Twin Beach escrita por Metal_Will
Capítulo 132 - Atravessando o corredor
"Tudo bem, tudo bem", pensou Thiago, "Tudo que preciso fazer é levar a professora para o quarto dela sem ninguém ver. Está tarde e todo mundo deve estar dormindo. É só não fazer barulho que tudo dá certo. Sim, sim. É só ir na manha"
A situação não era das melhores. Thiago estava sem camisa (por ela estar sendo usada para cobrir os seios de sua professora perturbada, que simplesmente jogou a própria camisola pela janela).
- Ai..ai..hihihi - riu a professora, agarrando Thiago ainda mais forte pelo braço, motivo para deixá-lo ainda mais nervoso.
- O que foi? - reclamou ele - Não me assuste ou vou acabar acordando alguém!
- É que a folha da planta do vaso fez cosquinha na minha bunda.
- Ah...tá...tá bom...vamos logo - disse Thiago, se esforçando para manter a razão, embora sua cabeça de baixo não estivesse pensando tanto.
- Eu tô vendo, heim?
- Vendo o quê?
- O quanto você tá contente aí embaixo! - disse ela, dando uma risadinha e apontando para as calças de Thiago, que não tinha como evitar esse tipo de coisa.
- Escuta, professora - disse ele - Eu preciso te levar em segurança até seu quarto. Tem ideia do quanto sua carreira vai ser prejudicada se nos pegarem nessa situação?
- Tá, tá, já sei - disse ela - Francamente, nunca pensei que você fosse tão chato...talvez fosse melhor transar com o seu colega de quarto.
- Para de falar besteira! - disse ele - Agora vamos...é só a gente ir rápido, que nada vai dar errado.
O problema é que o caminho do corredor tinha um lance de escadas e a porta de um elevador. Seria muito azar a porta do elevador se abrir justamente quando Thiago e Cristiane estivessem passando. É...mas parece que aquela não seria a noite de sorte de Thiago. No exato momento em que o rapaz estava passando pela porta do elevador segurando sua endoidecida professora pelo braço, a porta se abre. Problemas.
- Ai, cacetada! - exclamou Thiago ao ver as portas se abrindo. Mas nem tudo estava perdido: quem estava no elevador era um casal muito distraído com suas pegações, até que o rapaz se deu conta da presença de Thiago e sua professora.
- O...opa - disse o cara - F-Foi mal.
- O quê?! Não foi nada! Imagina!
- O que foi, amor? - disse a menina, voltando-se para Thiago e tapando a boca ao vê-lo sem camisa, acompanhado de uma mulher mais velha - N-Nossa...esse hotel é bem movimentado, né?
- Err...o nosso quarto é ali na frente...vocês não falam nada da gente que a gente não fala nada de vocês.
- Por mim tá combinado - disse Thiago - Hehe...vamos lá.
- Hmmm...movimentado mesmo, né? - disse a professora - Será que eles não topariam uma festinha lá no meu apê e..
- Shhhh. Não piora a situação! - disse Thiago, tapando a boca da professora - Vamos logo! É só andar mais um pouco e..
O problema é que se deu para escapar do elevador, escapar da pessoa que parecia estar subindo as escadas não seria tão fácil assim. Thiago ouviu os passos e começou a se desesperar.
- E agora? E agora? - disse ele, baixinho, procurando uma saída - Vamos nos esconder aonde? Não dá pra voltar para o elevador...tsc...já sei, você se esconde atrás daquele vaso que eu me escondo no outro!
- T-Tá...ai, isso tá ficando excitante!
- Vai logo!
Thiago se escondeu atrás de um vaso próximo, mas o sereno da madrugada e o fato de estar sem camisa não ajudaram muito. Ele sentiu uma vontade absurda de espirrar. E o pior de tudo: a pessoa no corredor (era algum homem, carregava alguma coisa no braço e parecia andar meio cambaleando) iria passar por ele bem na hora que ele sentia vontade de espirrar.
"Não espirre, não espirre, não espirre", pensava Thiago, mas não adiantou.
- ATCHIM! - espirrou o pobre rapaz. Mas o homem do corredor simplesmente falou:
- Saúde - e continuou andando até entrar em seu apertamento, demorando para colocar a chave no buraco da fechadura. Estava bêbado, simplesmente isso.
- Ufa! Que sorte..era só um bêbado - disse Thiago, saindo do esconderijo e indo em direção ao vaso de sua professora - Agora é só pegar a professora e..
- Ei! Desculpe - era o mesmo bêbado que acabara de entrar no quarto. É, agora Thiago não tinha como se esconder.
- Hã? Ah, eu sei que parece estranho, mas..
- Por acaso é sua essa camisola que atiraram em mim lá embaixo? - perguntou ele.
- C-Camisola? - agora Thiago estava realmente nervoso. Para piorar, a professora saiu do esconderijo justamente nessa hora.
- Ah, é minha! Obrigada - disse ela, saindo de trás do vaso toda sorridente.
- Mais cuidado quando for jogar as coisas fora..ic..você sabe...é perigoso e...ah ,boa noite!
E ele saiu de cena, entrando em seu quarto. Por sorte, era um bêbado comportado.
- Professora! Por que saiu do esconderijo? - reclamou Thiago.
- Ah, ele tava bêbado mesmo! - disse ela - Agora já tenho minha camisola de volta...
- Ótimo. Então já pode colocá-la e voltar sozinha para o quarto, não é?
- Ah, mas você não quer ficar nem um pouquinho? - perguntou ela.
- O quê? Entrar?
"Talvez seja melhor bater na cabeça dela para que volte ao normal...mas se eu fizer isso nessas condições, pode ser um choque para a professora Cris normal", pensou Thiago, "Mas e se eu entrar e ela não me deixar sair e..."
- Tá bom, tá bom, já vi que desse mato não sai coelho hoje - reclamou a professora - Tá aqui sua camisa!
O problema é que assim que tirou a camisa, a professora bateu sem querer no alarme de incêndio próximo à parede. Agora sim, um enorme barulho ecoava no hotel inteiro.
- Por quêêêêê?!!! - gritou Thiago - Tanto trabalho para nada!
- O que está havendo? - as pessoas já começavam a acender as luzes e uma das portas já ia abrir para ver o que estava acontecendo. Thiago teve que usar de toda sua criatividade para se livrar dessa. Ele começou a bater a camisa na porta mais próxima, como se estivesse apagando uma chama.
- Tudo bem, gente! Tudo bem! Eu já estou apagando o incêndio! - disse ele - Foi só alguém embriagado que deixou o cigarro aceso cair no vaso..hehehe
- Ah - as poucas pessoas que abriram a porta parecem ter se dado por satisfeitas com essa explicação, mas Thiago continuava a bater a própria camisa na porta. Infelizmente, a porta que estava batendo era justamente a de Mariana (e ele não percebeu que continuou a bater, mesmo depois dela ter aberto a porta).
- É você, Thiago?! - exclamou ela.
- Hã? M-M-Mariana?! Foi mal e..uau!
É que Mariana estava só de camiseta e com uma camiseta sem manga. Mas ela logo se escondeu atrás da porta, deixando só o rosto para fora.
- O que você tá fazendo aqui?! - reclamou ela - Essa é a ala das meninas...e a gente nem está namorando..
- Relaxa, Mari - disse a professora (que ainda não tinha vestido a camisola) - Ele só veio me trazer para o quarto.
- O que a senhora tá fazendo pelada no corredor?! - gritou a garota.
- Ah, é que eu queria transar com o seu namorado e fui até o quarto dele agora pouco...mas o tesão era tanto que acabei jogando a camisola pela janela antes mesmo de chegar no quarto.
- Você o quê?! - Mariana estava pasma.
- Preciso dizer que ela tá na outra personalidade? - disse Thiago - Me arranja alguma coisa para bater na cabeça dela!
- Alguma coisa para bater na cabeça? Claro - disse Mariana, pegando um de seus livros e quase arrebentando-o na cabeça de Thiago.
- Por que me bateu?! - reclamou ele.
- Por todas as safadezas que deve ter pensado nesse meio tempo - disse ela - E agora...
- O que foi, Mariana? - perguntou Cristiane, ao ver a loirinha se aproximando dela lentamente - Se quiser a gente também pode passar uma noite gostosa juntas...você sabe que eu te acho uma tesuda e...
- Sai desse corpo, capeta! - disse ela, descendo o livro na cabeça da professora sem dó - Não é dessa fruta que eu gosto...
A pancada foi suficiente para fazer a professora desmaiar. Thiago ficou assustado.
- M-Mari...não acha que exagerou?
- Que nada..já, já, ela acorda.
E, de fato, a professora se levantou da pancada poucos segundos depois.
- Ai, ai...o que aconteceu? Só lembro de ter batido a cabeça no armário quando levantei e agora...nossa! O que aconteceu? Por que estou sem roupa?
- Sua camisola está na sua mão, professora - disse Mariana - A senhora teve outra crise de identidade.
- Oh, não, que vergonha! - disse a agora comportada Cristiane - Espero que minha outra personalidade não tenha feito nenhuma bobagem e...
- Não, não fez nada..hehe - disse Thiago, de olhos fechados (medo de apanhar da Mariana, é claro).
- Oh, desculpem! Peço mil desculpas...prometo compensar qualquer estrago.
- Bem, na verdade, sua outra personalidade acabou me levando uns vinte reais e..
Mas Mariana bateu com o livro nos ombros de Thiago de novo. E assim terminou uma noite que poderia (eu disse poderia) ter sido tranquila. No dia seguinte, Thiago estava pronto para apresentar seu trabalho no congresso, apesar de ainda espirrar muito.
- O que houve, Thiago? - perguntou Pablo, no estande do lado do congresso - Pegou um resfriado?
- Mais ou menos - disse ele - Deve ter sido aquela hora que eu saí ontem, não é?
- É. Eu lembro. Seu desgraçado! - disse Pablo, jogando uma bola de papel na cara do rapaz. Realmente, Thiago não estava em seus dias de sorte. Pouco tempo depois, Mariana passou pelo estande de Thiago.
- M-Mari? - disse ele, se recompondo imediatamente - Resolveu passar aqui?
Pablo apenas observava.
- Sim - disse ela - Bom trabalho...embora não entenda muito da parte elétrica.
- Então..sobre ontem à noite.
- Tudo bem, eu acredito em você - disse ela - E além disso, não somos mais namorados, não é? Por que se importar com aquilo?
- Mas eu...eu vou te esperar. Pode confiar em mim.
- Será que eu posso mesmo? - disse ela - É que...para homem é mais difícil resistir.
- Confie em mim! Eu vou me comportar.
- Tá bom, Thiago. Agora deixa eu voltar para o meu estande - disse Mariana - Até mais..
- Maldito - disse Pablo, logo depois que Mariana se retirou, lançando outra bola de papel - Aposto que disse cafajestagens para ela ontem à noite, não foi? Você não vale o que o gato enterra!
- Para com isso! Por que isso só acontece comigo?!
E assim termina mais um congresso de iniciação científica...
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