O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 12
Vampiro Egípcio


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho pra vocês, espero que gostem...



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Já havia se passado uma semana desde os acontecimentos em Littleton, e Eileen já parecia recuperada do assalto de tristeza que tivera ao fim dos acontecimentos. Os irmãos não perguntaram nada, e ela agradeceu, não conseguiria explicar nem mesmo se desejasse. A conexão que sentira com Adrian fora intensa e isso a assustara. Passaram a maior parte daquela semana procurando por algum caso, Sam e Dean em constante vigilância a Eileen, ainda estupefatos com o que havia acontecido. Sempre que a perdiam de vista, ou quando ela ficava por muito tempo dentro do quarto, iam até ela, chamavam seu nome, se certificavam de que ela estava bem. Ao fim de oito dias, a menina veio apreçada até a sala, os olhos arregalados em uma mistura de surpresa e deleite, trazia o livro em mãos e aberto.

— Eu consigo ler mais páginas. - Começou, indo até onde os dois estavam sentados, pousando o livro sobre a mesa – São só textos, mas é bem revelador. - Disse apontado para páginas que na visão dos Winchesters pareciam apenas borrões de tinta – Aqui diz, basicamente, que Cimmeries possuí “poderes mestres”, são magias que só ele consegue fazer todas relacionadas ao caos, representando sozinho o “lado oculto da lua”. - Dean sorriu com analogia, de vez em quando era bom ter mais alguém fazendo piadas daquele tipo por perto – Aqui diz, que os Mitrahá foram criados pelo universo – E enquanto ela lia, seus olhos se enchiam de um orgulho e contamento sem igual – Que fez Cimmeries especialmente gentil.

— Por que? - Dean perguntou.

— Com todos os poderes destrutivos que ele aparentemente tinha, era necessário algum tipo de compensação, algo que o impedisse de pirar. - “Cimmeries, o mais gentil, o imperturbável, aquele que ataca somente se em perigo encontrar qualquer criatura, mas que ainda sim, se puder, vai tentar findar o impasse de forma pacífica”. Era isso que se fala a respeito dele no mundo antigo, em galáxias distantes. - Os olhos castanhos brilhavam com intensidade, e embora ela não houvesse reparado, o que sentia era a mesma sensação de quando recebia um elogio – Além disso – Continuou – Eu posso fazer magias “secundárias”, que em tese todos os Mitrahá podem fazer.

— Isso explica porque você não destruiu a foto. - Sam disse – E o que você fez com o carro foi só pra salvar o Dean. - Olhou para o irmão, este por sua vez encarava a menina – Quais são os poderes “secundários”? - Perguntou por fim.

— Coisas como superforça – E nesse momento ela olhou sugestiva para Dean, como se disse “mas isso nós já imaginávamos” - Leitura de mente, teletransporte, previsão do futuro, mas… Oh… - Ela soltou, apertando os olhos e fazendo uma careta de tristeza – Eu só posso ler os pensamentos ruins, e só posso prever as facetas do futuro em que tragédias acontecem.

— Você pode fazer isso agora? - Dean perguntou.

— Não sei, eu não consigo nem imaginar por onde começar.

Todos desanimaram um pouco, teletransporte e leitura de mentes poderia vir a calhar no momento. No livro não havia nenhuma indicação de como realizar as magias secundários, mas o texto continuava contando um pouco da história de Cimmeries, agora A gentil destruidora. Os irmãos poderiam confirmar a fama que ela criara ao redor do cosmos. E, de repente, ficaram conscientes de estar em uma sala junto a um ser que foi criado pelo próprio universo, isso fez com que os irmãos se sentissem honrados, a visão da menina que antes eles tinham como pequena e, de certa forma, frágil, passara a ser a imagem de força, poder e majestade. Eles nada disseram, mas o entendimento mutuo ficou claro no momento que os olhares dos irmãos se encontraram, o respeito já alto que eles tinham por Eileen acabara de aumentar. O livro não mais revelou do que aquelas elogiosas palavras, como se tentasse elevar o espírito tristonho da menina naquele último acontecimento. Deixava porém, uma frase final enigmática, que fez o cenho de Eileen franzir.

— “Lembre-se, a partir de agora, nada terá mais poder para te ferir, do que você mesma”. Isso não soa muito bem. - Disse apenas.

E antes que os irmãos pudessem dizer alguma coisa, o telefone de Sam tocou., um número desconhecido apareceu na tela. O mais novo se apressou em deixar no viva voz.

— Eu preciso falar com Sam ou Dean Winchester. - A voz feminina do outro lado começou.

— Estamos os dois aqui. - Sam disse.

— Sam, Dean, meu nome é Pâmela eu sou uma velha colega de Bobby Singer, eu receio que um antigo caso no qual nós trabalhamos não tenha sido totalmente encerrado. Desculpem a falta de detalhes, mas a história é longa, e não é apropriada para telefonemas, se vocês aceitarem me ajudar, eu ficarei feliz em passar meu endereço, e mais feliz ainda em recebê-los na minha casa. - Seu tom era de pressa, e assim que ouviu uma confirmação dos rapazes, passou-lhes um endereço em Missouri, pediu que não se demorassem a partir, agradeceu e desligou.

— Quem é Bobby Singer? - Eileen perguntou, muito mais confusa com o telefonema do que os irmãos.

Dadas as devidas explicações, a menina retornou ao semblante entristecido por não ter tido a oportunidade de conhecer aquele que fora como um pai para seus amigos. Pelo que os dois haviam falado, Bobby era uma ótima pessoa e um excelente caçador. Sentia que entrara na vida de Sam e Dean na sua pior fase, e em nada ajudou que os dois também tenham entrado em um estado de melancolia assim que terminaram de explicar. Ela se sentiu tentada a pedir desculpas, mas sabia o que eles diriam. Sem mais conversas eles mais uma vez arrumaram tudo entraram no impala e partiram em uma longa viagem.

Assim que chegaram a cidade, foram direto ao endereço que a mulher havia passado, e tal foi a surpresa geral ao descobrir, naquela rua e número uma opulenta mansão, com direito a jardim bem cuidado com uma pequena fonte, paredes arredondadas cobertas de janelas e uma entrada com colunas e um arco em mármore. Eileen soltou um longo assobio, apertando com força o livro contra o peito. Dean acelerou o carro até um interfone e o tocou.

— Oi! Aqui é Dean Winchester, nós viemos falar com a Pâmela. - Começou logo depois que uma voz masculina disse “sim?”. Sem qualquer reposta vinda do outro lado da linha, os portões de ferro na entrada se abriram. Dean dirigiu até estar próximo da fonte, onde estacionou. Assim que saíram do carro, Sam encarou Eileen, as sobrancelhas arqueadas em surpresa, a menina por sua vez deu de ombros, sentindo uma inesperada vontade de gargalhar. A situação se tornara cômica, e mais uma vez aquele clima ameno se instaurou entre eles. As tensões da semana anterior momentaneamente esquecidas enquanto o Winchester mais velho fazia piadas sobre a casa, deleitando-se com a risada escandalosa que a menina tentava abafar com as mãos.

Mal notaram que estavam sendo observados da entrada em arco. Uma mulher, com não mais que 55 anos, vestida de forma elegante, mas formal, os esperava com um sorriso de canto, parecendo aprovar o bom humor que via. Os cabelos, meio grisalhos e meio pretos, estavam soltos em um emaranhado de cachos bem definidos. Tinha um corpo forte, volumoso e o olhar astuto de quem já vira o mundo todo. Os três se sentiram embaraçados por serem pegos em meio a piadas a respeito da casa, mas o sorriso de Pâmela sugeria que ela não ligava.

— Sam e Dean Winchester eu suponho. - Disse, indo de encontro a eles, que acenaram positivamente – Mas você, Bobby não me falou de uma Winchester…

— Oh, não. - Eileen começou – Eu não sou irmã deles… - Explicou.

— Certo... – Disse enquanto sorria sugestiva, olhando de Sam até Dean, se demorando em uma observação completa. Um rápido examinar já bastou para que ela visse, e Pâmela era conhecida por saber ler até mesmo o que as próprias pessoas não sabiam sobre si mesmos.

— Isso também não. - Eileen se adiantou, e Pâmela sorriu ainda mais, não acreditando naquelas palavras, certa de que seus olhos experientes podiam ver melhor do que os de uma jovem garota. Embora a aparência de Eileen pudesse enganar qualquer pessoa que não prestasse a devida atenção, a mulher observou, assim que pôs os olhos na menina, que apesar daquelas feições doces e olhos gigantes, a maneira dela de se portar e seu olhar não mentiam, ela tinha idade suficiente pra já ter adentrado o universo dos adultos e das malícias – Eu me chamo Eileen, eu sou só uma amiga.

— Olá Eileen “só uma amiga”, é um prazer. - Deram um aperto de mão firme.

— O prazer é meu. - Ela devolveu..

—Eileen está passando um tempo com a gente. - Sam sentiu a necessidade de explicar, a mulher apenas acenou positivamente, não tinha a intenção de constranger ninguém, então deixou que o futuro a mostrasse correta. Apertou a mão dos rapazes e os convidou para entrar.

A casa por dentro era tudo que seu exterior prometia, pé direito alto, janelas que mais pareciam portas, mobília aveludada e em tons pastéis. Tudo no hall era sóbrio, escolhido metodicamente para combinar. Mas assim que adentraram a sala particular de Pâmela, foram acometidos por um show de cores e objetos que não se conectavam e davam ao lugar uma aparência de caos. Vasos africanos e chineses, pinturas japonesas, esculturas egípcias, tapeçaria indiana, tudo vibrava e os olhos não conseguiam se fixar em um ponto só.

— É tudo tão lindo. - Os pensamentos de Eileen escaparam, e ela enrubesceu ao notar que dissera em voz alta. Mas de fato, toda aquela bagunça de etnias e cores a deixava confortável, como se todo o mundo se concentrasse naquela sala.

— Muito obrigada. - Pâmela disse, sua voz cheia de um orgulho que ela não tentou esconder – Por favor, sentem-se, eu devo várias explicações para vocês. - E assim eles fizeram, sentando no que Eileen classificou como a cadeira mais confortável na qual seu traseiro já repousara, e seus pensamentos a fizeram ter vontade de rir mais uma vez.

—Eu imagino que vocês estejam familiarizados com vampiros. - Ela começou, os irmãos assentiram, Eileen apenas ficou quieta – Há 30 anos, quando eu ainda era uma jovem arqueóloga, no início da minha carreira, trabalhei para um importante professor em busca de um antigo tesouro egípcio. Nós estávamos, basicamente, procurando por joias, uma em especial que diziam conter o sangue de um poderoso sacerdote, Pashet Annoub. Foram meses de escavações, até que nós encontramos. - Suas expressões se tornaram tristes de repente – Eles convidaram a mim e ao professor para fazermos algumas palestras a respeito do que nós havíamos encontrado, contando a história sombria por trás daquela joia.

— Que história? - Eileen perguntou.

— Lendas contam que Pashet se alimentava de sangue. Ele tomava o “fluído da vida” sempre que precisava realizar algum feitiço, e vários se candidataram como voluntários, dando o próprio sangue em prol da magia. Mas ele vivia em constante terror, pois embora todos acreditassem que ele fosse imortal, ele sabia que não o era, e andava sempre com uma faixa de couro ao redor do pescoço.

— Por que? - A menina voltou a perguntar.

— Pra matar vampiros você tem que cortar a cabeça deles fora. - Sam disse, sentindo-se estranhamente culpado quando a menina levou inconscientemente a mão ao pescoço.

— Com o passar do tempo, cada vez mais ele temia pela sua própria existência, escondendo-se de tudo e de todos, aparecendo apenas quando precisava de energia. Sua loucura despertou seu gênio, e ele resolveu que tentaria fazer um antigo e perigoso feitiço de imortalidade. - Nesse momento ela deu uma pausa, encarando seus ouvintes, que atentos, esperavam que ela desse continuidade a sua narrativa – Então ele esperou até a data certa, tirou seu próprio sangue amaldiçoado e o transferiu para dentro de um pequeno compartimento de vidro. Ele sacrificaria todos os moradores daquela vila, seu objetivo era ficar tão forte, que poderia em fim realizar a magia de imortalidade, mas como seu corpo não conseguiria aguentar tamanho poder por um longo período de tempo…

— Ele passaria o poder para o colar com o sangue dele. - Eileen completou.

— Sim, desde que ele usasse a joia, seria imortal e indestrutível, mas ele não poderia usá-la ininterruptamente. Porém, quando ele já tinha tudo preparado para executar seu plano, acabou sendo morto por caçadores, que tentaram, a princípio, destruir o colar, mas quando viram que o sacerdote havia se adiantado e protegido a peça com um feitiço, restou apenas a possibilidade de escondê-lo.

— E onde nós entramos nessa história? - Dean perguntou.

— Dez anos depois de eu ter achado o colar, veio a notícia que ele tinha sido roubado do museu onde ficara por todo aquele tempo. Naquela época eu não acreditava que vampiros fossem mais do que lendas, mas então um tal de Bobby Singer bateu a minha porta, me encheu de perguntas a respeito do colar, e saiu sem dar grandes explicações, eu soube que deveria segui-lo e descobrir o que estava acontecendo. E foi assim que eu me vi presa na maior aventura da minha vida. Uma família de vampiros, muito rica e de nome importante havia botado as mãos no colar roubado e a matriarca tentaria fazer o mesmo feitiço de imortalidade que Pashet encontrou milênios antes. Adiers era o nome deles, eram donos de hotéis de luxo espalhados por todos os Estados Unidos.

“Naquela época, Bobby e eu demos um jeito de roubar o colar de volta, eu o escondi junto a mim, nesta mesma mansão em que vocês se encontram, e achei que poderia mantê-lo escondido, longe deles. Porém seis meses atrás, essa família muito reservada se mudou para cá, compraram um palacete e desde que se instalaram nada se ouviu sobre eles. Minha intuição sabia que eles me trariam problemas, e no fim estava certa. Duas noites atrás, enquanto eu estava em uma festa, comemorando a formatura de um sobrinho querido, aqueles demônios de dentes afiados entraram aqui e levaram o colar, que durante tanto tempo eu consegui esconder. Eles passaram por todas as armadilhas, todas as senhas e identificações, devem ter planejado isso por um longo tempo sem que eu percebesse.”

“Eles já até começaram a chamar as pessoas para o abate, marcaram uma festa de ‘apresentação’, no último domingo desse mês, convidaram toda a cidade.”

— Ótimo, nós só vamos até lá, matamos eles e pronto. - Dean disse, parecia simples.

— Você não está entendendo meu querido. - Ela começou – Eles são todos puro sangue, e devem ter, pelo menos, uns cinquenta deles lá dentro protegendo a matriarca. Foram chegando aos poucos, e cada dia mais. Se você conhecesse, pelo menos, mais vinte bons caçadores, ainda sim eu não arriscaria entrar lá.

— Então o que você sugere? - O mais velho perguntou.

— Nós iremos até essa festa, e vamos pegar o colar de volta.


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Notas finais do capítulo

Vai ter festaaaaaa uhul
E sim, talvez, mas só talvez eu coloque alguma coisa romântica ai no meio, mas eu não sei ainda.
Se gostaram me deixem saber, até o próximo capítulo...



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