Quem Nós Somos? escrita por AndreZa P S


Capítulo 19
E - Verdade, mentira, verdade ou mentira?


Notas iniciais do capítulo

Não esperava uma recomendação agora, sério. Mas, a Aléxia Cabido, que é uma amora (cara, sério... já tinha te dito isso nos comentários, tu é mto fofa ♥ quando vier pro Sul vem na minha casa pra gente tomar café - sim, café, pq n sei cozinhar kkk -)
E agora me sinto na responsabilidade de continuar com a fic e não te decepcionar, e isso vai me deixar neurótica HAUHSUHASUHAUSHAUSHAUSHAUSH, muito obrigada MESMO, eu amei, amei, amei, fiquei com um sorriso do tamanho do mundo todo, e vou ler pra minha mãe quando ela chegar ( me sentindo A AUTORA AQUI) hahahahahahahahahah. Obg de verdade, tu é uma queridona ♥



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"Todo mundo vem com cicatrizes, mas você pode amar até que elas desapareçam;
Eu te disse que não era perfeita, você me disse o mesmo. 

Acho que é por isso que devemos ficar juntos e não nos envergonhar. Eu te disse que não era perfeita de jeito nenhum (...)

Quando olho em seus olhos eu vejo a minha alma; eu sei que em seu interior você é bom, você é meu herói imperfeito!

Oh, e eu sei, você sabe que já estivemos aqui antes, só nós sabemos o que é, temos uma platéia nos chamando de loucos.

Ignoramos aqueles com opiniões de ódio, não somos como eles, ficamos amigos da loucura ultimamente."

No Way - Fifth Harmony

 

Eadlyn Schreave

 

Kile me pegou de surpresa quando me pressionou contra a pedra úmida. Kile me pegou de surpresa quando pressionou os seus lábios contra os meus. E eu me peguei de surpresa quando não consegui - não quis - fazer um movimento sequer para afastá-lo de mim. 

Ele parecia furioso enquanto me beijava, sua mão segurava a minha nuca, e eu tive a impressão de que ele queria ter certeza de que eu não iria fugir. No entanto, seu toque era forte, mas não bruto. Kile, definitivamente, estava me deixando opções em aberto; se eu quisesse parar, eu parava, não era um beijo forçado. Quando envolvo os meus braços ao redor de seu pescoço, o garoto aperta a outra mão na minha cintura, mas, de repente, ele para. Ele para e me olha atordoado, sua testa franzindo-se inteira. 

— O que foi? - Pergunto, enquanto ele se afastava, e meus braços caíam debilmente pela a lateral do meu corpo. 

— Nada - resmunga com a voz entrecortada enquanto inalava o ar devagar, e deslizava as duas mãos pelos os cabelos, empurrando-os para trás. Seus olhos fecharam-se por um segundo, antes dele me fitar novamente, seu rosto duro. Pisco algumas vezes, meio confusa, e quando encosto minha mão em seu ombro, Kile se esquiva, seu olhar para mim é mortal. 

— Qual é, Woodwork... - falo, ao fitar seus olhos escuros, tentando entender o que exatamente estava acontencendo. Em um segundo, o cara estava me beijando, no outro, agia como se eu tivesse alguma doença grave e contagiosa. - Você não... - faço uma careta; - não quer mais? - Indago, enquanto desvio o olhar para a água e depois para o seu rosto novamente, me sentindo ofendida. Kile começou a nadar para longe de mim. - Se você está com essa cara por conta da minha brincadeira, peço que me desculpe, de verdade... mas você mesmo já brincou comigo, aquele dia da chuva! E foi péssimo. 

E aí  ele para, me olha por sobre o ombro com os olhos em fendas. 

— Eadlyn, me diz que você não está comparando uma coisa com a outra. Me diz que você não está querendo dizer isso que eu entendi - diz, a voz parecendo o Iceberg que afundou o Titanic. Engulo em seco, franzindo o cenho. Abro a boca para dizer algo, mas eu não sabia exatamente o que dizer... até que Kile volta a se afastar de mim, nadando para longe de onde eu estava, indo pra areia. 

E eu fico ali, sozinha. Qual o problema dele? Só queria que ele pulasse, e tipo, não fiz nada que pudesse machucá-lo. Kile disse que sabia nadar, então, não vi problema algum em pular... e se quisesse, ele nem precisaria de fato ir atrás de mim. Mas ele foi, e agora está zangado comigo. E está me fazendo sentir constrangida pelo o que eu fiz, me sentir como uma criança pentelha de 7 anos de idade, mesmo que no fundo eu não devesse me sentir assim. Ainda acho que não foi nada demais. E aí o Kile me beija, e depois para, o pior de tudo, é que o idiota beija bem; mesmo que eu me negasse a dizer isso em voz alta a ele, tinha que confessar que eu queria que o beijo tivesse durado mais, mas Kile é tão imbecil, que não aproveitou como deveria. 

 

Trinta minutos mais tarde, eu volto para a areia, encontrando os meus amigos sentados ao redor de um punhado de madeira esbranquiçada por conta do sal do mar. Kile está lá também, sentado ao lado de Fernanda, que conversava animadamente com ele, encostando aqueles dedos finos de graveto no braço dele umas 5 vezes pelo o que pude ver. Franzo os lábios e arqueio uma sobrancelha, caminhando sinuosamente em direção a eles, meus olhos focados nos queridos que ali debatiam sobre algo. Fernanda gosta de flertar, flerta com vários, não namora com nenhum, mas eu não admitiria que fizesse isso com o Kile, afinal, o cara era o meu namorado para todos os efeitos.

Chego e Richard me pede para sentar, que ele começaria a distribuir o almoço. Todos me encaravam, eu podia sentir os olhos de Patrícia nas minhas costas, deviam estar se perguntando o motivo pelo o qual eu saí com Kile, e voltei sozinha. O que ele teria dito a eles? Quando fico parada de frente à Fernanda com os braços cruzados, ela me olha com um ar desintendido. 

— Com licença? - Peço, enquanto observava a garota se afastar um pouco para que eu pudesse me sentar ao lado do Woodwork. Este, por sinal, me ignorou, fingiu que eu não estava lá, olhando para todos ali, menos para mim, e aquilo depois de determinado momento, começou a me deixar de mal humor. Eu não conseguia entender a razão para ele ficar assim. Tudo bem que ele pode ter achado uma brincadeira de mal gosto, e de certo foi mesmo, mas ainda assim, não via motivos para ele ficar tão furioso. E eu também queria saber o porquê dele ter me beijado. O que aquilo significava? Nada, muito provavelmente, mas pelo o menos serviu para me dar a dica de que ele não devia me achar tão horrível assim, e eu perceber que ele de fato, não é cego. 

O almoço foi peixe. Nunca fui fã de peixe, porque era muito chato ter que ficar cuidando para saber se tem ou não espinhos que podem te matar engasgado. E Kile, que está com o corpo inclinado para o lado oposto ao meu, também parecia não gostar muito. Acho que ele mal comeu. Durante o restante da tarde, fizemos vários nadas enquanto o sol queimava a minha pele sem perdão. Jogamos vôlei, mergulhamos novamente, fizemos uma trilha também. Pedi para Kile passar mais outra camada de protetor solar em mim, mas ele disse que estava ocupado - conversando com Richard sobre basquete -, que eu pedisse para outra pessoa. Aquilo me irritou profundamente. Quem ele pensa que é? E porque eu estou me importando tanto com a forma como ele estava fazendo questão de me ignorar? ODIAVA ser ignorada.

Assim que a noite começou a cair, e Diogo, com seus cabelos ruivos que iam até a altura dos ombros, conseguiu acender a fogueira à moda antiga, ou seja, esfregando um pedaço de madeira um no outro. Isso demorou uns 15 minutos mais ou menos, e eu não podia dizer que Diogo era o tipo de cara que desistia fácil. Micaela trouxe alguns marshmallows e nós os espetamos em um alguns gravetos que alguém lembrou-se de trazer. 

— Vamos jogar Verdade ou Consequência? - Deu a ideia Micaela, olhando para todos com as palmas das mãos coladas e diante do rosto. Seu sorriso era de expectativa e meio malicioso. 

— Parece bom - fala Pietro, com o seu habitual sorriso de taradão das colinas no rosto. Às vezes, ele me assustava. 

— Mas vamos pegar leve, temos casais aqui - Louise se manifesta, enquanto encostava sua cabeça no ombro de Richard. 

— Mas assim não tem graça! - Protesta Fernanda, fazendo um biquinho antes de começar a amarrar seu cabelo de espiga de milho. Apoio as duas mãos na areia, e me inclino para trás, deixando minha expressão de paisagem vir a tona.

— Podemos pegar leve, sim - murmura Micaela, que logo começou a rir, tamanha a animação. Observo enquanto se levanta, limpando o short jeans que usava e dava pulinhos. - Será que tem algo que podemos usar de seta? Tipo uma garrafa e tal? - Pergunta.

— Richard é tipo um alcoolátra, com certeza deve ter alguma garrafa vazia e suspeita dentro daquela Van - retruca Diogo, lançando uma piscadinha para o Campestro, que levantou o dedo do meio para o amigo.

— Cara, vai se... 

— Meninos, sem palavõres! Ai, ai, ai! - Repreendeu Micaela, e eu acabei abrindo um sorriso. Ela nunca muda. - Então, acho que Diogo deve estar certo, todos sabemos que meu irmãozinho gosta de pinga - diz, fazendo com que o ruivo começasse a rir e, até mesmo Kile que até então estava sério, acabou abrindo um sorriso. Fico olhando pro seu rosto, a luz alaranjada da fogueira lançava sombras em seu rosto, e ele ficou tão bonito assim, que eu quase desejei que ele não fosse um imbecil.

— Mas agora Eadlyn tá no páreo, todos sabemos que ela ama uísque - Richard fala, me colocando no meio da conversa.

— Não me lembro do que vocês tão falando, e se eu não me lembro, é porque não aconteceu, e eu não fiz nada - digo, abrindo um sorriso de canto. 

— Esse é o argumento mais utilizado pelo o pessoal que, geralmente, tem culpa no cartório - diz Dandara, mostrando a língua pra mim.

— Pessoal, vamos embebedar a Eadlyn? - Fala Pietro, ao me lançar uma piscadinha marota.

Eu bufo alto.

— Não, vamos deixar Eadlyn sã, é melhor - retruca Kile, finalmente abrindo a boca. 

— Ela deu trabalho? - Pergunta Louise, a voz toda curiosa.

— Já dá trabalho quando não está bêbada, agora imagine quando está - diz, meio ranzinza. 

— HAHAHAHA, menos, Kile - eu digo, e ele olha pra mim, os lábios comprimidos em uma linha rígida, parecia que queria conter algum tipo de expressão. Ficamos nos olhos por um segundo interminável, até que Micaela diz:

— Bom! Vamos deixar essa coisa de beber pra depois do jogo! Sabem como é, pra gente poder usar o argumento de Eadlyn, e se esquecer do que foi dito... e feito - e aí ela me lançou um sorrisinho cheio de significados, que eu retribui.

Ela não demorou muito pra voltar. Trouxera consigo uma garrafa de vidro, e um grande lençol amarelo queimado. Estendeu o tecido na areia, próximo à fogueira, e nós nos sentamos ao redor dele, esticando-o o máximo possível para facilitar o rolamento da garrafa. A disposição dos lugares ficou assim: eu, Fernanda, Louise, Richard, Micaela, Kile, Diogo, Patrícia, Pietro, Josafah - que não era de falar muito -, Katherine e Dandara - que eram namoradas e não se desgrudavam nunca.

— Quem começa? - Questiona Patrícia, segurando a garrafa e sacudindo ela diante do corpo.

— Josafah pode girar! - Diz Micaela, lançando um olhar terno pro garoto magro e alto, com os cabelos encaracolados que às vezes lhe tapavam os olhos castanhos. Eu desconfiava de que ela tinha uma queda por ele. Na verdade, eu tenho certeza, mesmo que nunca lhe tenha perguntado. 

Josafah abriu um sorriso tímido e pegou a garrafa que Patrícia o ofereceu.

— Bom, já que vocês insistem... - murmura, a voz grave. Ele se inclinou mais para dentro do círculo que havíamos feito, e girou a garrafa, antes de voltar rapidamente para o seu lugar. Observamos em silêncio, enquanto ela girava e girava, até que o gargalo parou em Dandara. Ela tapa o rosto com suas mãos gordinhas e abre um sorriso, mostrando-nos o seu aparelho novo de cor rosa. 

— Gente, acho que não quero mais brincar - ela fala, dando risada.

— Nãooooooo! Agora que começamos não pode parar! - Fala Micaela, suas sobrancelhas erguendo-se.

— E além do mais, vocês conhecem a lenda, né - retruca o Campestro, sua voz quase sussurada, provavelmente querendo passar a sensação de mistério. Faço uma careta antes de revirar os meus olhos. 

— Que lenda? - Dandara questiona, seus olhos estreitos.

— A de que depois de entrar no jogo não pode mais sair, pois corremos o risco de sermos almadiçoados. O jogo só acaba quando todos quiserem que o jogo acabe - fala com convicção; - E não pode mentir também, se escolher Verdade ao invés da Consequência - pontua.

— Ninguém me avisou isso aí antes de começar - Katherine diz, lançando um olhar furtivo para Micaela.

— Richard está brincando- a caçula Campestro - caçula por 20 segundos - diz, fazendo um gesto de desdém com as mãos.

Richard dá de ombros.

— Depois não diz que eu não avisei - fala ele.

— Tá, mas será que dá pra começar isso aí de uma vez?? - Quero saber.

— Tudo bem, mas pega leve, Josafah - Dandara fala, sacudindo seus cabelos também castanhos.

O rapaz riu de leve.

— Ok... então, você quer Verdade ou Consequência? - Ele pergunta.

— Gente, mas acho que tá errado isso aí - Kile fala, abrindo um sorriso maroto. 

Concordo com a cabeça.

— Também acho - falo eu. - Não é pra alguém girar a garrafinha e daí pra onde o gargalo apontar, é a pessoa que faz a pergunta, e pra quem apontar o restante do corpo da garrafa é quem tem que ser desafiado? 

— Verdade! - Louise diz, dando um tapa na própria testa.

— Então como é que fica? - Micaela diz, olhando para o objeto de vidro no centro do lençol. Todos seguimos o seu olhar. O gargalo havia parado em Dandara, e o restante estava mais ou menos entre a própria Campestro, e Kile.

— E aí? - Kile pergunta, seu sorriso acentuando-se um pouco.

— Deixa que a Dandara escolhe - Fernanda fala.

— Escolho o Woodwork - responde, apontando sua unha azul marinho pra ele. Kile coça a ponta do seu queixo, puxando os fiozinhos da barba. Reparei que aquilo era uma mania nele. 

— Quero Consequência - diz de imediato, mostrando os dentes em um sorriso divertido. 

Dandara também sorriu, suas bochechas ficaram um pouco mais vermelhas. 

— Eu desafio você a me dar um selinho de amigos - diz.

Faço uma careta, prestes a abrir a boca e prostetar, até que Katherine faz o serviço por mim:

— O quê? - Ela fala, franzindo o cenho. - Sério? Cara, nunca mais namoro uma garota bi.

Dandara encolhe os ombros.

— Que foi? Isso aqui não é pra ser divertido? - Questiona, com um ar inocente.

— Pra quem até pouco tempo atrás queria parar de jogar, você está bem assanhada - eu digo, erguendo uma sobrancelha e estreitando os olhos minimamente. Kile me olha, olha pros meus olhos, depois pra minha boca. Seu rosto está um pouco pretensioso. Faço cara de tédio pra ele, que me dá uma piscadinha antes de voltar o rosto novamente para Dandara. 

— Tá, chega de viadagem - Diogo diz.

— Viadagem por que não é a sua namorada - retruca Katherine.

— Ih, sabia que isso aqui não ia dar certo... - observa Louise em voz baixa.

— Ok, ok. Eadlyn, você se importa? - Micaela pergunta. Ela sabia que eu era razoavelmente liberal, porque já haviamos jogado isso enquanto eu namorava com Eikko. Ela esperava por uma negativa minha, mas, no fundo, eu queria dizer que me importava... mesmo assim, eu disse isso:

— Não.

— E você Katherine? - Questiona, agora olhando para a menina de longos cabelos escuros e escorridos. Seus olhos esverdeados estão alertas, e então ela põe os cabelos atrás das orelhas e cruza os braços.

— Se Eadlyn deixa - resmunga, - não vai ser eu que vou estragar a brincadeira. 

Kile pigarreou, passando uma mão pelo o seu cabelo, parecendo indeciso. Seu rosto estava uma misturo de humor, e hesitação. 

— Então você aceita o desafio de Dandara, Woodwork? - Pietro Indaga, seu sorriso extremamente pervertido.

— Claro, se minha namorada não se importa, eu posso fazer isso - diz, olhando pra mim vagamente por sobre o ombro, antes de levantar e ir até Dandara, e lhe dar um selinho de uns 2 segundos, mas que pra mim foi longo demais. Quando ele voltou, eu fechei a cara. Beijar Danara, ok. Me beijar, não dá? Me poupe. De certo o tipo de Kile seja as gordinhas taradas. Me pergunto como era a ex namorada dele...

— Desafio cumprido? - Kile pergunta, sorrindo, e eu bufei.

— Com certeza - retruca a garota, abrindo um sorriso animado.

M

E

 

P

O

U

P

E.

O jogo seguiu. Kile girou a garrafa, e ela parou em Fernanda e Micaela.

— Micaela, qual você escolhe?

— Eu... ahn, escolho Verdade - diz, mas aí ela balança a cabeça e dá risada. - Não, quero Consequência... - e então Micaela tapa a boca com as mãos. - Não, não... pode ser Verdade mesmo.

— Tá... - Fernanda começa. - Tem alguém aqui neste grupo que você gostaria de beijar? - Indaga, seu sorriso malicioso.

Micaela cora um pouco o rosto. 

— Tem.

— Quem? - Fernanda quer saber, seus olhos arregalando-se. - Quem???

— Qual, é... é só uma pergunta por rodada - retruca.

— Na próxima você não se escapa - diz a loura.

Pelo o que eu conhecia de Micaela, ela escolheria Consequência pelo o restante do jogo só para não ter que abrir o bico. As próximas jogadas basicamente, o pessoal escolheu Verdade ao invés de Consequência, e algumas confissões não me pegaram de surpresa, na verdade, eu já sabia de boa parte delas. E a partir de determinado momento, eu mal prestava atenção no que estava acontecendo, eu só sabia que eu gostava quando Kile ficava sem os óculos, como agora. Só fui cair na real, quando Fernanda perguntou pro Kile isso aqui:

— Quem aqui do grupo você acha a mais atraente? - Ela quer saber, seu rosto presunçoso, enquanto enrolava um fio de cabelo no dedo indicador. Se essa garota não se colocar no lugar dela, vou dar um soco naquele nariz que ela nunca vai se esquerer na vida. - E lembrando que temos que falar a verdade, hein - diz, dando uma risadinha. Micaela e eu trocamos um olhar de nojo cúmplice.  - Não pode ser só pra agradar.

— Eu geralmente não minto, indpendente do jogo ou não - Kile retruca sério, abrindo um sorriso charmoso em seguida. Eu me endireito, olhando pro seu rosto com atenção. - Todas que estão aqui são bonitas - ele começa, olhando para cima antes de concluir; - mas Eadlyn é muito atraente pra mim.

O Woodwork respondeu isso, no entanto, não olhou pra mim depois. 

O jogo continuou, e eu estava ainda um pouco entediada, porém satisfeita, Kile confessou que me achava bonita, e isso fez com que eu me sentisse vitoriosa, vencedora. Em determinado momento, o gargalo da garrafa parou em mim, e o corpo para a Micaela. Como eu já imaginava, ela escolheu Consequência. Abro um sorriso divertido. 

— Eu desafio você a beijar o Josafah - digo, observando enquanto a garota me fuzilava com o olhar e abria a boca em choque. Bem, ela poderia ficar zangada comigo agora, mas no futuro iria me agradecer. 

— Mas... o desafio é pra mim, não pra ele.

Olho pro Josafah com uma expressão de paisagem.

— E aí, você vê algum problema? - Pergunto, minha voz soando autoritária. 

Micaela abriu ainda mais os olhos. O garoto pigarreou e corou as bochechas, ele engole em seco e então faz um gesto com as mãos, dando a entender que era exatamente o oposto.

— Não... quero.

— Não quer? - Micaela pergunta, seus ombros murchando um pouco.

— Não! - Se manifesta ele, a voz subindo algumas oitavas. - Eu quero. Eu quero - fala, levantando-se num jato. Os dois ficaram se olhando por um momento, ambos visivelmente constrangidos, e eu achei aquilo tão ensino fundamental. 

Enquanto eles decidiam se beijar de uma vez, Kile se virou pra mim, e falou em voz baixa:

— Você é má. 

Dou de ombros.

— Ela precisava de um empurrãzinho.

— Constrangendo ela na frente de todos? - Pergunta, a testa franzida.

Suspiro, irritada.

— Ela vai me perdoar, ela sempre perdoa.

— Cuidado, cherie. Cuidado pros usuários de crack não fumarem esse teu coração de pedra - diz, me encarando sério... mas, bem no fundo dos seus olhos, consegui ver um certo humor.

Estreito os olhos.

— Você me ignorou o dia todo, por que não voltar a ignorar? 

— Não sei - diz simplesmente, parecendo hesitante.

— Já não está mais zangado comigo? - Pergunto... tomando o cuidado de não olhar pro seu rosto.

— Ainda estou extremamente zangado com você - retruca, suspirando. Quando olho pra ele novamente, ele está apertando a ponte do nariz, seus lábios franzidos.

— Então por que está falando comigo? - Pergunto, enquanto sentia minha respiração um pouco alterada. Kile chegou mais perto, e eu pensei que ele me beijaria, mas ele não beijou. Idiota.

— Não consegui me controlar - fala, tentando reprimir um sorriso. E aí, de repente, ele fica sério novamente. - Mas ainda estou muito furioso com você. Eu quero matar você.

— Não parece - eu sussurro, e então Kile me encara, olhando tão fundo nos meus olhos, que eu me senti perdendo o fio da meada. - Parece que quer outra coisa.

— O quê? - Ele fecha os olhos por um instante, e os abre em seguida. - Beijar você?

Engulo em seco, minha garganta secando, meus lábios também.

— É.

E aí, o Kile se aproxima ainda mais, eu podia sentir o seu calor passando pro meu corpo, mas ele para. Para e me dá uma piscadinha marota, um dos cantos de seus lábios erguendo-se. 

— Não poderia estar mais enganada, cherie -  e se afasta, me deixando olhando pra ele com a boca aberta, atônita. Quem ele pensa que é? Pra fazer isso... me deixar assim, quando eu pensei que ele iria... respiro o ar profundamente, sentindo meu rosto esquentar e ficar vermelho. Só saio do meu transe de raiva, quando escuto palmas, parece que Miecaela e Josafah haviam, finalmente, terminado de se beijar. 

Mas a brincadeira não durou muito mais que isso. Pietro havia desafiado Patrícia, a namorada de Diogo, a tirar a parte de cima do bíquini. Diogo ficou furioso, e disse que não tinha mais 'porcaria de jogo nenhum' de acordo com suas próprias palavras. Pietro pareceu decepcionado, enquanto que Patrícia parecia um pimentão, constrangida. Isso tudo só não acabou em briga, porque Richard e Kile convenceram o garoto a se acalmar. Todos ali conheciam Pietro, sabiam que o cara era um babaca às vezes. Ouvi, também, Pietro resmungando algo como "isso que dá brincar com crianças". 

 

Algum tempo mais tarde, Fernanda havia pedido pro Kile cantar novamente. Ela ficou entusiasmada quando ficou sabendo que ele também tocava violão, tanto que foi até a Van pegar o que Campestro havia trazido. 

— Conta uma pra nós - ela pediu, piscando os olhos muitas vezes. Quase consegui sentir um vento da onde eu estava.

— Canta uma pra Eadlyn - pede Micaela, juntando as mãos e inclinando a cabeça para o lado. - Vocês são tããããããão fofinhos.

— Deu, Micaela, todos já sabemos da sua opinião - retruca Fernanda, ao revirar os olhos.

— Posso cantar... - ele pensa por um momento, e então acomoda o violão no seu colo. Kile inclina-se para a frente, seu cabelo com cachos bem abertos, caindo na sua testa, e então começou os primeiros acordes. 

Fico esperando a música que ele dedicaria pra mim. Eu só queria que não fosse nada que me fizessa passar vergonha, como ele cantando alguma coisa idiota só pra irritar.

— Não sei qual cantar... - diz, olhando pra Micaela. - Tenho várias opções - murmura, fitando-me de relance com um sorrisinho sacana. estreito os olhos. - Mas se a Eadlyn me pedir pra dedicar uma música pra ela, talvez eu me inspire. 

Faço uma careta.

— Você consegue sozinho - digo, e recebo um cutucão de Louise. Reviro os olhos. - Tá, tá... Kile, meu amor, canta uma pra mim? - Peço, minha voz meio entediada, mesmo que, bem no fundo, eu estivesse curiosa pra saber o que ele escolheria.

Kile abriu um sorrisinho cafajeste, maroto.

— Essa é pra você, Eadlyn... mesmo que não mereça - diz, me fazendo bufar. - You look so wonderful in your dress
I love your hair like that
The way it falls on the side of your neck
Down your shoulders and back
We are surrounded by all of these lies
And people who talk too much
You've got that kind of look in your eyes
As if no one knows anything but us
Should this be the last thing I see
I want you to know it's enough for me
'Cause all that you are is all that I'll ever need

(Você está tão maravilhosa em seu vestido
Eu amo o seu cabelo assim
A forma como ele cai de lado em seu pescoço
Nos seus ombros e costas
Estamos rodeados por todas essas mentiras
E pessoas que falam demais
Você tem aquele tipo de olhar nos seus olhos
Como se ninguém soubesse nada além de nós
Caso esta seja a última coisa que eu vejo
Quero que saiba que é o suficiente para mim
Porque tudo o que você é, é tudo que sempre precisei)

I'm so in love, so in love
So in love, so in love
You look so beautiful in this light
Your silhouette over me
The way it brings out the blue in your eyes
Is the tenerife sea

(Eu estou tão apaixonado, tão apaixonado
Tão apaixonado, tão apaixonado
Você está tão bonita nessa luz
Sua silhueta sobre mim
O jeito como isso destaca o azul de seus olhos...
É o mar Tenerife)

And all of the voices surrounding us here
They just fade out as you take a breath

(E todas as vozes que nos rodeiam aqui
Elas simplesmente somem enquanto você respira)

Just say the word and I will disappear
Into the wilderness
Should this be the last thing I see
I want you to know it's enough for me
'Cause all that you are is all that I'll ever need

(Só diga a palavra e eu desaparecerei
Na imensidão
Caso esta seja a última coisa que eu vejo
Quero que saiba que é o suficiente para mim
Porque tudo o que você é, é tudo que sempre precisei)

I'm so in love, so in love
So in love, so in love
Lumière, darling
Lumière over me
Should this be the last thing I see
I want you to know that's enough for me
'Cause all that you are is all that I'll ever need

(Eu estou tão apaixonado, tão apaixonado
Tão apaixonado, tão apaixonado
Ilumine, querida
Ilumine-me
Caso esta seja a última coisa que eu vejo
Quero que saiba que é o suficiente para mim
Porque tudo o que você é, é tudo que sempre precisei)

I'm so in love, so in love
So in love, love, love, love
So in love
You look so wonderful in your dress
I love your hair like that
And in a moment I knew you were back

(Eu estou tão apaixonado, tão apaixonado
Tão apaixonado, apaixonado, apaixonado, apaixonado
Tão apaixonado
Você está tão maravilhosa em seu vestido
Eu amo o seu cabelo assim
E naquele momento eu soube que você estava de volta)

 

E eu me senti patética. Enquanto ele cantava, seus olhos não sairam em nenhum momento do meu rosto. E Kile, bem... Kile poderia ser um belo ator, ele sabia muito bem como convencer e entrerter uma platéia. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

O nome da música que o Kile cantou (suspiro, menino, te quero) é Sea Tenerife, do Ed Sheeran.
Eu queria casar com o Ed (e com o Kile ou qql um que cantasse Ed pra mim). Eu vou invadir o quarto dele quando vier pro Brasil e ter um ffilho com ele ♥ KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Desculpa, é que to com fome.
NÃO QUERO DECEPCIONAR NGM, MAS SEI QUE ESSE CAP PODERIA TER FICADO MELHOR, MAAAAS.... espero que vocês gostem. ♥ pelo menos um pouquinhozinho, :3