Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 12
Atentado


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Dois dias se passaram desde que Eron enviou a S1 uma comitiva. Como esperado pelo príncipe, Haykan os recebeu de forma amistosa e sem maiores entraves. Quando o líder viu o pequeno grupo teve a certeza que o príncipe era muito ingênuo.

Aproveitando as brechas que tinha Shura conseguia recolher informações sobre o planeta. Iskendar também estava tendo sucesso na sua investigação particular e a cada fato novo descoberto seus temores aumentavam.

As aulas de Mask e dos demais, em Maris, seguiam a todo vapor. Miro e Dohko destacavam-se nas suas respectivas aulas, Legos e nave.

Célica e Aldebaran quando possível passavam o tempo juntos, alimentando as suspeitas de Hely que aquela história ainda acabaria muito mal.

Os conselheiros de Obi tiveram várias visões mas nenhuma que fosse tão importante quanto a do assassinato em Ranpur. Urara voltara as suas funções, mas desde o beijo em sua nave, seus pensamentos na maioria estavam em Shaka.

Niive também tentava apagar Kanon da mente, mas a tarefa era difícil.

Alisha por sua vez, não fazia questão nenhuma de esquecer o beijo de Shion. Estava nas nuvens e Rana compartilhava dos seus pensamentos.

Shaka, Kanon e Shion não paravam de pensar na suas respectivas. O indiano pensando seriamente em dar um passo além, o grego querendo agir com cautela e o lemuriano tomando a decisão de se manter longe da princesa.

Depois do aviso de Noah, Marius pediu ao seu filho que redobrasse a vigilância no palácio, não permitindo em hipótese alguma que a rainha saísse sem um forte esquema de segurança. Cuidava também da isca para Serioja.

E com isso a viagem dos cavaleiros de Atena entravam no seu décimo dia.

Logo de manhã, Giovanni tinha convocado uma reunião com todo o conselho, não sendo um assunto grave, mas um pretexto para reunir Serioja e Irian.

O conselheiro de Yumeria andava um pouco irritado, pois as noticias que recebia através Niahm eram escassas e quase sempre sem qualquer valor político. Havia notado o forte esquema de segurança, mas nada que lhe rendesse atenção. Estava de olho, num possível conselheiro "traidor" contudo só conhecia os seus apoiadores e não arriscaria perde-los sem garantia que receberia algo em troca.

Preparando-se para voltar para Eike, cruzou com um dos conselheiros.

— Stunp. - cumprimentou um homem de meia idade.

— Como vai Basty? - perguntou de má vontade.

— Bem. Será que podemos conversar?

— Estou indo para Yumeria. - era mentira, apenas queria se livrar dele. - Podemos marcar outro dia?

— É sobre o príncipe.

De tédio a expressão passou a ser curiosa.

— Na sua nave seria o melhor local, já que o assunto é sigiloso.

Ainda não muito convicto, Serioja aceitou. A nave do conselheiro de Yumeria não era muito grande, mas contava com um pequeno escritório.

— Diga senhor Basty. - a voz saiu impaciente.

— Vou direto ao assunto. Quero me aliar a você.

Serioja ajeitou-se na cadeira, talvez a posição torta teria feito ouvi-lo erradamente.

— Desculpe Irian, acho que não entendi.

— Sempre fui um apoiador da casa Tempestta, mas durante esses anos percebi que o melhor para a galáxia é o conselho. Mesmo com a volta do principe acho que ele não será como o pai.

Serioja o analisou, Irian Basty sempre fora um conselheiro pró Tempestta.

— E por que eu? Há muitos conselheiros contrários a família real.

— Eu sei disso, mas você é o único que pode liderar um ato contra eles.

— Está equivocado Irian. - levantou. - não morro de amores pelos Tempesttas mas ao ponto de liderar algo contra eles?

Irian ficou em silencio. Marius o havia alertado que conquistar a confiança dele seria dificil e que ele faria de tudo para não se comprometer.

— Fazendo algo contra os Tempesttas estaria arruinando meu juramento. Sempre penso no bem da galáxia e se for ao lado da casa real de Ranpur... - a voz de Serioja saiu tão sincera, que um desavisado acharia que ele estava preocupado com o bem estar do povo, não dele.

— Temos meios de tira-los do poder sem guerra. Todo mundo sabe disso, mas ninguém tem coragem suficiente para enfrentá-los ou o grupo dos nove.

— Sabe que tem muito a perder ao ficar contra eles.

— Eu sei, mas a justiça em primeiro lugar. Se algo me acontecer, servirá de exemplo para outros então farei de bom agrado.

— Sei disso. " Como o mundo está cheio de idealistas idiotas." Vou realizar algumas pesquisas.  Quando tiver informações entro em contato.

— Obrigado. Tenho certeza que juntos, vamos livrar a galáxia das mãos de tiranos.

— É o meu maior desejo. - sorriu.

O.o.O.o.O

Iskendar mal aportou em Sidon foi imediatamente procurar Dara. Encontrou-o no bar.

— Você precisa me dizer a verdade. - bateu com a palma da mão sobre a mesa. Por pouco a bebida não entornou. O tom de voz foi agressivo.

— Não é porque é da policia que pode falar desse jeito. - Dara o fitou de forma fria. - sou o governador daqui. E a sua cabeça vale muito mais que a minha. Uma palavra e...

— Não se atreva. Sabe que temos rabo preso um com o outro.

Dara o analisou. Raríssimas vezes o viu tão nervoso. Os olhos azuis ficavam ainda mais escuros e os cabelos brancos mais alvos.

— Vamos conversar em outro lugar. - levantou. - pelo jeito o assunto é grave.

Foram para os fundos do bar. Mal Dara fechou a porta...

— Quando ia me contar sobre S1? - vociferou.

— Contar o que?

— Não se faça de idiota. Sei muito bem que tem relações com S1 e sabe de tudo que se passa por lá.

— Por acaso a comitiva do príncipe foi destruída? - puxou uma cadeira e sentou.

— Ao contrário! Nunca vi um clima tão cheio de amor. - ironizou. - o que é aquela base militar?

Dara desviou o olhar. Deveria tê-lo impedido de ir a Bellji.

— Acha que depois da derrota, S1 entregaria os pontos? Simplesmente desmancharia seu exercito e seriam um povo pacifico?

— Estão bem longe disso. - Iskendar zombou.

— Não tem porque se preocupar. Com o poder de fogo que S1 tem, não vai fazer nem cócegas no seu estimado povo, vosso alteza. - foi a vez dele ironizar. - Haykan não tem condições de entrar em guerra.

— Espero que esteja certo sobre isso. - caminhou até a porta.

— Onde vai?

— Ranpur!

— Não vai... - Dara levantou receoso.

— Não vou contar nada. Fique tranqüilo.

Saiu batendo a porta. Dara passou as mãos pelos fios loiros. Iskendar sabendo sobre a base militar de S1 só colocava-o no alvo.

— Ele precisa manter a boca fechada.

O.o.O.o.O

A reunião entre Irian, Giovanni e Marius teria que ser num lugar que não levantasse suspeitas. Não tendo alternativa, o italiano envolveu Beatrice na história, pedindo que o encontro ocorresse em seu apartamento. Ela não negou. Para não levar suspeitas, Mask convidou Kamus, o que foi providencial.

— Mais uma vez obrigado Beatrice.

— É um prazer alteza. Fiquem a vontade. - ela e Kamus os deixaram a sós.

— Diga Irian. - pediu Marius.

— Ele foi cauteloso. Não irá se entregar tão facilmente.

— Vamos esperá-lo entrar em contato, comigo ou com o senhor para agirmos. - disse Mask.

— Quando Marius me procurou tive minhas dúvidas. - iniciou Irian. - Mas você tem modos do seu pai.

— Juro que tento ser como ele. - sorriu.

O.o.O.o.O

Era intervalo das aulas. Os cavaleiros estavam na lanchonete trocando impressões.

— Não basta ser formidável como cavaleiro serei como piloto de Lego. - Miro saboreava uma bebida.

— Seu orgulho só não é maior que a galáxia. - Dite deu um pedala nele.

— Começou... - murmurou Kanon.

— Mudando de assunto alguma noticia do Shura? - indagou Dohko.

— Chega hoje. Confesso que fiquei com receio por ele. - disse Deba. - a Célica me contou que o povo de S1 são uns bárbaros.

— Se ao final de um mês não voltarmos Atena mata Shion. - Saga os fitou.

— Isso se o Shion voltar... - Dohko deu um sorrisinho de canto de boca.

— Tá sabendo do que ancião? - Miro o fitou.

— Acho que está rolando algo entre ele e a princesa.

— Mestre Shion? - Kanon riu. - até parece.

— Eu vou buscar as minhas informações, mas podemos pensar nessa possibilidade.

— E quanto a Niive? - Deba olhou para o marina. Saga o fitou na hora.

— Como assim Deba? - indagou o grego mais velho.

— Ele não te contou? Está tentando com a diretora.

— Kanon...

— Relaxa. Não aconteceu nada. Estou no meu canto. Ao contrario do Touro que já arrancou casquinha da morena.

— Por acaso o Cupido veio junto? - Dite olhou para o taurino.

— Não é nada disso. Somos apenas amigos.

— Amigos... sei... - Miro sorriu.

— Chega desse assunto. - o brasileiro levantou. - as aulas vão começar.

— Se está fugindo tem culpa. - disse Aioria.

— Seu #&.

— Olha que te dou choque. - Aioria tirou as luvas que usava. - Já estou conseguindo manejar minha mão.

— Sai pra lá. - Deba afastou-se.

— Está conseguindo mesmo? - indagou Dite.

— Sim. Já passo a maior parte do tempo sem ela. Em breve voltarei ao normal.

O.o.O.o.O

Stiva e Athos estavam na residência de Rihen em Altamira, Maris. O presidente da policia havia convocado os dois, mas não queria que a conversa fosse na sede.

— Tudo está preparado conforme o plano. - disse Athos, mostrando uma maquete em 3D. - o primeiro evento será tratado como acidente.

— Já tem os locais? - indagou Rihen.

— Sim. Sudoeste, sudeste, noroeste e nordeste. Também já nos foi repassado quais planetas serão contemplados.

— Significativos?

— Apenas um. Em seguida, o episodio.

— E como será? - indagou Stiva. - a área está com mais segurança. Será praticamente impossível.

— Nada é impossível Stiva. - Rihen olhava a lista dos alvos. - Já sabe quem fará o serviço? - olhou para Athos.

— O nome será divulgado um dia antes.

— Certifique-se que tudo esteja em ordem, não pode ocorrer um único erro. E quanto a Serioja?

— Está articulando mas sem grande intervenção.

— Continuem de olho nele. Se ele tentar algo comuniquem-me imediatamente.

— Sim senhor.

O.o.O.o.O

Haykan via a Euroxx partir. O encontro tinha sido amigável e fez questão de mostrar que seu planeta estava incapacitado de fazer guerra contra GS, o que em parte era verdade. Para poder fazer jus ao poderio de Ranpur, precisava de uma força muito maior.

— Senhor Haykan. - uma jovem aproximou dele.

— Diga.

— As informações sobre Serioja estão corretas. O príncipe está tentando manipulá-lo.

— E já conseguiu?

— Não irá demorar.

— Ótimo. Continue vigiando os dois de perto.

— Sim senhor.

Ela fez uma mesura e saiu.

— "Até que ele não é de todo ingênuo... vamos ver do que é capaz."

O.o.O.o.O

Depois da saída de Giovanni e dos demais, Kamus permaneceu no apartamento de Beatrice. Ela estava organizando alguns documentos para uma viagem rápida a Clamp.

— Não quer que eu vá com você? - o aquariano a abraçou por trás.

— É viagem de trabalho. - passou a mão pelo rosto dele. - E também não devo demorar. Se der volto hoje ainda.

— Vai sozinha?

— Vou. Será rápido. - virou-se. - Quando assustar já estarei de volta.

O aquariano não queria demonstrar mas sentia-se apreensivo. Como se algo fosse acontecer.

— O que foi? - ela deu um selinho nele.

— Não é nada. - não quis preocupá-la. - vamos jantar quando voltar?

— Vamos. Dou um jeito de te avisar quando estiver chegando.

— Está bem. - a beijou. - cuide-se.

O.o.O.o.O

Lirya tinha passado a manhã toda no palácio. Não teria compromissos oficias nos próximos dias e já sentia falta do filho e dos amigos. Passou tantos anos sozinha entre aqueles muros e agora que tinha a "casa" cheia queria a presença de todos. Lembrou-se que na infância ela e a família gostavam de ir para casa de campo da família em Lain. O momento não era propício, mas queria ter momentos tranqüilos com o filho. Aproveitaria que todos estariam no palácio para o almoço para fazer o convite.

A mesa estava posta.A refeição seguia animada, com os cavaleiros entusiasmados com as aulas de pilotagem.

— Poderiam me dar um minuto? - indagou a rainha levantando.

— Cala boca cambada, minha mãe quer falar!

— Eron... - murmurou sorrindo.

— Silêncio. - a voz de Shion saiu fria, o que fez com que todos se calassem.

— Obrigada Shion. Bom, sei que estão animados com as aulas e que anda muito ocupado com a governança, - olhou para Mask. - mas tenho um convite a fazer.

— Qual? - Giovanni estranhou.

— Não quer ir até a nossa casa de campo em Lain? Por apenas dois dias. Só para sairmos um pouco.

— Eu tenho algumas reuniões... - o italiano coçou o queixo.

— Ele adoraria majestade. - Dite disse por ele. - alias todos nós. Será interessante conhecer um novo planeta.

— Não fale pelos outros! - ralhou Mask.

— "Não percebeu seu idiota? - disse por cosmo e para todos. - a cada dia está envolvido mais com o governo e passa pouco tempo com sua mãe. Ela está sentindo falta."

Mask a fitou, ela o olhava aguardando uma resposta.

— Tudo bem mãe.

— Nós também iremos senhora Lirya. - disse Mu. - será um prazer.

— Fico feliz em ouvir isso. Vou comunicar ao Evans... - parou de falar. - a Euroxx está em missão... - lembrou-se desse detalhe.

— Não temos outra nave? - o canceriano notou o desapontamento na voz dela.

— Tem a minha, mas levará muito tempo até arrumarmos tudo. Queria ir agora a tarde.

A conversa foi interrompida pela porta lateral abrindo. Marius, Evans e Shura acabavam de chegar.

— Problema resolvido. - Mask sorriu.

— Majestades. - Marius e Evans curvaram.

— Como foi a missão?

— Amistosa alteza, - disse Marius. - nossos diplomatas irão preparar um relatório mais detalhado mas adiantaram que ocorreu tudo bem. Haykan se mostrou bem solicito.

— Ele não ia fazer nada. - disse o italiano.

— Demonstrou algum interesse de devolver a visita?

— Não majestade. - Evans respondeu.

— E quanto ao exercito?

— Eles tem, mas nada que justifique um temor. - explicou o capitão.

— Shura.

As atenções foram para o capricorniano.

— Não sei mensurar o que é preocupante para os militares daqui, mas vi coisas bem intimidadoras. Pelo menos para os meus padrões.

Marius e Evans trocaram olhares.

— Eu tinha pedido para que ele sondasse enquanto os diplomatas tinham a atenção de Haykan. - disse diante do não entendimento. - coloque em dados concretos, Shura.

— O que seu instinto diz? - indagou Shaka.

Ele pensou por alguns segundos antes de responder.

— Tirando por base nosso histórico, podemos está diante de Poseidon, ou dos titãs.

Os cavaleiros trocaram olhares.

— O que é Poseidon e Titãs? - indagou Evans.

— Numa linguagem simples senhor Evans. - disse Shion. - Poseidon é um elementar puro, os titãs são os pais dos elementares.

— Existem seres mais fortes que os elementares?

— Sim majestade. - disse Saga.

— A gente colocou-os para correr. - disse Aioria. - S1 vai ser do mesmo jeito. Agora podemos viajar? - ele estava bem empolgado.

— Viajar? - Marius fitou a rainha.

— Dois dias em Lain. - o rosto suavizou. - Evans posso abusar de seu serviço?

— É sempre uma honra servi-la majestade. Em três horas a Euroxx estará pronta. Só estamos trocando a tripulação.

— Perfeito.

O.o.O.o.O

Uma nave em formato de triangulo estava na orbita de um planeta desabitado. No seus tempos de glória era um lugar habitado por Atlantiks mas devido a guerra contra S1, foi parcialmente destruído o que ocasionou o colapso do seu ecossistema. Atualmente não passava de um gigante abandonado.

O piloto estava aguardando ordens para cumprir sua missão. O emblema da ordem a qual pertencia estava encoberto. Mas aquilo não seria um problema, já que era uma das naves mais sofisticadas.

Após as três horas Lirya e os dourados seguiam em direção a Lain.

Em um dos quartos, Kamus estava num canto, olhando a luz do hadren.

— Está muito calado hoje. - Miro cutucou-o, ironizando. - a noite não foi boa?

— Não começa Miro. - disse desanimado.

— Pensei que estaria todo empolgado com a sua namorada, mas vejo... posso tentar resolver o problema.

Kamus nem respondeu. Não parava de pensar em Beatrice. O escorpião notou a tensão.

— O que foi Kamus? - indagou seriamente.

— Não sei ao certo. Mas sinto que algo vai acontecer.

— Esse clima político está mexendo com sua cabeça. Relaxa. Em breve estará com sua princesa.

O aquariano não disse nada. O grego ficou observando o amigo.

— Kamus.

— O que foi?

— Você tem ciência que vamos embora, não tem?

— Tenho... - murmurou. - Nós não poderemos ficar juntos. Tanto ela quanto eu temos nossas obrigações.

— Eu não sou o melhor para dar conselhos, ainda mais nesse caso. Mas acho que deve pensar sobre isso e se conter um pouco. Eu te conheço, sei que poderá administrar a ausência e quanto a ela?

— O que quer dizer? - o fitou.

— Beatrice perdeu a família, vai perder você também? Ainda mais se estiver apaixonada.

O francês ficou surpreso com as palavras. Miro tinha razão. Ela poderia sair machucada dessa história.

— Vou resolver isso. - disse convicto.

O.o.O.o.O

Beatrice estava satisfeita. Havia realizado o trabalho no mesmo dia e agora voltava para Ranpur. Tinha recebido um aviso de Marius que a rainha e os cavaleiros iriam para Lain. Queria ir, mas tinha serviço a fazer em Ranpur.

Soltou um sorriso. Sua vida estava boa. Tinha um emprego que amava e agora tinha alguém especial. Kamus havia entrado em sua vida timidamente e agora era uma constante. Estava até com receio de quando ele fosse embora.

— Desencana Bia. - disse a si própria. - aproveite o momento. - sorriu.

Não muito longe dali, a nave misteriosa recebeu a ordem para atacar. Silenciosamente tomou o rumo do hadren que conduzia Clamp a Ranpur. Ajeitando os motores, entrou no hadren, já vendo o seu alvo. Por sorte, havia poucas naves e não seria difícil de escapar.

— Adeus gatinha. - apertou o botão do armamento.

A auxiliar seguia tranquilamente quando sua nave começou a apitar.

— Mas o que?

Ela só teve tempo de olhar para a imagem da câmera traseira e ver um rastro vermelho em sua direção.

— Kamus...

A parte traseira explodiu, fazendo com que a nave deixasse o hadren. A nave saiu rodopiando em direção ao planeta desabitado. Completamente sem controle, ela entrou na atmosfera, sendo puxada. Beatrice tentava controlar, mas o giro a impedia de qualquer ação, não foi pior pois estava amarrada pelo cinto. A nave bateu fortemente contra uma montanha de neve, derrapando, até parar num vale...

O.o.O.o.O

Niive estava na sua sala analisando alguns relatórios. Sua jurisdição estava tranqüila, como sempre deveria de ser.

— Que conserve assim. - disse sorrindo.

O painel começou a piscar freneticamente

— Jay.

Niive, temos uma emergência na área 21!

— Yoku, não me chame de...

A nave da secretária do chanceler Marius foi acertada. Ela estava num hadren.

— O que?!! - levantou. - fechem o hadren imediatamente, evacuem a área. - andava até a porta. - mande uma equipe de resgate. A nave caiu?

Ainda não temos informações.

— Avise a Ranpur imediatamente. Qual a nave da policia mais próxima?

Nós e...— o computador de Yoku processava a informação. - a Euroxx. Está nos arredores de Lain.

— Vou avisá-los. - desligou. - mas que droga! Tudo acontece na minha área!

Rihen estava em reunião quando soube do acidente. Ordenou imediatamente que equipes de resgates fossem para lá.

— Qual a jurisdição?

— Área 21, diretora Niive.

O rosto ficou sério.

— Dêem a ela todo o suporte.

Marius estava em seu escritório, sua linha de emergência começou a piscar.

— Marius.

Senhor, ocorreu um acidente.

— Acidente?

A nave de Beatrice foi abatida.

Marius ficou branco.

A Euroxx já tinha saído do hadren, faltando poucos minutos para chegar ao espaço orbital de Lain. Evans estava na sua cadeira, analisando alguns relatórios quando recebeu uma comunicação.

— Capitão. A diretora Niive Jay na linha.

— Pode passar.

A imagem de Niive apareceu na tela.

— Diretora.

Senhor. - bateu continência. - temos uma emergência.

— O que houve?

Niive relatou o ocorrido a Evans que ouvia tudo pasmo.

Estamos tentando localizá-la. Solicito a Euroxx para nos ajudar e servir de apoio.

— Irei comunicar a majestade, aguarde. - estava atordoado.

Lirya e os demais estavam numa sala de estar conversando. Um telão apareceu.

— Majestade. Desculpe a interrupção.

— Algum problema?

A diretora Niive nos solicitou ajuda,— Kanon começou a prestar mais atenção ao ouvir o nome, - a senhorita Beatrice sofreu um acidente.

— O que? - Kamus o fitou. - o que aconteceu?

A nave dela foi abatida. A diretora está vindo ao nosso encontro.

— Siga imediatamente para o local. - disse a rainha preocupada. Será que Marius já sabia?

Sim senhora.

Miro aproximou do amigo.

— Vai ficar tudo bem.

Kamus não disse nada, o coração estava apertado.

Em pouco tempo a nave de Niive encontrou com a Euroxx. A essa altura diversas naves estavam fazendo a proteção do hadren e apoiando outras naves, já que outras tinham sido acertadas por estilhaços.

— Diretora. - Lirya foi ao encontro dela.

— Majestade, agradeço a ajuda. - ela fitou rapidamente Kanon. - já temos a localização.

— Onde?

— Aika.

— Lá? - Evans não gostou muito.

— O que tem esse lugar? - indagou Kamus entrando no assunto.

— É um planeta que foi destruído na época da guerra. Está desabitado. Ele sofre com grandes tempestades de neve. A temperatura é muito baixa. - explicou Niive. - uma equipe especialista está vindo para cá.

— As roupas que temos não suportam a temperatura de Aika. - disse Etah.

— Me arranja uma nave. - Kamus pediu a Giovanni. - eu vou buscá-la.

— Negativo. - disse Niive. - sem a devida proteção poderá morrer.

Kamus ignorou o aviso da diretora, continuava a olhar para Giovanni.

— Espero que tenha prestado atenção nas aulas. - disse. - Etah arruma uma nave para ele.

— Mas...

— É imprudente filho. - disse Lirya.

— Não se preocupe mãe. Etah arrume uma nave. - a voz saiu grave.

Niive já ia protestar quando Kanon a conteve.

— Confie. - disse baixinho.

Depois desse impasse, Etah providenciou.

— Quer que eu vá com você? - Miro aproximou. - será mais seguro.

— Tudo bem.

A pequena nave estava pronta.

— Tomem cuidado. - pediu Lirya, ela se preocupava com eles como se fossem seus filhos.

— Não se preocupe senhora. - Miro sorriu. - nós, cavaleiros, sabemos nos cuidar.

O que se sucedeu, deixou a todos, exceto os cavaleiros, pasmos. Miro e Kamus colocaram suas armaduras.

— O que é isso? - indagou a diretora.

— Não te falei que somos protetores? - disse Kanon. - Essa é a nossa vestimenta.

— Isso é oricalco? - Evans olhava os detalhes.

— Sim. - respondeu o escorpião. Ele notou o olhar de Etah. - Pode colocar a mão.

Etah aproximou tocando o braço da armadura.

— É como metal... não é pesado?

— Depois deixo você experimentar.

— Vamos Miro.

Evans olhava os dois garotos afastarem, nunca tinha visto algo como aquilo. E o porte deles eram tão imponente, como se fossem figuras lendárias. Como teria seria os combates que eles já travaram? E Eron tinha uma "armadura" como aquelas?

O.o.O.o.O

Serioja estava a caminho de um encontro com Irian quando soube do acidente da secretária de Marius.

— Tanto alarme por causa de um acidente. - disse entediado.

— Segundo algumas testemunhas senhor, uma nave invadiu o hadren. - Niahm estava um pouco afastado.

— Uma nave...? - murmurou intrigado. - Desconfiam de alguém?

— Por enquanto não há culpados.

— Mantenha-me informado. Isso pode ser útil no futuro.

— Sim senhor.

Niahm desapareceu. Serioja parou no pátio onde estava seu transporte.

— "Será que foi um alvo aleatório ou intencional?" - pensou antes de entrar.

O.o.O.o.O

Beatrice não sabia por quanto tempo ficou desacordada. Apenas que por sorte sua nave, não tinha explodido. Via a neve cair, não fazendo ideia de onde estava. Tentou se mexer, mas o corpo estava paralisado, talvez por conta do frio. Apesar de usar roupas que se adequavam a temperatura ambiente, não duraria muito, caso o frio aumentasse.

Enquanto isso a nave com Kamus e Miro seguia a toda velocidade para Aika.

A garota olhava para o vidro, vendo a neve cair mais grossa. O vento que entrava pela abertura lateral ficou ainda mais gélido e mesmo com a sua proteção, já sentia os efeitos da temperatura baixa. Com um pouco de sorte duraria mais alguns minutos, mas não o suficiente para uma equipe de resgate chegar. Isso se soubessem sua localização. Já sentia as pernas e braços dormentes, em pouco tempo a respiração e o pulso diminuiriam. Alguns flocos de neve entraram pelo buraco e ela via o bailar deles. Dias antes Kamus fez algo semelhante.

— "Foi bonito daquela vez."

Os olhos fecharam, não estava agüentando mantê-los abertos. Tentou se mexer mas seu corpo não obedecia. Pensou no aquariano.

— "Eu queria muito que estivesse aqui..." - pensou antes de perder a consciência.

Miro conseguiu aterrissar, mas foi por pouco que a nave não bateu com violência no chão. Ele ficaria no comando enquanto Kamus procuraria pela moça. Desceu do transporte olhando em todas as direções. Não dava para ver nada, pois a nevasca estava intensa. Aquilo não era nada para ele, pois sentia-se totalmente em casa. Seguindo as orientações que Evans e Niive haviam passado, usou a velocidade da luz para chegar ao local onde a nave de Beatrice tinha caído.

Encontrou- a, com metade dela encoberta pela neve. Não tinha tempo a perder.

Ele deu a volta parando perto da porta. Usando a força rompeu as presilhas que a seguravam. O objeto voou longe.

— Beatrice. - chamou assim que entrou.

Kamus foi em direção a cabine e o coração parou quando a viu sentada na poltrona.

— Beatrice. - aproximou.

Ela estava amarrada ao cinto, com um ferimento na testa, com o sangue já congelado. Estava branca, muito branca. Kamus a soltou do cinto e delicadamente procurou por outros ferimentos. Aparentemente ela estava bem, mas sua respiração estava quase imperceptível. Então a abraçou, tentado ter o maior contato com ela. Lentamente começou a liberar seu cosmo. Não poderia esquentá-la de uma vez, pois corria risco de um choque térmico.

Beatrice sentia o corpo arder, como se tivesse caído dentro de uma caldeirão quente. Queria gritar, mas os músculos não se mexiam. Com muito custo abriu os olhos. Pensou que estava delirando pois via a sua frente o rosto de um homem, usando algo dourado na cabeça.

— Não se esforce. - disse Kamus, percebendo que a consciência dela voltava.

A garota escutou a voz, mas ela estava longe e irreconhecível. Seja quem fosse a pessoa queria sinceramente que ela parasse com aquilo. Seu corpo ardia e doía.

— Vai ficar tudo bem Beatrice.

— "Essa voz..." - ela abriu os olhos novamente, dessa vez não estavam tão nevoados e pode ver o rosto do homem. - Ka-mus... - a voz saiu num fiapo, mas o suficiente para o francês suspirar aliviado.

— Vou te tirar daqui, agüente só mais um pouco.

Tentou dizer que sim, mas nada se mexia. Apenas sentiu o cavaleiro a envolver ainda mais. Apesar de sentir como se seu corpo fosse transpassados por agulhas, não queria separar-se do aquariano.

O.o.O.o.O

Na Euroxx o clima era de apreensão. Enquanto aguardavam alguma comunicação dos dois, Niive cuidava da investigação. Pediu a Evans uma sala que pudesse usar.

— Não interessa! - berrava. - quero uma investigação minuciosa! Quero todas as cartas de navegação em cinco minutos!

Estamos fazendo o possível diretora...— a voz de Yoku saia tremula.

— Eu sou a diretora dessa área! O que acontece é de minha responsabilidade!

Sim se-nhora...

Do lado de fora, Kanon escutava os xingos.

— Ela está muito brava.

— Você está mesmo dando em cima dela? - Saga ainda não acreditava que o irmão fosse tão cara de pau.

— Estamos nos conhecendo.

— COMO NÃO HÁ INDICIOS!!!???

A voz dela cortou a conversa.

— Ela está muito brava. - franziu o cenho. - Deixa eu acalmar a fera.

— Kanon...

— Relaxa. Está tudo sobre controle.

Quando entrou, arrependeu-se. O olhar dela era demoníaco.

— Vim ver se precisa de algo... - a voz saiu num fiapo.

— Mantenha-me informada Yoku. - desligou a comunicação, o que deixou Kanon pasmo. - o que quer? - estava de pé.

— Nada. - respondeu rápido. - vejo que não precisa de nada, já estou indo. - era melhor não ficar perto.

— Já que entrou, fique.

A fitou desconfiado.

— Senta logo Kanon.

Não foi preciso pedir duas vezes, sentou numa cadeira em frente a ela.

— Seu amigo já fez contato? - a voz saiu mais branda.

— Ainda não...

Ela soltou o ar dos pulmões tentando se acalmar. Odiava quando algo dava errado embaixo de seu nariz. Num hadren e com vitimas envolvidas. Sentou, precisava pensar. Kanon permaneceu em silêncio, não falaria nada enquanto ela não mandasse. Niive o fitou.

— Fale alguma coisa! - gritou.

— O que...? - indagou assustado.

Grunhiu.

— O que acha que aconteceu? - Kanon maneirou na voz.

— O ataque partiu de algum inimigo. Não sei se opositor da policia ou da política de Ranpur. Beatrice pode ter sido um alvo aleatório.

— E acha isso? - a fitou.

— Não. Se fosse assim ele poderia abrir fogo contra as outras naves. Não deixariam testemunhas.

— Levando em consideração que ela era um alvo. Seria para atingir alguém?

— Não sei... - uma luz azul começou a piscar. - Jay.

Diretora é o presidente.

— Pode passar. - ajeitou melhor na cadeira.

Senhorita Jay.

— Senhor presidente.

Já estou sabendo do ocorrido. A investigação passará a ser responsabilidade minha.

— Mas... eu sou a diretora... - murmurou incrédula. A responsabilidade era dela.

Sei disso, mas o incidente envolveu alguém do alto escalão político. Quero acompanhar esse caso de perto. Providencie que tudo seja reportado diretamente a mim.

— Sim senhor.

— Não pense que acho que não é capaz de solucionar, apenas quero levar o incidente para uma esfera superior.

— Compreendo senhor.

— Até breve.

Depois da comunicação ela soltou um suspiro desanimado. Ser destituída do caso, não era bom.

— Não se preocupe com isso. - Kanon pegou na mão dela. - é como ele disse, Beatrice é secretária de um figurão. É evidente que a investigação mudaria de patamar.

— Mas é a minha área... tudo acontece na minha área.

Kanon levantou, parando atrás dela.

— Deixe as coisas seguirem seu rumo. - tocou nos ombros dela fazendo uma massagem.

— Tire as mãos. - a voz saiu fria.

Ele recuou na hora.

O.o.O.o.O

Miro olhava na direção onde a nave de Bia tinha caído. Aquele planeta era realmente inóspito e assemelhava as paisagens do Alasca ou Groelândia. Kamus teria que ser rápido ou ela poderia morrer.

— Vamos Kamus... - disse.

Subitamente teve sua atenção chamada para o horizonte.

— O que é aquilo?

Ao redor da nave e em pontos mais distantes Miro via a neve cair incessantemente, contudo no local que a nave da auxiliar tinha caído não estava nevando. O grego ergueu um pouco o olhar ficando intrigado com a nuvem branca que parecia pairar sobre a região impedindo que a neve caísse.

— Não sabia que Kamus podia fazer isso... - murmurou.

Enquanto isso, a sensação de dor aos poucos diminuía. Beatrice estava com os olhos fechados, mas consciente.

— Beatrice.

Ela abriu os olhos.

— Vou enrolá-la. Vai sentir um pouco de frio, mas até chegarmos a nave.

Ela balançou a cabeça afirmando.

Depois de enrolá-la e deixar seu corpo bem junto ao seu, Kamus abandonou a nave. Estava tão preocupado com a moça que nem reparou que naquele local não estava nevando. Usando a velocidade da luz chegou a sua.

— Kamus!

— Ela está bem, mas precisa de cuidados.

— Vamos.

O grego iniciou os procedimentos, voltando a atenção para o horizonte. Fixou no ponto, onde a nave de Beatrice tinha caído e ao contrario de mais cedo, estava nevando. Em contrapartida onde eles estavam havia parado.

— "Interessante." - pensou antes de dar a ignição.

Minutos depois Beatrice dava entrada na enfermaria da Euroxx. Os primeiros socorros de Kamus haviam salvado a vida dela.

Uma equipe foi enviada ao planeta para resgatar a nave e assim começar a investigação. Por conta dos acontecimentos, Lirya achou melhor voltar para Ranpur.

O.o.O.o.O

Num lugar pouco movimentado, Serioja aguardava a chegada de Irian. Havia decidido convocá-lo, pois queria um meio de provar se Eron estava falando a verdade. Se o nome que chegasse a ele fosse de um possível aliado ele o puniria?

— Fiquei surpreso com o convite. - Irian sentou ao lado dele.

— São questões que devem ser resolvidas imediatamente. - o fitou. - como lhe disse anteriormente não sou do tipo de pessoa que conspira pelas costas, mas conheço pessoas que se prestam a isso.

— Por favor Serioja, sabe que bater de frente com os Tempesttas é suicídio. As coisas tem que ser feitas por trás.

— Não compartilho da mesma opinião, então vamos evitar conversas desnecessárias sobre valores morais. Tenho nomes que compartilham da sua ambição.  Marquei uma reunião para você. Aqui amanhã, ao final da tarde.

— Aqui?

— Para todos é um apoiador Tempestta. Tem livre passagem sem levantar suspeitas. Posso confirmar ou não?

— Pode.

— Nesse dispositivo contem o endereço. - Serioja o entregou um pequeno objeto. - certifique-se de destrui-lo antes de ir.

— Não se preocupe. - guardou-o em meio a túnica. - não vai se arrepender por ter me ajudado.

— Espero que não. - Serioja sorriu de forma amável.

O.o.O.o.O

A Euroxx seguia para Ranpur. Beatrice continuava no hospital e os demais estavam recolhidos. No hangar das naves, Miro explicava a Etah sobre as armaduras.

— Qual a sua data de nascimento?

— O segundo dia do décimo mês.

— Hum... - Miro coçou o queixo. - seria libriano. Vestiria a armadura de Libra.

— É uma pena que eu não posso usar. Eu gostaria muito.

— O elmo acho que consegue.

Miro pegou o elmo, colocando na cabeça do garoto. Ele sentiu o peso na hora.

— Isso pesa muito!

— É por que não tem cosmo. Eu nem sinto o peso.

— Isso é fantástico! Se pudéssemos usar algo assim, nosso exercito seria imbatível. - devolveu. - e como você usa o cosmo?

— Assim.

O cavaleiro elevou um pouco sua energia, fazendo a unha do indicador direito crescer.

— Uau...

— Minha constelação é de Escorpião, e isso representa o ferrão dele.

— Você pica as pessoas?

— Furar seria a melhor palavra. - sorriu. - Se uso numa pessoa comum, era como se ela fosse picada por muitos escorpiões. É morte na certa. - apontou para Etah.

— Vira isso para lá. - brincou. - sou muito novo para morrer.

— Não seja idiota.

— Mudando de assunto, está pilotando bem.

— Até que aprendi rápido. - sorriu. - Mas ainda preciso melhorar. Kamus quase me matou por causa da aterrissagem.

Os dois gargalharam.

Mask estava com a cara fechada. Afrodite, Shion, Dohko e Saga estavam com ele.

— Hadren é um dos lugares mais seguros. - o canceriano começou a andar de um lado para o outro.

— Eu estava pensando... - murmurou Dite. - e se não foi mesmo um acidente e sim um atentado.

— O que quer dizer? - indagou Dohko.

— Lembra daquele dia que a Niive entrou em contato com a rainha sobre duas naves abatidas?

— Lembro. - Giovanni o fitou na hora. - nem soubemos o que deu a investigação.

— Acha que os fatos podem está ligados? - deduziu o grande mestre.

— É possível. O senhor Marius disse que nessa galáxia tem bandidos. Pode ser retaliação ou um aviso.

— Mas um alvo especifico? - Saga entrou na conversa.

— Ela faz parte do principal governo de GS: Ranpur. Um alvo perfeito. Não chamaria tanta atenção quanto alguém do governo ou da realeza, mas também não é um cidadão comum.

— Faz sentido. Vamos investigar isso a fundo. - a voz do italiano saiu resoluta.

Na enfermaria, Beatrice sentia-se um pouco melhor.

— Kamus. - ela tentou levantar.

— Devagar. - a segurou. - o médico disse que tem que se mexer, mas com calma.

— Foi uma sensação horrível. - sentou. - pensei que fosse morrer.

— Está tudo bem agora. - acariciou o rosto dela.

Ela o fitou sorrindo.

— O que foi?

— Isso. - tocou nos braços da armadura. - é tão surreal...

Ele riu.

— Fui salva por um cavaleiro da elementar Atena.

Kamus sorriu e deixando-o surpreso Beatrice o beijou.

— Não é assim que as mocinhas agradecem?

— É sim. - sorriu. Subitamente as palavras de Miro vieram-lhe na mente. - é melhor você descansar. - a voz saiu mais séria.

Beatrice não entendeu..

— Estou bem.

— Mas precisa descansar. - praticamente a deitou. - eu volto outra hora.

— Tudo bem.

O cavaleiro deu um beijo na testa e saiu. Ela estranhou a mudança repentina, mas depois imaginou o que poderia ser. Kamus queria manter certa distancia dela.

Na sala improvisada, Niive passava todas as informações para a sede. Estava contrariada, mas eram ordens. Kanon apenas acompanhava em silencio. Ela parecia mais calma. Queria sorrir das atitudes dela, com certeza era uma leonina ou ariana por causa das explosões.

— "Escorpiana... ela tem cara de vingativa." - sorriu.

— Qual é a graça?

— Nada.

Cuidou das expressões, na próxima, ela o colocaria para fora. Pensando no humor da garota e nas suas atitudes, com o devido treinamento ela daria uma boa amazona. Tinha até dó dos adversários.

— "Eu e meu gosto por mulheres difíceis." - sorriu.

— Kanon...

— Desculpe! Estava pensando no meu irmão.

Respirou fundo, passando a se lembrar das palavras do avô dela. A expressão ficou séria. Não teria como cumprir. No final do mês teria que voltar para a Terra. Se ele fosse cavaleiro de Atena, poderia delegar o cargo ao irmão, contudo era um marina.  Não poderia apenas enviar a escama com uma carta de despedida.

— "Isso não pode continuar."

Niive o olhava de rabo de olho algumas vezes. Mesmo sendo irritante, gostava de tê-lo por perto. Estranhou a mudança na expressão. Ele estava sério.

— Qual o problema? - indagou.

— Nada. - virou o rosto. - vou deixar você trabalhar. - levantou.

— Vai? - arqueou a sobrancelha. - vai embora? - não acreditava.

— Está trabalhando e não quero atrapalhar.

— Espera. - Niive levantou e indo até ele tocou-lhe na testa. - não vai ficar aqui me importunando?

— Não. - afastou um pouco. Se era para cortar que começasse com a curta distancia entre eles.

— Não? - arregalou os olhos. - qual é o plano? Vai se fazer de comportado para que eu possa dizer para ficar? - cruzou os braços sobre o tórax.

— Não há plano algum senhorita Niive. Apenas não quero atrapalhá-la num assunto tão sério.

— Pensei que nada me chocaria, mas isso...

Quando percebeu Kanon estava com os lábios colados. Ela assustou com o movimento, mas depois deixou-se arrastar. A falta de ar findou o contato.

— Niive... - a voz saiu ofegante.

— O que...? - o coração estava acelerado.

— Eu...

A voz dele foi cortada pelo surgimento de uma tela, alias em toda Euroxx telas apareceram para um comunicado urgente. O pronunciamento era para todas as naves.

Quero a atenção de todos os policiais das seguintes áreas...

— Presidente? - Niive afastou, voltando a atenção para a tela.

... áreas  doze, cinqüenta, setenta e nove , noventa e um, noventa e três, cento e três, cento e vinte e oito, esquema de segurança em vermelho, pois foi relatado o abate de naves nessas regiões.

— Naves abatidas? - Etah ficou pasmo.

... Todas as investigações sobre esses eventos ficarão ao meu cuidado. Quero o empenho de todos. A noite faremos uma reunião com todos os responsáveis pelas seguranças dessas áreas. Estejam presentes na sede o quanto antes.

— Mas o que diabo está acontecendo?! - exclamou Mask.

— Quero os motores vandreds a cem por cento! - ordenou Evans. - é um risco permanecemos no espaço.

Os controladores foram cumprir as ordens. Estavam todos assustados pelos eventos.

Iskendar pousou sua nave na cidade de Ascher e depois pegou um transporte até Shermie. No caminho ficou sabendo sobre o acidente da auxiliar do chanceler e as das outras naves.

— Mas o que diabo está acontecendo? - passou a mão de forma nervosa pelo cabelo branco.

Sem perder tempo, foi para um hotel.

Marius, andava de um lado para o outro, preocupado. Tinha recebido noticia de Evans que haviam resgatado Beatrice, mas só ficaria tranqüilo quando a visse.

Os seus anos de experiência diziam que não havia sido acidente. Alguém tentara matar sua assistente. A duvida era: quem?

Ele tinha inimigos, mas qual teria a audácia daquele ato?

— S1? - disse em voz alta. - não... um ataque após a visita, seria imprudência. - a mente trabalhava. - Serioja? Não... ele é cauteloso demais para isso. Quem?

Suas divagações foram interrompidas pela convocação do presidente da polícia. Ele teria que comparecer a sede.

Urara seguia a passos duros em direção a sua nave. Aquele atentado em sua área era inadmissível. Quem fosse o responsável teria a devida punição.

O.o.O.o.O

Rihen estava parado de frente a janela de sua sala. A expressão era fechada. Para que as coisas não saíssem do controle tinha que agir e com mãos de ferro.

Olhou para trás, quando um bipe cessou. Era as ultimas transmissões de Niive. O presidente aproximou da mesa, lendo atentamente todos os dados. Estavam todos perfeitos. Não era atoa que a natural de Clamp era a favorita para se tornar a diretora geral.

— Ela é impecável. Poderia facilmente algum dia assumir o meu cargo.

— Isso é um elogio?

O presidente ergueu os olhos. Athos estava na porta.

— É um elogio. Ela é a melhor diretora que já tivemos. Muito superior a você.

— Isso é um aviso?

— Seria se as circunstancias fossem outras. - voltou a atenção para a tela.

— Não ligo, até porque nunca foi uma vontade minha assumir um cargo maior nessa instituição. Tenho ambições maiores.

— Conseguiu os dados?

— Todos. Não tem com que se preocupar, mas está certo disso? Não é um risco?

— Risco é deixar as coisas como estão. Eu prezo o bem de GS e não hesito em agir conforme minhas convicções. Mesmo que tenha que ir contra o correto.

— E o que fará?

— O que fiz no outro ataque. - o fitou. - algo que só eu posso fazer.

Rihen apertou um botão ao lado da tela. Todos os dados que Niive havia enviado foram apagados.

O.o.O.o.O

Assim que chegaram em Ranpur, Beatrice foi conduzida para a enfermaria do palácio. Marius foi para lá imediatamente, respirando aliviado ao ver a auxiliar bem. Depois disso, ele, Niive e Giovanni seguiram para sede.

O clima no palácio era tenso.

— Estava bom demais para ser verdade. - comentou Shura. Os dourados estavam em uma das varandas.

— Na verdade estava demorando. - observou Shaka. - Se essa situação era tão instável, a volta do Giovanni foi apenas a ultima gota.

— Parece que uma das áreas afetadas foi perto do seu planeta Shion. - disse Dohko. - a princesa está bem?

— Está. A rainha entrou em contato com ela. Isso não parece com a guerra santa que travamos?

— Como assim mestre? - indagou Aioria.

— Antes do grande confronto, as estrelas celestes fizeram ataques isolados. Nós os enfrentamos antes de Hades declarar guerra.

— Acha que a história pode ser a mesma? - Saga não tinha pensado por esse lado.

— No mínimo suspeito. - Dohko concordava com as observações do amigo.

— Mas se for isso, teremos uma guerra? - indagou Deba.

— Pode ser que sim. - disse Kamus. - a policia fará de tudo para descobrir o responsável e se os ataques partiram de S1, com certeza haverá retaliação.

— E como é que vai ser? - Miro não estava gostando daquilo. - Se tiver a guerra, vamos lutar? Eles não possuem cosmo, só armas.

— E naves. - completou Kanon. - como vamos fazer?

— Seria desvantagem para eles. - comentou Deba. - são civis. Um golpe nosso e matamos todos.

— Teríamos que lutar ao modo deles. - disse Dohko. - usar armas e naves.

— Mas não sabemos lutar assim! - exclamou Shura. - há pouco tempo nem sabia dirigir, quanto mais atirar.

— Vamos torcer para que não haja nada. - disse Afrodite, até então calado. - Ou teremos que aprender a pegar em armas.

Camuflado, Iskendar ouvia a conversa. Os tais amigos de Eron pareciam prever o que estava por vir. Se houve os atentados, era bem possível que o sonho de Dara se realizasse. Ficaria na cidade por alguns dias para acompanhar os fatos.

O.o.O.o.O

A sala de reunião estava trancada. Nela, o presidente Rihen, os diretores Athos, Niive e Urara. Marius, Mask e Evans.

— Agradeço a presença de todos. - disse Rihen. - enviei a cada um, um resumo das investigações.

— Suspeitos?

— Temos alguns alteza.

— Senhor presidente... - Niive achou estranho os dados, não se lembrava deles.

— Algum problema diretora?

— Nenhum. - respondeu diante da frieza. - desculpe.

Todos na sala notaram a extrema seriedade do presidente, atribuíram aos fatos acontecidos.

— Dizia ter suspeitos. - disse Evans.

— Temos. Mas é sobre as investigações que os convoquei aqui. Peço um voto de confiança.

— Como assim Rihen? - indagou Marius.

— Os fatos acontecidos foram graves e atingem em cheio a segurança de todos. Quero que as investigações sejam comandadas por mim e sobre segredo de justiça.

Todos trocaram olhares.

— Acha isso necessário? - indagou Athos. - se dividirmos as investigações talvez fique mais fácil encontrar o culpado, ou culpados.

— Concordou com o senhor Eduk. - disse Urara.

— Sei que esse seria o melhor caminho, mas temo com isso alertar os suspeitos. Quero fazer parecer que foram atos corriqueiros.

— A morte de Beatrice seria um ato corriqueiro? - Marius não gostou da colocação.

— Claro que não Marius. - exclamou. - Beatrice é um membro do alto escalão. Por isso mesmo que devemos agir com discrição. Talvez o culpado quer um alarde sobre isso. A segurança será redobrava sem duvida,  mas vamos evitar euforia.

Mask permanecia em silencio. Em certa parte Rihen tinha razão. Demonstrar "desinteresse" seria uma forma de dissimular as atitudes.

— Eu concordo. - disse.

Os olhares foram para ele.

— Acho a estratégia boa, desde que seja rápida, assim como a punição. Ao descobrir o culpado a punição deve ser a altura.

— A altura? - indagou Niive.

— Peixe pequeno deve ser tratado diferente de um tubarão. Eu faria isso.

— Faria? - Rihen o fitou surpreso.

— Senhor Rihen, até pouco tempo eu não sabia da existência de vocês. Agora sou responsável por bilhões de pessoas. Quem quer que esteja por trás disso, poderá ver a mão do Mascara da Morte de Câncer e o apelido não é atoa.

Athos ficou impressionado com as palavras. Será que aquilo era só da boca para fora?

— "Deve ser. Ele não entende nada de governança.Só quer impressionar."

Marius já pensava diferente. Lirya havia contado algumas partes da vida do príncipe em VL, não duvidava de nada.

— Tem carta branca. - Eron disse por fim.

— Obrigado alteza.

A reunião terminou tarde para eles. Eron convidou Urara e Niive para ficarem em Ranpur, elas aceitaram.

No planeta, todos preparavam para deitar. Beatrice demorou a dormir. Ficou esperando a visita do aquariano, mas ele não apareceu. Ao contrário de Deba e Célica, que ficaram juntos até irem dormir.

O amanhecer foi tranqüilo para os habitantes de GS. Com as investigações sobre o cuidado de Rihen, os demais envolvidos não se preocuparam.

A noite de sono de Shaka na maior parte foi tranqüila, contudo mais próximo do amanhecer acordou devido a um sonho. Era do chão do palácio manchado de sangue. Não querendo acordar os companheiros, foi para a varanda do andar. Ele nem imaginava que Urara estava no palácio.

Estava sentado olhando o amanhecer.

— Você gosta de levantar cedo.

O indiano olhou para trás vendo a diretora. Não sabia que ela estava ali.

— Gosto de contemplar o nascer.

— As manhãs são bonitas aqui. - sentou do lado dele.

— Não sabia que estava aqui.

— A reunião de ontem terminou tarde. O príncipe convidou.

— Entendi.

Ficaram em silêncio. Urara tentava não pensar no ocorrido dias antes, mas quando o viu aqueles sentimentos floresceram. Era errado, pois não poderia ter qualquer envolvimento, além dele ser bem mais novo que ela.

— Eu queria pedir desculpas pelo beijo. Foi um ato imprudente. - não a fitou.

— Arrependeu-se? - ela ficou surpresa com a própria pergunta.

— Arrependi por ter ido para cima de você e não do beijo. Eu sinto algo por você. - a fitou.

Urara ficou surpresa com a revelação.

— Não sabe o que está dizendo. Está apenas equivocado.

— Querer te beijar novamente é um erro?

— Sim. - ela levantou. - Não podemos ter nada Shaka. Como uma pessoa sensata deveria saber disso.

O indiano levantou, aproximando de Urara. Ela sentiu os músculos tencionarem com a aproximação.

— Não se aproxime Shaka.

Ela esticou a mão para pará-lo. A mão tocou no peito dele. O olhar dela foi do peito para o rosto do indiano.

— Afaste-se por favor.

Shaka sabia, que o que ele faria a seguir era completamente contrário a sua personalidade, mas por alguns instantes queria deixar a ponderação de lado. Ele passou o braço pela cintura da diretora e a trouxe mais para perto de si. Urara não teve tempo de reagir. O indiano a beijou. A mulher ainda tentou ficar imune, mas o desejo talhou a razão. Ela também sentia algo por ele, mas não sabia administrar esse sentimento que havia surgido. O beijo terminou, mas eles não se afastaram.

— Isso é completamente irracional... - murmurou, não desviando os olhos dos de Shaka.

— Eu sei... não faz sentido algum, entretanto... - tocou o rosto dela. - você não me é indiferente.

— Eu preciso pensar. - estava confusa. - tenho que ir.

Shaka segurou a mão dela, Urara ficou tensa, ele iria beijá-la de novo? Não que não quisesse mas... aquilo era errado.

— Tenha o seu tempo.

Ele soltou a mão dela. A diretora suspirou aliviada e saiu rapidamente dali. Shaka ainda permaneceu por um bom tempo, olhando o local onde antes ela estava.

 


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