Cornerstone escrita por Beauty Queen


Capítulo 1
One.


Notas iniciais do capítulo

I'M BACK, BABYS! Voltei para derrubar os forninhos de vocês, eu sei que vocês adora!
Algumas coisas sobre essa one:
1- Ela está sim grande, perdão.
2- Ela tá cheia de referências que vocês não pegaram por quê:
3- ELA FOI FEITA ESPECIALMENTE E COM MUITO CARINHO PARA A CRUSH MOZÃO MASTER DA MINHA VIDA, ou como vocês devem a conhecer: Liids River. Só ela vai pegar as referências, por quê:
4- Essa one poderia se chamar: A vida da Liids que só eu tenho acesso.
Apesar de tudo, eu gostei muito da one, e isso é algo que não costuma acontecer, então eu espero que vocês também gostem! Tenho certeza que pelo menos uma risada ela rende!
Vão, leiam! Até lá em baixo.



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Eu devia ter pegado um casaco.

Para um dia que começara ensolarado, estava ventando até demais. Começara a chover, por azar, quando eu desci do metro, e o caminho até o Starbucks mais próximo ainda assim era comprido. E eu esquecera meu casaco. Teria sido bem melhor eu ter continuado na estação de trem. Pelo menos aquilo não teria acontecido.

Eu tive que parar no meio da correria até a cafeteria para calçar um de meus tênis que —olhe que maravilha- fugiu do meu pé.

Eu havia perdido completamente a vontade de tomar meu Frappucino, mas eu não peguei chuva por nada.

A frente da cafeteria estava lotada, o que me fez bufa.

Entrei, peguei minha bebida e voltei para a frente. A chuva havia parado, mas o vento continuava. 

Minha pasta estava cheia de papeis, resumos, atividades, testes. Minha bolsa pesava em minhas costas e eu tentava equilibrar tudo isso. Nada bom.

Eu achava que as coisas não podiam piorar depois da minha pastar cair no chão. Ou então depois das folhas voarem e eu ter que – estupidamente correr atrás delas. Como eu estava engada. Aquilo aconteceu. Ele aconteceu.

Enquanto eu me abaixava para pegar os resumos e xingava tudo quanto é entidade que poderia ter mandado essa maldita chuva justo hoje, alguém se abaixou ao meu lado e começou a juntar minhas folhas que estavam molhadas.

— Eu fiz esses resumos hoje – Reclamei sem olhar para a pessoa – Que droga.

Ele teve a audácia de rir. Foi quando eu o olhei.

Os cabelos negros estavam molhados, mostrando que ele não tivera uma sorte melhor do que a minha com a chuva – Ou talvez tenham molhado quando ele foi até mim. As bochechas estavam coradas pelo frio e ele tinha um sorriso de lado.

Diga-me que você não é um deus dos ventos, eu acabei de xingar você.

— Eu ajudo você – ele falou.

Sua voz era rouca e calma.

Ele se levantou com a maioria das folhas e pegou o café de minhas mãos. Me levou para dentro da cafeteria, segurando meu pulso e nos sentamos em uma mesa no fundo.

Ele tentou ver meu nome nos testes.

— Arrabelle... Chase – ele franziu a testa.

— Annabeth.

— Seu “N” parece um “R” – Ele fez uma careta - Bonito nome – ele escreveu no topo da folha e então... Bem... Ele começou a copiar meu resumo.

— Você... Está reescrevendo para mim? – eu questionei, piscando, surpresa.

Ele levantou os olhos.

— Estou – ele respondeu como se fosse obvio.

— Por quê? – Eu questionei.

— Porque esse vento chuvoso não vai acabar agora, e eu não tenho nada para fazer – ele sorriu – Além do mais, você parece cansada e está reclamando desde que entrou aqui. Fica murmurando coisas.

— Você ficou me olhando?

— Não é o tempo todo que uma moça com os olhos da cor do céu lá fora entra por aqui – ele respondeu.

Corei.

— Você está sempre por aqui, então? – Tentei disfarçar minha surpresa.

Ele riu.

— Você é curiosa. Mas, sim. Estou aqui sempre. Vou começar o convênio em alguns dias, fui transferido. Acho que perdi bastantes aulas... Você quer que eu faça os desenhos?

Eu olhei para o resumo.

— Oh, não – eu respondi – Não precisa.

— Você vai fazer arquitetura? – Ele perguntou – Okay, não responda. É obvio que vai. Vou fazer engenharia.

Os olhos dele brilharam, mesmo que ele continuasse focado em copiar meu resumo. O sorriso dele era tão lindo.

— Você não precisa fazer isso – Eu disse.

— Já disse que quero fazer – Ele rebateu.

Terminei de beber meu Frappucino, paguei um outro para o garoto e continuei á olha-lo escrever.

Ele soltou o lápis depois de um tempo.

— Copiado – Ele sorriu – Desculpe os erros e a letra.

— Sua letra é melhor que a minha – Eu respondi e comecei á recolher as folhas, colocando-as na pasta.

— Espera – Ele segurou meu pulso – Eu esqueci.

Ele pegou uma das folhas e foi até o final. Começou á escrever algo, rápido e distraído. Sorriu no final e começou a recolher suas próprias coisas.

— Aqui – Ele me entregou a folha – Adeus, Annabeth. Foi muito bom copiar seus resumos.

oOo

Percy Jackson. Aquele era o nome do rapaz de olhos verdes e uma mãe exemplar, que o ensinou á copiar os resumos molhados dos outros. Não sei se a parte de por seu numero de telefone no final estava nós ensinamentos, mas...

E vocês poderiam, sim, me chamar de idiota por não ter chamado o garoto. Havia se passado apenas uma semana, mas eu me sentia culpada por não ter dito sequer um “obrigada”, ou por não ter tido a coragem de mandar mensagem para ele, ou por... ter perdido o resumo com seu numero.

Mas o que eu poderia dizer?

“Oh. Olá”

“Oh. Obrigada por copiar aqueles resumos. Gostaria de copiar outros?”

“Você é tão bonito. Você é real?”

Não. Nada disso.

Eu estava passeando com meu cachorro. Ou ele passeava comigo, tanto fazia.

Meu irmão, Malcom, era um manezão. Era vez dele de passear com Pi, mas ele não tirava aquela bunda da cadeira em frente ao computador. Mas tudo bem. Tinha que ter alguma coisa boa naquele corpo que passa 22h do dia jogando. Eu não sabia o que era, e se soubesse, não admitiria, claro. Pelo menos ele tirava o lixo, às vezes. E quando ele não estava sendo um retardado fazendo vozes estranhas e atrapalhando minhas conversas com Thals ou Piper, ele era uma ótima companhia para quando mamãe e papai saiam. Ai estou eu admitindo coisas boas sobre ele. Não contem para ele. Mas, Malcom era bonito, esforçado e manezão. Tinha vezes que ficávamos dias sem se falar, olhando um para o outro, eu fazendo comida para ele, ele lavando a louça para mim, mas com uma cara de tipo: “Te odeio”. Até... Bem... Eu esquecer o porquê de termos brigado e ir até ele “Oh, Malcom, cê viu meu moletom?”. Talvez se ele arrumar uma namorada ele fica menos... ele. Talvez ele até pare com as vozes. Eu não sei. Vou testar.

Mas no fundo eu não quero isso. Amo ele assim. Aquele cabeça de vento.

Eu havia viajado tanto pensado em Malcom, que nem notei que Pi me puxava para frente, tentando correr atrás de um cachorro que passou correndo na rua.

— Pi! Ei!

Se você é pequena e magra, você arruma um cachorro menor que você, se não, ele te arrasta.

Acredito que Pi só tenha parado de correr quando eu caí – Mais uma vez, estupidamente em frente à ótica em que eu vinha ajustar meus óculos.

Não sou cega. Talvez um pouco. Bem pouco, eu juro.

Alguém se abaixou e me ajudou á levantar.

— Quais as possibilidades, hum?

Eu fechei os olhos com força. Droga.

— Seu cachorro costuma passear com você por aqui? – Ele tirou uma folha do meu cabelo.

— Sim – Eu respondi e dei mais uma volta na coleira de Pi – O que faz aqui?

— Eu trabalho aqui – Ele trocou o peso de um dos pés – Consegui um estagio. Minha mãe não me quer em casa de jeito nenhum.

— Já começou a estudar?

— Ah, não – ele disse, passando a mão nos cabelos, envergonhado(?) – Ainda não consegui concluir minha matricula.

— Ah – Eu respondi e olhei para baixo.

— Pensei que você fosse ligar – Ele falou baixo.

Pi tentou correr outra vez, mas Percy pegou a coleira de minhas mãos.

— Eu... Eu perdi o resumo – Disse, corada – Perdão.

Percy concordou, mordendo o lábio inferior.

— Aqui – Estendi minha mão e minha caneta para ele.

Ele sorriu e anotou outra vez o numero.

— Não precisa por seu nome – Eu disse quando ele escreveu o P – Percy.

Após me lançar outro sorriso de tirar o folego, ele disse:

— Não se esqueça de mandar uma mensagem dessa vez.

oOo

Eu não esqueci... Eu só... Fiquei com vergonha outra vez. Mais uma semana. Eu tinha anotado o numero dele em um post-it e colocado no quadro de avisos, e todos os dias, eu pensava em mandar uma mensagem ou ligar, mas desistia.

Eu havia, sim, pegado o turno de Malcom para poder passear com Pi naquele horário. Passava do outro lado da rua, e ás vezes o observava varrer o local, ou limpar, ou atender alguém, ou mexer no cabelo, ou morde o lábio e franzi a testa quando estava irritado com algo que Sr. Stiles falava. Eu sabia que ele já tinha me visto, e ele me olhava magoado outra vez. Eu sempre desviava o olhar e continuava andando.

— Annie, tudo bem? – Thalia questionou.

— Sim – Eu respondi e sorri. Tinha me distraído outra vez.

Thalia era minha melhor amiga. Ela era... violenta, grossa, palhaça, espontânea até demais e extremamente segura. Ela sabia exatamente como me fazer sorrir. Eu tinha um irmão, e eu amava meu irmão, mas Thalia... ela era tão parecida comigo, que às vezes eu me assustava. Porém ela sabia exatamente como me irritar. A sinceridade dela era comovente. E ela estaria sempre ali para falar tudo que eu sabia que precisava ouvir, mesmo que fosse doer, mas depois ela iria cuidar de mim, juntar os cacos. Ela era minha melhor amiga. Minha Parabatai. Minha Padawan.

— Nico está olhando para você – Thalia disse, abaixando os olhos e mexendo os pés distraidamente.

Minha melhor amiga. Violenta, grossa, palhaça, louca e segura. Não com garotos. Mais especificamente, com aquele garoto.

Nicholas Di Ângelo era quase meu melhor amigo, se eu podia chamar ele assim, ou deveria chama-lo de... crush.

Não. Eu gostava dele, ele era um menino legal. Ele me acompanhava em estreias e eventos nerds. E bem, ele era um amor de garoto. Minha mãe o adorava, demais. Na cabeça da minha mãe, eu e Nico éramos o par perfeito. Eu nem conversava mais sobre garotos com ela, por que tudo era “Annabeth e Nico”. Não importava se eu dissesse que éramos amigos, que só saiamos ás vezes, e sequer rolava alguma coisa. Não importava. “Annabeth e Nico. Nico e Annabeth. La la la”

O problema era: Thalia tinha um crush nele. E Nico gostava de mim, todo mundo sabia disso. Veja minha situação como é complicada.

— Já disse para você que gosto dele apenas como amigo, Thals – eu assegurei outra vez.

— Mas ele não – Ela bufou e soltou um grunhido de frustação.

— Talvez se você parasse de se esconder ou fingir que não liga para ele quando estamos juntos, ele te note.

— Mas... ele só olha para você!

Eu reverei os olhos. Se tivéssemos “Potinho dos Atos feios” em casa, minha mesada ia toda nele. Metade dela já ia no “Potinho do Palavrão”. Se bem que mamãe era a que mais colocava dinheiro lá.

Peguei o braço dela e comecei a puxa-la para perto de Nico. Ela me xingava e falava para eu solta-la.

— Annie! – Nico disse animado quando eu cheguei perto dele.

— Oi, Nico – Eu sorri.

— Hey, Thals – Ele sorriu para a morena, que abaixou os olhos.

Ela respondeu curta:

— Oi – E então olhou para o relógio – Eu vou logo para minha aula.

— Thals...

— Até, Annie – ela resmungou e se foi.

Por que ela simplesmente não age naturalmente? Não da para perde o BV desse jeito.

Olha. Quem. Fala.

— Ela não gosta de mim – Nico resmungou, fazendo uma careta estranha.

Minha vontade era rir na cara dele e enfiar sua boca na boca dela. Se controla, Annabeth.

— Claro que não gosta – Eu respondi, revirando os olhos.

Se Nico notou, não ligou. Ele sorriu animado e me abraçou. Eu me sentia bem abraçando Nico. Ele era alto e magro, mas... Seus braços eram tão confortáveis.

Quando nos afastamos, ele sorria abertamente, o que me fez da um sorriso mínimo. Talvez não fosse tão ruim ter um crush em Nico. Opa, não. Thalia. 

— Melhor irmos para a aula – Eu respondi.

Ele concordou e começamos á andar.

Eu estava tão perdida conversando com Nico, que nem notei quando tropecei em alguém.

— Perdão – eu disse.

— Tudo bem.

Eu olhei para a pessoa, e preferi ter ido para a sala direto, sem me desculpar com seja lá quem fosse.

— O que você faz aqui?!

Percy Jackson me olhou assustado.

— Eu fui transferido para cá – Ele disse como se fosse óbvio.

— Não – eu grunhi – Para cá, não.

— Assim que você agradece por eu ter copiado todos os seus resumos?

— Eu lhe paguei um Frappucino! – eu respondi – E você copiou por que quis.

— Quem é ele, Annie? – Nico questionou.

— Você não me ligou – Percy parecia chateado.

Eu olhei para aqueles olhos verdes, desapontados e... lindos.

— Perdão – Abaixei os olhos e respondi, corada.

— Annie...

— Ele é um moço que eu conheci no Starbucks – Respondi para Nico.

— Que copiou seus resumos – Percy acrescentou.

— Que copiou meus resumos.

— Prazer – Percy sorriu – um sorriso de dentes brancos e perfeitos, para Nico, estendendo a mão – Percy Jackson.

— Nico Di Ângelo – Nico disse mal-humorado.

— Você não tem aula com Thalia agora, Nico? – Eu questionei, olhando-o sugestivamente.

Ele me olhou abismado e me puxou para longe de Percy.

— Você está me expulsando para ficar com ele?

— Nico, pelo amor de todos os deuses – Eu comecei – O garoto é um deus!

Ele pareceu mais abismado. Logo depois ficou bravo.

— Okay – Ele ajeitou as coisas nas costas e se virou.

Ótimo.

— Perdão – Disse novamente para Percy.

Ele sorriu.

— Ele é seu namorado? – Ele questionou.

— Não – Eu respondi, sorri para ele – É meu melhor amigo, eu acho.

— Você acha? – Ele riu.

— É.

— Ele gosta de você.

— Eu sei – Respondi, suspirando triste – Todo mundo sabe.

— E você não gosta dele? – Percy perguntou.

— Não desse jeito – Eu olhei para ele – Quer dizer, ele é legal, bonito, me sinto bem com ele... e sinceramente, já tive tantas oportunidades de beija-lo ou namora-lo, que não seria nem um pouco difícil ter um crush nele. Mas... minha melhor amiga é louca por ele desde o primeiro ano. É isso que me faz não consegui sentir nada maior por ele do que amizade.

— Você deixaria de gostar de alguém por sua amiga?

— Minha amizade com ela é mais importante – Eu respondi – Além do mais, posso arrumar outra pessoa, ela só gostou dele em toda a vida.

Percy olhava admirado para mim.

— O que foi?

Ele sorriu, um sorriso de quem ia falar algo muito...  Muito idiota.

— Anda comigo no recreio?

oOo

Depois de cinco meses andando no recreio com Percy, eu estava começando á achar que devia ter dito Não quando ele perguntou.

Mas Annabeth, ele é um gato.

Ai está a fonte do problema, querido. Percy não era apenas bonito, ele era charmoso. E bem, ele sabia como conquistar o coração de uma garota. Como conseguiu o meu. E com o de outras cinco garotas, ou mais. Uma delas, Rachel Elizabeth Dare, vivia no seu pé, e, detalhe, eles tinham mais aulas juntos do que nos dois. Isso me deixava louca.

Sendo quem era, Percy vivia sendo convidado para festas, e consequentemente, por ser maior de idade –todo atrasado na escola, esse cabeça oca—  me ligava bêbado, sempre. Seria engraçado, se ele não ligasse na madrugada. E ele nunca me ligava, então era uma ironia enorme para mim, ele me ligar apenas quando estava bêbado. Nunca pensei que fosse passar por isso, juro. Thalia não era muito dessas. E Nico...

Minha amizade com Nico ia de mal á pior. E eu estava até feliz. Por que era ai que Thalia entrava. Ela passou á ficar mais tempo com o moreno, e Nico começou a reparar mais nela. Mas mesmo assim, Nico ainda tinha seu crush por mim, e não perdida nenhuma oportunidade de me cantar.

E isso, era outra coisa que me deixava feliz. Porque Nico fazia questão de fazer essas coisas na frente de Percy, e não tinha como não notar em seu olhar de fúria para o garoto. Perdi a conta de quantas vezes eles já tinham brigado. Pelo menos eu lhe causava ciúmes.

Eu e Thalia caminhávamos lado a lado em direção á quadra. Percy tinha treino de Futebol hoje, e pediu para eu espera-lo, para que ele pudesse me levar para casa, já que ele não gostava que eu fosse sozinha. Como se eu não tivesse passado dois anos indo sozinha.

Tinha ficado na biblioteca com Thalia até ele me mandar uma mensagem, dizendo que já estava acabando.

Nós não éramos namorados, como meia escola pensava. Mas eu não os culpava, nós agíamos como tais. Chegávamos juntos, já que ele me buscava em casa, para eu não ter que ir de metrô, nem que fosse para ele ir comigo no metrô. Ele vivia segurando minha mão, brincando com meus dedos, ou envolvia minha cintura, possessivo até demais. Ele costumava beijar minha bochecha sempre que nós separávamos, e mexia que nem um bobo nós meus cabelos. Não que eu fizesse diferente. Minhas mãos constantemente estavam acariciando seus cabelos ou nuca, e eu adorava a sua barba, e não o privava de passa-la em minhas bochechas ou pescoço. 

— Não vou aceitar você perde o BV antes de mim – Thalia falou.

Eu ri.

— Progredi mais em cinco meses do que você em dois anos.

— Idiota – Ela me bateu – Percy é caidinho por você, Nico não.

—Então sai dessa, Thals – eu reclamei – Luke sempre gostou de você. E tem o Newt. E o Miles. E... Tem tanto garoto louco por você. Em caso de dúvidas, parte para as moças. Tem a Zöe, a Sophie, eu...

— Eu sempre soube que você queria meu corpo – Ela bateu com os ombros nos meus, me fazendo rir.

— Talvez.

Continuamos andando.

Percy conversava com o treinador quando eu entrei na quadra. Ele me olhou pelo canto dos olhos e sorriu. Despediu-se do treinador, pegou suas coisas e foi até mim.

— Ei! – Ele beijou minha bochecha – Desculpa fazer você esperar mais tempo hoje. Oi, Thalia.

— Se casem.

Eu corei e olhei para ela com raiva.

Percy apenas riu.

— Podemos ir? – Ele colocou uma das mãos na minha costa, me empurrando.

— Certo – Eu respondi.

— Você vem para o jogo amanhã a noite, não vem? – Percy perguntou, quando estávamos saindo da quadra.

Thalia estava com fones de ouvido e nem ligava para nós, como sempre. Percy estava com um braço nos meus ombros, e falava sussurrando, mesmo que não fosse necessário.

— Me de um bom motivo.

— Eu vou jogar – Ele falou como se fosse óbvio – Vou arrasar naquele campo, você tem que vim, Annie. Você nunca vem, está sempre estudando, e já são as finais. Por favor, amor.

Sorri.

— Tudo bem – Eu o olhei – Mas acho bom vocês ganharem.

— Por você, Sabidinha, ganharei por você.

...

— Não acredito que ele conseguiu te tirar de casa em um final de semana para um jogo de Futebol da escola. Você nunca vai para os jogos.

— As provas são nas próximas semanas – Eu disse – Não vou sair de casa e muito menos vê-lo, então... Além do mais, você não tem ideia de como Percy é persuasivo.

Thalia riu.

Nós encontramos um lugar legal, no meio. Nico sentou ao lado de Thalia, e eles ficaram conversando. Eu não entendia muito bem de Futebol, mas o jogo já tinha começado. Eu tentava me concentrar no jogo, mas se eu soubesse que Percy ficava lindo naquele uniforme, eu teria vindo em todos os jogos da temporada.

Eu soube que o tempo já estava acabando, e se não fizéssemos um gol, perderíamos.

Vi o treinador chamar Percy para um canto no intervalo, e fala algo que fez o garoto parecer perdido, porém ele concordou e voltou para o campo.

— PERCY – Thalia gritou, fazendo Percy e quase todos os presentes lhe olharem – FAZ UM GOL PARA A ANNIE!

Percy olhou para mim e sorriu. As pessoas as redor de mim concordaram, gritando.

Eu queria me enterrar, não por causa disso, mas... Porque ele fez o gol.

Como se não bastasse, ele pulou a grade da arquibancada e abriu caminho pelas pessoas, se ajoelhou, encaixando-se entre minhas pernas e apoiando os braços em minhas cochas, e me beijou. Eu não sabia se desmaiava ou se me controlava para não agarra-lo mais. Então, apenas segurei em seus ombros com força para não fazer os dois.

— VOLTE PARA O CAMPO, JACKSON! – Eu escutei o treinador gritar.

O moreno separou nossos lábios, e sorriu para mim, fazendo com que eu correspondesse envergonhada.

Ele desceu novamente, e terminou aquele jogo, garantindo a nossa vitória.

oOo

Eu não sabia se estávamos namorando. Eu não entendia dessas coisas. Eu... eu não entendia o que estava acontecendo.

Estávamos mais próximos, isso era notável. Vira e volta ele me roubava um beijo, e pareceu ficar mais enciumado com os olhares que eu sempre recebi.

Ele tinha ido para mais festas que o normal nas férias, e bem, isso não era nada legal. Ou talvez nem tanto.

Ele me ligava bêbado como sempre e falava coisas do tipo: “Você beija tão bem”, “Por que você sempre fica corada?”, “Alguém jogou praga em você? Você vive caindo. Ou você apenas gosta de ficar pegando nos meus músculos?” e “Annie, eu já disse que você tem peitos muito bonitos?”.

Minha mãe estava á par das coisas. Ela ainda estava chateada por eu não ter perdido o BV com Nico, mas, ela gostava de Percy – Não que em sua cabeça ainda não existisse o “Nico e Annabeth, lalala”-. Meu pai nem tanto, ele disse que Percy tinha cara de galinha. Mas Percy não era. Ele nunca deu bola para nenhuma das garotas que flertavam com ele. Ele estava sempre... Olhando para mim. Percy estava mais para bobo apaixonado do que galinha. Eu não sabia o que ele fazia nas festas, mas Thalia já tinha ido com ele para umas cinco, e ela disse que ele ficava com os amigos, e continuava dando fora nas garotas. Então... estava bom para mim. Malcom também gostava dele, ou apenas não ligava.

Eu estava em casa, estudando. As aulas voltavam em duas semanas e eu já estava dando glorias á Deus. Odiava ficar em casa fazendo coisas para Malcom. Olhei para o relógio e suspirei, não acreditava mesmo que eu ia fazer aquilo.

Me levantei e comecei á me vestir. Minha mãe tinha separado uma roupa para eu usar naquela maldita festa. Era a última antes das férias acabarem, e Percy –idiota— me convenceu á ir com ele. Estava quase acabando de me arrumar quando escutei a campainha.

— Percy! – Escutei minha mãe falar – Entre, Annie já está descendo.

— Obrigada, Tia Thena – Eu quase podia ver o sorriso de Percy.

Escutei a porta do quarto de meus pais ser aberta e entrei em alerta. Papai.

Terminei o mais rápido que consegui, e corri para a sala.

Percy estava em pé perto da porta, olhando para seus pés. Meu pai o encarava de sua poltrona.

— Podemos ir, Percy? – Eu perguntei, me aproximando dele.

— Ah... é que... eu acho que... – Ele tentou formar uma frase, mas estava ocupado me analisando.

Corei.

— Okay – Eu bati em seu ombro – Podemos. Pai, me empresta o carro?

Escutei Percy engasga atrás de mim.

— Para que? – Ele sussurrou, uma vez que meu pai disse a mesma coisa, só que alto.

— Hã... para eu dirigir? – eu disse – Já tenho carteira.

— Ela que te matar, cara – Malcom falou, depois voltou para seu jogo.

— Ótima ideia – Meu pai resmungou – Pegue.

Percy estava pálido demais.

— Annie, vamos de metrô, por favor.

— Você não confia na minha filha? – Frederick questionou.

— Não, é que... eu confio, mas... – Os olhos verdes do garoto estavam arregalados.

— Frederick, deixe o garoto – Athena falou e se aproximou de nos – Ele é um chato, não é, Percy?

— Hã... claro que não, Tia Athena – Percy negou, várias vezes – Quer dizer...

Minha mãe riu.

— Vão logo – Ela tentou ajeitar os cabelos do garoto – Percy sabe dirigir?

— Sim – o moreno concordou – Tenho carteira e ás vezes uso o carro do meu pai. Mas eles me prometeram um de aniversário.

— Então você dirige – Mamãe mandou – Annabeth o traz de volta.

Minha mãe sabia que Percy me ligava bêbado. O garoto corou. Sorri.

— Vamos logo, Cabeça de Alga – Eu o empurrei para fora.

— Pensei que não fosse sair vivo daí – Ele apontou para a minha casa, logo em seguida, envolveu minha cintura e me beijou – Você fica tão linda de vestido, meu amor.

Eu corei

— Melhor irmos logo – Eu desviei o olhar, ainda corada – Antes que meu pai mude de ideia. Ou eu mude de ideia.

...

Eu não gostava de festas, por isso –obviamente- não ia para nenhuma das que me convidavam. Vejam só: Eu não bebo, eu não sou de pegar garotos, eu não suporto as musicas que tocam e eu odeio lugares com muitas pessoas. Pessoas suadas... e cheias de bactérias.

Ai gente, alguém me tira daqui. 

Eu queria ter ficado em casa terminando de contar quantos copos de Starbucks tem no filme de Fight Club.

— Percy, eu queria ter ficado em casa terminando de contar quantos copos de Starbucks tem no filme de Fight Club.

Percy me olhou. Os olhos verdes já estavam mais claros, e ele parecia... Avoado. Tenho certeza que faze-lo cantar Fluorescent Adolescent agora seria hilário.

— Quantas dessa você já bebeu? – Eu apontei para a bebida na sua mão.

— Não lembro – Ele respondeu.

— Vamos para casa, Cabeça de Alga – Eu peguei ele pega gola da camisa e puxei para mim – Por favor.

— Mas ainda não são nem três da manhã – Percy murmurou, ele tentou me beijar, mas eu me desviei – Ei...

— Consigo ficar bêbada só com seu hálito, Percy – Eu reclamei.

Ele fez uma careta fofa.

— Eu vou pegar mais uma – Ele resmungou – Você, fica ai, paradinha.

Eu devia ter o impedido, mas, ele não me deixou responder. Suspirei e me encostei de volta na parede. Fiquei mexendo distraidamente no celular.

— Pensei que ele não fosse sair de perto de você – Um garoto apareceu na minha frente.

Me afastei assustada, batendo com a costa na parede.

— Quem é você? – Eu procurei por Percy com os olhos.

— Tenho certeza que já vi você por aqui.

— Não, moço, essa é a primeira festa que vou – Menti – Eu não...

— Mas esse seu sorriso... – Ele se aproximou de mim.

Eu sentia um desespero crescente dentro de mim quanto mais perto os lábios dele chegavam dos meus, por que eu sabia que não conseguiria me soltar dele.

Eu sou toda pequenina, gente.

Ele se afastou bruscamente de perto de mim. Percy o empurrou com tanta força, que ele bateu em algumas pessoas atrás de si e caiu no chão. Minha respiração estava desregulada e eu sentia minhas pernas bambas.

Eu olhei para frente. O garoto se levantava, e eu sabia que ele iria bater no meu moreno. Ele era maior que ele, eu não queria ele machucado.

— Percy – Eu o puxei – Não arrume briga. Você pode se machucar.

— Ele estava assustando você! Ele tentou lhe beijar! – Ele gritou, mas olhava para o rapaz.

— Eu não vi ela reclamar.

— Eu não estava conseguindo respirar, seu idiota! – Eu justifiquei – Fique longe de mim.

Eu puxei Percy pelo braço para bem longe.

— Você devia ter me deixado bater nele!

— Ele era maior que você, meu amor – Eu peguei em seus cabelos – Eu não queria você machucado.

Ele revirou os olhos.

A musica tocando era lenta e eu senti Percy envolver minha cintura e me puxar para si. Encostei minha cabeça em seu peito, tentando me acalmar.

— Só eu posso ficar pertinho de você assim – Ele disse, as palavras estavam emboladas.

Eu ri.

— Você tá tão bêbado – Eu sussurrei e continuei o carinho em seus cabelos.

— Você é tão linda – Ele murmurou – Eu... eu gosto tanto de você, Annie...

— Você não tá falando coisa com coisa, Percy – Eu neguei.

— Eu tô sim – Ele disse, manhoso – Eu acho que... eu estou apaixonado por você, completamente... eu quero ser seu, mas... você quer ser minha? Agora a gente casa...

Eu ri.

— Por que você tá rindo?

— Você tá citando Arctic Monkeys, Percy – Peguei seu rosto – Viu como você tá bêbado?

— Eu não tô bêbado – Ele negou – Você é que tá bêbada – Ele soluçou - Mas eu tô falando muitooooooooooooooooooooooooo serio.

Neguei.

— Não tá não. E eu não estou bêbada.

— Tô sim – Ele fez um bico – Tá sim.

— Você parece uma criança – Eu lhe beijei.

— Por favor, Annie – Ele murmurou – Fica comigo...

— Não quero que você se arrependa pela manhã, Percy – Eu neguei. Agora a coisa já estava mais seria – Além do mais, estamos ficando faz tempo.

— Não – Ele resmungou, balançando a cabeça tantas vezes que ficou tonto – Não quero desse jeito, sabe? Eu quero de verdade... Que você seja tipo... Minha namorada... Entendeu? Quero que todo mundo saiba que você é minha, só minha.

— A gente conversa sobre isso quando você estiver sóbrio, tudo bem, Cabeça de Alga? – Eu acariciei seus cabelos, beijando seu nariz. Ele concordou, mas ficou resmungando que eu estava enrolando ele – Agora vamos para casa, sim? Estou cansada.

...

Para colocar Percy dentro do carro tinha sido um sacrifício. Ele ficava reclamando que ainda nem tinha tocado sua musica, e que ele tinha que dançar mais, e que Mike iria pegar Clary naquela noite. Não entendi muito bem o que ele tinha a ver com isso, mas deixei para lá.

Eu tive que colocar o sinto de segurança nele e então ele parou. Encostou a cabeça bem perto de si mesmo e fechou os olhos. Respirando, inspirando...

— Tá tudo bem, Percy? – Eu tirei os cabelos de seu rosto.

Ele concordou, ainda de olhos fechados.

— Onde fica sua casa? Eu não lembro.

Ele começou a me guiar. Eu já tinha ido a casa de Percy, mas não significava que eu sabia o caminho. Havia ido apenas umas três vezes, para fazermos algum trabalho... nos nunca fazíamos o trabalho que marcávamos de fazer, mas...

— Percy – Eu chamei – Você tem certeza que tá me guiando certo? Não me lembro da sua casa ser tão longe...

— Estamos, Annie – Ele disse – Eu ainda sei o caminho de casa.

— Não tem algum atalho...

— Não – Ele negou – Nenhum.

— Você vai pagar a gasolina – Resmunguei, mas Percy apenas continuou encostado no sinto de segurança.

Quando eu finalmente avistei seu condomínio, respirei aliviada. Estava começando a achar que ele tinha me mandado para fora de Manhattan. O porteiro do condomínio viu Percy quase dormindo no banco do passageiro e sorriu.

— Ele geralmente vem de taxi.

— Graças a Deus – Eu murmurei. Morria de medo que Percy tentasse dirigir ou ir andando depois que sai de alguma festa.

— Você é a namorada dele? – O porteiro perguntou, já abrindo o portão.

— Ah... Eu... Não – Eu respondi, me surpreendendo com ó quanto desapontada eu fiquei ao falar aquilo.

— Mentira, Lewis – Percy murmurou – Ela é minha namorada sim...

Eu neguei e ri.

— Não sou – disse para o porteiro e segui nosso caminho.

— Vamos, Cabeça de Alga – Eu sacudi seus ombros para que ele levantasse.

— Já vai – Ele falou. Ele começou a tatear em busca de suas chaves, enquanto bocejava.

Ele pegou o molho e olhou para mim. Os olhos verdes totalmente avoados.

— Eu – ele me beijou – Sou. Completamente. Apaixonado. Por. Você. - Ele disse, me dando um beijo rápido depois de cada palavra – E não estou dizendo isso por que estou bêbado, tudo bem?

— Okay, Percy – Eu respondi, e beijei sua bochecha – Agora vá. E não faça barulho, não quero que acorde seus pais.

— Mamãe sempre acorda quando eu chego – Ele bocejou – As vezes ela me põem para tomar banho, faz leite com biscoitos da tarde para mim e me da um remédio para dor de cabeça. Ai eu durmo.

Ele sorriu abobado depois de falar aqui.

— Minha mãe é incrível – Ele murmurou.

— Sim – Eu ri – Ela é. Então vá logo.

Ele me puxou e me beijou outra vez, por um longo tempo. Eu não queria me separar dele, eu não queria mesmo, mas ele estava quase dormindo. Tinha vezes que ele simplesmente parava, a língua enrolada na minha, e ficava respirando pesadamente.

— Okay – Eu me afastei dele – Já chega, você tá dormindo.

— To – ele bocejou – Nadã...

Nadã— Eu ri e o empurrei – Vai!

Ele resmungou e abriu a porta. Ele caminhava meio tonto. Esperei-o entrar e fechar a porta e suspirei. Por que eu fui me apaixonar por ele...

...

Agora era oficial. Nós estávamos namorando. Ele me ligou domingo de manhã, totalmente sóbrio e repetiu tudo o que tinha dito na noite anterior. E eu aceitei. Mas as coisas já estavam desandando na primeira semana.

Não ir as festas com Percy, era quase pior do que ir as festas com Percy. Eu sei que eu disse que ele vivia indo para festas, mas eu nunca tinha visto como ele ficava, e depois daquele dia, eu passei a ficar preocupada com ele. Eu sabia que ele não tinha ido a nenhuma festa durante a semana, mas na sexta feira, uma semana depois da festa que eu o acompanhei, ele me ligou e disse que iria á uma. Nós discutimos e eu fui dormi Super preocupada. Segunda as aulas já começavam e eu estava tentando reorganizar meus horários. Por que ele não podia fazer o mesmo?

Acordei com meu telefone tocando ás três da manhã.

— Olá – Eu disse, sonolenta.

— Annie – Era Percy, ele estava com voz de choro. Oh, meus deuses.

— Percy – Eu me sentei na cama, totalmente preocupada – O que aconteceu, meu amor? Você tá machucado?

— Não – Ele soluçou – Mas eu preciso dizer uma coisa para você.

— Fala – Eu o incentivei.

— Na semana passada – Ele deu outro soluço. Meus deuses, aquilo estava doendo em mim – Quando você me levou para casa, eu...

Ele parou e começou a chorar, sem parar.

— Percy – eu chamei, me levantando e andando pelo quarto, coisa que fazia quando estava nervosa – Você tá me deixando nervouser, o que aconteceu?

Ele continuou chorando.

— Ei, amor – Eu chamei – Se acalma... A gente pode conversar sobre isso amanhã. Cadê sua mãe?

— Tá aqui comigo – Ele falou.

— Boa noite, Annabeth – Sally disse – Perdão.

— Não. Tudo bem – eu falei – Só me digam o que aconteceu.

— Não foi nada demais – Sally riu – Percy sempre chora por qualquer coisa quando esta bêbedo. Ele meio que...

— Eu quero falar! – Percy falou – Annie, semana passada, quando você me trouxe para casa... eu... eu fiz você pegar um caminho mais longo.

— Por quê? – Eu questionei, suspirando aliviada.

— Por que... o sinto de segurança tava com o seu cheiro – Ele disse – Perdão, Annie. Eu tinha sim, muitos atalhos – ele soluçou – Mas eu não queria chegar em casa logo.

Eu escutei Sally rindo.

— Meu amor, pare de chorar, tudo bem? – Eu pedi, rindo – E eu sei que você sabe que esse trecho é da minha musica preferida. Você devia parar de citar essa coisinhas, viu?

— Tá – Ele respondeu – Mas, você me perdoa?

— Percy – eu ri – Está tudo bem. De verdade.

— Diz que me perdoa, Annabeth.

— Eu perdoo você – Eu disse.

— Tá bem – Ele disse, então bocejou – Eu vou dormi, tudo bem?

— Tudo – Eu respondi, já me deitando na minha cama, ainda sorrindo – Boa noite, Cabeça de Alga.

— Boa noite, Flor – ele bocejou outra vez – Eu amo você.

— Amo você também.

Então, ele desligou.

oOo

— Não, Thalia – Eu respondi, amarrando meus cadarços – E acabou.

— É sua formatura! – Ela disse – Tira esses tênis.

— Não – Eu repeti e me levantei – Você e Piper vão vim reclamar para mim que seus pês estão doloridos e eu vou rir na cara de vocês.

A morena bufou e voltou a olhar para o espelho.

— Então, você vai ao menos deixar eu passar algo no seu rosto?

Tenho certeza que fiz uma careta.

— Thals, mas... não gosto disso ai, não – Eu neguei – Eu passo pó, pó pode.

— Não pode só pó – Thalia reclamou.

— Mas eu tenho medo daquele que passa na pálpebra – Eu disse – Já pensou isso entrando no olho das pessoas?

— Mas...

— E o tal do lápis – Eu estremeci – Gente, imagina aquele trem entrando na córnea das pessoas. Jesus amado.

— Annabeth – Thalia riu – Escuta...

— Eu gosto do negocio que deixa as bochechas vermelhinhas – Eu levei as mãos até as bochechas – E rímel! Rímel é bom. Não em mim. Mamãe gosta que eu passe a coisinha das bochechas.

— Ei, foca aqui!

— Mas eu acho sensacional mesmo o que tira isso tudo do rosto depois! SENSACIONAL! Olha o nome, que legal. Demaquilante. Que amor. Parece até magica. Quero só esse.

Thalia ria.

— Do que você tá rindo, idiota?

— Você que é uma idiota – Ela se aproximou, a maletinha nas mãos – Eu vou lhe arrumar, e você não vai reclamar. Temos 20 minutos.

Eu resmunguei.

— Não quero lápis.

— Vai ter lápis.

— Que Deus abençoe sua mão!

...

Eu não enxergava Percy em lugar nenhum.

— Mas ele disse para você que vinha? – Thalia perguntou.

Eu concordei.

— Que ele não esteja fazendo nada de errado...

— Percy! – Eu escutei Nico falar e olhei para trás – Pensei que você não vinha.

Percy sorriu para o garoto. Agora que ele e Thalia estavam juntos, Nico e Percy se davam super bem. Hum.

Percy estava extremamente bagunçado. Os cabelos pareciam que sequer tinham sido lavados, sua blusa estava dobrada até seus cotovelos e ele segurava a beca jogada sobre seus ombros.

— Eu perdi a hora.

Eu caminhei até ele, irritada.

— Amor – Ele sorriu forçadamente.

— Seu idiota – Eu comecei a mexer em seus cabelos – Como pode chegar aqui desse jeito?

— Perdão – Ele murmurou – Mas, você tá tão linda. Tá de maquiagem.

Eu corei e continuei lhe arrumando, descendo minhas mãos até a gola de sua camisa e logo depois fechando os botões abertos.

— Thalia me obrigou.

Ele riu, e beijou minha bochecha.

Eu o olhei seria.

— Vista a beca, e não se bagunce – Eu mandei e voltei para o meu lugar.

...

Foi divertido e tudo, mas ainda bem que acabou— Eu disse.

— Ai, meus pês – Thalia reclamou, tirando os saltos.

Eu balancei os meus, deixando o All Star a mostra.

— Os meus estão tão confortáveis – Suspirei e lhe olhei, sorrindo.

— Idiota.

Percy riu.

— Ei, seus pais – Ele apontou.

Segurei sua mão e o puxei até meus pais.

— Você estava tão linda lá em cima – Ela segurou meu rosto – Não posso chorar.

— Não, não pode – Eu ri.

— E você, Percy! – Minha mãe abraçou o moreno – Estava maravilhoso também!

Percy corou e passou as mãos no cabelo.

— Obrigada, Tia – Ele disse – Oh, boa noite, Sr. Chase.

— Boa noite, rapaz – Meu pai respondeu.

Fiquei conversando com minha mãe e Malcom, meu pai e Percy apenas observavam. O moreno parecia estar pensando.

— Sr. Chase – Percy olhou para meu pai – Será que você me concederia a mão da sua filha?

Eu engasguei.

— Eu concedo!

— Mãe!

— Que foi?!

— Não – Meu pai respondeu – Nunca.

Eu neguei com a cabeça.

— Você não vai pedir a minha mão para os meus pais quando realmente for fazer isso – Eu olhei para Percy.

Ele sorriu tristemente. O que estava acontecendo com ele?

— Por que não vem comer pizza conosco, Percy? – Mamãe perguntou.

— Ah, eu adoraria – respondeu – Mas eu tenho que ir á um lugar, de verdade...

— Festas – Eu resmunguei.

— Perdão, Annie – Ele disse no meu ouvido – Eu... eu realmente preciso ir.

— Tudo bem – lhe olhei e sorri.

Ele me beijou na bochecha e foi até seu carro.

...

Em meu sonho, eu estava na aula de química. Percy estava ao meu lado. Estávamos fazendo uns experimentos, misturando uns pózin tudo. E então, nossas mãos se tocaram. E... os experimentos de todos explodiram.

Que raios que sonho eu tô tendo.

Eu, que sou tonta até nos sonhos, cai no chão. Todos saiam correndo, até o idiota do meu namorado. Eu não entendi por que ninguém saia pela escada de emergência. Eu continuei caída no chão, e meu professor saiu da sala e fechou a porta. E eu fiquei lá dentro, morrendo.

De rir.

Por que na verdade, Percy era o Coringa e eu era o Batman. Ele voltou, riu na minha cara e foi embora.

Então eu acordei.

Percy estava deitado ao meu lado, acariciando meu cabelo e dizendo que tudo ia ficar bem. Mas... ele não tinha dormindo aqui.

Acordei realmente quando o telefone tocou. Para você ver a cabeça doente que eu, Annabeth, tenho...

Olhei no relógio rapidamente. 03:00 AM. Percy.

— Alô – Eu suspirei.

— Oi, Annie.

— Percy, são três da manhã, poxa – Eu respondi.

— Eu lhe deixei milhões de mensagens – Ele respondeu, parecia estar andando.

— Eu estava dormindo! – Suspirei outra vez – Por que você só me liga quando está chapado?

High — ele soluçou – Why’d you only... got me baby when… CRAWLING BACK TO YOU. I wanna be the Number one fireside...

— Não estamos cantando, Cabeça de Alga – Eu ri – E você está misturando tudo.

— Eu preciso falar com você – Ele disse e logo em seguida fungou.

— Você estava chorando?

— Não – Ele disse e então eu escutei um baque.

— Percy! – Eu me sentei na cama.

— Eu só cai – Ele resmungou – Tô bem.

— Oh, deuses – Eu disse – Onde você está?

— Na frente da sua casa – Ele respondeu – Desce aqui... To tocando a campainha faz um tempo.

Eu arregalei os olhos.

Me levantei e olhei pela janela.

— Droga, Percy.

Eu desce as escadas correndo e arrastei Percy da casa da Sra. Peregrine e o levei para dentro da minha. Fiz ele subir em silencio e joguei no quarto, trancando a porta.

— Seu idiota! – Eu bati em sua nuca.

Ele resmungou e abaixou os olhos.

— Você estava chorando, sim – Eu apontei para seu rosto – Está todo vermelho.

— Eu preciso conversar com você – Ele disse.

— Amanhã – Eu respondi – Você nunca fala nada com nada quando tá desse jeito. Você vai dormi.

Ele resmungou.

— Quero minha mãe... – Ele disse – Não vou dormi sem ela.

Eu neguei. O que eu arrumei para mim?

Então eu me lembrei do que o fazia ele dormi.

— Ei – Eu sentei ao seu lado, na cama – Por que você não tira essa roupa e vai tomar um banho? Tem uns três moletons seus por aqui, você toma banho, põem um deles, eu vou esquentar um copo de leite e procurar uns biscoitos – acariciei seu cabelo – E depois lhe dou um remédio, você pode deitar aqui – Eu apontei para meu peito – E eu fico mexendo nos seus cabelos até você dormi. Pode ser?
Percy pareceu pensar.

— Tudo bem – Ele cedeu.

Eu desci e fiz o que falei. Quando voltei, Percy estava sentado na minha cama, a calça dobrada até onde ele conseguiu, um moletom verde no corpo e as mãos na cabeça.

— Ei – Eu disse – Toma aqui.

Ele sorriu amoroso.

— Você é a melhor – Ele disse, parecia menos bêbado.

— Você não bebeu muito hoje, né não? – Eu mexi em seus cabelos, enquanto ele bebia o leite.

Ele negou.

— Não estava com disposição – Ele respondeu e suspirou. Percy sem disposição para beber... Algo errado não está certo — A gente precisa conversar.

— Depois que você dormir – Eu disse – Foi o trato.

Ele concordou.

Dei o remédio para ele e o puxei para minha cama. Ele se acomodou entre minhas pernas, a cabeça repousada sobre meu peito e fechou os olhos.

— Annie?

— Hum?

— Seus peitos são maravilhosos.

Eu ri baixinho.

— Seu idiota – Beijei-lhe os cabelos.

Ele suspirou e continuou quietinho. Quando eu pensei que ele estava dormindo, escutei um soluço.

— Ei, não chore – Eu disse – O que houve?

— Eu amo você, Annie – Ele respondeu – Poxa, eu amo.

— Eu também amo você – Eu respondi – Mas eu não entendo por que você está chorando.

Ele levantou a cabeça para me olhar e me beijou. Ele parecia desesperado, parecia assustado, eu nunca tinha visto-o desse jeito. Ele me soltou e jogou a cabeça em meu pescoço.

— Eu vou fazer faculdade na Austrália, Annie – Ele sussurrou.

Prendi a respiração. Oh...

— Ah... – Eu respondi, prendendo as lagrimas que queriam cair – Quantos anos...?

— Quatro – Ele levantou a cabeça outra vez – Eu não quero ir, mas meus pais vão morar para lá nesse tempo e eu não sei se vão querer voltar para NY depois.

Eu abaixei os olhos.

— É seu futuro, Percy – Eu murmurei.

— Eu queria que meu futuro fosse pertinho de você – Ele murmurou, irritado – É tudo culpa do meu pai. Minha mãe não queria. Eu odeio ele.

Percy não tinha uma boa relação com o pai. O moreno mais novo já havia sumido de casa por uma semana, certa vez, deixando ela e Sally loucas de preocupação.

— Ei – Eu segurei seu rosto – Não fale assim.

— Ele sequer foi para minha formatura!

Ele voltou a deitar a cabeça no meu peito. Suas mãos começaram a acariciar meus cabelos.

— Eu vou sentir falta do seu cheiro – Ele murmurou e fechou os olhos.

— Você nem imagina o quando eu vou sentir do seu...

oOo

Quatro semanas se passaram depois de nossa formatura. Percy iria embora no dia seguinte.

Eu não sabia muito bem como estava lindando com aquilo. Por fora, eu dizia para minha mãe que entendia, dizia para meu pai que não queria ir para Austrália com ele, dizia para Thalia que eu iria superar e ficar bem, dizia para Malcom que não estava chorando quando ele entrava no meu quarto... mas eram mentiras. Eu entendia, mas não queria entender. Eu não ia para a Austrália com ele, mas eu queria. Eu ia superar, eu ia ficar bem, mas quanto tempo ia demorar para isso? E se eu não conseguisse...? E sim, eu chorava. Muito. Não conseguia admitir em voz alta, mas para mim mesma eu vivia repetindo em meu coração, que eu amava aquele garoto idiota que me ligava bêbado nas madrugadas e que eu iria sentir muita falta dele.

Eu não estou fazendo a melhor coisa para tentar superar.

Meus pais tinham saído, não sei para onde. Malcom tinha saído com a namorada, não sei para onde, também. Eu estava no telhado da minha casa, perto da janela, olhando os carros passarem lá em baixo, a noite ainda agitada. Percy estava ao meu lado, com uma garrafa de vodca na mão, observando calado as coisas junto comigo.

— Sempre quis que a primeira vez que eu fosse ficar bêbada fosse na praia – Eu murmurei, fazendo uma careta depois de beber mais um gole daquela coisa.

— Rica você, não? Imagino que logo depois vestiria um vestido transparente e cantaria High By The Beach – Ele perguntou – Você já tá bêbada?

— Eu não consigo organizar muito bem as coisas na minha cabeça – Eu disse – E... tem três carros ou seis...

— Um – Percy disse, rindo.

— Tô com medo de cair daqui.

Eu encostei minha cabeça no seu ombro e o senti acariciar meu cabelo.

Ficamos lá por um tempo. Quietinhos. Até que começamos a cantar. Enrolados. Terrivelmente errados. Mas eu iria guarda aquelas memorias, isso é, se eu se lembrasse delas pela manhã. Eu já não lembrava nem quantas vodcas tinha tomado.

Quando Percy parou de ter um ataque de risos depois de eu ter cantado Dance in The Dark, ele me abraçou e beijou meus cabelos. Pegou minha mão e ficou brincando com meus dedos.

Então notei algo novo em seu pulso.

— Quando você fez essa tatuagem?

Ele olhou para o próprio pulso.

— Uma semana atrás – Ele respondeu – É uma onda sonora.

— Eu sei, Cabeça de Alga – Eu ri – Ficou muito boa.

— É seu nome, Annie – Ele respondeu.

— Sua voz dizendo meu nome...?

— Uhum – Ele respondeu – Tão gay, eu sei.

Eu ri outra vez.

— É para eu não esquecer de você, sabe – Ele pensou alto, eu notei – Decidi que, nesses quatro anos que vou estar longe, apenas quando eu deixar de te amar, vou fazer um risco em cima.

Eu sorri. Era realmente muito gay.

— Me leva aonde você fez isso – Eu disse e o olhei.

— Seus pais vão matar você, Annie – Ele falou, já se levantando e pegando minha mão.

— Não importa muito, não.

oOo

Eu estava atrasada, o que não era nenhuma surpresa. O vento arrastava meus cabelos para trás e eu segurava as folhas em minhas mãos com força, para que não voassem.

Se você deseja uma vida, não faça faculdade de Arquitetura. Escolha outra coisa, conselho amigo.

Eu só queria ir até o Starbucks e tomar um bom Frapuccino de Brigadeiro.

Eu continuava desastrada, mesmo depois de cinco anos, acredite. Eu tropecei e as folhas que eu segurava caíram no chão. Me agachei para pegar todas quando alguém se abaixou ao meu lado. Eu segurei a respiração assim que vi o pulso da pessoa que segurava meus desenhos, molhados. Não...

— Me diga – Apertei os olhos com força – Quais são as probabilidades?

— Não devia ter probabilidades – Eu o olhei.

Percy continuava mais alto do que eu, seus braços continuava fortes e eu não pode evitar encarar seus olhos verdes profundos. Seu cheiro continuava o mesmo.

Ele encarava meu pulso, nada de traço. Afinal eu ainda o amava. Amava igual um mais dois é três.

— Seus resumos estão molhados – Ele disse, sorrindo abertamente – Eu poderia copia-los para você.

Eu o encarei. Meu idiota bêbado estava de volta. E não havia nenhum traço em seu pulso. Sorri.

— Eu estava indo tomar um Frapuccino – eu disse – Deseja um?


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Notas finais do capítulo

ENTÃO, GOSTARAM? Que cliché esse final gente, essa fic inteira, é a vida né? Literalmente a vida... Mas entonces, espero que tenham gostado, amores! Façam o que você fazem de melhor, me deixem feliz! ♥ Espero que você, May, tenha gostado. E tenha pegado as referências, todas. Tem umas que eu fiz, e quando fui reler não peguei, mas é kjhdkjhgkjfd A gente se vê numa próxima. JURO QUE VOU TENTAR NÃO DEMORAR TANTO, MAS É QUE EU ANDO SEM TEMPO ~A Kakau tá rindo disso, eu sei~. MAS EU VOU DA UM JEITO, SIM?! Beijões, amo ocês! ♥