Life is Strange - One-Shot

Salva-Me

Nathan Prescott estava sentado debaixo de uma árvore, os estudantes que passavam perto do garoto o olhavam com pena e seguiam reto. O garoto segurava um baseado numa mão, enquanto com a outra alisava seus fios de cabelo com um tom arrogante em seu olhar. Todos de Blackwell sabiam porque ele estava assim, mas para seu próprio orgulho, Nathan prometeu não se deixar ser abatido. Levou o baseado a boca e deu uma breve tragada enquanto observava uma certa morena sair do dormitório feminino, Maxine Caulfield, o nome lhe veio a cabeça. Max, uma das garotas que era amiga de Kate.

A morena parecia estar com a respiração cansada e aparentava estar um tanto assustada, seu olhar encontrou o de Nathan e os seus olhos brilharam. Estranho

Kate. O motivo de ele estar ali, fumando um baseado. Como ele podia ser tão estúpido e tão mesquinho ao mesmo tempo? Mesmo depois de toda aquela confusão ele não conseguia parar de pensar que se não fosse por Maxine ele estaria com um peso horrível nos ombros.Entretanto era mais do que óbvio que ele não iria agradecer a garota por isso, ele era um Prescott. Tinha repetido essa frase para si mesmo, que a mesma já não fazia mais sentido algum para ele.

Max o encarou por alguns momentos, e então resolveu tomar coragem de falar com o loiro.

— Ei, Nathan.

Naquele exato momento ele tirou o baseado que estava entre seus lábios e soltou a fumaça, o garoto já sentia a larica e estava prestes a deixar Maxine a falar ali sozinha.

—  Algum problema Caulfield? — curto e grosso, era assim que Nathan a tratava depois do acontecido no farol.

A morena suspirou tentando manter a paciência como tinha feito ultimamente, mas aquele dia não foi bem dessa maneira. Max tomou o baseado de sua mão e o jogou no chão, o apagando com a sola do sapato.

—  Você não devia estar fumando, faz mal para a sua saúde e…

O menino Prescott já não estava com muita paciência, a situação piorou a partir do momento que ela começou o discurso de “maconha faz mal e blá blá blá”.

—  Vá se foder Caulfield, nós dois sabemos que você não se importa com porra nenhuma, só com aquela amiguinha sua.

Ela mordeu o lábio ao ouvir o nome de Chloe mencionado na conversa, ainda doía muito lembrar da sua melhor amiga e da escolha que ela teve que tomar por ela. Era tão injusto Nathan falar o que quisesse sem nem saber o que acontecia, Nathan sabia de basicamente nada.

—  Você tem tomado os seus remédios ultimamente? —  Max segurou o braço magricela do garoto, e o observando de perto percebeu que ele estava a horas sem comer. e noites sem dormir pelas olheiras enormes em seu rosto.

Algo nela garantia que Nathan precisava de ajuda, por mais desprezível que ele fosse com ela e com Kate, e até mesmo Chloe, Nathan era um ser humano e já estava no seu limite. O garoto estava pensando em se matar assim que terminasse de fumar, assim teria uma morte sem dor, e morreria drogado, era uma ideia agradável.

A barra da jaqueta vermelha de Prescott não escondia os cortes que ele fazia sozinho em seu quarto, e certamente não fugiram do olhar cauteloso de Max. Ele precisava de ajuda.

— Dá o fora Max. —  o garoto encostou a cabeça no tronco da árvore sentindo seu orgulho se esvair por ela ter visto os cortes, Max não deveria ter visto isso.

—  Eu estou aqui para te ajudar Nathan. —  as palavras saíram suave da boca de Max. —  você não precisa se machucar, só precisa de alguém para conversar. —  e alguém que te faça tomar seus remédios, Max concluiu a frase mentalmente.

O garoto estava confuso, não conseguia raciocinar bem, isso era fato, mas Max querer ajuda-lo era algo muito estranho ao seu ver.

—  O quê você quer Caulfield? —  ele resmungou a pergunta mesmo que não quisesse ouvir uma resposta dela. —  me deixe em paz.

Assim que terminou ele começou a se levantar meio zonzo para ir para o seu quarto, Max estava o atrasando e isso o incomodava muito. Mas a garota não ia desistir tão cedo do que queria falar para ele, ela não tinha conseguido voltar no tempo para tudo acontecer novamente.

—  Eu te acompanho.

Nathan revirou os olhos enquanto quase tropeçava nos próprios pés, Max sorriu timidamente e segurou o garoto pelos ombros o dirigindo até o dormitório masculino. O garoto sentiu um certo conforto que jamais pensaria em sentir ao ser abraçado por Max, mas apenas deixou a garota o guiar, sem pensar no que os outros estariam pensando deles.

Quando Max chegou no seu quarto,fez Nathan se sentar em sua cama e lhe estendeu uma pílula. O garoto hesitou por alguns momentos, mas pegou o comprimido e logo o engoliu fazendo uma careta. Max sorriu e lhe entregou um copo de água.

O garoto finalmente conseguiu relaxar ao lado dela e soltar o peso que estava no seus ombros com uma breve lágrima silenciosa.

—  Você sabe que não precisar terminar a sua vida por causa disso Nathan. —  a voz dela era gentil, e não tinha nenhuma falsidade no que ela dizia. Max estava se importando com ele.

Os olhos de Nathan brilharam, ele se sentia alucinado, não estava distinguindo o que era real ou não, apenas ouvia a voz de Maxine na sua cabeça.

—  Nunca é tarde demais Prescott.

Nunca é tarde demais.

Nunca.

Max não pode salvar Chloe, mas ela salvaria a todos que pudesse, e Nathan era um deles.

—  Nunca?

—  Nunca.

Max saiu do quarto com um sorriso angelical e seguiu pelo lado direito do corredor, deixando a porta aberta. Nathan olhou em volta, ele tinha imaginado tudo aquilo? Voltou a olhar para a porta e então viu Max novamente vindo pelo caminho contrário de onde tinha saído, a garota tropeçou no chão e encarou Nathan preocupada.

—  Esta tudo bem aí Prescott?

—  Se fode Caulfield. —  Max riu da grosseria do garoto, ele estava bem. —  Como você apareceu aí do nada? Digo, eu juro que vi você sair pela direção contrária.

A garota deu um sorriso misterioso.

—  Você esta usando muita maconha Nathan. —  disse saindo do dormitório masculino deixando o loiro com um ponto de interrogação.

É, talvez ele estivesse muito chapado.

“Ainda te ouço dizer

Que você quer acabar com sua vida

Continuamente nós tentamos

Apenas continuar vivos

Talvez daremos a volta por cima

Porque não é tarde demais.”

Never Too Late, Three Days Grace.

Fim.