Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 40
Reencontro com si mesmo




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Havia vinte e cinco anos que não pisava naquele local. Procurou em suas lembranças, algo que remetesse aquelas terras, mas não conseguia se lembrar. Aarong era apenas o seu local de nascimento e nada mais.

Três horas de viagem, separavam Aarong de Alaron. Era um astro pequeno, contando apenas com duas cidades e por ser rico em Gamamion, tinha boas relações com o planeta atlantik.

Iskendar olhava as construções. Assim, como os demais planetas de GS, tinha sofrido com a guerra.

O príncipe de Ranpur tinha rumo certo. Uma pequena área que ficava ao sul da cidade principal, pelo menos é o que tinham indicado. O policial pousou sua nave, perto do memorial da cidade e seguindo as informações repassadas parou em frente a uma placa de Gamamion. Nela continha apenas um nome.

Izanami Madden.

— Oi mãe.

O policial sentou diante da placa acinzentada. Quando soube por Samir da morte dela, não teve coragem de ir até o planeta natal. Não queria acreditar que ela estivesse morta.

— Sei que deveria ter vindo antes, principalmente quando soube de tudo... - silenciou. - ele até nasceu no mesmo dia que eu...- deu um sorriso debochado. - que ironia... - Lembrou-se do ultimo dia que viu a mãe. - o clã Hay acabou. Agora pode descansar em paz...

Uma brisa suave soprava e apenas o barulho das arvores ao redor podia ser ouvido. Os olhos azuis volveram para o céu limpo.

— O Eron ainda não recuperou a memória - voltou o olhar para a placa. - e tenho medo de quando isso acontecer. Ele vai se lembrar de tudo e... nós...- soltou um longo suspiro. - queria que as coisas tivessem sido diferentes... eu e você aqui, levando nossa vida tranqüila sem o peso dos nossos sangues...

Ficou em silêncio, como sentia falta dela.

— Mãe...

Os olhos marejaram.

— Eu falei que não ia chorar mais.... - limpava as lágrimas. - eu preciso ir, com o pirralho sem memória sobrou para mim. - levantou. - voltarei assim que puder.

Ainda lançou um ultimo olhar, antes de caminhar em direção a sua nave.

O.o.O.o.O

Mesmo com todos os benefícios levados a S1 por GS, alguns sloanis nutriam ódio e revanche contra a galáxia vizinha. Não acreditavam que Haykan tinha sido morto por tentar contra a vida da rainha, para eles GS matara seu líder e por isso preparavam uma vingança.

Perto do interposto militar de GS, uma nave da galáxia ganhadora partia em direção a Ranpur.

O.o.O.o.O

Já tinha algum tempo que Giovanni estava sentado em frente a urna de Câncer.  Olhava fixamente para o objeto em busca de respostas. Tocou-o algumas vezes, mas não sentiu absolutamente nada. Para ele, aquele objeto parecia apenas algo de decoração.

Por mais que sua mãe e seu irmão contasse sobre ela e até chegou a ver imagens dele trajando-a, não conseguia se lembrar de nada.

— O que você representa para mim?

A voz se perdeu no escritório. Mask soltou um suspiro, jogando a cabeça para trás. Os olhos encontraram-se com os retratos dos antepassados.

— O que eu sou na verdade...?

Voltou a posição original. Não tinha respostas e talvez nunca as teria. Era se conformar com sua situação e refazer sua vida daquele ponto em diante.

Pegou a urna e a guardou dentro de um compartimento. Via a porta fechando lentamente.

— Adeus Câncer...

O.o.O.o.O

Assim que chegou da viagem a Aarong, Iskendar foi para a sala de reunião cuidar dos assuntos da administração de Ranpur. Não imaginava que fosse tão difícil.  Batidas a porta chamaram a sua atenção. Lirya entrou trazendo uma bandeja.

— Deve está com fome.

— Não precisava se incomodar majestade. Não está para receber a princesa Alisha?

— Ela chegará daqui uma hora. - depositou a bandeja sobre a mesa.

— Obrigado.

— Onde esteve? Desculpe se estou sendo intrusiva...

— Fui a Aarong. - olhava a tela do computador. - fui ver minha mãe.

Lirya sorriu.

— E o Eron? - indagou sem tirar o olhar da tela.

— Está trancado no escritório.

— Ultimamente  o escritório de Soren tem sido seu lugar "favorito".

Lirya o fitou discretamente. Apesar do tempo que se passou e ter assumido que era um Tempestta ainda se referia ao pai como um estranho.

— O apoio que está dando a ele, está ajudando-o. Obrigada por seguir as palavras de Soren.

— Não faço pelo rei e sim porque gosto daquele pirralho.

A rainha riu.

— Desculpe pelo termo. - a fitou percebendo as palavras.

— Tudo bem, não me importei com o "pirralho".

Iskendar ficou sem graça.

— Quando se mostrou diante de todos, - ela caminhou até a janela. - e contou sua história, jurei para a Izanami que cuidaria de você. Espero fazer o meu melhor. - o fitou.

Ele ficou surpreso com a frase.

— Obrigado. - disse timidamente.

— E não se sinta obrigado a referir-se a Soren como pai. As coisas não são tão simples assim e sei que considera Dara e até mesmo Samir como pai.

— Majestade...

— Tudo ao seu tempo Iskendar. - sorriu. - Bom, vou ver se Alisha está a caminho. Bom trabalho.

Iskendar não disse nada, mas ficou pensando nas palavras da rainha. Será que algum dia veria Soren como uma figura paterna?

O.o.O.o.O

Dara seguia a todo vapor para a sede da polícia galáctica. Sentia que tinha algo errado e ficou preocupado quando soube que a Antares, Ramaei, Euroxx e Genesis não estavam em Ranpur.

O.o.O.o.O

Alisha pousou na pista principal do palácio e seguiu para o encontro com Lirya.

— Está tão linda! - exclamou. - e olha o tamanho dessa barriga.

— Como pesa. - sorriu.

Sentaram numa pequena varanda, iniciando o assunto sobre gravidez.

— Samir e Alicia são bonitos. Shion teve bom gosto.

— Sim... - acariciou a barriga. - acho que o casamento será depois do nascimento. Rana disse que se ele não chegar até o oitavo mês, posso esquecer minhas núpcias. - riu.

— Tenho esperança que ele voltará antes.

— E Eron?

— Continua a mesma coisa. A única coisa que parece ter voltado ao normal é a cor dos cabelos, apesar da mecha branca. As vezes tem lances do passado, mas não são significativos. Creio que ficará assim por um bom tempo.

— O que é por um bom tempo? - o próprio chegou na porta.

— Rana pegando no meu pé. - Alisha desconversou. - ela me trata como uma doente.

— Não entendo nada disso. - sentou na frente das duas. - mas é muito estranho vê-la desse jeito.

— Ainda estranha?

— A cada dia mais.

 Os três riram.

— Não vejo a hora do nascimento. - disse Lirya. -  Meu sonho é encher esse palácio de crianças.

Mask riu da observação da mãe até que veio a imagem de quatro crianças em sua mente. Duas meninas e dois meninos. O sorriso morreu na hora.

— O que foi filho? - notou a seriedade no rosto.

— Nada... - deu um sorriso amarelo. - já escolheu os nomes?

— Samir e Alicia.

— Se o menino for como o tio Samir, vai ser muito bravo. Agora se a menina for como você vai ser muito chata.

— Eron! - Alisha mandou nele uma almofada.

— Brincadeira. - levantou as mãos. - ela será legal. As vezes você é muito chata, mas eu gosto mesmo assim.

O.o.O.o.O

Dara corria pelos corredores da polícia galáctica em direção a sala de Niive.

— Presidente. - abriu a porta de uma vez.

— Senhor Dara.

— Desculpe a forma que eu entrei.

— Não tem importância. - sorriu. - como está Toulous?

— Bem. - olhou ao redor. - cadê a Urara?

— Está em Maris. A academia está quase pronta. Queria algo com ela?

— Na verdade com a senhorita. - sentou. - algumas das nossas naves está indo para Ranpur?

— Não que eu saiba. Por que?

— A Enraiha faz muita falta e agora só podemos contar com nossa intuição.

— Teve alguma visão? - indagou preocupada.

— Não sei ao certo, mas temo que algo aconteça em Ranpur. Algo grave.

— O exército de S1 foi reduzido a nada e o que sobrou estamos comandando... sei que muitos sloanis não estão satisfeitos conosco, mas a ponto de uma ameaça?

— Sei que não parece plausível, mas todo cuidado é pouco.

— Concordo. Pedirei que Evans volte para Ranpur e só saia em casos graves.

— Ficarei mais tranqüilo. - até relaxou na cadeira.

— Aproveitando a presença, precisamos discutir sobre a imigração a Toulous.

— Está bem. - respondeu. Mesmo com os dizeres de Niive só ficaria sossegado quando a Euroxx chegasse a Ranpur.

O.o.O.o.O

A conversa seguia animada na varanda e depois Iskendar juntou-se ao grupo. Na orbita de Ranpur uma nave pertencente as naves militares de GS pedia permissão para adentrar no planeta. Depois da verificação, a nave teve o passe aceito. Ela sobrevoou a capital, tendo uma direção certa.

Por estarem em paz, ninguém suspeitou da nave que se aproximava do palácio de Ranpur e aproveitando-se disso a nave fez o primeiro disparo.

Na varanda ouviram o barulho de uma explosão.

— O que foi isso? - indagou Iskendar.

— Altezas! - um policial entrou as pressas. - estamos sendo atacados.

— O que? - Lirya não acreditou.

— Ergam a barreira! - ordenou Iskendar. - traga reforços e comuniquem a presidente.

E assim foi feito. Devido as baixas da guerra, Shermie estava ligeiramente desprotegida. Só contava com o esquadrão em terra que dirigira-se imediatamente para o palácio. Pelo tamanho da nave não seria fácil derrubá-la.

Beatrice que estava em Eike soube do ocorrido ficando temerosa, a defesa de Ranpur estava bem baixa. Marius, na sede do governo, teve o mesmo sentimento.

 Assim que soube Niive e Dara partiram para Ranpur.

Os ataques a barreira continuavam, o objetivo era destruir o palácio.

Alisha, Lirya, Eron e Iskendar foram levados para uma sala.

— Quem está nos atacando? - Alisha estava com medo.

— Vamos derrubar princesa. - Iskendar transmitia as ordens para o abate. - não se preocupe.

Giovanni estava assustado. O barulho dos impactos na barreira era muito alto.

— Mãe...

— Evans já foi avisado, filho. - disse Lirya abraçando-o.

Iskendar fitou o irmão, era visível o medo dele. Aquele comportamento era completamente diferente do que ele era. Em outros tempos, ele já teria ido para o fronte.

Um som mais forte, o fez olhar pela janela. A barreira por pouco não foi quebrada.

— Mas que droga! - foi saindo.

— Aonde vai Iskendar? - Lirya parecia com medo.

— Tentar derrubar aquilo.

Saiu.

— É perigoso. - murmurou Alisha.

— Eu vou buscá-lo.

Mask foi atrás. Apesar do medo do que poderia acontecer, não poderia deixar o irmão sozinho.

A polícia trouxe dois canhões na tentativa de derrubar a nave, mas ela era protegida por um escudo que resistia bem. Ela fazia parte das melhores naves que GS possuía.

Iskendar chegou ao pátio principal do palácio.

— Ela não vai resistir...

— Iskendar!

— O que faz aqui?? - olhou para trás. - Volte imediatamente!

— Quero ajudar.

— Então fique lá dentro. - em outra ocasião, a presença de Eron seria proveitosa, mas no estado que ele se encontrava, só atrapalharia. - cuide da sua mãe e Alisha.

— Mas...

A conversa foi abafada por uma explosão, a barreira deu sinais que romperia em minutos.

— Entra logo Eron!

O policial posicionou-se, erguendo os braços. Retardaria o ataque, até que reforços chegassem. E como previu, a barreira se rompeu. O impacto veio na hora, com o policial recuando vários metros. Não era tão potente quanto a Exclamação de Atena a bordo da Euroxx, mas não conseguiria suportar por muito tempo.

— Iskendar!

— Fique atrás de mim! - usava toda a sua força.

Mask estava apavorado. Mesmo com todos os esforços, a nave era mais forte. Todos iriam morrer. A cada tiro disparado, Mask levava as mãos aos ouvidos. Estava com muito medo.

Iskendar se esforçava, mas a nave começava a acumular energia ao centro dela. Disparariam a arma principal.

— "Vamos todos morrer." - pensou o cavaleiro.

... Shiryu vou te mandar para o mundo dos mortos...

.... vai se arrepender por ter matado gente inocente...

.... a armadura de ouro não te reconhece mais por conta da sua maldade...

— "Que voz é essa?" - a mente do canceriano começou a lançar imagens, de sua luta contra o dragão.

— Anda Eron! Saia daqui!

Gio voltou a atenção para o irmão, ele já estava de joelhos.

— Isk... - o nome foi interrompido pelas "vozes".

... queimem agora nossos cosmos dourados...

... Atena, mostre-nos um ponto de luz nesse mundo de trevas...

— "Atena...?" - pensou.

— Eron! Seu estúpido sai daqui! - gritou Iskendar.

A barreira, feita pelo policial, estava na eminência de ser destruída e Iskendar sabia que se isso acontecesse os dois morreriam, por isso deu alguns passos para o lado, posicionando-se na frente do italiano.

Mask estava paralisado pela situação e pelas vozes. Novamente a mente foi invadida por imagens. Dessa vez estava reunido com onze homens vestindo a tal armadura.

... posso dar um desconto, bonitão...

— Essa garota...

— Eron... - Iskendar foi de joelhos ao chão. Estava no limite.

— Iskendar! - aproximou. - pare...

— Posso não ser um cavaleiro de Atena, mas posso fazer alguma coisa para te proteger... por favor saia daqui meu irmão.

... aquele dinheiro... era você não era?...

Gio arregalou os olhos.

... muito obrigada mesmo...

— Helena... - sentiu o ser vibrar e algo dentro do palácio reagiu a isso.

Iskendar chegou ao limite, o tiro da nave veio com tudo sobre os dois Tempesttas... houve uma grande explosão. Dentro do palácio, Lirya soltou um grito de terror.

A luz foi forte, mas cedeu aos poucos. Iskendar abriu os olhos. Pensou que estivesse morto, mas teve a atenção chamada para algo dourado a sua frente.

— Não pode ser...

A armadura de Câncer estava diante dele. Olhou para o lado vendo o irmão. Ambos estavam bem.

— Eron...

— Helena... - Giovanni não via nada a sua frente, apenas a imagem da asgardiana.

A nave não se deu por vencida e preparou um novo tiro.

— Helena... Helena!

O cosmo de Giovanni ascendeu de repente e de forma poderosa. Seu corpo foi revestido pela armadura de Câncer.

— Morram desgraçados!

A energia dourada explodiu de forma violenta, indo com tudo contra a nave, que sumiu no meio da luz. Do céu, Niive e Dara, que acabavam de chegar, viram uma coluna dourada passar por eles. No palácio Alisha e Lirya sentiram a terra tremer.

Iskendar teve que proteger os olhos da luz incandescente.

Somente segundos depois é que a luz dissipou e quem estava no alto pode ver a cratera que se formou diante do palácio causada pelo ataque de Giovanni. A nave tinha simplesmente evaporado.

O canceriano respirava ofegante. Primeiro foi de joelhos ao chão, antes de desabar.

— Eron! - Iskendar aproximou. - Eron!

Lirya e Alisha viram o feixo de luz dourada dissipar. Não tinham ideia do que tinha acontecido.

Em toda galáxia hadrens vermelhos começaram a aparecer.

Policiais que aproximaram, ajudaram Iskendar a levá-lo para o palácio. Lirya assim que o viu temeu o pior.

— Tragam os médicos! - gritou. - Eron... Eron... não faz isso comigo...

— O que aconteceu? - perguntou Alisha igualmente nervosa.

— A armadura surgiu na nossa frente e depois tudo ficou claro. Quando abri os olhos, ele estava usando-a e depois... e depois...

Escutaram uma respiração mais profunda. Lentamente, Giovanni abriu os olhos, fitando primeiramente a mãe e depois o irmão.

— Depois eu que sou o inconseqüente. - disse olhando o policial.

— Eron você está bem? - a rainha tocou no rosto dele.

— Sim mãe. Me ajude a sentar.

Ele sentia o corpo cansado por causa do desgaste.

— Está bem mesmo? - Alisha aproximou.

O cavaleiro a fitou demoradamente. Iskendar que o observava temeu que tivesse acontecido algo ainda mais grave.

— Vou buscar Shion nem que eu tenha que ir ao inferno.  Te engravidou.

Os três ficaram surpresos com a frase.

— O que foi que disse? - indagou a princesa.

— Vai ter que casar com aquele velho safado. Shion não vai se safar.

— Eron. - Iskendar parou na frente. - sabe quem eu sou?

Giovanni arqueou a sobrancelha.

— Por que estão me olhando com essa cara... parece que nunca me viram usando a minha armadura.

— Sua memória... - soltou um suspiro aliviado. - como vocês dizem... por Atena. - o abraçou.

O cavaleiro ficou sem entender.

— Eron. - Lirya também o abraçou. - Graças a Atena.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo... - parou de falar, se dando conta. Olhou para os braços e depois passou a mão pelos cabelos puxando alguns fios. Eram azuis. - minha memória...

— Recuperou. Não só ela como sua armadura.

— Como se lembrou? - indagou Iskendar.

— Eu... comecei a escutar vozes... até que me lembrei da Helena... ela me ajudou mais uma vez. - sorriu. - onde está Evans? Temos que buscá-los.

— Majestade. - Dara e Niive chegaram a porta. Ficaram surpresos por ver o príncipe com a vestimenta.

— É bom olhar para vocês e saber quem são.

— Recuperou suas lembranças?

— Sim, chanceler da Nova Obi. Tenho certeza que Noah está satisfeito.

Dara sorriu.

— Parabéns senhorita Myles. A polícia estará em boas mãos.

— Obrigada alteza, mas meu sobrenome é Jay.

— É o sobrenome do Kanon. - riu. - está na hora de buscá-lo.

Marius assim que soube da recuperação do príncipe foi para o palácio.

— Alteza. Fico feliz que esteja bem.

— Obrigado senhor Marius. Bom, Niive quero uma investigação rigorosa sobre o incidente.

— Já tenho uma equipe trabalhando no caso. Por ser uma nave nossa, iremos refazer os passos.

— Desconfia de algo? - indagou o ex chanceler.

— Foi um ataque partindo de uma nave nossa, - iniciou a presidente. - e o alvo era com certeza o palácio. Com Haykan e Serioja mortos nos resta poucas opções.

— Descubra. - a voz de Mask saiu forte. - e quero ver os mandantes ou o mandante. Eu darei a punição adequada.

— Eron... - murmurou a rainha. Se a memória voltou, o temperamento...

— Não vou agir por impulso mãe. - a fitou. - não até saber quem foi que tentou nos matar. Niive providencie que Alisha seja conduzida a Alaron.

— Eu quero ir com você.

— Ficou doida? Olha o tamanho dessa barriga, se algo te acontece Shion me mata. Não queira ver aquele homem nervoso. Iskendar, mãe e Marius querem ir?

— Para onde vai?

— Terra.

A Euroxx aguardava a chegada da nave que conduzia a realeza de Ranpur. Evans ficou aliviado ao saber que Eron tinha recuperado a memória. Foram conduzidos a cabine de controle.

— E é isso que acontece alteza. - disse Evans. - é como se VL não existisse.

— Mas só a Terra?

— Não. Quando falo em VL, falo da galáxia como todo. Nós tentamos viajar sem o uso do hadren, como da primeira vez, mas chegamos até cento e cinqüenta milhões de quilômetros após a fronteira de GS. A partir daí seria uma viagem no escuro. Nossos instrumentos não conseguem determinar a rota.

— E se eu abrir um hadren vermelho?

— Podemos tentar, mas não temos certeza que um vermelho possa chegar a Terra.

— Vamos tentar. Fiquem apostos. - ele teleportou.

Evans deu os comandos e Lirya desejava que desse certo. Do lado de fora da nave, o canceriano fitava os pontos luminosos.  Ele elevou seu cosmo, pontos vermelhos começaram a surgir.

A nave transpassou pelo hadren vermelho e seguia seu curso normalmente. Evans monitorava o trajeto.

— Cinco minutos para transpormos a fronteira. - disse um controlador.

— Vamos conseguir. - o canceriano disse resoluto.

A expectativa era grande.

— Passamos pela fronteira de GS.

— Tracem a rota que o hadren nos dá. - pediu Evans.

Quando a ação seria feita, sons de emergência propagaram pela nave. A Euroxx tombou para a direita repentinamente, antes de sair do hadren.

— O que aconteceu?

— Saímos do hadren capitão. Estamos a cento e cinqüenta milhões da fronteira a sudoeste.

— O hadren fechou? - indagou Mask.

— Fomos lançados pois esse hadren não tem saída alteza. O modo automático foi acionado pois poderíamos "bater no final do hadren."

— Foi assim com o azul. - Evans o fitou.

— Droga! - exclamou. - vamos voltar.

Mask saiu da cabine.

Durante uma semana, Giovanni tentou e sempre a Euroxx parava no mesmo ponto. Os centros de pesquisas não conseguiam encontrar respostas o que deixava o canceriano irritado. Iskendar sempre tentava animá-lo, mas...

— Eron. - entrou no quarto não importando com o grito:"não me amole".

— Quero ficar sozinho!

— Ficar resmungando nesse quarto não irá resolver. Está deixando sua mãe triste.

Giovanni não respondeu.

— Vamos para Ikari. - disse seriamente, fitando um mecha de cabelo que persistia na cor branca. - depois da explosão você foi parar lá. Se lembra como foi?

— Não. - a voz saiu baixa. - Só vi a imagem da Helena e depois quando estavam no meu quarto.

— Pois então. - parou a frente dele. - talvez a resposta para isso e por que não conseguirmos achar a Terra esteja lá.

Giovanni fitou o irmão.

— Sua voz está ficando igual a do papai. - riu.

Iskendar recuou.

— Vamos para Ikari.

A Euroxx dirigiu-se para o planeta dos elementares. Como da outra vez, uma pequena nave adentrou no planeta. Evans, Marius, Lirya e os príncipes compunham o grupo. Usando sua telecinese, Mask levou-os até a sala oval do palácio.

— Encontramos você, naquele ponto. - Iskendar apontou. - estava sem armadura.

Giovanni caminhou até o local.

— Iskendar.

O policial foi atrás. Quando ficaram lado a lado, a paisagem de Ikari mudou. O cavaleiro começou a sentir uma energia aproximando.

— Tem alguém aqui...

Vejo que cumpriram seus destinos.

O olhar de todos foi para o centro da sala.

— Torin... - murmurou Iskendar.

Sejam bem vindos descendentes de Kasnner.

— Torin, o que está acontecendo? Por que não consigo voltar para a Terra? - indagou logo de cara.

O elementar sorriu.

Tem muitas indagações em seu coração jovem príncipe, contudo, primeiro preciso parabenizá-lo. Seu sacrifício para salvar todos foi muito digno. Isso mostra que consegue dominar sua tendência egoísta. Assim como a tendência rancorosa de Iskendar.— fitou o mais velho. - conseguiram levar paz a GS.

— Fizemos nossa obrigação. - disse Iskendar.

Torin apenas sorriu.

—  Tudo está interligado. - ele estralou o dedo, fazendo aparecer um banco feito de energia, ao lado de Lirya. — por favor majestade, acomode-se.

— Obrigada.

Em uma situação normal, não teria sobrevivido a explosão em Atália. - fez uma pausa. -  Como disse anteriormente, suas ações determinariam o sucesso ou fracasso de GS e felizmente agiu corretamente. - o fitou. - conquistou o merecimento de ter uma chance, porém, mesmo impedindo que fosse tragado junto com Atália, seu corpo estava debilitado.  Impediu a destruição do palácio, lançou uma Exclamação de Atena sem a armadura, sofreu com a radiação e utilizou seu cosmo ao máximo. Intervir para que não fosse morto naquela hora, mas se viveria após isso,dependeria de você. O elementar Han, da cura, não está mais aqui, então não pude usar a totalidade do poder dele em você.

— Por isso o encontramos com o cabelo negro? - indagou Iskendar.

— Sim.

— Vocês os trouxeram para cá?

— Sim. Ikari é o único lugar que podemos manifestar nosso poder e além disso, caso ele não sobrevivesse, pouparia um sofrimento de vê-lo morrer. - olhava para Lirya.

— E Helena?

Torin sorriu.

Tinha o desejo de vê-la mais uma vez, foi uma forma de agradecimento por tudo que fez a GS. Lembre-se, somos "deuses", podemos fazer certas coisas. - abriu um sorriso.

— E a perda da memória dele? - indagou Marius. - e os cabelos brancos?

Foi conseqüência dos sucessivos ferimentos. É um descendente de Kasnner, mas não um imortal. O coma e a perda da memória foram uma seqüela.  Poderia ter perdido-a por completo, mas os eventos que ocorreram quando tinha nove anos foram tão traumáticos, que não foram apagados.

— Tudo faz sentido. - disse Evans.

Sim capitão e é por causa disso, que seu cosmo sumiu e a armadura não o reconhecia como cavaleiro. - fitou Giovanni. - para você, a Terra nunca existiu, e em conseqüência não teve o treinamento para desenvolver seu cosmo.

— Como se o meu "eu" como cavaleiro não tivesse existido.

Exato. Sem a existência do cavaleiro de Câncer, não havia razão da existência de um hadren a Terra.

— A minha memória afetou isso?? - indagou surpreso.

Claro. Tempesttas tem o poder de ativar e até criar hadrens. Para salvá-lo o rei Soren abriu um hadren ligando GS a Terra. Para voltar, você ativou esse hadren. Havia uma conexão entre  esses dois lugares. A partir do momento que um deles deixou de "existir" para você, pelo esquecimento, isso foi perdido. No caso não havia sentido um hadren para a Terra.

— Mas da primeira vez, - iniciou Evans. - chegamos a VL por nossos instrumentos e não tínhamos certeza que Eron estava lá.

Vocês não tinham certeza, mas o hadren estava lá, só desativado. Tudo que a aparelhagem fez foi colher os dados deixados pelo hadren. - Torin começou a andar pela sala.— Hadrens são elementos físicos e deixam rastros, como pegadas...— parou. - seus instrumentos seguiram a trilha. — fitou a todos.— mas como eu disse, hadrens estão ligados aos Tempesttas. Se Eron perdeu a conexão com a Terra, até mesmo os rastros foram apagados. Mesmo Iskendar tentando, ele não tem nada a ver com a Terra.

— Isso tudo é fascinante. - Marius estava impressionado.

 - Vocês tem ainda  muito a descobrir sobre os hadrens azuis e vermelhos e sua ligação com os Tempesttas. A medida que avançarem nessas descobertas darão um salto enorme no progresso.

— E o cabelo dele? - Lirya quis saber.

Conseqüência da radiação. Aos poucos o corpo foi se curando, voltando a cor original. Talvez essa mecha branca seja a manifestação do gene Tempestta no físico, já que puxou totalmente sua mãe.— sorriu. - é apenas um detalhe.

— Mas e agora? - pouco se importava com o cabelo. - Eu lembrei de tudo e mesmo assim o caminho continua fechado...

Diga-me príncipe Eron,— Torin voltou a atenção para ele. - o que te fez recuperar sua memória?

— Vozes do meu passado.

As vozes foram só uma ponta. Os motivos são mais profundos. Quem realmente o fez lembrar?

Giovanni ficou surpreso com a pergunta. O que ele queria dizer?

Qual foi o primeiro nome que pronunciou?

— He-lena?! - arregalou os olhos. - mas... o que tem a ver?

— Como assim senhor Torin? - indagou Lirya.

Seu cosmo reagiu ao sentimento de proteção a Iskendar, como ele reagiu quando Helena estava em perigo nas mãos de Andreas. Sua armadura, naquela ocasião, tinha renegado-o, desta vez, ela estava apenas sem seu "dono". - ficou em silêncio por segundos para que Eron absorvesse a informação. - em Asgard, a armadura voltou a te proteger pois você tinha entendido o valor de uma vida, a verdadeira missão de um cavaleiro, que é proteger todos. Quando Iskendar e você estavam prestes a serem mortos, a armadura reagiu a isso. Helena teve o mesmo efeito  daquela vez. E com isso o que despertou foi o Giovanni Romanelli e não o cavaleiro de Câncer.

O italiano ouvia em silêncio, assim como os demais, processando a informação.

Nunca teve o desejo de se envolver na luta em Asgard, e só lutou daquela vez para salvar Helena e vingar-se dos seus algozes. E hoje, só lutou para salvar Iskendar. Como suas lembranças estão entrelaçadas lembrou-se de todo o resto. Mas seu lado cavaleiro ainda dorme.

— Como assim? Sou um cavaleiro. Lutei contra Loki junto com os demais.

Só se sentiu parte do grupo no final, quando Atena pediu que se levantassem.

Giovanni arregalou os olhos ao se lembrar.

Nunca teve uma visão correta de como ser um cavaleiro até mesmo quando foi morto pelo Dragão. Em Hades aceitou o pedido do atlantik, mas ainda sem perceber a profundidade de ser um santo de Atena. Sua visão começou a mudar em Asgard, quando reconheceu os erros do passado e começou a se questionar: "como ainda posso me considerar um cavaleiro?". Esse sentimento só começou a consolidar diante das pétalas vermelhas. Brotou, mas era muito efêmero e com os acontecimentos aqui em GS e a perda da memória, seu lado cavaleiro voltou a adormecer.  — o fitou diretamente. - Não havia sentido o hadren abrir. Giovanni Romanelli e Eron Tempestta são nomes para a mesma pessoa. E são ligadas a GS.

— Mas se disse, que o único motivo de ter lembrado era a Helena, ela é da Terra. - Giovanni tentava argumentar.

Helena está morta. - disse frio. - esse elo que te ligava a Terra não existe mais.

Iskendar ouvia tudo perplexo. A situação era ainda mais complexa.

Enquanto não se vê como guerreiro de Atena, o caminho a Terra continuará perdido.

— Mas... estou ligado aos meus amigos. Tivemos divergências no passado, porém agora...

Só os conheceu porque foi para o santuário. O fato de ter se tornado um cavaleiro uniu vocês. Eron, - a voz saiu grave. - tudo gira em torno da percepção de si mesmo como cavaleiro. Pode alimentar o desejo de revê-los ou Atena, mas só isso não basta. Você compreendeu seu papel diante de GS, agora precisa compreender seu papel como um protetor de Atena. Quando se assumir verdadeiramente como cavaleiro, o hadren abrirá.

Os presentes olharam para Giovanni, que não sabia o que falar.

— Como faço isso?

Precisa descobrir por si mesmo. O reconhecimento vem de dentro. Lembre-se que humanos são passiveis de erros, mas o que os torna fortes é a capacidade de reconhecê-los e usá-los como força para a mudança.

Iskendar e Eron fitaram-se. Torin mexeu milimetricamente os olhos.

 — Passaram por muitas situações difíceis, merecem ter um momento de alegria. - fitou Iskendar, apontando com o olhar para atrás de si.

O policial seguiu a direção, ficando branco.

Da porta principal surgiu uma figura envolvida por uma luz dourada. Era uma jovem de olhos verdes brilhantes e longos cabelos loiros.

— Mãe... - não acreditou.

Todos olharam para onde ele fitava ficando surpresos. Iskendar desceu as escadas correndo indo em direção a ela. Izanami abriu os braços para acolhê-lo.

— Meu filho...

— Mãe... mãe... - começou a chorar. - eu sinto tanto a sua falta.

— Eu também, mas saiba que estou orgulhosa. Conseguiu devolver paz a essa galáxia.

— Sim.

— Perdoe-me por ter mentido sobre seu pai e o meu pai. Tudo que fiz foi para protegê-lo.

— Sei que sim. - a abraçou de novo.

Lirya acompanhava emocionada. De repente começou a deslumbrar uma figura masculina perto de Izanami.

— Não pode ser...

Mask escutou os dizeres da mãe, olhando para o casal. Os olhos arregalaram.

— Pai?

Foi a vez de Iskendar escutar. Lirya correu dando um abraço em Soren.

— Lirya... - sorriu.

— Soren... - começou a chorar.

— Desculpe por tanto sofrimento. Tentei fazer o meu melhor.

— Eu sei. - o fitou, o marido guardava a mesma feição. - continua bonito.

— Pai.

Os dois olharam para Eron. Giovanni fitou a figura altiva.

— Pai... - sentiu os olhos marejarem. Abraçou os pais, dando vazão as lágrimas.

— Bom trabalho filho. - acariciou as mechas azuis. - tudo está em ordem e vejo que cuida muito bem da sua mãe.

— Sim... - limpava as lágrimas.

Iskendar olhava os três reunidos. Era para ter sido assim se a Euroxx não tivesse explodido. Soren olhou para os sloanis e caminhou até eles. Trocou um singelo sorriso com Izanami antes de olhar para o filho.

— Obrigado por ter cuidado do seu irmão.

— Eu faria isso, mesmo se não tivesse pedido. - não o fitou diretamente.

O rei aproximou um pouco mais e envolveu o policial. Iskendar ainda tentou se soltar, mas foi vencido.

— Meu filho... - abraçou mais forte. - agradeço a Izanami todos os dias por tê-lo.

— Soren...

Num gesto de carinho, o rei brincou com os cabelos brancos do filho. Izanami estava muito feliz. Giovanni saiu de onde estava e envolveu os dois.

Iskendar não segurou as lágrimas começando a chorar. Mask também se emocionou.

— Sempre estarei junto de vocês. - Soren apertou o gesto.

— Pai... pai... - o policial murmurava em meio ao pranto.

Lirya aproximou-se da sloani.

— Obrigada por cuidar do meu filho. - Izanami a fitou.

— Sempre cuidarei, tem a minha palavra. - sorriu.

Evans e Marius estavam felizes. Aquele reencontro era o prenuncio para os dias vindouros de paz.  Soren deixou os filhos e abraçou a cada um dos amigos.

— Obrigado por tudo. Obrigado por cuidarem da minha família.

— Estaremos sempre aqui. - Marius disse pelos dois.

Voltou para junto dos filhos dando mais um abraço.

— Eron... - apontou com o rosto para o lado.

O cavaleiro olhou, arregalando os olhos. Parada na porta, havia uma moça de olhos verdes e cabelos castanhos presos por um rabo baixo.

— He-lena? - gaguejou.

Ainda sem acreditar o cavaleiro aproximou parando próximo.

— Eu nunca soube seu nome. - sorriu. - Giovanni... ou Eron. - sorriu divertida.

— Sou um pouco grosso... - disse sem graça. O coração batia acelerado.

— Obrigada pelo dinheiro e por cuidar dos meus irmãos.

— Helena.. eu... - os olhos marejaram. - me perdoe por não ter te salvado... sou um fraco e...

Ela interrompeu a frase, tocando nos lábios dele com o dedo.

— Não é fraco e não tenho que perdoar nada. É um autentico cavaleiro de Atena, nunca se esqueça disso.

— Obrigado.  - sorriu.

Ela sorriu de volta. Fitaram-se longamente.... Mask tocou gentilmente na face da jovem e aos poucos foi aproximando... Beijaram-se ternamente.

Lirya limpava o rosto. Era uma pena os dois não ficarem juntos.

Precisamos ir. - disse Torin que assistia tudo em silêncio.

— Cuide-se Iskendar. - Izanami acariciou o rosto do filho.

— Sim. - beijou as mãos da genitora.

— Samir manda lembranças e disse que está orgulhoso de você.

— Obrigado.

Soren abraçou Lirya.

— Sempre estará no meu coração. - disse.

— No meu também. - a rainha sorriu.

O rei despediu dos amigos e parou perto de Iskendar.

— Continue cuidando do seu irmão.

— Sim.

— Lembre-se que te amo tanto quanto amo Eron. - o abraçou. - cuide bem do nosso povo.

— Pode deixar.

— Eron.

Ele deixou Helena, indo até eles.

— Toma conta dele. - apontou para o policial. - Cuidem um do outro e juntos cuidem do nosso povo. Juntos. - reforçou. - nunca se esqueçam disso.

Concordaram.

Helena aproximou de Mask abraçando-o. Queria muito ter feito isso em vida.

— Tome conta dos meus irmãos.

— Pode deixar. - a aconchegou mais. - e o obrigado. Graças a você estou tentando me tornar uma pessoa melhor.

— Você é uma boa pessoa. E lembre-se que é um santo de Atena. Use seu poder para proteger todos.

— A senhorita manda. - sorriu.

A garota ficou nas pontas do pé e o beijou.

— Abra o caminho até a Terra. Todos estão te esperando.

— Abrirei.

Soren, Helena e Izanami foram para um canto, a luz em torno deles ficou mais forte e segundos depois dissipou no ar. Mask deslumbrou o ultimo sorriso de Helena e do pai.

Lirya chorava e teve o acolhimento do filho.

Torin caminhou até eles.

Descendentes de Kasnner, netos de Bruni, filhos de Soren, Tempesttas... levem prosperidade a GS. Governem com sabedoria e terão uma vida feliz.

— Nós prometemos Torin. - disse Iskendar pelos dois.

Adeus...

A imagem do elementar se desfez...

Ainda ficaram por alguns minutos antes de partirem para a Euroxx...

xxxxxx

Niive comandou uma investigação rigorosa e em pouco tempo descobriram o que tinha acontecido. Havia uma facção em Bellji que não aceitava a derrota. Em retaliação a morte de Haykan planejaram o assassinato da rainha de Ranpur ou de Iskendar, considerado traidor por eles. Os membros armaram uma emboscada, roubando uma nave de GS e matando todos os tripulantes. De posse de todos os passes conseguiram entrar em Ranpur e realizar o ataque. Os membros que estavam na capital de S1 foram presos e condenados a prisão de Wan. Quando Eron soube, ao contrário do que se esperava, dado ao temperamento dele, apenas condenou-os a prisão perpetua. E com isso alguns dias se passaram...

Giovanni tentou várias vezes abrir um hadren, mas ele sempre acabava no mesmo ponto e aquilo o deixava angustiado.

— Mas eu me vejo! - exclamou irritado, quase jogando a cadeira da varanda para fora. - eu sou um cavaleiro de Atena!

— Está bem Eron. - disse Iskendar já acostumado com o temperamento forte do irmão. - vamos continuar tentando está bem?

— Sim... - murmurou com a cara fechada.

— Tenho uma reunião agora, reunião que você deveria presidir. - fechou a cara. - está jogando tudo para cima de mim.

— Eu não tenho trato político. E você é o mais velho, o trono é seu.

— É nosso. - respondeu frio. - até nossos juristas encontrarem uma solução, nós dois estamos em pé de igualdade na linha sucessória.

— Leis idiotas...

— Eu vou reclamar com a sua mãe.

— Já vou! Daqui a pouco eu vou. - fechou ainda mais a cara.

— Garoto mimado. - disse apenas para provocar. - deveria ter feito um estágio nas minas de Hur para parar de ser fresco.

— Tenha Shion como chefe para você vê.

— Mimado!

— Pro inferno! - mandou nele o primeiro objeto que viu, parado prontamente por Iskendar.

— É muito bom te irritar. - começou a rir.

— Desaparece!

— Esteja lá em meia hora. - disse já na porta. - pirralho mimado!

Saiu antes que o irmão mandasse outro objeto.

— Ainda quebro a cara dele... - resmungou voltando o olhar para a paisagem.

— Alteza...

— O que é? - virou abruptamente, calando-se ao ver Urara. - foi mal, pensei que fosse o meu irmão.

— Tudo bem. - Urara abafou o sorriso. A cumplicidade dos dois era benéfica para a galáxia. - trago um relatório do chanceler Dara.

— Ah é... ele ficou de me enviar. - Mask pegou o pequeno dispositivo passando a ler. - senta. - disse ao notá-la de pé.

A ex diretora sentou, passando a observar discretamente o futuro rei de Ranpur. Ele ficava totalmente diferente quando usava a tal armadura.

— Quando será a inauguração?

— Daqui um mês.

— Espero que Shaka esteja aqui para ver. - desligou a tela. - sinto muito por ainda não ter aberto um hadren.

— Não se preocupe com isso alteza. Shaka e eu sabíamos que poderia demorar nosso reencontro. Antes de sermos um casal somos cumpridores dos nossos deveres. Eu como membro da polícia galáctica e ele protetor de VL. Sei que essa condição vem em primeiro lugar.

— Shaka é assim mesmo. - sorriu ao se lembrar do amigo. - sempre muito correto, exímio cumpridor de suas tarefas. Fazia todos os exercícios dos treinos, nunca faltou a um, exceto quando o levei para uma casa de show, e... - parou de falar. Se Shaka descobrisse que ele tinha contado a Urara sobre a noite num bordel em que praticamente levou todas as meninas a fazer meditação, ele mataria. - resumindo é um verdadeiro cavaleiro de Atena. Não só ele, todos.

Silenciou, o melhor a de dizer seria quase todos. Torin estava certo ao falar que ele lutara até agora por interesse. Desde que iniciou seu treinamento seu único desejo era poder e motivos egoístas. Mesmo com Helena. Só entrou na guerra por causa dela e não pela justiça. Urara notou o súbito silêncio.

— Pelo seu silêncio parece que tem dúvidas na própria afirmação.

— Qualquer pessoa teria. - deu um meio sorriso. - Shaka deve ter te contado sobre o meu passado.

— Só me disse o que todo mundo sabe.

— Eu... - Mask contou tudo para Urara, sem omitir detalhe algum. Ela saberia até mais que a mãe, pois não tinha coragem de contar para genitora alguns atos praticados. Urara ouvia atentamente, sem interrompê-lo. - Estou longe de ser um santo de Atena.

— E por que?

— Como por que? Eu sou um assassino. Eu não tenho moral para lutar pela justiça.

— Ninguém tem, com exceção dos elementares. Somos humanos alteza, passíveis de erros. Errou sim, mas se arrependeu e está no caminho certo. Quantas vidas salvou ao destruir Atália!

— Era o mínimo que eu poderia ter feito, afinal já matei muita gente.

— Precisa se perdoar. Já reconheceu seu erro, mas precisa deixá-lo para trás e seguir em frente. Se não acha que foi um cavaleiro até agora, tenha o propósito de se tornar um. Sei que sabe como se tornar um verdadeiro defensor de Atena, lute para ser um.

Giovanni ficou em silêncio pensando.

— Eu preciso ir. - ela levantou. - perdoe me se fui intrusiva na minha opinião.

— Não foi. Diga a Dara que estarei na inauguração.

Urara meneou a cabeça antes de sair. Mask ainda ficou por algum tempo antes de seguir para a reunião.

Iskendar a todo momento olhava para a porta. Eron não viria.

— "Pirralho mimado."

— Boa tarde a todos.

A entrada do irmão o surpreendeu. Mask puxou uma cadeira sentando próximo a ele. Com os príncipes a escuta, a reunião começou. No princípio o italiano até prestava atenção, mas as palavras de Urara não saíram de sua mente. Ao final da mesma, Iskendar interrogou.

— O que houve?

O cavaleiro fitou o irmão. Iskendar estava presente em todas as reuniões tomando para si o aprendizado de governar. Certa vez ele disse que fazia aquilo para compensar o tempo que passou com Haykan. Mesmo com a tarefa desgastante, dizia que queria ser um bom líder.

— "Preciso ser assim. Preciso honrar minha armadura e me tornar um cavaleiro digno, não posso desistir."

— Eron?

— Não é nada, mas  temos alguma reunião agora?

— Não... só amanhã. Por que?

— Pode vir comigo?

O policial concordou.

O destino foi a Euroxx aportada na órbita.

— Altezas. - Evans reverenciou.

— Capitão com os provimentos que tem, consegue ir até a Terra?

Evans franziu a testa olhando para Iskendar que deu nos ombros.

— Sim. Sempre ao final de uma tentativa, eu preparo a nave para mais uma.

— Podemos tentar? - indagou esperançoso.

— Sim.

— Avisarei a Niive sobre a operação, não se preocupe.

— Como quiser.

Evans foi dar as ordens para a partida.

— Eron tem certeza?

— Sim. Preciso tentar, se não por mim, pelo menos por Shaka e os demais. Eles merecem viver com as meninas.

— Seguirá com a Euroxx?

— Não. Ainda não sinto seguro em deixar GS, ainda mais depois daquele atentado.

Cerca de uma hora depois, a Euroxx estava pronta para partir.

— Enviarei uma mensagem quando passarmos pela fronteira e outra pelo ponto critico. - disse Evans assumindo seu posto.

— Ao sinal de problema aborte a operação.

— Sim alteza.

Giovanni teleportou para fora da Euroxx. Olhou a escuridão do universo. Quantas vezes tentara abrir o caminho até a Terra e falhara. Elevou um pouco seu cosmo, chamando sua armadura.

— "Não falharei dessa vez... se Seiya diz que somos os cavaleiros da esperança, preciso acreditar nisso."

Começou a liberar seu cosmo. Os cabelos ficaram brancos. No espaço, os primeiros pontos vermelhos começaram a surgir. Seria um hadren vermelho.

— "Atena... sei que errei muito, mas quero me tornar um verdadeiro cavaleiro. Quero honrar essa armadura que me aceitou novamente. Quero ser o cavaleiro de ouro de Câncer que luta de forma incondicional pela justiça e paz, como os meus antecessores." - a energia dourada aumentou de intensidade - "Atena, por favor, mostre-me o caminho que me leve até você."

O cosmo dele elevou-se ainda mais, os círculos vermelhos aumentaram...

Giovanni olhava a Euroxx adentrar no hadren. Quando a nave estava prestes a ser consumida, forçou o olhar pois vira de relance uma imagem: um planeta azul mergulhado no espaço...

Aos poucos os feixes de luz foram desaparecendo. Iskendar parou com a nave ao lado dele. Colocou-a no modo automático.

— Vamos aguardar as notícias. - disse o policial flutuando ao lado dele. Fitou os cabelos, vendo-os completamente azuis. A mecha branca havia sumido. - "O que..." - balançou a cabeça negativamente, Eron era uma caixa de surpresas. - Vamos cavaleiro de Câncer, precisa preparar uma recepção para sua deusa.

— Sim. - concordou.

Voltaram para Ranpur onde deram a notícia para Lirya e Niive. Como combinado, assim que transpassou a fronteira Evans avisou. Mask não quis comemorar, pois ainda faltava uma parte. Meia hora depois receberam a notícia que haviam passado do ponto crítico. Lirya comemorou, mas não Giovanni e a medida que as horas passavam, a situação ficava complicada. Não receberam mais noticias tão pouco conseguiam uma comunicação com a Euroxx. A pedido de Mask, Niive enviou equipes, mas nenhuma foi capaz de encontrar a nave oficial de Ranpur. Um dia se passou, dois, até completar uma semana.

Eron estava arredio, pois culpava-se pelo destino incerto da Euroxx. Na certa, ela tinha sido tragada por um buraco negro. Iskendar e Lirya tentavam despersuadi-lo da suposta culpa, mas em vão.


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Notas finais do capítulo

A próxima postagem será do capitulo final.



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