Hellfire Club escrita por Kali, Kali


Capítulo 9
Chapter 9 — I Care About You




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Dean encarava o chão, sentado num banco do bar, quando finalmente encontrara Laurel, que caminhava diretamente para a saída do estabelecimento. Ela estava decidida, um sorriso brilhante dançava em seus lábios e sua expressão corporal revelava que tinha algo do seu interesse em sua posse. O loiro se livrou de uma garota morena que estava agarrada em seu pescoço e rapidamente alcançou o demônio, sendo recebido com um abraço caloroso. O caçador franziu o cenho, confuso, mas envolveu os braços fortes na cintura da mesma, entrando no jogo.

— Tenho o que precisamos. — Laurel sussurrou, os lábios finos colados na orelha de Dean.

— Como conseguiu?

Ela puxou o rosto para longe da face do Winchester e sorriu travessa, começando a sacudir a cintura conforme a música que ecoava na boate alcançava seus sentidos. Tanto Laurel quanto Eveline se demonstravam incríveis dançarinas, com gingado e sensualidade. Ela segurou os ombros do homem e aproximou os lábios de sua orelha novamente, mordiscando seu lóbulo devagar e com fraqueza, soltando uma gargalhada ao ver que Dean estremecera.

— Tenho meus métodos. E também consegui um informante.

— Que seria?

— Você é muito curioso, Deanny. — Laurel zombou, pescando uma bebida da bandeja de um garçom que passava por ali — Eu lhe digo quando chegarmos no motel. Ele me disse quais são os amuletos dos Cavaleiros.

Ela deu as costas para Dean e saiu da boate, com o caçador em seu encalço. Seus sentidos sobrenaturais estavam gritando, algo ou alguém estava os observando. Ao alcançarem o Impala, Laurel praguejou e empurrou o dono do carro para o outro lado do mesmo, enquanto ele assistia uma bola de fogo atravessar o ar em segundos e explodir justamente onde ele estava. Dean assistiu, caído atrás de uma caminhonete, uma mulher coreana, de cabelos compridos e vermelhos como fogo, olhos escuros e sombrios, e um sorriso cruel estampado no seu rosto que, outrora, talvez fosse angelical. As órbitas escuras reluziram e brilharam, e a garota ergueu a mão, atirando uma gigantesca bola de fogo contra Laurel, que saltou para fora do caminho a tempo de não queimar até suas cinzas. Por sorte, ela estava longe do Impala.

— Que diabos é isso?!

— Dean Winchester... — a coreana sorriu assombrosamente, dando passos velozes até o caçador caído e o erguendo pelo pescoço com uma única mão — Seu nome percorreu o mundo sobrenatural, sabia? Chegou tão rápido à China.

— C-China?!

O loiro engasgava, sua garganta estava sendo fechada com força extrema. Aquela garota tinha de estar possuída, era impossível que uma menina tão frágil e delicada quanto ela pudesse erguê-lo daquela maneira com uma única mão. A visão de Dean estava ficando turva, seu pomo de Adão estava sendo pressionado com violência e o impedia de respirar. A ruiva ria de escárnio, pronta para estrangulá-lo, quando fora brutalmente atirada para o outro lado do estacionamento, fazendo o Winchester desabar no chão e respirar com força enquanto assistia uma sombra maciça e negra, desenhada numa forma feminina, entrar em luta contra a coreana. A massa escura virou-se para trás, revelando os olhos terrivelmente vermelhos e brilhantes como lava, e moveu seus lábios quase invisíveis numa única ordem.

Pegue minha casca e vá embora daqui!

Laurel era de tirar o fôlego. Sua forma dava passos largos na direção da garota caída, enquanto as plantas e gramíneos morriam ao seu redor, tornando o solo profano. Ela agarrou a moça e murmurou algumas palavras, a voz grave e impositora ecoando pelo estacionamento. A jovem abriu a boca, deixando uma massa dourada e vermelha sair da mesma. Tinha a forma de uma mulher, mas seu corpo era revestido por penas flamejantes, e seu rosto era a de um pássaro feroz, o bico afiado e as garras sanguinárias arrancando pedaços do corpo de fumaça de Laurel. O demônio gritou de dor e acertou um soco contra o queixo da fênix — agora Dean a reconhecia — e deixou que suas duas mãos brilhassem em chamas negras e as cravou fundo no rosto da mulher, fazendo-a soltar um grito estridente e agudo, como o piar de uma águia, e desaparecer em uma explosão de chamas vibrantes.

— O... O que aconteceu? — a garota ruiva se levantou, com um corte em sua testa. Dean a mandou correr para longe, e assim ela o fez.

A mulher-fumaça continuou parada, agora olhando fixamente para o homem. Aqueles olhos eram perturbadores e profundos, eram cheios de rancor, ódio, escárnio, nojo e dor. Por alguns segundos, ele conseguiu se ver através daquelas fendas. Ele conseguiu ver o Dean infernal, aquele que havia sido um dos mais promissores torturadores no próprio Abismo. Ele conseguia se ver ali, pois Laurel era vazia. Ela, de repente, desapareceu, e o corpo de Eveline recebeu um fôlego de vida, erguendo o peito para cima e arqueando a coluna em busca de ar. O loiro correu até ela e a ajudou a se sentar, vendo cortes irregulares e profundos, obviamente feitos por garras, surgirem na pele morena da garota. Ela arfou, agarrando-se à camisa de Dean, e o encarou com os olhos fracos num simples pedido de socorro, desmaiando.

{...}

Era importante ressaltar que demônios não dormiam, mas Laurel parecia estar quebrando aquela regra. 

Suas energias haviam sido praticamente drenadas, os cortes ardiam e por muito pouco não deixavam suas vísceras à mostra, e ela se sentia esgotada. As longas e intermináveis quarenta e oito horas de sono para ela não haviam sido suficientes, mas se sentia bem o bastante para levantar-se e sair de seu quarto do bunker para ir em direção aos rapazes no andar inferior. 

Enquanto descia vagarosamente as escadas, ela pôde reparar que não usava as mesmas roupas de antes. Agora, uma larga calça de moletom e uma blusa branca de mangas compridas a cobriam, e se sentia confortável. Fez uma careta ao pensar que um dos meninos tivera de lhe trocar e possivelmente banhar, mas preferiu encaixar o fato no fundo de sua mente. Ela enfim chegou a biblioteca, e seus olhos capturaram a visão de Dean, Sam e Castiel sentados na mesa de madeira, com livros, um notebook e garrafas de cervejas abertas. O anjo imediatamente levou seu olhar à ela, e ele parecia enigmático. Laurel pôde ver raiva e preocupação naquelas esferas azuis, mas ainda sim eram um mistério.

— Como se sente? — Sam tinha um sorriso simpático no rosto, apesar de cansado.

— Como se um trem tivesse me atropelado. — ela gemeu, sentando-se numa cadeira vazia — E depois tivesse tirado os trilhos do chão e os cravado na minha barriga. O que estão fazendo?

— Pesquisando. Aquela fênix é Suzaku, o Pássaro Vermelho do Sul. É muito provável que Lúcifer tenha a levado para o seu lado. 

Ela assentiu, lembrando-se de algumas cenas da luta que tivera a dois dias atrás. Levou os olhos cor de café até o anjo que lia um livro de conto chinês, possivelmente atrás de informações. Castiel estava quieto. E aquilo não agradava a mulher nenhum pouquinho.

Dean sugeriu que Sam o ajudasse a procurar algo no galpão do lado de fora, sentindo o clima pesado que havia se instalado entre os dois. Claro, a desculpa não havia sido nada boa, visto que eles não tinham um galpão do lado de fora do bunker, mas Laurel decidiu ignorar. Queria falar com o serafim à sós, afinal. Assim que os dois irmãos sumiram de sua vista, ela se virou para o anjo.

— Anda. Diz logo.

— Dizer o que? — ele resmungou, sem tirar os olhos do livro sobre o conto chinês. A capa de couro, desenhada a mão em letras bonitas e cores vivas, trazia algumas palavras em Huáyǔ, e logo abaixo, o nome "Os Quatro Deuses Celestiais da China" em cores pretas, escritas em inglês — Você faz suas decisões. Eu de nada a influencio.

Ela, mesmo que sentindo uma dor excruciante e com dificuldade, ergueu-se da cadeira e puxou o moreno para perto de si pela gravata, o colocando face a face consigo. Castiel apoiou as mãos na mesa, e baixou os olhos para encarar seus dedos. Laurel afrouxou o aperto e sentiu sua expressão raivosa se dissipar, adquirindo uma faceta de pena e pungimento. Ele estava magoado, mas acima de tudo, preocupado. E ela, claro, se sentiu culpada. Porque, por mais que machucasse seu orgulho de "eu não me importo com ninguém", Laurel admitia a si mesma que ela se importava. Ela se importava com Castiel.

— Você me influencia. — ela declarou, soltando o homem e rodeando a mesa afim de parar em frente a ele — Castiel, você é a única pista que eu tenho do meu passado. E meu âmago grita e esperneia dizendo que você me é importante, e muito. Eu sei que fui imprudente, que eu poderia ter morrido. Mas era a única maneira de acabar com Suzaku e impedi-la de matar Dean ou a garota que estava possuindo. Além disso, não era como se ela fosse me matar.

— Ela ia. — a voz do moreno era tão sôfrega que a culpa no peito da mulher explodira como uma bomba atômica — A fênix cortou boa parte da sua essência. Feriu gravemente você e sua casca. Ela também havia a envenenado, mas Sam fora rápido em encontrar um antídoto para o veneno. Você ficou por um fio, Laurel.

"E se eu te perdesse de novo, talvez não aguentaria", a voz do anjo ecoou dentro de sua própria cabeça. Ela lhe era tão importante, e ele sentia tanto carinho e afeto fraternal por ela... Que seria a mesma coisa que matá-lo se ela tivesse sido mandado de volta para o inferno. Mesmo sabendo que ela facilmente escaparia de lá, somente pensar na possibilidade fazia seu coração falhar uma batida e doer como se fosse perfurado por mil espinhos.

— Merda, Cass! — ela exclamou, cravando as unhas em suas palmas, cerrando os olhos com firmeza — Você não é só um amigo, não é só a droga de um companheiro de batalha. De alguma maneira eu sei. Eu sei que você é meu irmão. Eu me importo com você!

Laurel, com as mãos escondidas dentro das grandes mangas da blusa, envolveu o peito do anjo com seus braços finos e o segurou num abraço apertado, ignorando a dor que subia por suas costelas devido ao ataque do Pássaro Vermelho do Sul da China. Castiel ficou estático por alguns segundos, mas rapidamente deixou que seus membros envolvessem o corpo pequeno da morena, sentindo seu peito se aquecer e as memórias de dias passados que vivera ao lado de sua irmã invadirem sua mente como caçadores invadem um ninho de vampiros. O demônio sentiu o cheiro de sândalo que ele tinha, e flashes de lembranças num lugar branco e ensolarado explodiram em sua cabeça, onde ela e ele se divertiam como duas crianças. "Maldição", ela praguejou, apesar de seus lábios a traírem num sorriso. 

— Eu também me importo com você, Laurel. 

Ele sorriu, pousando o queixo logo acima da cabeça da mesma, passando a mão quente pelas costas dela numa maneira de consolo. A quantos séculos Castiel ansiava por isso? Quanto tempo havia se passado desde a última vez em que ele a abraçara? Uma onda de felicidade invadiu os poros do anjo, seu sorriso se alargou, e ele fechou os olhos azuis, que agora tinham um brilho ainda mais poderoso e cheio de garra. Aquilo havia o enchido de esperança. Eles poderiam ganhar aquela guerra. Eles iriam vencer aquela guerra. "Eu sempre me importei".


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Notas finais do capítulo

OIOIOIOIOIOI EU VOLTEI!!!!!!
Desculpem ficar sem postar, serião, juro que não foi minha culpa. Culpa do bloqueio criativo!!!
Mas voltei, né non? Com cena linda Cass X Laurel, ceninha Daurel e meu bebezinho Suzaku, adoro coisa chinesa adhaouidhiauhsd

Até o próximo!



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