“Fathers be good to your daughters

Daughters will love like you do

Girls become lovers who turn into mothers

So mothers be good to your daughters too” Daughters -John Mayer

Para Amber, o primeiro dia de volta as aulas havia sido infernal. Claro ela tinha Henry e Page ao seu lado, mas nem mesmo o capitão do time de futebol e a garota hightech podiam contra as maldosas líderes de torcidas. Sim, as garotas de pompons sempre foram más com ela, pelo menos desde que Henry entrou para o time de futebol, mas ela não entendia o que isso tinha haver com ela. Então quando chegou em casa, ela foi direto para o quarto, quando ela foi ao banheiro, ela viu a pequena tesoura de cortar unhas e não resistiu ao impulso de pega-la. Ela encarou o objeto e nesse momento uma escuridão passou pelo seu coração. Ela não sabe como, ela apenas sentou no chão do banheiro e puxou a manga na blusa de frio e começou a fazer pequenos cortes horizontais. Enquanto via o sangue sair, ela fechou os olhos e se lembrou:

Eles tinham sido atingidos, ela tinha certeza de ter quebrado algo, ela sentiu o sangue escorrendo pelo seu rosto, rapidamente ela gritou pelo irmão “Anton! Anton!” Ela estava apavorada...

A esposa do governador que estava de licença desde aquele fatídico dia, desceu para comer algo, quando percebeu algo: apenas AJ estava no andar de baixo. Guiada por um instinto e um timer perfeito, ela foi procurar a filha que não estava no quarto, o que ela começou a achar estranho, foi só quando ela passou pelo banheiro que estava com a porta fechada, ela abriu a porta e não gostou nada da visão. “No que você está pensando Amber!?” Ela disse um pouco mais alto do que deveria, assustando a garota, rapidamente ela tomou a tesoura da garota e usou papel higiênico para limpa-la. Mas elas ainda são Emily e Amber Hotchner e claro, não demorou muito para um novo conflito surgir.    

Elizabeth resolveu ir à casa da filha, para ver como havia sido o primeiro dia de volta as aulas da neta e claro ver se Emily já desistiu do seu voto de silêncio. Se foi instinto materno ou intuição de vó ou seja lá como você chama, ninguém sabe ao certo, mas no momento em que Nina a governanta abriu a porta para a senhora mais velha ela ouviu os gritos no andar de cima, na verdade ela duvida que alguém naquela casa não tivesse escutado. Ela pediu a Nina para que levasse AJ para brincar no quintal e subiu imediatamente. Chegando no andar de cima, ela viu as duas no corredor e Emily prestes a fazer algo que se arrependeria, rapidamente ela tomou frente na situação “Amber pro seu quarto” mas Emily estava furiosa, quando a garota se moveu ela disse “Eu não mandei você sair Amber, fica!” Elizabeth respirou fundo e disse para a neta “Amber pro seu quarto” mas olhando fixamente para a filha. A garota não esperou uma terceira vez e saiu. Emily olhou a mãe com raiva e saiu em direção ao seu próprio quarto “Você não Emily” mas a filha não lhe deu ouvidos, ela bufou e a seguiu.

Emily estava furiosa com a mãe, como ela ousava tirar sua autoridade assim na frente da filha? Então quando Amber saiu, ela simplesmente fez o mesmo, afinal ela não estava a fim de escutar a mãe, então ela foi para seu quarto e bateu a porta.

Quando Elizabeth entrou no quarto da filha, ela a viu encarando o espelho. “Hoje não mãe” “Hoje sim Emily. O que teria acontecido se eu tivesse chegado cinco minutos mais tarde? Você teria mesmo dado um tapa nela?” Emily se manteve de costas e em silêncio “Emily olha para mim, estou falando com você”. A esposa do governador se virou e disse em um tom venenoso “E assim fala a mãe do século” “Estou longe de ser perfeita Emily, mas ainda sou sua mãe e você me deve respeito” a morena mais jovem rolou os olhos e disse sarcasticamente “Oh sim, desculpe mamãe” lembrando de seus anos de promotora, Elizabeth contou até dez, tentando se manter calma “Você está pior que adolescente Emily. Pare de ser tão infantil” Emily bufou e finalmente parou para pensar, talvez a razão estivesse retornando para ela “Eu o perdi...” E finalmente a mãe viu mais nos olhos da filha do que raiva “Todos nós perdemos ele” ela disse se aproximando da filha, ela não esperava uma reação da filha, mas o abraço não a surpreendeu, a advogada caiu no choro nos braços da mãe. “Você não pode culpa-la por isso” ela tentou plantar a ideia em sua mente, “Mas...” “Não existe mas Emily, o que aconteceu, aconteceu. Você está assim por que você sente que no fundo a culpa é sua” ela disse e esperou uma reação, como não houve uma, ela prosseguiu “Você está se culpando por ter deixado Amber chegar onde chegou, quantas vezes ela não passou a noite na delegacia?” a mulher desfez o abraço para encarar a mãe “Acho que mais do que eu” “Convenhamos que você também não era santa Emily” ambas sorriram “Eu te dei muito trabalho” “Sim. Álcool, drogas, meninos e Deus sabe mais o que” Emily a olhou culpada “Desculpe” Elizabeth sorriu fracamente “Eu sei que você tem dificuldades com perdas” Emily então desviou o olhar para um canto qualquer “Demorou muito para você descobrir?” Elizabeth seguiu seu olhar “Eu sabia que você estava escondendo algo, então quando Dave fez aquela pesquisa para a candidatura do seu pai, ele acabou descobrindo sua visita a clínica. Então eu tive que me averiguar que não seria vasado a notícia que você havia feito um aborto” Emily suspirou “Você me acha covarde?” Elizabeth a olhou surpresa “De maneira nenhuma, você era uma menina Emily e ter que lidar com tudo sozinha não foi covarde, você só deveria ter me contado e encontraríamos uma maneira” Emily suspirou e disse “Você acredita que ela fez uma tatuagem?” Elizabeth riu “Bem, tal mãe tal filha”. Emily então respirou fundo e pensativa disse “Eu não sou uma boa mãe” Elizabeth a encarou “Jamais diga isso Emily, você é uma ótima mãe, que apenas vem tomando algumas decisões ruins” Emily então a olhou perplexa “Desde quando você sabe?” Elizabeth riu sem graça “Que você vem dormindo com um ex cliente? Há dois meses. Que você está mantendo um casamento de fachada? Há oito meses” Emily a olhou triste, no fundo ela temia a decepção da mãe “Não vou mentir para você Emily, eu não concordo com isso, mas também não vou me meter. Só tome cuidado para que ninguém saia ferido”. Depois de um tempo em silêncio a esposa do governador olhou para mãe “Se eu te contar uma coisa, você jura não contar pra ninguém?” a ex promotora a olhou curiosa e ofereceu o dedo mindinho, como há anos atrás quando ela e a filha contavam segredos, Emily sorriu e de repente ficou séria “Quando o médico veio nos contar o estado deles, primeiro eles falaram sobre Amber, eles disseram que ela estava em coma induzido, mas...” de repente a voz dela morreu, ela não conseguia dizer em voz alta, pois assim iria tornar real “Mas o que Emily?” Emily olhou a mãe assustada “Ela tinha sofrido um aborto” A mulher mais velha arregalou os olhos “Você sabia? Ou melhor ela sabe?” Emily deu de ombros “Eu não sabia nem que ela...” Emily corou ao entrar em determinado assunto com a mãe “E eu acredito que ela não soubesse que estava grávida” “Você vai contar a ela?” a senhora Prentiss perguntou “Não vejo necessidade, Aaron e eu combinamos de não falarmos sobre isso, ele convenceu o médico a não colocar isso no histórico dela e sinceramente? Ela não precisa sofrer mais” Elizabeth ergueu a sobrancelha “O que?” Emily perguntou “Bem, quando cheguei e encontrei vocês duas no corredor, realmente achei que você iria bater nela e então agora vejo você tentando protegê-la. Parabéns Emily, você sabe o que é ser uma mãe” Emily rolou os olhos e um pequeno sorriso apareceu “Sério?” “Bem você tem seus problemas, mas jogue a primeira pedra quem não tem” Emily suspirou e deitou na cama “Eu não sei o que fazer, bom eu sei o que tenho que fazer, seguir em frente, mas eu não consigo” A mãe seguiu o exemplo da filha se deitando também “Emily a vida é assim, seguir em frente mesmo que você ache que não consiga, é simplesmente superar. A vida não é justa, é apenas ir em frente”.