O sol radiante daquela tarde refletia no lago. Robin terminava de organizar tudo para passear com Regina no barco. Teve sorte que um dos empregados apareceu duas horas antes e lhe ensinou a manusear o veículo.

 A temperatura estava escaldante, deduziu que Regina tinha razão quando o informou que o amanhecer e o entardecer eram frios, e as tardes eram quentes. A aguardava ansioso para colocar em prática o que aprendera mais cedo.

 Entretanto, toda sua inquietude fora deixada de lado ao sentir-se atraído por Regina, que caminhava em passos lentos no cais. A mesma parecia contemplar o momento com serenidade.

“Está tão linda!” Ele pensou.

 Regina usava um vestido branco, o qual era estampado por flores vermelhas. Seus cabelos estavam soltos e movimentavam-se com a brisa suave que os atingia.

Fazendo os galhos do antigo carvalho movimentarem constantemente, em um curto período de tempo. O que fez Robin questionar-se como seria estar naquela casa em um dia de tempestade... Antes de ficar perdido nos olhos castanhos de Regina.

—Você vai ficar parado me olhando, ou vai me ajudar a subir no barco?

Perguntou sorridente.

—Ah, claro!

Ele respondeu, ainda desconcertado.

—Me desculpe, estava distraído.

Completou, enquanto a apanhava pela cintura.

Regina sentiu as mãos de Robin subindo pelo seu abdômen, recostando levemente suas mãos no contorno de seus seios. Assim que Regina encostou seus pés no barco, sentiu a respiração ofegante de Robin contra seu rosto. Ambos estavam de olhos fechados, contendo o desejo ardente que se seguia dentro de cada um.

—Me desculpe, foi sem...

—Shii... (Sentiu Regina colocar um de seus dados sob seu lábio.) – Não precisa se desculpar, eu gostei.

—Eu também.

Disse abrindo os olhos, contemplando o belo sorriso que se formava no rosto dela.

 Robin, até então, não tinha certeza até onde Regina queria chegar naquela viagem... Contudo, depois daquele ocorrido começou a suspeitar que Regina queria aprofundar ainda mais o relacionamento deles, tanto quanto ele. Sorriu. Não via a hora em que a noite chegasse. Todavia, havia muitos outros momentos que ele gostaria de compartilhar com ela, sendo um deles, aquele momento, enquanto passearia de barco no contorno da costa.

                                                  ***

 Nova York

  Assim que terminou suas atividades no escritório, Valerie e Greg saíram para tomar sorvete, como haviam combinado no começo daquela semana. Obedecendo Robin, Valerie e Greg o fizeram no Granny’s.

Tomavam seus respectivos sorvetes, nem se preocupavam com os olhares curiosos de Granny sobre eles. A mesma já sabia que em breve sairia um relacionamento dali, afinal, Valerie e Greg estavam saindo muito naqueles dias... Contudo, não contava que aquele momento se concretizaria ali, em seu estabelecimento.

Greg colocou a mão sob a de Valerie ao proferir:

—Eu preciso saber de uma coisa.

—O quê?

Perguntou curiosa.

—Nós já estamos saindo há algum tempo e... (Valerie sentiu seu estômago se contorcer de ansiedade, pela expectativa do que viria a seguir.) –Eu quero saber se você aceita namorar comigo?

Concluiu nervoso. Sua expressão suavizou devido ao sorriso tênue  que Valerie formou em seu rosto.

—Eu pensei que você nunca fosse pedir.

Disse irônica. Logo em seguida completou:

—É claro que eu aceito!

Selaram seus lábios, enquanto exploravam a boca um do outro sentiam a mistura perfeita de morango e chocolate, tornando o beijo mais agridoce.

Assim que o finalizaram, Valerie percebeu que eles tinham uma espectadora. Sorriu tímida.

—Minha namorada é tão linda quando está corada.

—Greg... (Disse sorridente.)

  Granny de longe comemorava a felicidade da neta. Sabia o quanto a jovem havia sofrido, mesmo sendo tão nova. Merecia vivenciar bons momentos, e se Greg fosse capaz de proporcionar tal felicidade a ela, isso significaria que ela havia ganhado mais um neto de coração.

 Percebendo que Valerie estava perdida em seus próprios pensamentos, Greg questiona:

—O que você tanto pensa? Não me diga que está repensando sua decisão?

—Não, não é isso. Estou pensando no meu pai e na Regina, o que eles devem estar fazendo...

                                                      ***

   Robin desamarrava o barco que estava preso a doca.

—Está pronta?

Perguntou.

Recebendo o consentimento de Regina, ligou o motor do barco, girou o timão. No silêncio daquele lugar, o único som audível era o roncar do motor.

 Regina admirava o sorriso que Robin exalava em seu rosto, logo, seus olhos percorreram os músculos de Robin. Afinal, o mesmo usava uma regata preta que os deixava à mostra.

Lembrava-se das sensações que ele lhe causava, cada vez que envolvia seus braços fortes sob sua cintura.

  A navegação até então estava tranquila, a maré oscilava lentamente. Regina percebeu o quanto a tonalidade da água era semelhante aos oceanos azuis que Robin carregava consigo em seus olhos. Esta, por sua vez, sentia o vento soprando em seus cabelos.

  As ondas estavam tão fracas que ao mesmo tempo em que emergiam, desapareciam.Aproveitando aquela situação, Robin soltou o timão, deixando que a correnteza os guiasse... Foi até Regina, que estava lindamente sentada, observando o horizonte.

—No que você tanto pensa?

Questinou, sentando-se na proa do barco ao lado dela, selando seus lábios rapidamente.

—Nos seus filhos, o quanto eles iriam adorar estar aqui conosco.

—Você está certa. Roland adoraria passear de barco, e Valerie, assim como eu, certamente se encantaria com o jardim.

—Da próxima vez podemos trazê-los.

—Haverá uma próxima vez?

— Por que? Você não quer?

—Se dependesse de mim, ficaria aqui com você e com eles todos os dias.

 Regina sorri diante da resposta. Recostou sua cabeça no ombro de Robin enquanto observavam a imensidão do lago a sua frente. O sol áureo se perpetuava.

 Tinham uma visão belíssima do céu que possuía um azul profundo naquela tarde. As nuvens se alinhavam uma ao lado da outra, pareciam dançar a coreografia de uma música, que mesmo sem ser escutada, era sentida por Robin e Regina ,que estavam inebriados de paixão. Aproveitando a ocasião para selarem beijos e carícias um no outro.

Quando a fome se fez presente, decidiram voltar. Estavam na varanda, sentados sob as cadeiras vime brancas, saboreando um chá gelado de maçã.

A temperatura já não estava tão cálida quanto antes. Uma brisa começou a soprar, exalando o aroma dos pinheiros e das árvores ao lado.

 Robin fitou Regina, que parecia cessar seu chá com muito gosto. Se perguntou quantas vezes durante o dia havia ficado aderente a ela? Sentiu uma necessidade enorme em revelar a ela o quanto a mesma era importante para ele, que não era somente uma paixão qualquer... Gostaria de dizer que a amava. Entretanto, a mesma levantou-se o que lhe fez perder toda coragem que havia adquirida.

—Robin? Você está me escutando?

—Como?

—Eu perguntei se você quer mais chá?

—Não amor, obrigada.

—Então devemos ir canoar logo, o sol já está se pondo. Daqui a pouco ficará frio.

—Sim. Você está certa!

Concordou, levantando-se.

Regina largou seus copos na cozinha e foi até Robin, que já estava no cais a aguardando.

—Estou pronta, vamos?

—Você realmente vai precisar dele?

Robin aponta para o cobertor que Regina carregava em seu braço.

—Provavelmente sim, a temperatura já começou a cair, não sei quanto tempo iremos levar, e eu não gosto de passar frio.

Disse as últimas palavras em tom elevado.

—Tudo bem, tudo bem.

Retrucou gesticulando com os braços.

—Vamos, então, milady?

  Subiram na canoa. Já posicionados, Robin começou a remar. Admiravam o entardecer, enquanto se afastavam da casa, Regina vislumbrava os pássaros que voavam ao redor do ambiente.

  Minutos depois...

  Longe de casa, adentraram em meio à algumas árvores, deslumbrados com a quantidade de patos que haviam presentes no local.

—Eu nunca tinha vindo aqui.

Confidenciou, maravilhada.

—Esse lugar não vai parar de me surpreender.

—Pelo visto, não.

Respondeu, sorridente.

 A noite manifestava-se, trazendo consigo um ar gélido. Regina cobriu-se com seu cobertor. Enquanto apreciava o passeio, a lua emergia no horizonte, e, mesmo distante, carregava consigo um brilho especial, do qual Regina não era acostumada a vislumbrar na cidade. Por um momento, Regina pensou que talvez não fosse a lua que estava especial, e sim, ela, devido a felicidade suprema que sentia irradiar dentro de si, por cada momento vivido, até então, ao lado de Robin.

Afinal, ele fora capaz de fazê-la pulsar e amenizar seu coração em questão de segundos, com simples palavras e gestos de carinho, algo que, até então, não era acostumada a receber. Ele a fez trazer à tona uma Regina que ela ocultava, que as pessoas desconheciam... Robin, com sua compreensão, a suavizou e tirou dela todo o peso e medo que carregava consigo durante anos... Evidentemente haviam cicatrizes, das quais ele não poderia curar jamais, a perda de seu filho era um exemplo claro disso, no entanto, ele certamente iria acudi-la quando fosse necessário, porque era isso que ele representava em sua vida, um refúgio. Alguém em quem ela confiava cegamente, era seu amigo antes de ser o homem que amava.

 Estava tão perdida em seus pensamentos que nem sequer percebeu que já haviam retornado.

—Regina? Vamos entrar?

—Por que não ficamos aqui fora mais um tempo? Observando.

Respondeu. Robin percebeu o quanto Regina estava bela carregando um sorriso em seu rosto, o qual a lua com toda sua resplandecência fazia questão de acentuar. Estava linda, ele sabia que não era somente pela sua aparência e sim pelo que havia por dentro, estava disposto a fazer de tudo para mantê-la com aquele sorriso.

—Claro! Eu tive uma ideia! Me espere aqui.

Correu para dentro da casa, enquanto Regina o esperava no cais. Voltou com um lampião, segurou Regina pela mão e a guiou para beira do lago, sentaram-se sob uma manta admirando a lua, tendo ela e o lampião como claridade. Se sentiam completos com a presença um do outro.

 O mundo poderia ser uma imensidão infinita, que os fez sofrer de diferentes maneiras, enfrentando obstáculos dolorosos até chegar ali... Contudo, naquele momento eram dois seres humanos rendidos pelo amor, que fora a cura para sarar suas dores, remorsos e medos.

  Regina estava com o cobertor em volta de si, fitou Robin que ainda usava apenas uma regata.

—Você não está com frio?

—Como poderei sentir frio ao seu lado?

Regina ruborizou com aquela resposta. Pensando no que viria a seguir... Certamente a noite seria longa.

                                                                                     Continua...