu a volta na ilha e achou esse grupo de javaneses gravando um filme?

- Pois é. Diretor Jango Morter, ao seu dispor - fala o diretor - Embora em Java tenhamos vários cenários tropicais, nossa equipe já tinha uma ilha comprada aqui no Brasil. E, aproveitando que eu era um dos poucos diretores que sabiam falar português, nos mandaram pra cá

- Puxa...foi muita sorte a nossa! - fala Thiago.

- E que tipo de filme estão fazendo? - pergunta Renata.

- Err...de aventura - diz o diretor.

- Aventura? - estranha o capitão Gonzaga - Mas tinha muitas cenas que...

- Tá, tá bom! - interrompe o diretor - Tem uma parte de aventura, mas...as cenas mais importantes são de outro estilo

- Que estilo? - questiona Raquel

- Err...acho que não vale a pena vocês, meninas, saberem disso - fala o diretor - Não se preocupem...vamos pedir para nossa equipe consertar o seu barco e logo, logo poderão sair daqui

- Valeu, diretor! O senhor é mesmo um cara legal! - fala Thiago.

- Desde que ajudem a lavar nosso trailer...não conseguimos trazer alguém para isso - diz o diretor e, nem é preciso dizer que o lado de fora do veículo estava extremamente sujo.

- Acho que é o mínimo que podemos fazer, não? - diz Mariana.

- Oooh...e eu achando que escapei do trabalho nesse feriado

- Não reclama! - diz Stephany - Ah! Será que podem ficar com o Pancho? Ele é bonzinho

- Err... - diz o diretor, ao ter a mão lambida pelo cachorrinho - Claro...adoramos animais

E assim nossos amigos conseguem voltar para casa. Eles conseguem mais combustível para o barco e se despedem do pessoal do elenco. Thiago sorri especialmente para as atrizes que conheceu primeiro, embora agora ela estivesse vestida.

- Queria ter visto pelo menos um pouco das filmagens - comenta o rapaz, para só levar um tapa enorme no braço - Ai! O que foi que eu fiz?

- Até parece que você não sabe que tipo de filme eles estavam falando! - retruca a loirinha. Bem, o importante é que todo mundo consegue voltar para casa bem...e, o mais extraordinário, é que a viagem nem foi tão longa assim...

- Chegamos! - diz o capitão.

- Mas já? - estranha César.

- Que coisa, não? Parece que a ilha só ficava há poucos quilômetros de Marinário - fala o capitão com toda a calma do mundo - Bem, obrigado pela companhia de vocês..espero vê-los de novo em uma próxima viagem

- Mas nem ferrando! - gritam todos em uníssono. É. Parece que nosso capitão vai ter que procurar outro negócio...


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Notas finais do capítulo

Um filme javanês sendo gravado numa ilha deserta brasileira? Isso só acontece em Twin Beach mesmo...

E isso fecha a saga do naufrágio. Hehe. Obrigado por ler, gente. Semana que vem tem mais!



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