No Roses escrita por AleyAutumn


Capítulo 4
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4

— Natalia aos 5 anos -  

— A minha filha não fez nada disso, um absurdo, calúnia! Mentirosa! - Niklaus gritava no meio do corredor assustando a todos os presentes no local - Uma criança adorável! - ele a puxou pelos ombros a mostrando em um vestido de tule com uma coroa de princesa - O seu filho abusou dela.  

— O meu filho só tem 5 anos seu maluco! - a loira gritou - A sua filha é criada por um animal! Só isso explica o comportamento dessa pobre criança. 

— Basta! Eu vou pendurar você e essa criança de cabeça pra baixo na janela do meu quarto. - grunhiu e a mulher se afastou assustada.  

— Maluco! Insano! Olhe o que ela fez! - a mulher ergueu o filho mostrando a imensa bochecha com marcas roxas e cortes profundos, era nítido que era uma mordida. 

— Prove que foi ela! - ele gritou ficando com o rosto avermelhado sabendo que era ela quem o havia feito. 

A mulher apenas suspirou e mostrou o rosto da criança cheio de glitter assim como o de Natalia também estava, as duas eram as únicas crianças no recinto que estavam dessa forma. Niklaus apenas suspirou irritado e chutou as dezenas de potes de glitter por todo o local sujando a todos que estavam na sala.  

— Prove que foi ela. - colocou as mãos nos quadris e a mulher simplesmente se afastou enquanto a professora se aproximava receosa com um bilhete em mãos. 

— Klaus não quer falar com você agora. - a voz da pequena Natalia saiu excessivamente fria não causando surpresa na professora. 

— O que foi? - o loiro a olhou - Vão dizer que ela quebrou um pescoço?  

— Ah não. - a mulher decidiu ficar em silêncio sobre os recentes acidentes - Na realidade estamos com uma apresentação marcada, é uma atividade em grupo, mas os alunos estão com um pouco de receio de trabalhar com sua filha. - o loiro olhou para as crianças presentes no local - As aulas de dança...  

Klaus arrancou o bilhete das mãos dela e leu rapidamente e logo levantou o olhar e se virou.  

— Traremos uma dança para o dia.  

ººº 

— A diretora ligou e contou o que aconteceu, francamente Niklaus onde já se viu fazer algo assim? - Marcel o questionou assim que o loiro passou pela porta - Estou dizendo para deixar isso na mão de Rebekah! 

O loiro soltou a criança que passou a saltar nos móveis enquanto grunhia e derrubava algumas coisas pelo caminho, o moreno negou com a cabeça vendo ela tentar agir como uma verdadeira vampira e se questionou como haviam deixado isso chegar tão longe. Niklaus nunca havia sido nada discreto em suas ações relacionadas ao vampirismo e seu desejo sanguinário e o resultado disso era uma criança que mordia pessoas, grunhia pela casa e saltava de janelas como se fosse um ser imortal. 

Natalia parou se sentando na almofada e olhou para os dois com curiosidade enquanto cruzava as pernas e tombava a cabeça os olhando friamente como Niklaus sempre fazia quando estava de mal humor.  

— Rebekah, minha tia? - questionou.  

— Qual o motivo pra eu não ser chamado de pai? - o loiro resmungou sentindo os nervos a flor da pele. 

— Você não é meu pai. - disse com simplicidade - Matou minha mãe.  

— Eu não matei! A casa pegou fogo e ela não conseguiu fugir! - ergueu um dedo e ela apenas rolou os olhos com descaso.  

Marcel novamente balançou a cabeça em negação, para ele nada poderia ser mais estranho que isso. Niklaus criando a filha de uma mulher que ele assassinou, contando para a filha dessa mulher o que ele fez e ainda pedindo para ser chamado de pai. Era algo para se questionar em relação a mentalidade de seu mentor, ele não estava em seu perfeito juízo, mas o moreno admitia que isso era bem melhor do que mentir e que ela levava isso de forma completamente tranquila. A garota havia aprendido a não valorizar vida alguma sendo criada com Niklaus, ela já não era mais humana. 

— Talvez devêssemos chamar alguém, uma pessoa da minha confiança. - o loiro o olhou atentamente -  Natalia está se mostrando bem diferente das outras crianças, isso pode chamar atenção de vampiros e bruxas e como você pode ver... nós não temos um grande número, somos apenas em dois. Essa não é a forma mais discreta de se manter uma criança adotada por um híbrido e um vampiro, ambos muito procurados, invejados e requisitados.  

— O que sugere? - o moreno sorriu ao ver que seu plano de se livrar das pequenas confusões da pestinha estavam dando certo. 

— Uma vampira de confiança, uma ótima guardiã que lida com diversos tipos de comportamento. Ela pode muito bem trazer a humanidade dela de volta, pode a deixar mais "humana" possível. - o loiro o olhou com atenção e puxou Natalia pela coroa quando ela fez menção de ir para a janela.  

— Uma amiga só pra mim, todos os dias igual o Marcel? - ela o questionou.  

— Uma amiga melhor, pois o Marcel está querendo te matar. - o moreno sorriu amigavelmente para ela que apenas sorriu em resposta provando para Niklaus mais uma vez o quão inumana ela era.  

— Traga essa mulher. 

O que?— foi o pensamento da mulher quando ouviu o absurdo sair da boca de Marcel que apenas a encarava em expectativa e que não ficou nada surpreso quando ela quebrou o imenso copo de Chopp em seu rosto. 

— Foi por isso que você me transformou em um vampira seu desgraçado. - ela grunhiu irritada saltando na cadeira ainda sentada enquanto sacudia a mesa com raiva - Eu não queria ser isso e ai você me transforma em uma mutante pra ser babá de uma criança? - o moreno sorriu sem graça.  

— Lerry eu passei esses últimos quatro anos te conhecendo e assegurando que você seria a pessoa certa, ideal para isso e agora você é. Tudo bem que agora observando melhor eu teria escolhido outra pessoa, mas no momento você é a única que eu tenho. 

— Mas... mas... não seja falso seu cretino! - o olhou ofendida o odiando com todas as forças. 

— Me peça o que quiser e eu a darei. 

— Vai me dar algo? Tipo minha vida de volta? - ironizou. 

— Você foi transformada há apenas duas semanas Valerine isso não pode estar sendo tão ruim como você faz parecer que é.  

— Eu perdi o meu emprego e devorei meu namorado.  

— Você odiava ele.  

— Eu odeio você. - respondeu com cinismo enquanto ajeitava os longos cabelos, 

— O ponto Lerry é que isso pode ser algo divertido, proveitoso, você faz parecer que é um terror.  

— Eu tenho juízo, em duas semanas fui atacada por um grupo de vampiros! E não sei se você se tocou, mas eu não sirvo como exemplo pra uma criança e você ainda me fala que o pai dela é um maluco. - parou respirando fundo e se inclinando na mesa enquanto sorria - Ele pelo menos é bonito? E existe alguma mãe a qual eu queira matar? No caso dele for bonito... 

— Pare agora. - ela se conteve e ele segurou as mãos dela com carinho - Não quero que pense que fiz isso apenas por puro interesse, você é uma ótima pessoa e eu acredito que se Natalia ver nossa interação poderá se tornar uma pessoa melhor, algo mais próximo de uma humana, alguém que seja capaz de formar laços. Ela adora Niklaus, mas o teme. 

— Existe motivo para isso? - ele suspirou se ajeitando na cadeira.  

— Ele ter matado a mãe dela não foi o suficiente?  

— A pedra do sol. - o olhou fixamente - Eu não quero mais ficar presa na noite. 

ººº 

O loiro cruzou os braços a olhando de cima a baixo com os olhos estreitos em desconfiança, onde Marcel haveria conhecido esse ser tão comum que não parecia em nada com uma punk estranha as quais ele sabia que Marcel estava acostumado a lidar? Ele a olhou rapidamente, se tratava de uma mulher muito jovem de cabelos longos e escuros, a pele pálida e os olhos de um tom estranho de castanho e dourado que logo chamaram a atenção do loiro, era algo bem novo para ele e tinha dúvidas que aquela coloração fosse realmente natural. 

— Essa é Valerine. Era uma agente policial antes de ser transformada, na realidade é até hoje. - o moreno deu um sorriso perverso ao ver que o loiro não estava recuando - Valerine tem 380 anos.  

A moça se manteve m silêncio a pedido do amigo, mesmo que sua postura fosse desafiadora. Ela era bem audaciosa, arrogante e parecia ser bem maluca a ponto de se mostrar completamente superior a um vampiro tão forte quanto Niklaus. O loiro não acreditava que ela fosse uma boa influência para a filha, provavelmente aquela mulher a faria ser pior do que já era; isso se não a matasse. 

— Marcel me disse qual é a minha missão. - falou firme enquanto o encarava nos olhos - Humanizar a criança sem deixar que os sentimentos ultrapassem a razão e o seu conhecimento sobre o mundo humano.  

Marcel engoliu a gargalhada ao ver que os sentimentos e as emoções de Valerine ultrapassavam qualquer razão existente e que Natalia poderia ser tudo, menos igual a essa mulher, mas essa era a oportunidade perfeita para ele de se livrar do problema e ainda dar uma pequena lição futuramente em Niklaus por o ter forçado a aguentar a garota por tanto tempo. Valerine era um problema que não se engolia a seco. 

— Valerine, Klaus Mikaelson. Está bem informada, mas não tenho certeza se é a personalidade que quero que minha filha se espelhe. - a morena arqueou uma sobrancelha e deu um sorriso zombeteiro que quase lhe rasgou a face tamanho era seu ódio. 

— Senhor Mikaelson, acredito que o senhor não tenha moral para me dizer isso, afinal é você quem está precisando de ajuda. - os dois se encararam um refletindo a raiva pelo outro enquanto as narinas inflavam a cada segundo. 

— Eu confio plenamente em Valerine e acredito que ela será uma excelente guardiã, treinadora e amiga. Não sei se percebeu, mas Natalia não tem muitos amigos. - os três se viraram para a criança que tinha os braços cruzados enquanto os olhava atentamente registrando cada palavra. 

— Nossa, essa é a criança?- Valerine riu - Ela parece um monstrinho, eu era igualzinha na minha adolescência. Que fofa, dá vontade de encher de mordi... bonecas, e jogos... uau. - Marcel respirou aliviado ao ver como Valerine atuava bem, seus anos como espiã haviam lhe beneficiado muito - Você gosta desse seu papai malvado? - ela agachou de frente para criança - O que acha de jogarmos boliche? - com a cabeça dele. 

Os dois viram a menina abrir um sorriso pequeno e se sentiram um pouco culpados, afinal Natalia nunca tivera brincadeiras saldáveis como as outras crianças, na realidade... Natalia apenas brincava completamente sozinha pelos cantos escuros da mansão esperando uma alma desavisada passar para a morder assim como ela havia visto Niklaus fazer algumas centenas de vezes, era algo natural aos olhos dela. 

— Será bom ter a garota aqui. - o loiro comentou ao se lembrar da apresentação da garota. 

— Você quer que eu a ensine a usar facas ou a lutar? - o loiro pensou, se Marcel confiava nessa mulher estranha e audaciosa, provavelmente era por ser super inteligente e forte.  

— Tudo o que souber. - o loiro analisou todos os presentes sabendo que poderia levar certa vantagem no crescimento da garota que ele sequestrara para ser sua filha e que tanto estava deixando de lado, ele se virou para a filha e agachou diante dela registrando os olhos escuros antes de a pegar no colo e a afastar dos olhares curiosos. 

ººº 

Almas solitárias. - Valerine pensou olhando para todos ao seu redor, era impossível não se sentir só e vazio como vampiro, mas Niklaus parecia ter achado uma forma de passar por isso.  

Ele estava longe de ser o pai perfeito, mas ele ao menos tentava o fazer. Ele tentava ser alguém melhor, mesmo que fosse apenas para uma única pessoa. 

— Um tigre! - voltou os olhos para os dois quando Natalia gritou, a pequena molhou o pincel na tinta e passou a pintar o rosto dele com extremo cuidado enquanto balbuciava coisas como "Um enorme tigre lindo", fato que fez Marcel rir com sarcasmo e sumir dos olhos furiosos de Niklaus. 

— Um tigre? - ele resmungou baixo e ela baixou os olhos o encarando intensamente enquanto ele ajeitava o pequeno laço em seu cabelo, definitivamente ele parecia estar ficando cada vez mais próxima de uma humana, tinha que admitir que Valerine vinha fazendo um bom trabalho, ele só ainda não entendia o motivo da vampira ter ficado já que possuía a pedra do sol. 

— Sim papai. - o loiro paralisou vendo a sorrir com carinho depois de passar as pequenas mãos pelos fios loiros dele. 

Em anos ela nunca o havia chamado de tal coisa, recusara sempre o chamar dessa forma, afinal não era seu pai e ainda havia lhe tirado uma mãe. Nunca escondeu de onde realmente havia vindo, nem o que a fez parar em seus braços e muito menos o motivo daquilo.  

— Um tigre é ótimo. - se calou quando ela tornou a pintar o rosto dele.  

Isso o assustou demasiadamente, nunca havia esperado ouvir tal coisa, nem mesmo de seus irmãos embora Rebekah sempre o fizesse. Era algo novo puro e inocente, ele não esperava se sentir amado depois de provocar dor na pessoa que veio a ser a mais importante de sua vida. A culpa o consumiu como em nunca, mas ele a engoliu e a olhou novamente vendo os olhos escuros e intensos o analisando intensamente parecendo desvendar todos os seus mistérios e então sentiu os pequenos lábios pressionarem sua bochecha antes que ela pronunciasse a sua redenção.  

— Eu te perdoei. 


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