Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 104
Capítulo 104




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Capítulo 104 - Anjinho da Família


Parecia um milagre, ou, no mínimo, algo muito extraordinário: justamente quanto Thiago pergunta sobre os pais de Stephany os próprios tocam a campanhia. Mariana deu a certeza de que eram mesmo os pais dela.


– Eles mesmos...não mudaram nada - falou a loirinha.


– Deixa eu ver - Raquel se aproximou da janela - Nossa...sua mãe é a sua cara, Stephany!


– M-Meus pais...estão mesmo aqui? - perguntou a garota surpresa.


– Ah...haha...hahahaha! - Thiago gargalhava maleficamente - Não acredito! Justamente as pessoas com quem eu gostaria MUITO de ter uma conversa...irônico, não?


Stephany não responde nada. Ela parecia mesmo preocupada, afinal, seus pais eram pesquisadores que viviam viajando pelo país e pelo mundo, dificilmente tendo tempo de ficar com ela (por essa razão, Stephany morava com o avô desde criança). Se eles apareceram naquele momento é porque alguma coisa aconteceu.


– Não vamos ficar aqui parados, né? - falou Mariana sempre tomou a dianteira - Deixa eu ir lá abrir para eles!


Nesse instante, Renata acorda, usando sua roupa de casa (camiseta e shortinho) ainda parecia meio sonolenta.


– O que foi? Que bagunça é essa logo de madrugada? - perguntou ela.


– Meus pais apareceram - falou Stephany.


– Sério? O doutor Nicolas e a doutora Tiphany? Faz uma cara que eles não passam por aqui - falou Renata.


Nicolas e Tiphany, os pais de Stephany. O pai tinha cabelos um pouco grisalhos, mas de rosto não aparentava ser tão velho. A mãe era versão mais velha de Stephany. Não tinha o que discutir. Os dois usavam roupas não muito chamativas e leves. Thiago não conhecia muito sobre os pais de Stephany, mas sabia que eram biólogos viajantes.


– Oh, olá - cumprimentou Mariana assim que abre a porta.


– Renata, há quanto tempo! - cumprimentou dona Tiphany, abraçando a loirinha com força - Você tá tão bonita!


– Err...desculpe, eu não sou a Renata...sou a irmã dela, a Mariana.


– É verdade, vocês são gêmeas idênticas - falou Nicolas, chegando com uma bolsa - Estão todos aí?


– Ei, quem é você? - disse seu Joaquim, com o mau humor de sempre.


– Fala, meu sogro! Há quanto tempo!


– Sogro? Desde quando?


– Pai! Quer parar de graça? - bronqueia a filha.


– Nicole, minha filha! Meu Deus do céu! Há quanto tempo!


– Nicole? É Tiphany! Não acredito que esqueceu o nome da sua única filha! - reclamou ela.


Stephany ainda se mantinha preocupada. Thiago sorria, mal esperando o momento de falar algumas verdades para os pais dela, mas as coisas não seriam tão simples assim.


– Stephany! Stephany! Você está aí, linda! - disse a mãe - Meu Deus! Como você cresceu! A gente precisava mesmo se ver mais!


– Oi, mãe - cumprimentou ela, enquanto era abraçada bem apertado - Que milagre vocês por aqui...


– É verdade. Não temos passado muito por aqui, mas tiramos uma folguinha para te ver e...


Ela olha para Thiago bem ao lado. A mulher leva um susto, o que é compartilhado com o marido.


– Seu Joaquim...o que significa isso?


– Err...olá - Thiago cumprimentou educadamente.


– Isso o quê? - perguntou seu Joaquim, ainda sem mostrar muito bom humor.


– O que um homem está fazendo nessa pensão? Pelo jeito que está vestido é como...como... - o pai nem conseguia completar a frase.


– Se morasse aqui? - falou Renata - Sim, ele mora.


– Tá querendo dizer que nossa filha está morando junto com um marmanjão desses?


– Hã? Ei, espera aí...


– Marmanjão? Eu nem conheço esse aí..


– Tio Joaquim! - Thiago começou a ficar preocupado.


– Calma, calma...esse rapaz é meu namorado - falou Mariana.


– Renata! Você trazendo seus namorados para uma casa de família? Como pode?


– Mas eu sou a Mariana - Mariana explicou.


– Renata sou eu - acenou Renata.


– E eu sou a Raquel - acenou Raquel - Também sou nova moradora aqui.


– Prazer - doutora Tiphany sorriu - Mas...um homem morando junto com minha filhinha inocente? Isso tá muito errado! Pai, o senhor não coloca regras nessa pensão?


– Calma, gente, calma - dona Joana entra na discussão - Esse menino é um anjo de pessoa.


– Ah, dona Joana! Há quanto tempo! Como vai? - cumprimentou Tiphany, mudando de humor na mesma hora.


– Estou ótima, filha! E você?


– Também...mas, voltando ao assunto - ela voltou a ficar furiosa - Não é de bom tom um homem morar junto com um monte de moças. Onde estão os bons costumes? O que os vizinhos vão pensar? E ainda é namorado da Mariana?! Esse mundo tá perdido! Vocês jovens estão cada vez mais promíscuos!


– Promíscuos? Ei, calma, calma, a gente nunca fez nada, eu juro.


– Sim, é verdade. Não que eu goste disso, mas a gente nunca fez nada de...err...mais íntimo.


Mariana dá um tapa rápido em Thiago após essa frase, mas dona Tiphany não parecia satisfeita.


– Minha filhinha...desculpe por ficar tão longe. Você deve ter ficado traumatizada com esse garoto.


– Stephany! Você nunca contou de mim para seus pais? - estranhou Thiago - Eu moro aqui há mais de dois anos!


– Foi mal, sabia que tinha esquecido alguma coisa - desculpou-se Stephany.


– Dois anos?! Você vive dois anos nessa orgia toda? - o pai dela fica espantado.


– Bem...ele tem feito faculdade aqui nesse meio tempo - explicou Stephany.


– Faculdade, heim? Um lugar cheio de bebidas, festas e promiscuidade? Filha, você precisa sair daqui agora!


– Hã? Como é que é? - perguntou Stephany, surpresa.


– COMO É QUE É?! - gritaram as outras meninas.


– Ei, calma gente, também não é para tanto - falou Thiago - Eu sou uma boa pessoa...pode perguntar, não é, Renata?


– Sim, sim, ele é um amor de pessoa. É meio tarado, mas é gente boa.


– Meio tarado? - repetiu a mãe.


– Renata...isso não tá ajudando...


– Decidido! - falou o pai - Não vamos deixá-la sob o mesmo teto de um cara de moral duvidosa...Stephany! Semana que vem você irá estudar na Europa.


– Europa?! - todos estranharam.


– Isso fica longe, não? - comentou tio Joaquim - Do outro lado do Oceano...vai ser difícil de almoçar lá no domingo...


– Não podem tirar a Stephany daqui por uma bobagem dessas - falou Mariana - Ele é só meu namorado e é uma boa pessoa. Posso dar minha palavra!


– Confiamos em você, Renata - disse Tiphany.


– Mariana


– Tudo bem, Mariana, mas não confiamos nele - continuou ela - Se soubéssemos que um rapaz estava morando na mesma pensão, já teríamos tomado providências para tirar minha filhinha daqui.


– Stephany... - balbuciou Thiago.


– Thiago! - Stephany o abraçou - Desculpa por todas minhas traquinagens...eu não queria que acabasse assim!


– Calma, Stephany...ainda podemos conversar com seus pais.


– Não adianta! Quando eles colocam uma coisa na cabeça, ninguém tira. Só não queria ir embora antes de receber seu perdão...desculpa pelas brincadeiras que eu fiz...juro que só queria me divertir, só isso.


– Bem..


– Por favor - Stephany estava quase a derramar lágrimas. Thiago lembrava de todas as pegadinhas de molhar sua cama, tirar o cordão do seu calção, quase fazê-lo vomitar num brinquedo do parque, deixar algumas revistas pornográficas dele no banheiro das meninas, entre outras coisas. É claro que se Stephany fosse embora sua vida ficaria mais tranquila, mas também um pouco mais entediante. Bem ,o que fazer? Era o jeito dela.


– Tá bom...


– Mesmo?


– Tá legal. Eu perdoo todas as molecagens que você aprontou. Mas...vê se não esquece da gente.


– Esquecer? Claro que não! Vamos lembrar disso para sempre, não é, gente?


– Claro! - e os pais dela começam a cair na gargalhada.


– Ei, do que estão rindo?


– Ah, nada como voltar para casa com uma boa pegadinha - falou doutor Nicolas.


– Pegadinha? - repetiu Thiago. As meninas também pareciam surpresas.


– Desculpa, gente - falou Tiphany - Mas a gente não resistiu.


– Combinamos essa brincadeira com a Stephany semana passada, quando avisamos que iríamos chegar - falou Nicolas.


– E claro que ela falou de você, Thiago - disse Tiphany, se aproximando com as mãos no ombro do rapaz - Sabíamos que você é de confiança...e Stephany gosta muito de você.


– Então...então... - Thiago ainda não acreditava.


– Foi brincadeira! Desculpe! - disse Stephany - Mas fala aí, não foi engraçado?


– Stephany...sua...


– Bom, já que tá tudo explicado, vamos entrando gente, o almoço vai demorar, mas fiquem à vontade - falou Dona Joana - Vão ficar muito tempo? Só vai ser difícil achar um quarto...


– Relaxem, estamos em uma pousada aqui perto - falou Nicolas - Você sabe, na nossa profissão não dá pra ficar muito tempo num lugar só.


– Claro - falou Mariana - Fiquem à vontade..hehe.


– Eles realmente puxaram a Stephany, né? - comentou Raquel.


– Você quis dizer que a Stephany puxou eles, não? - falou Thiago.


– Bem, é que em termos de pegadinhas ninguém ganha da Stephany...- comentou Raquel.


– É...aposto que foi ela quem planejou isso tudo.


– Ei, é Thiago o seu nome, não é? - falou Nicolas, enquanto Tiphany e dona Joana se ajeitavam.


– S-Sim.


– Tem uma coisa legal que trouxe das minhas viagens. Quer dar uma olhada? - disse ele, tirando uma caixinha de madeira fechada da bolsa.


– O que é isso?


– Abra e veja.


Assim que abre, uma cobra de brinquedo escapa dando um susto que faz o pobre Thiago cair para trás (praticamente em cima dos peitos de Raquel).


– Thiago...tudo bem?


– Aaah..desculpa!


– Hahahaha! Você é uma figura! A Stephany tinha razão!


É...realmente, ela teve a quem puxar. Ao que parecia, denunciar as travessuras de Stephany para os pais dela não iria surtir muito efeito.


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