"No meu coração deserto, você fez uma cidade;

Veloz num amor esperto,total na cumplicidade;

Quando o raio do amor nos feriu, 

 A Felicidade então nos sorriu..."

Felicidade

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Sarah

Acordo de madrugada sentindo fome. Me levanto com cuidado para não acordar Connor. Depois que o fiz tomar dois banhos seguidos, haviamos jantado, conversado um pouco mais sobre minha, agora quase certa, gravidez e feito amor, não necessáriamente nessa ordem!

Foi um alívio para nós dois,em especial para mim, perceber que o produto com o qual se lavara da segunda vez, surtira efeito. A possibilidade de enjoar sempre que ele se aproximasse de mim foi apavorante!  Não por conta apenas do sexo, lógico que sentiria falta disso, não sou hipócrita em dizer o contrário;  Mas o não poder estar perto, sentir seu cheiro, poder desfrutar de sua companhia, isso sim me apavorou...." Ainda mais em um relacionamento relâmpago como tem sido o nosso!", penso enquanto preparo um sanduiche de pasta de amendoin, caprichando no recheio.

—Sarah?? - Connor vem em minha direção, massageando o pescoço, sonolento - O que houve? Está sentindo alguma coisa?

—Fome. - respondo, sorrindo e ele olha o sanduiche monstro que preparava, sentando-se em um dos bancos do balcão da cozinha.

—Pensei que não gostava de pasta de amendoin - observa surpreso ao me ver colocar uma generosa camada sobre a décima fatia de pão, pondo a colher na boca a fim de lamber o resto do conteúdo da mesma.

—E não gosto - franzo nariz em uma careta - Mas deu vontade- dou de ombros e ele sorri, passando a mão pelo cabelo, bocejando.

Termino minha obra prima e vou me sentar no sofá, seguida por ele. Coloco o prato juntamente com a caixa de suco de maçã sobre a mesinha de centro, ligo a tv enquanto Connor se joga desplicentemente , esticando o corpo, apoiando os pés na ponta do mesmo local pouco depois que retiro o prato.  Entrego o controle para ele, o que não foi uma boa idéia visto que ainda estava "dormindo" e ficou zapeando pelos canais sem parar em nenhum.

—Escolha um canal e pare, estou começando a ficar tonta - reclamo vendo-o sorrir com o canto da boca, aumentando a velocidade do passeio pelos canais- Connor, me dá isso aqui! - falo ao mesmo tempo em que estico a mão tentando, sem sucesso, tomar o controle de sua mão --Que parar de criancice! - volto a reclamar vendo seu sorriso aumentar-- Desisto! Você é impossível! - me recosto no sofá , devorando o sanduiche, esticando as pernas, colocando-as junto das suas.

—E você adora! - diz, convencido, beijando meu pescoço, fazendo cócegas e sussuro um "bobo" para ele - Você quer ir a algum lugar no fim de semana? - pergunta, me lembrando que estaremos de folga - Ou prefere ficar em casa mesmo?- quer saber, mudando de posição, deitando no meu colo, colocando o prato sobre o peito. Sorrio vendo a cena.

—É , com certeza , a primeira vez que a bandeja é mais atraente do que o que está dentro dela! - brinco, fazendo-o rir - Ainda não sei.- respondo, após alguns segundos, pensativa - Vai depender do resultado dos exames. Talvez, quem sabe, deveríamos tentar a tal reunião de família que Claire tanto quer- sugiro e ele faz uma careta de desagrado - Mais cedo ou mais tarde vai ter que acontecer, Connor. Especialmente se o teste der positivo. Por mais que nossos pais impliquem ou sejam contrários ao nosso casamento, não quero privar nosso filho da presença dos avós.

—Garanto que ele não vai reclamar! - diz e lhe dou um tapa no ombro - Tá certo. Vou pensar nisso.Prometo - assegura.

—Bom garoto! - brinco, beijando-o - Humm, gostoso! - provoco-o, fazendo-o levantar-se, rindo.

—Se já terminou senhora Rhodes - começa, tomando o prato de minhas mãos - Acho que agora é hora de matar a Minha fome - me dá um beijo longo, deitando-me no sofá, me cobrindo com seu corpo - Posso? - pergunta, os olhos fixos nos meus, que aceno concordando, sentindo meu corpo buscar o seu, correspondendo a suas carícias.

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Cantina do hospital              15:20 p.m    

—Repete, por favor, por que acho que não ouvi direito. -me pede April, tão surpresa quanto Natalie e Maggie, me encarando enquanto comemos na cantina do hospital.

Já passava da três da tarde quando finalmente tive espaço pra comer alguma coisa mais substanciosa do que sanduiche e suco. O dia começara tão corrido que nem tive tempo de pegar o resultado do teste. Estava ansiosa e havia me prometido pegá-lo na primeira oportunidade mas a fome foi mais forte.

—Deixa que eu pego - ofereceu-se Lilian - Estou indo lá buscar outros resultados, aproveito e pego o seu. Pode tratar de ir alimentar minha sobrinha..Ou sobrinho - pisca, saindo da recepção em direção ao laboratório.

—Você fez ele tomar dois banhos seguidos!!? - ouço a voz de Maggie, me trazendo de volta do devaneio - Coitado!! - sorri, balançando a cabeça.

—Estava sentindo naúseas por causa do cheiro dele, é isso? - questiona Natalie.

—Não do cheiro dele propriamente - começo a explicar a complicada conclusão a qual cheguei - Mas a reação dos perfumes na pele dele - digo, vendo-as me olharem confusas - Tipo, se ele não usar nada, tudo bem. Mas se coloca qualquer coisa, é enjoo na certa! Deu pra entender?

—Honestamente, não - responde Natalie e Maggie concorda.

—Não sei como explicar melhor o qu...- sou interrompida pela chegada de Lilian e da irmã de Connor.

—Olha só quem encontrei te procurando Sarah! - Lilian anuncia, me entregando o envelope - Resisti a tentação. Não li - revela.

—O que você não sabe explicar?- questiona Claire, sentando-se conosco, curiosa e Natalie e Maggie lhe contam tudo enquanto abro o envelope -- Ahhh, entendi- diz, sorrindo - É assim: cada pessoa, mais especificamente a pele, reage de uma forma as fragâncias. Algumas peles não se dão bem com perfumes oleosos, por assim dizer, sendo indicado os de secagem rápida, pra obter fixação. Já em outras, os oleosos tem uma melhor absorção e por consequência uma fixação melhor. A mesma coisa serve para as notas que formam o perfume, tipo, pra minha pele, por exemplo, os perfumes com notas florais, doces e oleosos são mais indicados. Coloco um perfume com essas características e vou ficar cheirosa o dia inteiro. Já se uso perfumes mais secos, dentro de algumas horas terá sumido, como se não tivesse colocado nada - explica, rindo ao ver nossas expressões admiradas- Fiz um curso em uma perfumaria junto com minha equipe de vendas desse setor na Dolan - revela.

—Quer dizer que não é todo perfume que serve pra todo mundo? - Natalie pergunta e ela acena afirmativamente - E como vou saber qual o ideal ?

—Geralmente, claro que toda regra tem excessão, o que determina essa fixação é o nível de transpiração da pessoa. - diz - Cada um de nós tem seu cheiro natural, que se revela quando transpiramos. Em uns é mais sutil, em outros não.Depende de fatores tanto externos quanto genéticos. Connor, por exemplo, - me olha - É uma dessas excessões. Homens normalmente se dão melhor com perfumes cítricos ou almiscarados, mais fortes. Ele sempre teve melhor resultado com os mais florais ou amadeirados- faz uma pausa - Enfim, é meio complicado e demorado. O que quero dizer é que cada pele reage de forma diferente fazendo com a pessoa fique mais ou menos cheirosa. E essa enrolação toda era só pra te dar tempo de ler o resultado - brinca - E aí, já posso começar a me preparar para ser titia, cunhadinha?- pergunta ansiosa, apoiando-se na mesa, assim como as demais, aguardando minha resposta.

Mordo o lábio, erguendo os olhos do segundo papel que teve o poder de mudar toda minha vida.

—Sim - anuncio e as quatro mulheres a minha frente vibram.

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Connor

Acabo de sair do centro cirúrgico em companhia de Downey. Esta foi a terceira cirurgia do dia.

—Estou exausto! - ouço meu amigo e mentor dizer, jogando-se no sofá em sua sala enquanto permaneço de pé - Exausto mas satisfeito- completa,me observando - Algo o incomoda Rhodes?- pergunta, chamando minha atenção.

—Sarah pode estar grávida - falo direto e o vejo abrir um largo sorriso .

—Meus parabéns.- cumprimenta - Antecipado - acrescenta, levantando-se, indo até sua mesa, pegando uma garrafa de uisque que guarda em uma das gavetas, servindo duas doses - Aqui, tome. Por hoje está dispensado - avisa ao ver meu olhar interrogativo - Pelo menos por mim - declara tomando o líquido de um só gole.- A idéia o assusta? De ser pai.- pergunta e balanço a cabeça negativamente.

—Está mais relacionado ao momento que vivemos- revelo - A especialização tanto minha quanto dela, nossas famílias...- assim como ele fez, tomo o líquido de um só gole -Vai ser meio complicado conciliar isso tudo com a chegada de um bebê- admito.

—De fato - concorda, voltando a sentar-se, levando os braços pra trás, apoiando a cabeça- Mas, como dizia minha avó, a única coisa que não tem jeito é a morte. O resto, resolvemos com paciência, carinho e uma boa dose de amor, o que não falta a vocês - somos interrompidos pelo som do meu bipe. Me despeço dele, prometendo avisá-lo assim que soubesse o resultado.

No elevador, olho o número que me bipou: Sarah. O que significa que ela já deve ter o resultado. Me encosto na parede, fechando os olhos, tentando relaxar. David está certo. Será complicado mais daremos um jeito.

—Isso tudo é fome ou cansaço?- escuto a voz de Will e abro os olhos vendo-o em companhia de Ethan.

Estava tão distraído que não percebi o elevador parar.

—As duas coisas.- afirmo-  Estou indo encontrar Sarah na cantina agora. Ela me bipou.

—Humm, já sabe o resultado do novo teste?- pergunta - Nat me disse que tinha convencido Sarah a fazer novamente depois que ela passou mal antes do almoço - completa.

—Acho que foi por isso que me chamou - digo - Quanto tempo será que os enjoos vão durar? - pergunto mais para mim mesmo.

—Geralmente cessam após três ou quatro meses - Ethan informa

—Mas podem durar mais. Natalie pode te dizer melhor- Will sugere quando saímos do elevador.

Os dois me acompanham até a cantina onde vejo, ao chegar, Sarah cercada (literalmente!) por Nat, April, Lilian, Maggie e minha irmã e pelo sorriso que me dirigem, não preciso ser advinho pra saber o resultado: positivo!  Após beijar minha esposa, sento a seu lado, "roubando" um pouco do seu almoço.

—Vou te arranjar mais amostras do sabonete liquido, Sarah - ouço Nat dizer - E ver se tem algum hidratante com a  mesma fórmula, Connor, porque já me avisaram que resseca a pele se usado por um longo período - me diz. Agradeço e, vendo o olhar interrogativo de Will para a namorada, cometo a besteira de contar o que havia acontecido noite passada e, mesmo depois das explicações de Claire, que me tranquilizaram, tenho que aguentar a crise de riso de ambos, Will e Ethan, pacientemente, acabar só pra vê-los recomeçar tudo de novo quando descobrem qual o princípio ativo do bendito sabonete.

—Desculpe meu amor!- Sarah exclama, segurando meu rosto entre as mãos, me beijando - Me desculpe! - repete, sorrindo sem graça para mim.

—Tudo bem. Tá tranquilo - afirmo, envolvendo seu ombro com um braço,trazendo-a para mais perto, enquanto acerto  uma batata frita em Will depois em Ethan, fazendo Claire rir - Titia! - provoco minha irmã.

—Com muito orgulho! - garante, sorrindo.

—Já pensou - começa Will, parando de rir - Se for uma menina, Owen poderá namorar com ela e seremos parentes! - brinca, ficando sério a seguir ao ver minha expressão tensa - Estava brincando Connor. Não me leve a mal - diz.

—Não levei . -respondo, seco - O problema não é você. São eles - indico a entrada da cantina com um gesto e ele, assim como minha irmã, Sarah e os demais, olham na direção indicada, ficando tão tensos quanto eu.

Parados na entrada, conversando com miss Goodwin, se encontravam as duas pessoas que não se alegrariam com a novidade: nossos pais.

"...Seja descomplicado,ferroz e na hora exata;

Que não exista certo e errado, na lua,na noite prata;

Quando o raio do amor nos feriu,a felicidade então nos sorriu!

Eu quero só você!

Longe,perto, ao lado, eu só penso estar com você!.."