Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 67
Club de Meninas




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Rogue POV

Uma memória borrosa se apoderou no meu sonho.

Um grande vulto apontou para mim, como se me julgasse.

— Esses olhos horripilantes combinam com esse seu nome, Rogue.

Os olhos das pessoas cintilaram de todos os lados, como sombras negras, largas e altas.

— É um monstro! -a voz de uma criança gritou.

— Mamãe disse que Rogue é um nome de gente amaldiçoada! -berrou a outra criança, em resposta.

— Quem coloca o nome do próprio filho com significado de "mentiroso ou trapaceiro"? Talvez... -uma senhora falava alto, como se contasse uma fofoca interessante- Seja "monstro, maligno"?

De algum lugar uma pedra voou. Acertando um pouco acima do meu olho direito. Quando toquei, estava sangrando.

— Cuidado! Ele vai tomar o seu sangue! -escutei uma risada em algum lugar- Olha para os olhos dele! A cor deve ter vindo de tanto matar pessoas e ele foi amaldiçoado!

— Que olhos desagradáveis -os adultos concordavam.

— Sua pele é pálida igual um cadáver -alguém sussurrou- Essa coisa está mesmo viva?

Meus dedos tremeram e eu fugi para a floresta. O trapo que eu usava como roupa estava sujo e cheirando mal. Corri para me esgueirar na caverna em que eu chamava de casa. Antes de entrar limpei o rosto com a pequena bacia rachada com água que deixei na entrada.

O sangue já parou.

A água estava tão fria que não pude nem mesmo me enganar que tudo poderia ser um pesadelo. Encarei o meu reflexo infantil. Ao ver minhas orbes vermelhas, me senti frustrado, esse cabelo negro deixava minha pele mais branca, arfei e virei a bacia, com raiva. A água escorreu.

Logo percebi o que fiz. Era a pouca água que havia juntado, agora tudo se desperdiçou. Sentindo impotência, ergui outra vez a tigela no lugar. Teria que ir ao lago novamente depois, que fica meio longe daqui...

— Frosch? -chamei timidamente, entrando na caverna, com um suspiro.

Olhei para baixo e encarei meus braços finos de uma criança. Estava com hematomas que se coloriram para roxos.

— Rogue! -uma fofa bolinha verde veio voando com entusiasmo.

— Ugh... -ele me abraçou, mas doeu por causa de um machucado ainda fresco.

— Rogue? -o filhotinho de gato começou a lacrimejar- Está doendo?

Me senti cansado. Fiquei de joelhos em cima do amontoado de folhas secas que eu chamava de cama.

— Aqui -entreguei ao gato um pequeno pedaço de pão que consegui roubar hoje.

— E Rogue? -ele pegou o pão e me encarou preocupado.

— Eu já comi -sorri.

É mentira, meu estômago doeu de fome. Assisti feliz ele comer com alegria, mesmo que fosse pouco a nossa comida.

Logo me lembrei daquelas pessoas.

Me apressei em esconder o rosto com a franja que crescia selvagemente. Mas o cabelo rebelde escondeu apenas meu rosto direito. Meu coração ficou deprimido novamente.

— Rogue?

— É Ryos -murmurei, com o filhote de gato nos meus joelhos. Seus grandes olhos cintilaram puros e preocupados.

— Mas Rogue não é Rogue?

Mordi o lábio.

— Rogue é um nome feio -respondi- Agora é Ryos.

— Mas eu gosto de Rogue -os olhos do gato mostraram confusão.

Eu o abracei, e  senti meus olhos arderem.

— Mas agora é Ryos.

E então acordei.

Me senti um pouco tonto. Olhei para a janela e estava começando a clarear. Massageei minhas pálpebras com a mão.

Uma lembrança desagradável. Eu tinha me separado de Skiadrum e era apenas eu e Frosch, junto com o mundo.

Antes de encontrar Sting, eu estava morando perto de uma vila rural que acreditava em todo tipo de rumor e lenda. Mas uma criança poderia viver sozinha? Fazer uma viagem por conta própria?

Sim, naquela época, eu me chamei Ryos.

Mas Frosch nunca me chamou assim. Sempre foi "Rogue". Em uma voz que nunca teve malícia.

Talvez foi por isso que depois eu nunca pude ser Ryos de verdade e um dia voltei a ser Rogue.

Para piorar, quando era criança era incrivelmente pálido. Agora que estou maior, meu corpo mudou muito.

Balancei a cabeça para afastar as más lembranças.

— Frosch? -chamei.

Mas ele não estava por perto. Era estranho. Então me levantei. Abri a porta e caminhei até o quarto de Sting.

Talvez Frosch tenha vindo ver Lector.

Sting estava roncando e com uma cara feliz.

— Nyam... Rogue... Churrasco, cadê a cerveja? Saaaaai quero beber maaais. Devolve minha caneca!

Ele murmurava dormindo profundamente. Olhei em volta. Ainda é cedo, então está meio escuro. Claro, com meus olhos mais agudos de um Dragon Slayer não tinha grandes problemas com isso.

Lector não estava aqui. Muito menos Frosch.

— Como ousa desafiar o... Grande Sting Eucliffe? Asas do drag...

E tampei a boca dele. Não destrua a casa enquanto dorme!

Sentindo que consegui cancelar uma calamidade, sai rapidamente do quarto. Suspiro.

— Frosch? -chamei.

— Rogue? -uma porta se abriu e Lucy apareceu de pijama.

Me surpreendi, ela usava uma roupa fina, era sensual e delineava as curvas dela. Uma visão incrível que fez prender a respiração. Mas controlei minha feição.

— Bom dia Lucy, eu te acordei? -tentei ser o mais calmo possível. Iniciei um mantra mental:

O dia está bonito, o céu é bonito, os pássaros são bonitos, a grama é bonita, o ar é bonito, Lucy é bonita....

Coff!!!?

— Eu estava para acordar -ela sorriu, esfregando os olhos sonolentos- Aconteceu algo?

— Eu não posso encontrar o Frosch.

— Frosch? -ela rapidamente arregalou os olhos, desperta.

Assenti levemente.

Vi suas sobrancelhas enrugarem de preocupação.

— Acordei agora pouco, não estava no quarto e nem com Sting.

— Hã? -o queixo dela caiu e tampou os lábios com as mãos.

— Então eu...

— Frosch! -ela saiu correndo.

Fiquei surpreso. A velocidade da loira era de um maratonista.

Mas logo eu acabei deixando escapar um sorriso. De alguma forma, senti algo morno em meu coração. Uma felicidade em saber que alguém se preocupa tanto com Frosch como eu.

Todos sabem que Frosch é especial para mim. Até mesmo eu acho isso estranho e exagerado às vezes. Mas agora descobri que outra pessoa era como eu.

— Pff -escondi os lábios.

Então fiquei sério mais uma vez. Percebi que estou rindo com frequência ultimamente.

Segui os passos e gritos da loira.

Essa também era uma mudança que ela fez em mim.

Então senti que algo no ar mudou. Ah, Laxus finalmente saiu de casa. Seu cheiro havia sumido.

 

Minerva POV

— FROOOOSCH -de algum lugar escutei um grito.

No começo pensei que era um pesadelo. Me virei e revirei nos lençóis.

— Frooooosch!! -o grito continuou.

Pisquei um olho e a janela mostrava neblina. QUEM TA GRITANDO TÃO CEDO?

— TEM GENTE DORMINDO! -dei passos pesados e abri a porta. Meu cabelo solto e bagunçado.

QUEM ACORDOU QUANDO NEM AMANHECEU?

— Mi-chan!

— Lucy!? -franzi as sobrancelhas. Ajustei meu roupão e me senti pasma- Que horas são? O que está acontecendo?

— Frosch desapareceu!

Suspirei.

Da forma que ela gritava, achei que era Rogue gritando possuindo o corpo dela!

— Você procurou na sala? -cruzei os braços em frente ao corpo.

— A sala! -os olhos achocolatados brilharam como se ela tivesse sido iluminada.

E correu.

Balancei a cabeça. Mas acabei rindo. Não demorou para tudo ficar silencioso como antes.

O exceed foi encontrado huh?

Se fosse o Sting ou Rogue eu teria feito um assassinato hoje. Bom, talvez Rogue não.

Nesse ponto seria estranho voltar a dormir, então troquei de roupa, reorganizei a maquiagem e o penteado. Me voltei para descer as escadas e ir para a cozinha.

Como pensei. Se Frosch sumiu e Lucy estava buscando, Rogue também acordou.

O cheiro de café da manhã pairou no andar de baixo.

— Bom dia -falei ao empurrar a porta.

A mesa está se enchendo de comida e um Rogue de avental trazia os ovos mexidos.

— Sim, bom dia -ele respondeu, parecendo de bom humor.

Isso não passou desapercebido por mim. Rogue de bom humor?

O encarei por dois segundos. Tocando minha bochecha, pensativa.

— O que? -ele cerrou os cílios, desconfiado.

Buffei e sentei na cadeira.

— Aonde está Lucy?

— Na sala.

Continuei a encarar as costas dele que se virou para buscar a jarra de suco.

— Princesa -ele suspirou- Está ficando desagradável.

Sorri, seguindo com o olhar a jarra pousar na minha frente. Minhas unhas longas passaram pelos meus lábios.

— ... Por favor, pare. -os ombros grandes do homem tremeram.

Seu olho esquerdo, o único que não ficava coberto pela franja, me encarou com desgosto.

— Só pensei que era uma vista incrível -ri levemente.

Ele não respondeu. Agora arrumando o cesto de pães na minha esquerda.

— Que o Dragon Slayer das Sombras da minha guilda acorda de bom humor, logo tão cedo.

Ele começou a enrolar os frios no prato com rapidez, como se tivesse feito isso várias vezes.

— Como uma linda esposa que acabou de se casar!

— Gasp -ele engasgou.

As suas mãos se atrapalharam e os palitos de dente que Rogue segurava para espetar o presunto espalhou pela mesa.

— É incrível que só uma pessoa possa trazer tanta diferença em um ambiente, não é mesmo? -dei um sorriso alegre. Ajudando a pegar os palitos de volta.

Mas não perdi a expressão da pessoa na minha frente.

As pupilas dele tremularam. É divertido ver um cara que era irritantemente inexpressivo, perder a compostura assim. É hilariante! Posso virar adicta... Oh meu deus. Eu posso muito ficar viciada em provocar esses dois!

Mas em algum lugar no meu coração, me senti desagradável em saber que estava começando a pensar igual o idiota do Sting.

Rogue comprimiu os lábios, sem responder.

Haha!

Mas as orelhas de Cheney ruborizaram, traindo a expressão controlada do homem.

Isso é muito engraçado!

— Adorei a estampa de sapo rosa. É uma nova tendência?

Apontei para seu avental.

Agora o rubor foi para as suas bochechas.

— Lucy me deu...

Ele quer dizer que não foi ele quem escolheu essa estampa que combinava nada com ele? Adorável e rosa?

Mas estava usando por causa dela?

— Que fofo -dei uma risada.

A mão segurando os pratos tremeram um pouco, seu pescoço começou a se avermelhar também.

Oh meu deus. Hehehe...

Coff...

Ok, vamos parar de brincar.

E lembrei o que eu tinha que fazer amanhã. Suspirei.

— Rogue. Mestre Kyle me chamou ontem.

Ele me encarou. Vai falar nada mesmo?

— Você e Sting estão fora da missão.

— Que missão?

— A do parque mal assombrado. Vamos eu e Lucy.

— Espera, o que? -ele parou tudo o que fazia e se virou para mim.

— A guilda Mermaid Heel quis se juntar. Mestre Kyle aprovou e escalou eu e Lucy para irmos.

— Eu sou contra -ele respondeu resoluto.

Cruzei os braços e me aconcheguei na cadeira.

— Não. As mulheres de Mermaid odeiam homens. Vai ser uma dor de cabeça se vocês forem.

— Então vá sozinha -a sobrancelha dele enrugou mais firme.

O que? Que superproteção é essa?

— Lucy é uma maga, ela pode se virar.

— Minha experiência diz o contrário.

Comprimi os lábios. Eu diria o mesmo. Ela não foi raptada uma vez só porque estava andando pela cidade?

Mas não posso me render.

— Então um homem gigante como você -olhei ele de cima para baixo. Rogue é alto e com músculos proporcionais, e todo seu corpo tinha uma aura masculina- Vai se transvestir? Eu acho que ninguém vai se convencer que é uma mulher -bufei.

Nos encaramos por alguns momentos mais.

Enquanto travamos uma guerra de olhares frios que demorou por 3 minutos. Um grito agudo ressoou.

A tensão se quebrou e tanto eu quando ele, viramos o rosto para a porta. Mas nada aconteceu.

Foi uma ilusão?

BAM

Uma mulher bonita apareceu em um estrondo.

Tem curvas sensuais em um busto grande e cintura fina. Alta quanto uma modelo e seu cabelo longo tremulava enquanto arfou, cansada de correr.

As mãos nos joelhos e os olhos azuis arregalados nos encarou com urgência.

— Quem é você? -perguntei, cerrando os olhos.

— Eu me recuso.... -a mulher bonita gritou frenética, parecendo uma louca- Eu ME RECUSO!

Até sua voz era bonita, igual uma cotovia.

— ROGUE CHENEY -ela gritou, se aproximando.

— Espera, quem é você? -me levantei. Olhei para Rogue, mas o mago das sombras estava tão confuso quanto eu.

— Eu não te conheço -Cheney disse- Como entrou aqui?

O moreno deu um passo para trás.

— COMO MEU IRMÃO DO PEITO, VOCÊ DEVE TER O MESMO DESTINO QUE EU!! -a mulher começou a ficar mais histérica, avançando passo a passo.

Grandes lágrimas se amontoaram em seus lindos olhos azuis.

Uma estranha mulher bonita usando roupas masculinas.

E no segundo em que eu ia usar magia. A porta aberta revelou uma outra loira.

Lucy corria com um gato verde lacrimejante nos braços.

— STING! ESPERA!

O quê?

Sting?

STING!?

Olhei para a mulher que estava avançando, olhando fixamente para Cheney, então ela ergueu a mão. A cara do Dragon Slayer das Sombras estava em branco. Provavelmente em choque, igual a mim.

Os nossos olhos arregalaram quando o cabelo loiro revelou a cicatriz na sombrancelha direita. Igual a do Dragão Gêmeo da Luz.

A mão que avançou no congelado Cheney, segurava um pompom fofo e branco.

 

Lucy POV

Senti como se meu coração estivesse sofrido de nervosismo e então caído em alívio quando encontrei Frosch na sala.

E o exceed verde não estava sozinho.

— Lector, eles são fofos! -Frosch alegrou.

— É verdade. O que será que são?

— Achei no quarto.

Cheguei mais perto dos dois gatos.

— O que vocês estão fazendo? -olhei curiosa.

Ambos sentados no tapete da sala brincando com algo.

— Fada-san! -Frosch se virou para mim e ergueu as patas.

Eu me sentei ao lado dos gatos e coloquei Frosch ao meu colo.

— Fro está fazendo o que? -perguntei gentilmente.

— Fro está brindo com isso!

Ele me mostrou orgulhoso uma bolinha branca e peluda.

Hmm? Eu acho que já vi isso em algum lugar.

— Aonde você achou isso?

— Ele disse que estava no quarto -respondeu Lector, prestando grande atenção na bolinha.

Cada um segurava essa coisa que parecia um pompom branco e macio.

Lector o botou no chão e o cutucou, a bolinha rolou suavemente.

Enquanto tentei espremer a lembrança, tentando recordar aonde tinha visto essa coisa, um cheiro delicioso penetrou o ar.

Parece que Rogue sabia que estávamos aqui, então resolveu ir fazer o café da manhã sem nos incomodar.

Coloquei Frosch de lado e me levantei.

— Fada-san? -ele ergueu o olhar, uma pata no meu calcanhar e o outro segurou a bolinha branca.

— Rogue deve estar fazendo a comida agora, eu quero ir ajudar ele -acariciei entre suas orelhas.

Ele assentiu e me soltou.

— Frosch, essa coisa é estranha. Ela parece um objeto, mas parece vivo as vezes. -a voz de Lector saiu desconfiado.

— Fro acha fofo! -o outro exceed disse despreocupado.

Assim que cheguei na porta, pensando em sair, um peitoril largo apareceu. Junto com uma blusa preta colante.

— Blondie! Bom dia -era Sting.

— Abelha -respondi secamente. É cedo, ele caiu da cama?

— Lector está aqui? -ele espiou por cima da minha cabeça.

— Sting-kun! -o gato laranja ergueu as patas, sem se levantar do tapete.

Tanto Rogue quanto Sting tem pelo menos uma coisa em comum, o amor pelo seu exceed.

Eu dei um passo para o lado e permitir o mago da luz passar.

Mas ele não passou.

— O que? -fiquei confusa.

Ele me olhou por uns segundos.

— Blondie, tenho algo a perguntar.

Ele estava sério. Sting? Sério?

— Isso me dá arrepios. Tem algo a ver com você acordar milagrosamente cedo?

— Não, acordar cedo tem mais a ver com o cheiro da comida de Rogue! -ele sorriu.

O sorriso de Eucliffe era radiante. E eu dei um passo para trás.

O braço dele se esticou e senti a parede nas minhas costas.

Um déjà vu?

Fechei os olhos e suspirei em uma carranca. Quando olhei para as orbes azuis, ele ainda estava sorrindo.

— O que é agora?

— O que tem entre você e Natsu-san?

— O que? -franzi as sobrancelhas.

Natsu? Como Natsu entrou na conversa?

— Não tem nada, somos ex companheiros de time e de guilda? -disse incerta. Até aonde sei, somos isso atualmente.

— Hummm.

Seu rosto estava mais perto, como se eu e ele respirar o mesmo ar, o faria conseguir ler outra verdade nos meus olhos.

É incômodo.

— Você está muito perto -tentei empurrar seu tórax com as duas mãos.

É muito firme. Os músculos e sua figura completamente duras. QUE NÃO SE MOVIAM NEM UM CENTÍMETRO.

De repente me senti chateada com nossa diferença de força. Por que eu sou mais fraca que essa abelha intrometida?

— Você está estranho abelha -falei dentre os dentes.

— Não é possível, tem que ter alguma coisa.

Fiquei com um tique nervoso na minha sobrancelha esquerda.

— Sai da frente Sting.

— Blondie, seja honesta. Você fugiu da Fairy Tail ou do Natsu-san?

— VAZA STING!

Berrei nervosa. QUAL O PROBLEMA DESSE CARA?

TÃO PERTO COMO SE FOSSE ME BEIJAR E PERGUNTANDO SOBRE NATSU ISSO, NATSU AQUILO!

— NÃO SAIO! -sua voz foi inflexível.

— NATSU TA CASADO SABIA? MEIO TARDE PARA VOCÊ ENTRAR NA FILA E PERSEGUIR ELE!

— QUEM QUER PERSEGUIR ELE? -vi como todo seu corpo estremeceu de pavor.

— VOCÊ! SE QUER TANTO SABER DO NATSU, PERGUNTA PRA ELE! -respondi, irritada.

No segundo eu que ergui o pé para um Lucy Kick, escutei uma resposta inesperada.

— JÁ PERGUNTEI!

— O quê?

Ele perguntou pro Natsu? Quando? O que?

No momento em que congelei, um vulto verde veio de Area, veloz.

— Não intimide Fada-san!

Bong!

— Frosch! -me apressei em pegar o gato nos meus braços.

— Sting-kun! -Lector veio voando, surpreso.

A cabeça do exceed verde tinha chocado com o do mago, direto na sua orelha direita. Vi como a cabeleira loira arqueou noventa graus pro lado de forma assustadora, quase me fazendo pensar que quebrou o pescoço.

Mas logo se ajeitou.

— Sting-kun, você está bem!? -Lector não sabia o que fazer, então voou em volta do homem para ver se tinha algum machucado evidente.

— Uuuhg... -enquanto isso as patinhas verdes comprimiram a própria testa.

— Fro, tudo bem? -perguntei preocupada.

Os olhos do gato se ergueram com lágrimas. Senti meu coração doer. Tentei consola-lo acariciando as costas dele com uma mão.

— Dor, dor, vá embora -assoprei gentilmente na sua testa.

— Ei -a abelha me encarou como se eu fosse esquisita- Eu estou com dor, por que não se preocupa comigo também!?

— Há!? -respondi exasperada.

Você esqueceu que estava me irritando até agora pouco? Quer que eu te console? Absurdo!

— Por que sua cabeça é tão dura? Você machucou Frosch!!

— EU FUI O ATINGIDO OK? -seu tom era ofendido.

Isso era verdade. Olhei para baixo e ao ver as lágrimas de Frosch, como se estivesse sido injustiçado, eu não podia repreender o exceed dos meus braços.

— VOCÊ É O ADULTO DA SITUAÇÃO, COMO PODE CULPAR UM GATO? -bufei- QUE TIRASSE SUA CABEÇA CINTILANTE DO CAMINHO!

Ok, nem para mim isso fez lógica.

— ISSO NÃO MUDA QUE DÓI PRA BURRO!! COMO VOCÊ NÃO...

Mas antes que ele pudesse terminar, eu franzi as sobrancelhas para um estranho fenômeno. Lector gaguejou:

— S... Sting-kun. O que está acontecendo com você?

— Huh? -ele olhou diretamente para o gato laranja, sem compreender.

Seu cabelo está ficando maior. Não, isso não é o mais importante, Sting estava encolhendo? Ele encolheu, mas continuou mais alto que eu.

Não só isso. Duas coisas inflaram de seu peito em uma velocidade assustadora. A parte superior do seu corpo inclinou para frente, por causa do peso.

Aproveitei que ele se distraiu e dei dois passos para o lado conseguindo me afastar dele, segurando Frosch firmemente nos meus braços.

— Agh -parece meio doloroso, pelo som engasgado que Eucliffe fez.

Lector estava muito chocado com a mutação acontecendo na nossa frente.

— S... Sting? -chamei cauteloso.

E entre o sedoso cabelo longo que caia como uma cascata, olhos grandes e azuis me encararam.

— O... O que aconteceu? -a voz que saiu dos lábios brilhantes era suave e bonita.

Mas a mulher na minha frente tampou a boca, assustada.

Eu também estava apavorada.

Sting se tornou em uma mulher digna de ser uma modelo profissional que se tornaria capa de revista facilmente.

Pisquei uma e duas vezes.

É um sonho? Não, isso é um pesadelo?

Sting olhou para um espelho decorativo na parede da sala.

— AAAAAAAAAAAAAAH! -foi um grito horrível.

Arregalei meus olhos. E então percebi algo.

Havia um pompom bonito no cabelo loiro um pouco acima da orelha direita.

— Fluffymbus -murmurei. Me lembrei aonde tinha visto isso, foi em um livro de monstros raros que li faz muitos anos.

— O QUÊ!? -os olhos azuis me encarou e me agarrou pelos ombros- BLONDIE, O QUE ACONTECEU!? POR QUE EU TO ASSIM??

— É... É esse pompom na sua cabeça, é tipo um parasita que fica hibernando a maior parte da vida. Mas se tiver contato com um homem, principalmente sua cabeça, pode acabar acordando.

O rosto dela se distorceu. Olhei de relance para Frosch, a feição do gato congelou confuso, com lágrimas anda penduradas. O pompom em suas patas havia sumido.

— E o que acontece se isso acordar? -foi sua pergunta trêmula.

Eu não respondi. Tudo isso é uma loucura! Sting Eucliffe se tornou mulher!! É real!?

— LUCY!? -ele me sacudiu pelos ombros, desesperado.

— É como um succumbus -respondi rapidamente- Se alimenta da masculinidade de forma mágica. E tem um peculiar efeito colateral. Você vira mulher.

A boca de Sting abriu e fechou sedutoramente. Ele era um completo femme fatale!!

Prendi a respiração.

— V... Vou ficar assim para sempre...!? Eu vou ser mulher para sempre? EU TEREI ESSAS COISAS PESADAS NO MEU PEITO PARA SEMPRE?

A mão esguia catou o pompom com violência e o puxou. De forma desesperada.

— Agh! -gruniu doloroso. E na sua mão tinha fios dourados, a bolinha branca se manteve na sua cabeça, teimosamente- ESSA COISA! SAI! SAI! EU VOU ARRANCAR VOCÊ!

Suas tentativas frustradas só fez cair mais fios dourados. Enquanto isso o pompom pairou orgulhosamente intacto.

Não só isso, alguns pelinhos fofos apareceram como dois rabinhos de gato felizes. Parecia uma presilha redonda e bonita para cabelo, com duas cordinhas charmosas peludas. Mas na verdade era um monstro que estava zombando da impotência de Eucliffe.

— Argh! Ha... -seu semblante cansado desistiu do pompom e então...

Pude apenas ver suas mãos tremendo, o rosto em um ângulo para baixo que me impedia de ver sua feição. Parece que outra coisa chamou sua atenção.

— Sumiu... -seus dedos finos tateram debilmente entre suas coxas, tentando encontrar algo- Sumiu... BLONDIE! MEU JHONNY SUMIU!

A voz desesperada como se o mundo estivesse acabado. Até eu comecei a sentir pena dele, que ficou calado.

O mago orgulhoso da Sabertooth estava paralisado, parecendo que a pior coisa do universo aconteceu com ele.

— Sting? -chamei cautelosa- Na verdade, o Fluffymbus é um monstro raro e quase extinto -fui me lembrando da característica nada convencionais do parasita- E se encontram um hospedeiro, não vivem muito depois de se aliment...

— Hahaha... -uma voz baixa surgiu. Me fazendo interromper o que tentei explicar para ele- Meu Jhonny sumiu e apareceram duas melancias pesadas...

— S... Sting?

— HAHAHAHAHAHA -e seu rosto se ergueu com um sorriso anormal, os olhos cintilando.

ELE FICOU LOUCO DE VEZ! AI MEU SANTO CARALHINHO DA PAMONHA DE MILHO E COCO RALADO!

Senti um arrepio em todo meu corpo.

— EU ME RECUSO! -riu.

Seus olhos foram para Lector e sua mão veloz pegou o pompom das patas do gato aturdido.

— Sting-kun agora não é mais Sting-kun? É Sting-chan? Mas... -ele estava em seu próprio mundo, tentando processar a informação, então nem percebeu que lhe roubaram.

E Sting saiu correndo da sala.

Eu me senti confusa. Olhando para a parede.

BAAM

Escutei uma porta ser escancarada.

Despertando, corri atrás dele. Aonde ele foi?

Não demorou muito para descobrir uma comoção acontecendo em direção da cozinha.

— COMO MEU IRMÃO DO PEITO, VOCÊ DEVE TER O MESMO DESTINO QUE EU!!

Pude ver a abelha correr em direção de... ROGUE!?

— STING! ESPERA! -gritei.

Sua mão segurava uma bolinha branca ameaçadora.

Engraçadamente, nesse segundo eu me lembrei aonde que tinha visto aquela coisa. Não foi apenas num livro de anos atrás.

Foi o presente de aniversário suspeito que a estúpida abelha deu para o mago das sombras há algum tempo.

E assim, assisti como Sting Eucliffe colocou com êxito Fluffymbus no cabelo azeviche de um Rogue Cheney chocado.

[A fic não é Yuri. O romance entrará em hiatus até a destransformação do Rogue. Não me matem :) ]

 


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