Sereias apocalípticas escrita por Evil Maknae, RebOS, Laesinha, Ana


Capítulo 10
Hotel


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAS :) Aqui está mais um capítulo desta maravilhosa fanfic. Este aqui está na visão da Rebecca. Boa leitura!
~$TiaBecks$



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Eu não sei o que era mias forte dentro de mim, a raiva, a vontade de chegar à base ou o medo de tudo dar errado. Eu não poderia dizer que as coisas foram fáceis, porque não foram NADA fáceis. Ficar anos em um apocalipse, passando fome, lutando até a morte e ainda tendo que fazer com que sua mente não tivesse um ataque não era pouca coisa. Muitas vezes levamos nosso corpo ao limite e isso mexe muito com o psicológico.

 Minha cabeça ainda latejava e por causa disso eu tinha uns ataques de raiva. Vesti a roupa com raiva, calcei o tênis com raiva e enfiei um monte de doces dentro da boca, também com raiva. Meu ódio aumentou quando eu cuspi todos fora, eram horríveis. Creio que esse ataque de raiva tinha me atingido ao acordar de ressaca.

 Até hoje eu me pergunto como o Benjamin acorda, dirige e sobrevive no apocalipse com essa merda de sensação. Pelo menos isso explicava o fato dele dirigir como uma criança naqueles games de corrida.

 Eu me perguntava a cada minuto da minha vida o porquê de eu ter bebido tanto naquela noite. Não apenas eu bebi, mas sim a maioria dos meus amigos, só que eles estavam matando zumbis enquanto eu conversava baboseiras com o Benjamin dentro do carro. O que me deixava extremamente indignada era o fato de que eu estava tendo um momento idiota enquanto a Anna sofria com uma mordida de zumbi.

 O pior é que eu nem me lembro das coisas que eu fiz naquela noite. Lembro da maioria, claro, mas não era de forma clara. Lembro de ouvir música, dos meus amigos saindo do carro, de beber muito, cantar exageradamente alto, cuspir bebida no Ben depois de rir de um zumbi sem braço e, obviamente, do beijo. Se é que aquilo foi um beijo.

 Considero como mais um momento idiota de dois bêbados, afinal depois do ocorrido tivemos um ataque de risos e começamos a falar sobre ursos, fotossíntese e a preferência do Ben entre manteiga e margarina.

 No momento, estávamos seguindo para o norte, como sempre, mas algo me perturbava incontrolavelmente. A vontade de fazer xixi.

 –Ok, agora a parada ficou séria. –Falei desesperada, acordando Amanda e Anna. –Não consigo segurar mais.

 –Agora você entende por que tomar 850 ml de refrigerante não era uma boa ideia. –Anna esfregou os olhos e ajeitou sua posição na poltrona.

 –Sim, sim, claro. –Cruzei as pernas. –Por favor, podemos parar por alguns minutos?

 –Antes que você solte tudo no estofado do carro? Claro. –Layx falou.

 –Alguém ai pode pesquisar um local próximo daqui que tenha um banheiro?

 –Claro. –Anna puxou o celular e foi até o GPS. Demorou alguns segundos até ela voltar a falar. –Parece que daqui a 200 metros tem uma lanchonete.

 –Ótimo. –Layx olhou para mim pelo retrovisor. –Consegue segurar?

 –Eu vou tentar.

 Demorou um tempo, até nós finalmente avistarmos umas construções abandonadas na estrada.

 –Olha ali a lanchonete. –Amanda apontou. –Tem até uma lojinha do lado.

 –Como eu amo lanchonetes de estradas. –Peguei minhas armas para sair do carro.

 Layx parou o carro na frente da lanchonete. Pudemos ouvir o Impala nos seguindo e estacionando do nosso lado.

 –Você vai sozinha ou quer um apoio? –Amanda perguntou.  

 –Eu posso entrar sozinha. –Destranquei a porta do carro. –Mas, por favor, olhem o redor.

 Elas assentiram com a cabeça e eu finalmente saí do carro. Benjamin saiu do carro dele e veio na minha direção.

 –O que...?

 –Banheiro. –Falei enquanto corria para dentro da lanchonete.

 É incrível como a vontade aumenta quando você está prestes a liberar tudo. Abri a porta com um chute e fui até os fundos. Estava tudo escuro, então busquei pela minha velha lanterna. O feixe de luz que iluminava o caminho mostrava que havia vários animais asquerosos no local, como baratas e ratos. Eles corriam ao sentirem a minha presença enquanto eu arrepiava de nojo com a presença deles. Tentei dar passos fortes e firmes para afastá-los enquanto avançava para os fundos da lanchonete.

 O cheiro de algo apodrecido feria minhas narinas. Eu precisava sair dali, rápido. Arrombei diversas portas empoeiradas e cheias de teias de aranha. Era triste ver o país caindo aos pedaços. Cada canto da cidade, assim como a lanchonete, que antes era cheio de movimento e cores, estava destruído e vazio. Ao me lembrar de meus momentos de infância, quando eu sentava na grama, ouvia pássaros cantarem, pessoas conversarem e barulhos de transito, a tristeza tomava conta da minha mente.

 O mais estranho é a saudade das coisas que muitos consideram insuportáveis e irritantes. Para os outros no mundo, encarar um engarrafamento no transito, por exemplo, pode ser algo extremamente irritante, mas para mim seria milagroso ouvir novamente o barulho dos carros. Dirigir por ruas vazias com calçadas sujas e rachadas era deprimente.

 Afastei o pensamento triste e continuei a procura.

 –AH, FINALMENTE. –Gritei quanto achei o banheiro.

 ...

 ...

 Pronto.

 Voltei novamente para frente da lanchonete. O céu já estava mais escuro. Meus amigos não estavam nos carros, então sugeri que estavam na lojinha. Abri a porta e ouvi aquele barulho de sininho. Estavam todos lá. Tinham algumas roupas, objetos decorativos, posters e uma maquina de refrigerante e salgadinhos. 

 –Será que é uma boa ideia? –Cian conversava com o Benjamin.

 –Voltei. –Falei enquanto ia até a sessão de roupas. –O que está rolando?

 –Alguém explica para ela. –Cian bocejou.

 –Ok, ok, eu explico. –Benjamin agitou as mãos no ar. –Se liga, eu estava pensando em nós passarmos a noite numa espécie de Hotel.

 –Hotel? Mas nós viajamos pela noite.

 –Eu sei, mas essa visita pode ser útil. –Benjamin mexeu nos cabides. –Olha, lá tem uns caras que podem nos ajudar.  

 –Ajudar no que?

 –A achar a base. –Bem puxou o caderno das mãos de Anna.

 –Ben! –Ela protestou.

 –Podemos saber a localização da base, mas os caras podem nos ajudar a desvendar muitas coisas. –Ele folheou o caderno. –Existem muitas coisas aqui que podem ser úteis.

 –Mas a Anna está estudando bastante o caderno. –Misha falou, puxando o caderno das mãos do Benjamin e devolvendo para Anna. –Eu a ajudo em algumas noites e nós já sabemos a localização exata.

 –Mas tem coisas que vocês podem não entender. –Benjamin concluiu. –É só uma ideia. Lá tem pessoas legais, informações, cuidados e bebidas. É um lugar genial.

 Olhamos para o Benjamin ao mesmo tempo.

 -Bebidas? –Gritei. –Benjamin, você bebe todos os dias!

 -Mas não é por causa das bebidas!

 -Ah claro, e eu sou o Batman. –Amanda falou ironicamente.

 -E eu a Mulher Maravilha. –Cian revirou os olhos.

 -Nós somos a Liga da Justiça. –Layx abriu os braços. –Não está vendo meu anel de Lanterna Verde?

 -Eu sou a garota mais rápida do mundo. –Anna entrou na brincadeira também.

 -E eu sou a filha de Krypton. –Afirmei.

 -Eu sou o Aquaman. –Misha revirou os olhos. –Quer que eu chame meus golfinhos?

 -Ok, se vocês não querem ir, tudo bem.

 -Apenas admita. –Estreitei os olhos. –Ben, você não nos engana.

 -Ok, eu to interessado em bebidas, mas também passar um tempo de folga, ter uma ajuda, sabe?

 –Sem mais delongas, onde fica esse “Hotel”? –Cian perguntou.

 –Não se preocupe com localização. –Ben sorriu.

 –Antes vamos pegar algumas coisas nessa loja. –Falei. –Deve ter umas blusas interessantes.

 –Verdade. Eu estou precisando de umas blusas novas. –Misha falou.

 –Precisa mesmo. –Anna concordou.

 Passamos um bom tempo mexendo nos cabides e colocando coisas nas mochilas. Enquanto um grupo pegava boa parte das roupas, a outra pegava comidas e esses tipos de coisas. Como era uma lojinha de estrada, tinha várias coisas meio úteis como isqueiros, lanternas ou pilhas.

 Eu, Ben, Cian, Amanda escolhíamos as roupas. Misha , Layx, Anna pegavam as comidas. Eu pegava várias blusas largas para servirem por um bom tempo. Algumas tinham estampas legais e outras tinham pontos turísticos, fotos de tartarugas marinhas ou algo do tipo.

 Eu estava tão concentrada escolhendo as roupas que só saí do meu transe ao ouvir um vidro estilhaçando. Assim como eu, Cian, Amanda e Ben olharam com susto. Era Layx que havia quebrado o vidro da máquina de salgadinhos com uma barra de ferro.

 Sorrimos. Era bem agressivo e o que poderia ser mais legal do que agressividade em pleno apocalipse?

 –Isso Layx! –Benjamin gritou. –Assim que eu te ensinei.

 Ela mostrou o dedo médio para ele, que respondeu com um “Ai, que menina má”. Anna sorriu e pegou a barra de ferro da mão de Layx para quebrar a máquina de refrigerantes.

 Continuei o meu serviço escolhendo blusas.

 –Ei, Ben. –Puxei uma blusa preta do cabide. –Essa aqui é a sua cara.

 Era verdade, a camisa simplesmente descrevia todo o sentimento do Benjamin. Era totalmente preta e na frente tinha uma estampa dizendo “I ♥ Beer” com um emoji de cerveja do lado.

 Ben gargalhou e pegou a blusa das minhas mãos.

 –Adorei. –Ele olhou para a camisa como se fosse uma peça dedicada à sua vida. –Tem tamanho G?

 Procurei no cabide.

 –Tem todos os tamanhos. –Puxei a GG. –É melhor pegar a maior de todas.

 –Tem razão. –Ele devolveu a de tamanho menor. –Quero vestir logo.

 Ben vestiu a camisa rapidamente. Deu para ver que ele tinha uma enorme tatuagem cheia de traços no antebraço esquerdo.

 –Perfeita. –Ele olhou para mim. –Valeu pelo presente.

 –Por nada. –Respondi e voltei a catar todas as blusas.

 Quando terminamos, voltamos para o carro. Abrimos as portas e colocamos as mochilas. Benjamin sorriu e girou na chave no dedo.

 –Sigam o Impala Vermelho, meninas.

                    ***************************************

O carro do Benjamin estacionou em um local bem estranho. Era bem grande e parecia um tipo de cassino. Não apenas hospedava pessoas, como eu havia pensado, tinha outras várias coisas também. Pegamos as armas e saímos do carro. Pelo outdoor bem grande e acabado na frente eu percebi que havia uma sala de cinema, jogos, festa, além de um restaurante e bar.

 –Pelo visto seus amigos escolheram um lugar bem legal para invadir. –Falei com a mochila nas costas.

 –Pensei o mesmo. –Amanda olhava para a estrutura do local como se sentisse minúscula. –Essa droga é imensa. 

 –Vamos. –Ben saiu na frente e empurrou a porta de entrada, que rangeu como se estivesse ali há séculos.

 A recepção estava vazia e empoeirada, como eu suspeitava. Estava tudo escuro, então cada um tirou uma lanterna da mochila. Teias de aranha tomavam conta de todo o teto. O piso era feito de alguma pedra bem bonita, mas estava totalmente sujo e empoeirado. Parecia que alguém havia entrado ali correndo, já que estava tudo coberto de terra seca. Tinha um balcão grande e de madeira, com coisas jogadas encima. Havia um computador caro e quebrado na parte de dentro do balcão e um painel de chaves pendurada na parede. Ben pegou três chaves.

 –Vamos olhar nossos quartos e deixar as mochilas lá.

 Nós seguimos. Ele parecia conhecer o local bastante. Chegamos numa área cheia de pilastras com duas escadas, uma de cada lado. Mesmo que o local fosse bem aberto, a escuridão e a sujeira fazia tudo ficar sinistro. Ben foi até a escada da direita. Dava para ouvir alguns barulhos, como vozes. A escada da esquerda devia ser o caminho para o bar. Subimos pelos degraus, que eram cobertos com um carpete vermelho.  Nossos passos ecoavam por todo local.  Chegamos a um corredor cheio de portas grandes de madeira. Havia alguns ratos e baratas correndo pelo local. Um corpo morto e comido estava caído no chão.

 Se Cookie não latiu, ele deve estar morto mesmo, pensei.

 Ben olhou as chaves e as girou nas suas devidas portas.

 –Pronto. –Ele abriu as três portas. –Vamos escolher os companheiros de quarto.

 Um quarto era azul claro, com duas camas de casal. Outro tinha parede cor creme e uma só cama de casal. Outro tinha duas camas de solteiro e paredes cor cinza. A tinta das paredes estava totalmente descascada.

 Misha ficou com o quarto com paredes cor de creme. Cian e Ben ficaram com o quarto de paredes de cor cinza. Eu e as garotas ficamos no quarto com parede azul.

 Entramos no quarto. As camas tinham fronhas que algum dia foram brancas. Um criado mudo de madeira branca desgastada ficava entre as camas com um abajur quebrado encima. Um lustre pequeno com algumas partes caídas no chão, um guarda roupa simples e branco, uma mesa com quatro cadeiras, um vaso com plantas falsas, uma geladeirinha, uma janela com vista para a piscina suja e um banheiro bem grande. Um tapete felpudo, branco e sujo estava estendido no chão.

 –Tem algo fedendo aqui. –Amanda tapou o nariz.

 –Vou checar o banheiro. –Fui até a porta branca e grande que dava para o banheiro. Abri e um rangido soou nos nossos ouvidos. Havia um corpo morto dentro da banheira. Insetos voavam e varias larvas saiam do corpo apodrecido. Novamente, Cookie não latiu.

 –Eca... Acho melhor trocarmos de quarto. –Sugeri.

 –Vou lá falar com o Ben. –Amanda colocou seu cachorro encima da cama e saiu.

 Jogamos as mochilas no chão e colocamos as armas sobre a mesa. Minutos depois Amanda voltou com uma nova chave. Trocamos para um quarto muito parecido com o nosso, mas tinha paredes esverdeadas e claras. Desta vez, sem corpo morto no banheiro.

 Os garotos bateram na porta minutos depois. Sentamos nas camas e discutimos sobre as blusas da lojinha da estrada e as distribuímos entre nós.

 Depois de alguns minutos de papo, finalmente fomos encontrar os outros humanos. Fechamos os quartos, descemos as escadas e seguimos para a outra. Eu estava ao lado do Ben, que guiava o grupo. Ele abriu a porta do bar.

 Era escuro e era iluminado por luzes de velas. Não sei se era charme ou falta de luz mesmo. Havia varias mesas de madeira espalhada pelo local. Pessoas conversavam, bebiam e fumavam. Eu nunca tinha visto tanta gente fumando ao mesmo tempo. A fumaça dos cigarros rodava o ar do local.

 Um grande balcão de madeira ficava no meio do local, com estantes empoeiradas de bebidas e copos na parede. Havia um homem com aparência de quarenta anos colocando bebida no copo de outro cara que estava sentado no banco.

 Um emprego de bar man no meio de um apocalipse? Uau, esse cara deve gostar mesmo de fazer isso.

 Ben se aproximou do cara e esperou que ele o atendesse.

 –O que deseja... –O homem arregalou os olhos. –Ben?

 –Como vai, Louis? –Benjamin sorriu. O homem saiu de trás do balcão e o abraçou.

 –Como você cresceu. –Louis falou, passando a mão na barba do Ben. –O que aconteceu com seu queixo?

 –Foi tomado pela mata ruiva. –Ben sorriu. –Como anda todo mundo?

 –Estão bem. –Louis olhou para nós, como finalmente estivesse nos notado. –São seus amigos?

 –São sim. Rebecca, Cian, Layx, Amanda, Anna e Misha.–Ele apontou para cada um de nós quanto nos apresentava. –Eles são minha nova família.

 –E o Aldrein? –Louis perguntou sorrindo. –Nunca mais vi aquele pirralho.

 O sorriso de Ben desmanchou e ele olhou sério para o Louis, que entendeu bem a mensagem.

 –Vou apresentar a mesa de vocês. Venham. –Louis mudou de assunto e nos guiou até uma mesa grande. –Vão querer bebidas?

 –Claro. –Benjamin sorriu. –Alguém vai me acompanhar?

 Ninguém se pronunciou.

 –Meu amigo Cian vai, não é mesmo? –Ben olhou para o Cian, que negou com a cabeça. –Claro que vai. Dois copos, por favor.

 Louis assentiu com a cabeça e se retirou. Parecia saber a bebida que o Ben gostava.

 –Seu filho de uma mãe. –Cian resmungou. –Para o seu azar, eu estou no mesmo quarto que você. Vai ter que aguentar minha ressaca.

 –Uuuh... Ben, eu espero que você consiga sobreviver até amanhã. –Amanda falou com cara de pena. –Vai ser difícil, mas eu acredito em você, meu amigo.

 –Obrigado pela força. –Ben apertou a mão de Amanda.

 Louis chegou com as bebidas e colocou dois copos cheios e uma garrafa encima da mesa. Ben agradeceu e bebeu o seu de uma vez só. Encheu de novo e deixou encima da mesa.

 –Aah... Essa aqui é muito boa. –Ele falou sorrindo e olhou para o Cian. –Não vai beber o seu?

 –Para falar a verdade eu preferia jogar isso no lixo, mas como insiste... –Cian pegou o copo, cheirou e deu um pequeno gole. –Argh, que merda é isso?

 –Chamam de “Beijo do diabo”. –Benjamin tomou o copo da mão dele e jogou o liquido na boca. Encheu o copo novamente e devolveu para o Cian. –Acho que você sabe por que.

 –Não parece um beijo. Parece que o diabo cuspiu na minha boca mesmo.

 –Quer um gole, Becca? –Ben olhou para mim.

 –Não, valeu. Eu não quero beijar o diabo no momento. –Meu estomago roncou e me fez perceber a minha fome. –Tem algo para comer nesse lugar?

 Ben fez uma careta.

 –Eu não sugiro que vocês comam algo aqui. –Benjamin olhou ao redor para certificar que não tinha ninguém ouvindo. –Tem uma sopa muito nojenta com carne de hambúrguer conservada de jeito estranho e legumes enlatados. 

 –Carne de hambúrguer e comida enlatada? –Franzi a testa. –Não parece tão ruim.

 –Acredite, eu já comi, é uma merda. –Ben bebeu um gole da sua bebida. –Se o Louis sugerir isso, falem que não gostam de sopa e peguem seus salgadinhos lá nos quartos.

 –Eu vou lá pegar os salgadinhos. –Anna levantou.

 –Eu vou contigo. –Misha levantou também.

 –Peguem o caderno também. –Ben pediu. –O Eddie deve chegar mais tarde.

 –Não demorem... –Layx falou, sorrindo.

 Misha corou. Já era obvio que ele ia com a Anna. Os dois saíram conversando.

 –Quem é Eddie? –Perguntei.

 –É ele que vai nos ajudar com o caderno.

 –Espero que ele seja confiável. –Amanda falou, soando como uma ameaça.

 –Também. –Concordei. 

 –Ele é confiável, sim. –Ben virou sua bebida na boca. –Pelo menos antigamente ele era.

 –Argh... –Cian fez uma careta. –Desisto de tentar beber essa merda.

 –Tem gente que não sabe saborear. –Ben pegou o copo de Cian e colocou o conteúdo no sue copo. 

 –Tem gente que não gosta de beijar o diabo, isso sim. –Layx falou, rindo.

 Anna e Misha voltaram com salgadinhos, refrigerantes e com o caderno. Pedimos copos e gelos para o Louis e bebemos o refrigerante conversando sobre coisas aleatórias.

 –Que horas esse homem vai chegar? –Anna perguntou.

 –Louis disse que vai nos avisar quando ele chegar. –Benjamin já saboreava outra bebida que ele escolheu aleatoriamente pelo nome. 

 –Que demora. –Cian bocejou. 

 –Estamos num apocalipse, pode ter acontecido um imprevisto, sei lá.

 –Se ele não chegar até amanhã, vamos vazar. –Falei enquanto procurava um salgadinho grande no saco.

 Ben assentiu com a cabeça e colocou a mão no mesmo saco de salgadinho que eu, tirando uma batatinha bem grande.

 –AH, QUAL É! –Gritei.

 –O que foi? –Ele perguntou.

 –Eu queria uma dessa. –Voltei a procurar.

 Ele ignorou o meu desespero por batatinhas grandes e voltou a beber sua bebida estranha e avermelhada.  De repente o bar ficou bem barulhento.

 Um homem entrou no bar e cumprimentou todos os caras que estavam sentados.

 –Esse aí é o tal Eddie? –perguntei.

 –Ele mesmo. –Ben afirmou. –O Louis vai pedir para ele vir aqui.

 –Parem de olhar para a cara dele. –Cian revirou os olhos. –Vai ficar bem obvio que vocês estão desesperados. 

 –Xiu, cala a boca e bebe sua paradinha. –Amanda empurrou o copo do Cian para perto dele.

 Viramos o rosto quando cansamos de ver o tal Eddie conversando com os outros caras.

 –Ele vai vir aqui, mais cedo ou mais tarde. –Ben virou o conteúdo da garrafa no seu copo.

 –Tive uma ideia. –Layx tomou a garrafa das mãos do Ben. –Bebe o que está no seu copo.

Benjamin não exitou e virou o copo de vez na sua boca.

 –Pronto, e agora?

 Ela colocou o resto do conteúdo da garrafa no copo, esvaziando-a.

 –Ops, acabou. –Ela colocou a garrafa encima da mesa com força. –Ben, por que você não vai lá pegar outra?

 Sorrimos. Era mesmo uma boa ideia.

 –Vamos. –Cian levantou, pegou a garrafa e puxou o Ben. –Anna, venha conosco. 

 –Por que ela? –Misha perguntou segurando o braço de Anna.

 –Porque ela é dona do caderno. –Cian franziu a testa como se já fosse bem obvio. –Você acha que a gente vai fazer o que? Torturá-la?

 Misha era meio lerdo para entender as coisas e isso facilitava o ciúmes, que era hilário. Anna levantou, pegou o caderno e seguiu os garotos.

 Ficamos olhando eles conversarem com Eddie até voltarem para a mesa, acompanhados do homem. Eddie nos cumprimentou e sentou numa cadeira ao lado de Ben e Anna, que tinha trocado de lugar comigo.

 Agora eu estava entre de Misha e Cian. Do lado de Cian estava Amanda, e do lado dela, o meu antigo local.

 –Caramba, vocês tem algo bem interessante. –O homem falou com tom de voz baixo, talvez para não chamar atenção. –Senhorita Melliot, você tem algo bem precioso em suas mãos. –Eddie puxou a mochila e pegou óculos arredondados. –Todos estes detalhes e letras são impressionantes.

 –Acha que pode decifrá-los? –Ben perguntou.

 –Eu não posso prometer nada, mas posso tentar. –O homem passou o dedo no sangue seco que estava nas folhas. –Senhorita Melliot, você pode me dizer o que você desvendou exatamente?

 Anna contou a história sobre como havia achado a localização da base e outras coisas mais.

 –O que eu posso dizer para vocês é exatamente o que eu soube sobre a base nas minhas pesquisas. –Eddie buscou algo na sua mochila e tirou um caderno de capa de couro com várias palavras e colagens. –Ela é tão difícil de achar, simplesmente está no meio de um local totalmente destruído e devastado. Os zumbis ficam mais fortes quanto mais vocês se aproximam da base. Ela é protegida por várias barreiras contra os zumbis. Essas barreiras são controladas. –Ele virou seu caderno para que nós olhássemos a imagem. –Eu achei em um escritório de um arquiteto um plano de como ela é. É uma estrutura totalmente desenvolvida com observações e coisas tecnológicas.

 Eddie bebeu um gole de sua bebida e folheou seu caderno.

 –Os humanos que moram na base não precisam sair para buscar comida, água, roupa ou alimentos. O local é totalmente bem feito. A água é encanada, há grandes terras férteis com plantações, casas, dormitórios, refeitórios, é um sonho. –Ele olhou para nós. –É uma estrutura muito grande e funcional, mas é bem difícil para achá-la. Esse problema vocês já passaram, então agora é só ter coragem e... –Ele pegou um mapa do nosso país de dentro do seu caderno e apontou para uma mata. –Passar por outros desafios.

 –Temos que passar por uma mata? –Layx olhou aterrorizada. 

 –Alguns dos arquivos que eu li, diziam que era necessário passar pela mata, outros não. Acho que vocês vão ter que estudar mais sobre. –Eddie pegou um cigarro no bolso do seu casaco e o acendeu. –Outra coisa que eu posso dizer é que lá tem um numero limitado de pessoas. Cada pessoa que chega lá passa por uma espécie de cadastramento. –Ele olhou para Anna. –Senhorita Melliot, tente achar algo no seu caderno que fale melhor sobre isso. Eu juntei pesquisas aleatórias, mas a senhorita tem tudo ai na sua mão.

 Anna assentiu com a cabeça.

 –Idiotas...

 Ouvimos uma voz atrás de nós. Olhamos ao mesmo tempo para a mesma pessoa. Um velho imperceptível que estava sentado sozinho numa mesa ao lado. Ele bebia cerveja e fumava um charuto.

 –Quem é você? –Ben perguntou.

 –Não te interessa. –O velho assoprou a fumaça do Charuto que estava dentro do seu corpo. –Vocês são crianças tolas. Aquele lado é perigoso e mortal.

 –Rocos, é a décima vez que você faz isso com os visitantes. –Eddie franziu o cenho. –Não se intrometa.

 –Eles nunca mais voltaram. –O velho deu uma golada na sua cerveja.

 –Obvio! Eles estão na base, seu velho biruta. –Eddie olhou para nós. –Não liguem para ele.

 –E se ele tiver razão? –Cian perguntou.

 –Plano B.

 –Que plano B? –Perguntei.

 Eddie apontou para o oceano no mapa.

 –Sair do país, claro. –Ele bateu a ponta do seu cigarro no cinzeiro da mesa. –O oceano é a única forma de sair daqui.

 –Caso o plano der errado... –Eddie apontou para o oceano do mapa. –Vocês precisam sair do país e sobreviver. 

 Minha mão soou. Pelo oceano? Isso seria impossível. 

 –Merda, por que nosso país tem que ser uma ilha? –Amanda parecia sentir o mesmo que eu.

 –Mas vocês não podem ir logo para o plano B. Tem o primeiro plano para testar. –Eddie parecia bem confiante. –Vocês têm tudo, precisam achar a base.

 Assentimos com a cabeça. Eddie levantou na cadeira.

 –Foi bom conversar com vocês. –Ele bateu nas costas do Ben como uma forma carismática. –Foi bom te rever, Benjamin Malikandri.

 Amanda franziu o cenho como se tivesse achado algo estranho.

 –Espero que consigam chegar à base, torço por vocês. –Eddie se despediu a voltou a falar com seus amigos.

 Anna e eu trocamos de lugar e eu voltei a sentar ao lado do Ben e da Amanda. Ela aproximou de mim. 

 –Benjamin Malandrinho? –Ela cochichou.

 Eu tive um ataque de risos. Ninguém entendia nada.

 –Benjamin Malikandri. –Consertei.

 –O que foi? –Ben perguntou confuso.

 –Nada, Benjamin Malandrinho.

 No começo ninguém entendeu muito bem a piada, mas depois todos, inclusive o Benjamin, caíram na gargalhada.

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 Passamos um bom tempo no bar, até ficarmos com sono. Anna decidiu subir para os quartos e ler mais o seu caderno. Misha decidiu ajudá-la. Layx subiu minutos depois porque realmente estava com sono. Cian decidiu tomar alguns copos de bebida tarde da noite e Amanda teve que ajudá-lo a ir pro quarto. Benjamin foi cumprimentar seus conhecidos no bar e eu decidi dar uma volta. Eu já tinha um lugar em mente. O cinema, um dos meus locais favoritos quando o país era normal.

 Peguei minhas armas e caminhei pela estrutura grande, quebrada e suja do Hotel até chegar num local onde as paredes eram cobertas por um pano macio e vermelho. Parecia um carpete felpudo, só que grudado na parede.

 Logo reconheci que era o cinema. Peguei a minha lanterna e empurrei a pesada porta de madeira. Entrei num espaço bem grande. Tinha o local de comprar ingressos que estava todo empoeirado com teias de aranha e o vidro melado de sangue. Um corpo morto estava encostado na parede e fazia uma poça de sangue no chão. Os insetos, os ratos e baratas rodeavam o local e larvas saiam da pele mordida do corpo.

 A cantina do local estava totalmente devastada, com pipoca apodrecida caída no chão e sangue. Estava tudo sujo e empoeirado. Ratos e baratas corriam entre a pipoca, mordiscando-a, mesmo que estivesse apodrecida.

 Numa parede havia alguns cartazes de filmes sujos de poeira, sangue e rasgados. Caminhei até uma porta grande de madeira e a empurrei. Um rangido soou pelo local. Entrei na sala. Meus passos faziam barulhos.

 Iluminei meu caminho com o feixe de luz da lanterna e subi os degraus que antes eram iluminados. Dava para ver as luzes quebradas.

 Ouvi um som estranho, como um grunido e peguei a minha arma. Iluminei o local ao meu redor com a lanterna. Não havia nada.

 Tentei afastar o medo cantarolando uma música enquanto subia os degraus. Iluminei um banco próximo e vi um corpo morto com uma mordida no pescoço. Moscas voavam ao redor e o chão estava infestado de baratas.

 Olhei ao redor. O corpo estava muito “fresco”, devia ter sido morto há pouco tempo. Puxei o meu velho facão do cinto e rodei a lanterna pelo local. O terror tomou conta do meu corpo quando um peso caiu encima de mim. Era um zumbi. Desci rolando as escadas do cinema e ele estava agarrado na minha perna. Minha blusa estava melada com o líquido nojento meio esverdeado. Tinha um odor péssimo.

 Chutei a cabeça da besta. Ele não se moveu muito e continuou agarrado na minha perna. Meu revolver reserva estava caído na escada e o Boris... Onde estava meu facão?

 Arregalei os olhos ao ver o meu companheiro de batalhas na mão do meu inimigo.

 Continuei chutando o zumbi até o momento que ele me deu uma brecha para escapar. Corri as escadas correndo e agarrei meu revolver. Ele levantou rapidamente e balançou o facão no ar se aproximando de mim.

 Mirei a arma na cabeça do ser asqueroso e disparei. Sangue e o líquido esverdeado escorreram pelo buraco da bala e ele caiu de joelhos no chão. Antes de cair de cara no chão, o zumbi levantou o meu facão e fez um movimento rápido, ferindo minha perna e por fim, caiu no chão.

 Chutei a cabeça dele com a minha perna que não estava ferida. 

 –Ok, agora ele está morto. –Sentei nas escadas do cinema e levantei minha perna para checar a ferida. Como meu facão era bem afiado (eu fazia questão de afiá-lo sempre que podia), um corte feio foi feito na minha batata da perna. Sangue escorria e o ferimento ardia. –Seu desgraçado. 

 –Perdoe-me, eu só queria fazer uma visita.

 Olhei para a porta rapidamente. Era o Ben.

 –Veio procurar encrenca no cinema? –Ele subiu as escadas e me ajudou a levantar.

 –Com certeza. –Respondi sorrindo. –Zumbis não sabem se comportar no cinema.

 –Eles são seres sem classe. –Ben falou, como uma dama vitoriana. Às vezes ele interpretava uma. –Sabe, não gosto de viver com essa ralé morta-viva.

 –Eu concordo contigo, Senhorita Malandrinha. –Falei, pegando minhas armas no chão.

 –A minha antiga família deve ser um desses seres desprezíveis. –Ele falou, com cara de nojo.

  –Que antiga família? Você tinha um “bando”?

 –Não. –Ele passou a mão na sua barba ruiva. –Eu me refiro aos meus pais mesmo. 

 –Seus pais viraram zumbis? –Afastei o momento dos meus pais morrendo e foquei na conversa.

 –Talvez. Eu não vejo meus pais por uns quatro anos. –Ele encarou a tela enorme do cinema. –Eu tinha uma vida muito ruim com eles. Decidi largar tudo e morar sozinho.

 Preferi ficar calada. Não era o tipo de conversa que pessoas ficavam a vontade em falar.

 –Eles tinham uma mania irritante de disfarçar os problemas. Queriam ser a família perfeita nos olhos dos outros. Sem discussão, sem intrigas familiares. –Benjamin continuou falando. –Isso me irritava. Mal sabiam eles que eram a pior família do bairro todo. –Ele sentou nas escadas do cinema e eu fiz o mesmo. –Quando eu era criança, eu aceitava tudo. Tinha que vestir roupas ridículas e desconfortáveis com gravatas que apertavam meu pescoço.

 –Eu não consigo te imaginar com roupas bonitinhas. –Ele sorriu, era um bom sinal.

 –Eu odiava aquela droga de roupa. –Ben voltou a ficar sério. –Quanto mais eu crescia, mais ficava indignado. Então eu comecei a provocá-los. –Ele ergueu uma sobrancelha. –Quando eu percebi que minha puberdade estava chegando, eu deixei a barba crescer. Com treze anos eu já tinha aquele bigodinho estranho e com quinze eu já tinha uma barba maneira. –Ele passou a mão na sua barba ruiva. –Não era tão maneira como esta aqui, mas era o suficiente para deixar meus pais irritados.

 Ele sorriu, como se os pais irritados fosse algo divertido. 

 –Eu tinha um emprego de ajudante de tatuador. Quando eu fiz quinze anos, eu fiz a minha primeira tatuagem. –Ele apontou para seu antebraço. –Minha grande e exagerada tatuagem. Eu fui de regata para casa naquele dia.

 –Você deu um ataque cardíaco nos seus pais.

 –E como dei... –Ele sorriu novamente. –Naquele dia eu arrumei minhas malas e saí de casa. Eu já tinha emprego no estúdio de tatuagem, ganhava uma grana razoável. Posteriormente, eu consegui um emprego no mercado.

 –Seus pais não se importaram?

 –Não, mas era o que eu queria. –Ele olhou para baixo como se algum pensamento viesse à cabeça. –O único que se importou comigo, foi meu irmão.  

 –Qual era o nome dele?

 –Aldrein.

 Aquele nome. Tudo fazia sentindo.

—Ele morreu por minha culpa. –Ben passou a mão no cabelo. –Eu poderia ter o ajudado. Eu devia ter ajudado. 

 –Nunca se culpe pela morte de alguém.

 –Estávamos cercados de zumbis. Tivemos que correr para nos salvar e chegamos num beco. Era largo e tinha uma grade enorme no meio dele. Eu fui o primeiro a escalar, mas o Aldrein... –Uma lagrima escorreu pela sua face. –Ele estava escalando a grade e eu vi uma grande mordida na sua perna. Então eu atirei, sem exitar. Os olhos dele... –Mais lagrimas escorreram. –A imagem dele me atormenta nos meus pesadelos. É como se o espírito dele queira me levar para as trevas.

 Eu travei. Não pensei em nada para falar, apenas abracei o meu amigo. Ben chorava muito. Seu nariz estava vermelho e as suas lágrimas pingavam no chão e molhavam o carpete. Ele passou a mão no meu cabelo.

 –Minha alma está congelando. –Outra lágrima escorreu pela sua face. –O inferno é quente por uma boa razão.

 Meu coração apertou. Ver o Ben daquele jeito era doloroso até para mim, que não sentia suas emoções. Fechei os olhos e continuei a abraçá-lo.

 –Eu sinto, ele ainda vai me levar pro inferno... Logo.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Odiaram? Querem dar uma ideia?
Possível resposta: Comente :3
PS: As duas frases em negrito não são de nossa autoria. Elas pertecem a uma música chamada "The Judge".
>>>Aqui está o link>>>https://www.youtube.com/watch?v=PbP-aIe51Ek
Agora o Twenty One Pilots não pode nos denunciar por direitos autorais.
Abraços e até o próximo cap )o)



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