Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 44
Capítulo 44




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Capítulo 44 - Missão Totalmente Possível

  Naquele sábado, Thiago acorda no horário de sempre, isto é, no horário de sempre naqueles dias em que o pai de Mariana e Renata estava hospedado na pensão. Tenente Zeca, altamente preocupado com a virilidade e condicionamento físico de Thiago, havia colocado o rapaz num intensivo treinamento relâmpago. E Thiago ainda não havia se acostumado com isso.

 - Vamos lá! Um, dois, um, dois - orientava o militar, enquanto Thiago fazia flexões.

 - Ai, chega..por favor..

- Do que está reclamando? Você não fez nem cinco flexões?

- Conseguiria fazer mais se o senhor não estivesse SENTADO NAS MINHAS COSTAS!

De fato, o tenente estava com todo o peso jogado em cima de Thiago, enquanto jogava um game portátil. Bem, fazia parte do treinamento.

- Ora, essa...não se pode mais nem avançar o nível de dificuldade do treino? Como vai ficar forte assim?

- Mas não podemos nem ter um pouco de descanso?

- Descanso é para os fracos e..

Nisso, a campanhia toca e o tenente vai ver quem é.

- A essa hora? Quem pode ser? - pergunta Thiago

- Ora, só pode ser o César

- Chamou ele para vir aqui? A essa hora? E, pior do que isso...ele ainda veio?

César entra, meio temeroso, na pensão.

- Fala, Thiago

- César? Por que está aqui a essa hora?

- Bem...

* Flashback do César *

- Foi bom treinar você também, rapaz - dizia tenente Zeca, após ter colocado o pobre amigo de Thiago em seu programa de treinos no último capítulo - Amanhã continuamos às cinco da manhã!

- Cinco? Mas, eu...

- Claro que não me importo nem um pouco de ir buscá-lo!

"Acho que não tenho muita escolha", pensa.

* Fim do flashback do César *

- Oh, entendo

- E aqui estou

- Muito bem - interrompe o militar - Pode começar suas felxões, César!

- Hmmmm - os dois molengas gemem em uníssono.

Mais tarde, no horário do café, Mariana sentia pena dos pobres garotos. Renata passa o açucar para Thiago.

- Obrigado, Re - ele responde, mal conseguindo mexer os braços para colocar a colherzinha.

 - Parece cansado - Renata repara

-Bastante - César responde, também todo dolorido.

- Coitadinhos - Raquel se compadece - Mas...você parece estar ficando mais forte, Thiago

- Sério? - o garoto se reanima, com o rosto mais corado.

- Sim - Raquel diz, com um meigo sorriso.

"Aah...até que esse treino está valendo a pena...para receber um elogio dela", Thiago pensa, enquanto fica com cara de bobo. Mariana desvia o olhar, meio incomodada. Nisso, Stephany chega dando um belo tapa nas costas de Thiago.

- E aí, Thiago?! Como é que vai essa força?

- Aaiii!!! Não bate! - ele bronqueia.

- Pelo visto não tá muito resistente, né?

- Isso é uma consquência do treinamento...mas, com certeza, estão muito mais fortes do que antes! - responde tenente Zeca, que termina um banho e se senta na mesa do café - Bem, garotos, hoje é meu último dia aqui

Thiago e César comemoram mentalmente. Mariana e Renata lamentam.

- Já, pai? - pergunta Mariana.

- A minha vida é muito corrida, vocês sabem...Preciso viajar amanhã cedo, sem falta. E ainda tenho umas coisas para resolver no banco...mas...nem sei se vou dar conta de tudo

"Mas ele parecia ter muito tempo livre a semana toda", pensa Thiago.

- Enfim...antes de ir embora, ainda tenho uma última tarefa para esses dois

- Para nós? - pergunta Thiago, olhando para César, que simplesmente dá de ombros.

- Tenho uma encomenda importante para entregar à dona Sônia

- Quem?

- Dona Sônia é uma simpática senhora que mora do outro lado da cidade. A gente sempre ia visitá-la e ela sempre fazia uns biscoitos deliciosos para a gente

- É uma velha amiga da nossa família. Em uma de minhas viagens, trouxe um presente que ela ia gostar muito

O tenente tira, do nada, um pacote médio, devia pesar cerca de 20 kg e entrega para Thiago.

- Tome - diz o tenente.

- Ai! O que é isso? É pesado...

- É uma estatueta que trouxe de uma missão de reconhecimento que fiz no México. Imita muito bem alguns artefatos astecas antigos

- Nossa...que legal! - comenta Raquel.

- É pesado, mas é muito frágil...quero que levem para a casa da dona Sônia ainda hoje

- Mas...não seria mais fácil enviar pelo correio? - pergunta César.

- Por que pagaria uma entrega pelo correio se tenho vocês? - diz o tenente, com todo o bom humor do mundo. Thiago e César se calam. Tudo bem. Era a última missão deles.

- Quer que a gente ajude? - pergunta Mariana.

- Nem pensem nisso! - bronqueia o tenente - Onde já se viu...alunos meus devem realizar a missão sozinhos, além disso, garotas delicadas como vocês não deviam carregar peso

- Ai, pai, odeio quando você fala essas coisas machistas! - reclama Mariana.

- Não é machismo, é cavalherismo mesmo - ele se volta para os meninos - Entreguem logo essa estatueta!

- Pode ir, Thiago. A gente avisa o tio Natan se você se atrasar

- Boa. Também vou fazer uma visitinha para o meu irmão

- Na casa dele? - pergunta Mariana.

- Claro que não. Vou no quiosque mesmo. Muito mais seguro!

Sendo assim, Thiago e César seguem para a casa da tal dona Sônia, enquanto revezavam em carregar os 20 kg da estatueta. Era a vez de César carregar.

- Já carreguei demais, Thiago. É a sua vez - reclama César.

- Olha, o ônibus já tá chegando. Que coisa

- Tudo bem...mas quando a gente descer...você carrega

E é o que acontece. Tenente Zeca disse que a casa da dona Sônia ficava ainda um pouco longe do ponto? Bem, eles descobriram isso logo.

- Parece que a casa da dona Sônia ainda é um pouco longe do ponto, né? - diz César.

- Não diga...já não passaram dez minutos, não?

- Quer parar e descansar um pouco?

- Claro

Os dois param na sombra de uma árvore e Thiago começa a especular.

- Como será que é essa estatueta?

- Sei lá, Thiago. Só quero entregar isso logo e ir embora.

- Hmm..será que é daquelas que carregam algum poder místico ou algo do tipo?

- E você acredita nessas coisas?

- Não, mas que seria legal, seria

- Não sei - reclama César, já querendo voltar para o serviço e acabar logo com isso - Mas vamos logo com isso

- Será que tem problema a gente abrir e dar uma espiadinha?

- É claro que tem! Essa encomenda não é nossa!

- Nem por um buraquinho? Qual será a forma dessa estatueta aí ? Os astecas eram um povo bem exótico, não é?

- Você é mesmo curioso

- Sempre curti essas coisas. Não tem nenhum buraco mesmo?

- Deixa isso, Thiago! Vambora logo

- Mas só uma olhadinha - dizia Thiago, curioso. Mas, enquanto Thiago tentava achar um buraco para ver e César tentava tirar o pacote das mãos dele, ele acaba...sim...isso mesmo. Os dois ficam brancos.

- Cacetada! - é tudo que Thiago consegue balbuciar.

- Thiago...diga que a estatueta não quebrou...

- Pelo barulho...acho que....sim

- E agora? O que a gente vai falar para a dona Sônia?

- Relaxa...talvez não tenha quebrado muita coisa

- Espero que não!

Thiago pega o pacote, e, só pelo barulho, dava para ouvir o monte de pedacinhos que tinha lá dentro.

- Err...esse barulho não é muito bom...

César gela. E agora? Entregariam assim mesmo para a dona Sônia?

- Calma, calma - Thiago tenta se acalmar - Para tudo tem um jeito. César. Corre até o mercadinho e compre uma cola

- Cola?

E eles acabam fazendo a entrega assim mesmo. Era torcer para o pai das gêmeas não desconfiar de nada.

 - E então? Entregaram o pacote? - ele pergunta.

 - Sim - eles respondem em uníssono.

  - Que bom! Vou agora mesmo ligar para ela perguntando o que achou!

 - NÃO! - eles gritam em uníssono.

  - Hã? Por que não?

  - É que - Thiago tenta explicar - Ela disse que já estava de saída...tinha que ir no médico. Mas ela disse que ligava para o senhor

 - Ah, então tá

Foi por pouco. No dia seguinte, tenente Zeca finalmente se despede de todos. Era hora de partir. A família toda estava na rodoviária.

- Tchau, pai. Volta logo, viu? - diz Renata, abraçando-o.

- Vou tentar. E boa sorte na faculdade, Mariana

- Pode deixar. Hehe

Ele olha para Thiago e César que, retribuem com um sorriso amarelo.

- E vocês...continuem treinando! Quando voltar quero vê-los ainda mais fortes do que já estão, heim?

- C-Claro. Com certeza - eles respondem, com um sorriso amarelo.

O militar sobe no ônibus e a turma vai embora. Thiago e César não na frente, mais calados do que de costume.

- César! Que foi? Tá tão quietinho? - diz Raquel, agarrando no braço dele.

- Não é nada, não

- Imagino que não - diz Thiago, entrando no meio dos dois, com um ar claramente enciumado - Afinal, a gente fez tudo certo, não fez?

- A propósito, desde ontem, quando vocês voltaram da entrega da encomenda da dona Sônia, estão meio estranhos. O que aconteceu?

- Bem...nada de tão preocupante. Digamos que...ela gostou do presente - responde Thiago.

No ônibus, Tenente Zeca recebe uma ligação no celular. Dona Sônia. Que coincidência!

 - Fala, Dona Sônia! Como vai? - diz o militar - Recebeu o meu presente?

- Recebi, sim - ela responde - Os meninos trouxeram. Liguei para agradecer.

- Podia ter ligado mais cedo

 - Eles disseram que nem precisava ligar, mas eu tinha que agradecer.

- Imagina

- Afinal, não é todo dia que se recebe um quebra-cabeça de uma estatueta asteca. E é difícil, viu? Parece até que alguém deu uma martelada na estatueta original e vendeu dizendo que é quebra-cabeça, mas estou me divertindo muito

 O tenente muda totalmente de expressão, mas consegue terminar a conversa.

- Que bom, dona Sônia! Na próxima vez que eu vier com mais tempo eu vou aí visitar a senhora. Tá. Abraço - ele desliga o celular.

- E na próxima vez que eu vier....AQUELES DOIS VÃO VER SÓ UMA COISA! - ele se empolga, para azar do passageiro do lado que é quase esganado pelo furioso tenente. É...esperamos que ele já tenha esquecido disso na próxima visita. a279;


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Notas finais do capítulo

Missão totalmente possível...desde que Thiago não esteja envolvido.

Até o próximo



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